Questões de Concurso
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O QUE DIZEM AS CAMISETAS
Carlos Drummond de Andrade
1º Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tenha nada escrito.
2º – Que é que ele está anunciando? – Indagou o cabo eleitoral, ___________, – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
3º – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
4º – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro.
5º A discussão ia rolar, quando apareceu Christiane Torloni, pedestre, ostentando bem visível, no peito, o nome de Eduardo Mascarenhas. Todos ficaram deslumbrados.
6º – Nessa eu votaria até para presidente. Da República, do Banco Central, da ONU, de qualquer troço – exclamou outro.
7º – Ela não é candidata.
8º – E precisa?
9º Ficou patente que as pessoas reparam mais no rosto do que na inscrição, embora a falta de inscrição provoque a idéia de que falta alguma coisa – a identidade, o nariz, sei lá.
10 Vi na rua Sete de Setembro um homem que trazia a inscrição “Guiné-pipi” na frente e nas costas.
11 – Candidato a vereador? – Perguntei. – De que partido?
12 – Não senhor. Erva contra reumatismo. Quer experimentar? É um porrete.
13 – Obrigado, amigo. O dr. Nava já cuida do meu.
14 – Mas qualquer problema, o senhor não tenha cerimônia. É só dizer, que eu falo com os colegas, conforme o caso. Ou o senhor mesmo fala, se encontrar com um deles.
15 – E como é que eu vou saber?
16 – Pela camiseta, é claro. Tem o Cipó- Azougue, que é balaço contra eczema, aliás, pessoalmente, é um cara ótimo. O Beldroega (faz pouco ele passou por aqui) toma conta do fígado e depura o sangue. Do Sete-Folhas, que é até meu vizinho, vejo que o senhor não carece, pois é para emagrecer. Agora, convém não esquecer o Boldo. Lá um dia a gente tem uma ressaca, e o Boldo resolve.
17 Vi que as camisetas da medicina natural são numerosas, mas as de uísques, vinhos alemães, motos, motéis, cigarros, antigripais, cursinhos, judô, budismo, loteria, jogo de búzios, etc. não fazem por menos. Hoje em dia não há produto que não tenha, além dos comunicadores remunerados, outros absolutamente gratuitos, e estes são maioria. Todo mundo anuncia alguma coisa, e a camiseta é o cartaz na pele. Sendo de notar que há tendência para anunciar até no bumbum. Mas este é um ramo ainda experimental (...).
18 Quis empreender pesquisa de campo no domínio das inscrições no anverso e no reverso do vestuário. _________ porque teria de elaborar um código de classificação muito complexo, tamanha a variedade de interesses humanos que se refletem numa etiqueta comercial, industrial, política, esportiva, religiosa, onírica. Hoje em dia a camiseta serve para tudo, até (não principalmente) para vestir. E acompanha também a veloz deterioração das coisas, sinal de finitude hoje mais visível do que nunca. _______, como as coisas acabam cada vez mais depressa! Não há mais condições para gravar palavras eternas em muros de catedral. Hoje estampam-se recados em camisetas descartáveis. Como esta crônica.
Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. p. 38-40.
I - “O cidadão é livre" – predicativo do sujeito.
II - “A gente tem um ressaca" – objeto direto.
III - O Boldo resolve – predicado verbal.
O QUE DIZEM AS CAMISETAS
Carlos Drummond de Andrade
1º Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tenha nada escrito.
2º – Que é que ele está anunciando? – Indagou o cabo eleitoral, ___________, – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
3º – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
4º – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro.
5º A discussão ia rolar, quando apareceu Christiane Torloni, pedestre, ostentando bem visível, no peito, o nome de Eduardo Mascarenhas. Todos ficaram deslumbrados.
6º – Nessa eu votaria até para presidente. Da República, do Banco Central, da ONU, de qualquer troço – exclamou outro.
7º – Ela não é candidata.
8º – E precisa?
9º Ficou patente que as pessoas reparam mais no rosto do que na inscrição, embora a falta de inscrição provoque a idéia de que falta alguma coisa – a identidade, o nariz, sei lá.
10 Vi na rua Sete de Setembro um homem que trazia a inscrição “Guiné-pipi” na frente e nas costas.
11 – Candidato a vereador? – Perguntei. – De que partido?
12 – Não senhor. Erva contra reumatismo. Quer experimentar? É um porrete.
13 – Obrigado, amigo. O dr. Nava já cuida do meu.
14 – Mas qualquer problema, o senhor não tenha cerimônia. É só dizer, que eu falo com os colegas, conforme o caso. Ou o senhor mesmo fala, se encontrar com um deles.
15 – E como é que eu vou saber?
16 – Pela camiseta, é claro. Tem o Cipó- Azougue, que é balaço contra eczema, aliás, pessoalmente, é um cara ótimo. O Beldroega (faz pouco ele passou por aqui) toma conta do fígado e depura o sangue. Do Sete-Folhas, que é até meu vizinho, vejo que o senhor não carece, pois é para emagrecer. Agora, convém não esquecer o Boldo. Lá um dia a gente tem uma ressaca, e o Boldo resolve.
17 Vi que as camisetas da medicina natural são numerosas, mas as de uísques, vinhos alemães, motos, motéis, cigarros, antigripais, cursinhos, judô, budismo, loteria, jogo de búzios, etc. não fazem por menos. Hoje em dia não há produto que não tenha, além dos comunicadores remunerados, outros absolutamente gratuitos, e estes são maioria. Todo mundo anuncia alguma coisa, e a camiseta é o cartaz na pele. Sendo de notar que há tendência para anunciar até no bumbum. Mas este é um ramo ainda experimental (...).
18 Quis empreender pesquisa de campo no domínio das inscrições no anverso e no reverso do vestuário. _________ porque teria de elaborar um código de classificação muito complexo, tamanha a variedade de interesses humanos que se refletem numa etiqueta comercial, industrial, política, esportiva, religiosa, onírica. Hoje em dia a camiseta serve para tudo, até (não principalmente) para vestir. E acompanha também a veloz deterioração das coisas, sinal de finitude hoje mais visível do que nunca. _______, como as coisas acabam cada vez mais depressa! Não há mais condições para gravar palavras eternas em muros de catedral. Hoje estampam-se recados em camisetas descartáveis. Como esta crônica.
Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. p. 38-40.
O QUE DIZEM AS CAMISETAS
Carlos Drummond de Andrade
1º Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tenha nada escrito.
2º – Que é que ele está anunciando? – Indagou o cabo eleitoral, ___________, – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
3º – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
4º – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro.
5º A discussão ia rolar, quando apareceu Christiane Torloni, pedestre, ostentando bem visível, no peito, o nome de Eduardo Mascarenhas. Todos ficaram deslumbrados.
6º – Nessa eu votaria até para presidente. Da República, do Banco Central, da ONU, de qualquer troço – exclamou outro.
7º – Ela não é candidata.
8º – E precisa?
9º Ficou patente que as pessoas reparam mais no rosto do que na inscrição, embora a falta de inscrição provoque a idéia de que falta alguma coisa – a identidade, o nariz, sei lá.
10 Vi na rua Sete de Setembro um homem que trazia a inscrição “Guiné-pipi” na frente e nas costas.
11 – Candidato a vereador? – Perguntei. – De que partido?
12 – Não senhor. Erva contra reumatismo. Quer experimentar? É um porrete.
13 – Obrigado, amigo. O dr. Nava já cuida do meu.
14 – Mas qualquer problema, o senhor não tenha cerimônia. É só dizer, que eu falo com os colegas, conforme o caso. Ou o senhor mesmo fala, se encontrar com um deles.
15 – E como é que eu vou saber?
16 – Pela camiseta, é claro. Tem o Cipó- Azougue, que é balaço contra eczema, aliás, pessoalmente, é um cara ótimo. O Beldroega (faz pouco ele passou por aqui) toma conta do fígado e depura o sangue. Do Sete-Folhas, que é até meu vizinho, vejo que o senhor não carece, pois é para emagrecer. Agora, convém não esquecer o Boldo. Lá um dia a gente tem uma ressaca, e o Boldo resolve.
17 Vi que as camisetas da medicina natural são numerosas, mas as de uísques, vinhos alemães, motos, motéis, cigarros, antigripais, cursinhos, judô, budismo, loteria, jogo de búzios, etc. não fazem por menos. Hoje em dia não há produto que não tenha, além dos comunicadores remunerados, outros absolutamente gratuitos, e estes são maioria. Todo mundo anuncia alguma coisa, e a camiseta é o cartaz na pele. Sendo de notar que há tendência para anunciar até no bumbum. Mas este é um ramo ainda experimental (...).
18 Quis empreender pesquisa de campo no domínio das inscrições no anverso e no reverso do vestuário. _________ porque teria de elaborar um código de classificação muito complexo, tamanha a variedade de interesses humanos que se refletem numa etiqueta comercial, industrial, política, esportiva, religiosa, onírica. Hoje em dia a camiseta serve para tudo, até (não principalmente) para vestir. E acompanha também a veloz deterioração das coisas, sinal de finitude hoje mais visível do que nunca. _______, como as coisas acabam cada vez mais depressa! Não há mais condições para gravar palavras eternas em muros de catedral. Hoje estampam-se recados em camisetas descartáveis. Como esta crônica.
Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. p. 38-40.
I - De acordo com o final do texto as camisetas substituem os muros de catedral porque as coisas – se deterioram cada vez mais depressa.
II - Segundo o raciocínio do cronista, as inscrições em camiseta tornaram-se o veículo ideal de propaganda de ideias efêmeras.
III - O que importa mais no texto é a reflexão sobre a moda das camisetas com inscrições.
IV - O cronista pretendia pesquisar as inscrições de camisetas, mas acabou desistindo do projeto em razão da camiseta servir de cartaz para todo tipo de produto.
Quais afirmativas estão corretas?
O QUE DIZEM AS CAMISETAS
Carlos Drummond de Andrade
1º Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tenha nada escrito.
2º – Que é que ele está anunciando? – Indagou o cabo eleitoral, ___________, – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
3º – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
4º – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro.
5º A discussão ia rolar, quando apareceu Christiane Torloni, pedestre, ostentando bem visível, no peito, o nome de Eduardo Mascarenhas. Todos ficaram deslumbrados.
6º – Nessa eu votaria até para presidente. Da República, do Banco Central, da ONU, de qualquer troço – exclamou outro.
7º – Ela não é candidata.
8º – E precisa?
9º Ficou patente que as pessoas reparam mais no rosto do que na inscrição, embora a falta de inscrição provoque a idéia de que falta alguma coisa – a identidade, o nariz, sei lá.
10 Vi na rua Sete de Setembro um homem que trazia a inscrição “Guiné-pipi” na frente e nas costas.
11 – Candidato a vereador? – Perguntei. – De que partido?
12 – Não senhor. Erva contra reumatismo. Quer experimentar? É um porrete.
13 – Obrigado, amigo. O dr. Nava já cuida do meu.
14 – Mas qualquer problema, o senhor não tenha cerimônia. É só dizer, que eu falo com os colegas, conforme o caso. Ou o senhor mesmo fala, se encontrar com um deles.
15 – E como é que eu vou saber?
16 – Pela camiseta, é claro. Tem o Cipó- Azougue, que é balaço contra eczema, aliás, pessoalmente, é um cara ótimo. O Beldroega (faz pouco ele passou por aqui) toma conta do fígado e depura o sangue. Do Sete-Folhas, que é até meu vizinho, vejo que o senhor não carece, pois é para emagrecer. Agora, convém não esquecer o Boldo. Lá um dia a gente tem uma ressaca, e o Boldo resolve.
17 Vi que as camisetas da medicina natural são numerosas, mas as de uísques, vinhos alemães, motos, motéis, cigarros, antigripais, cursinhos, judô, budismo, loteria, jogo de búzios, etc. não fazem por menos. Hoje em dia não há produto que não tenha, além dos comunicadores remunerados, outros absolutamente gratuitos, e estes são maioria. Todo mundo anuncia alguma coisa, e a camiseta é o cartaz na pele. Sendo de notar que há tendência para anunciar até no bumbum. Mas este é um ramo ainda experimental (...).
18 Quis empreender pesquisa de campo no domínio das inscrições no anverso e no reverso do vestuário. _________ porque teria de elaborar um código de classificação muito complexo, tamanha a variedade de interesses humanos que se refletem numa etiqueta comercial, industrial, política, esportiva, religiosa, onírica. Hoje em dia a camiseta serve para tudo, até (não principalmente) para vestir. E acompanha também a veloz deterioração das coisas, sinal de finitude hoje mais visível do que nunca. _______, como as coisas acabam cada vez mais depressa! Não há mais condições para gravar palavras eternas em muros de catedral. Hoje estampam-se recados em camisetas descartáveis. Como esta crônica.
Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. p. 38-40.
O QUE DIZEM AS CAMISETAS
Carlos Drummond de Andrade
1º Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tenha nada escrito.
2º – Que é que ele está anunciando? – Indagou o cabo eleitoral, ___________, – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
3º – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
4º – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro.
5º A discussão ia rolar, quando apareceu Christiane Torloni, pedestre, ostentando bem visível, no peito, o nome de Eduardo Mascarenhas. Todos ficaram deslumbrados.
6º – Nessa eu votaria até para presidente. Da República, do Banco Central, da ONU, de qualquer troço – exclamou outro.
7º – Ela não é candidata.
8º – E precisa?
9º Ficou patente que as pessoas reparam mais no rosto do que na inscrição, embora a falta de inscrição provoque a idéia de que falta alguma coisa – a identidade, o nariz, sei lá.
10 Vi na rua Sete de Setembro um homem que trazia a inscrição “Guiné-pipi” na frente e nas costas.
11 – Candidato a vereador? – Perguntei. – De que partido?
12 – Não senhor. Erva contra reumatismo. Quer experimentar? É um porrete.
13 – Obrigado, amigo. O dr. Nava já cuida do meu.
14 – Mas qualquer problema, o senhor não tenha cerimônia. É só dizer, que eu falo com os colegas, conforme o caso. Ou o senhor mesmo fala, se encontrar com um deles.
15 – E como é que eu vou saber?
16 – Pela camiseta, é claro. Tem o Cipó- Azougue, que é balaço contra eczema, aliás, pessoalmente, é um cara ótimo. O Beldroega (faz pouco ele passou por aqui) toma conta do fígado e depura o sangue. Do Sete-Folhas, que é até meu vizinho, vejo que o senhor não carece, pois é para emagrecer. Agora, convém não esquecer o Boldo. Lá um dia a gente tem uma ressaca, e o Boldo resolve.
17 Vi que as camisetas da medicina natural são numerosas, mas as de uísques, vinhos alemães, motos, motéis, cigarros, antigripais, cursinhos, judô, budismo, loteria, jogo de búzios, etc. não fazem por menos. Hoje em dia não há produto que não tenha, além dos comunicadores remunerados, outros absolutamente gratuitos, e estes são maioria. Todo mundo anuncia alguma coisa, e a camiseta é o cartaz na pele. Sendo de notar que há tendência para anunciar até no bumbum. Mas este é um ramo ainda experimental (...).
18 Quis empreender pesquisa de campo no domínio das inscrições no anverso e no reverso do vestuário. _________ porque teria de elaborar um código de classificação muito complexo, tamanha a variedade de interesses humanos que se refletem numa etiqueta comercial, industrial, política, esportiva, religiosa, onírica. Hoje em dia a camiseta serve para tudo, até (não principalmente) para vestir. E acompanha também a veloz deterioração das coisas, sinal de finitude hoje mais visível do que nunca. _______, como as coisas acabam cada vez mais depressa! Não há mais condições para gravar palavras eternas em muros de catedral. Hoje estampam-se recados em camisetas descartáveis. Como esta crônica.
Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. p. 38-40.
( ) É só dizer, que eu falo – pronome relativo.
( ) Estes são maioria – pronome demonstrativo.
( ) Anuncia alguma coisa – pronome indefinido.
( ) Ponderou um senhor moderado – artigo definido.
( ) Outros absolutamente gratuitos – substantivo.
Quais afirmativas estão corretas?
O QUE DIZEM AS CAMISETAS
Carlos Drummond de Andrade
1º Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tenha nada escrito.
2º – Que é que ele está anunciando? – Indagou o cabo eleitoral, ___________, – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
3º – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
4º – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro.
5º A discussão ia rolar, quando apareceu Christiane Torloni, pedestre, ostentando bem visível, no peito, o nome de Eduardo Mascarenhas. Todos ficaram deslumbrados.
6º – Nessa eu votaria até para presidente. Da República, do Banco Central, da ONU, de qualquer troço – exclamou outro.
7º – Ela não é candidata.
8º – E precisa?
9º Ficou patente que as pessoas reparam mais no rosto do que na inscrição, embora a falta de inscrição provoque a idéia de que falta alguma coisa – a identidade, o nariz, sei lá.
10 Vi na rua Sete de Setembro um homem que trazia a inscrição “Guiné-pipi” na frente e nas costas.
11 – Candidato a vereador? – Perguntei. – De que partido?
12 – Não senhor. Erva contra reumatismo. Quer experimentar? É um porrete.
13 – Obrigado, amigo. O dr. Nava já cuida do meu.
14 – Mas qualquer problema, o senhor não tenha cerimônia. É só dizer, que eu falo com os colegas, conforme o caso. Ou o senhor mesmo fala, se encontrar com um deles.
15 – E como é que eu vou saber?
16 – Pela camiseta, é claro. Tem o Cipó- Azougue, que é balaço contra eczema, aliás, pessoalmente, é um cara ótimo. O Beldroega (faz pouco ele passou por aqui) toma conta do fígado e depura o sangue. Do Sete-Folhas, que é até meu vizinho, vejo que o senhor não carece, pois é para emagrecer. Agora, convém não esquecer o Boldo. Lá um dia a gente tem uma ressaca, e o Boldo resolve.
17 Vi que as camisetas da medicina natural são numerosas, mas as de uísques, vinhos alemães, motos, motéis, cigarros, antigripais, cursinhos, judô, budismo, loteria, jogo de búzios, etc. não fazem por menos. Hoje em dia não há produto que não tenha, além dos comunicadores remunerados, outros absolutamente gratuitos, e estes são maioria. Todo mundo anuncia alguma coisa, e a camiseta é o cartaz na pele. Sendo de notar que há tendência para anunciar até no bumbum. Mas este é um ramo ainda experimental (...).
18 Quis empreender pesquisa de campo no domínio das inscrições no anverso e no reverso do vestuário. _________ porque teria de elaborar um código de classificação muito complexo, tamanha a variedade de interesses humanos que se refletem numa etiqueta comercial, industrial, política, esportiva, religiosa, onírica. Hoje em dia a camiseta serve para tudo, até (não principalmente) para vestir. E acompanha também a veloz deterioração das coisas, sinal de finitude hoje mais visível do que nunca. _______, como as coisas acabam cada vez mais depressa! Não há mais condições para gravar palavras eternas em muros de catedral. Hoje estampam-se recados em camisetas descartáveis. Como esta crônica.
Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. p. 38-40.
O QUE DIZEM AS CAMISETAS
Carlos Drummond de Andrade
1º Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tenha nada escrito.
2º – Que é que ele está anunciando? – Indagou o cabo eleitoral, ___________, – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
3º – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
4º – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro.
5º A discussão ia rolar, quando apareceu Christiane Torloni, pedestre, ostentando bem visível, no peito, o nome de Eduardo Mascarenhas. Todos ficaram deslumbrados.
6º – Nessa eu votaria até para presidente. Da República, do Banco Central, da ONU, de qualquer troço – exclamou outro.
7º – Ela não é candidata.
8º – E precisa?
9º Ficou patente que as pessoas reparam mais no rosto do que na inscrição, embora a falta de inscrição provoque a idéia de que falta alguma coisa – a identidade, o nariz, sei lá.
10 Vi na rua Sete de Setembro um homem que trazia a inscrição “Guiné-pipi” na frente e nas costas.
11 – Candidato a vereador? – Perguntei. – De que partido?
12 – Não senhor. Erva contra reumatismo. Quer experimentar? É um porrete.
13 – Obrigado, amigo. O dr. Nava já cuida do meu.
14 – Mas qualquer problema, o senhor não tenha cerimônia. É só dizer, que eu falo com os colegas, conforme o caso. Ou o senhor mesmo fala, se encontrar com um deles.
15 – E como é que eu vou saber?
16 – Pela camiseta, é claro. Tem o Cipó- Azougue, que é balaço contra eczema, aliás, pessoalmente, é um cara ótimo. O Beldroega (faz pouco ele passou por aqui) toma conta do fígado e depura o sangue. Do Sete-Folhas, que é até meu vizinho, vejo que o senhor não carece, pois é para emagrecer. Agora, convém não esquecer o Boldo. Lá um dia a gente tem uma ressaca, e o Boldo resolve.
17 Vi que as camisetas da medicina natural são numerosas, mas as de uísques, vinhos alemães, motos, motéis, cigarros, antigripais, cursinhos, judô, budismo, loteria, jogo de búzios, etc. não fazem por menos. Hoje em dia não há produto que não tenha, além dos comunicadores remunerados, outros absolutamente gratuitos, e estes são maioria. Todo mundo anuncia alguma coisa, e a camiseta é o cartaz na pele. Sendo de notar que há tendência para anunciar até no bumbum. Mas este é um ramo ainda experimental (...).
18 Quis empreender pesquisa de campo no domínio das inscrições no anverso e no reverso do vestuário. _________ porque teria de elaborar um código de classificação muito complexo, tamanha a variedade de interesses humanos que se refletem numa etiqueta comercial, industrial, política, esportiva, religiosa, onírica. Hoje em dia a camiseta serve para tudo, até (não principalmente) para vestir. E acompanha também a veloz deterioração das coisas, sinal de finitude hoje mais visível do que nunca. _______, como as coisas acabam cada vez mais depressa! Não há mais condições para gravar palavras eternas em muros de catedral. Hoje estampam-se recados em camisetas descartáveis. Como esta crônica.
Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. p. 38-40.
O trecho a seguir contextualiza o tema tratado na questão. Leia‐o atentamente.
“A Comissão Nacional da Verdade determinou, em relatório final divulgado nesta quarta‐feira (10 de dezembro de 2014), que 377 pessoas são responsáveis pelas graves violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. O trabalho do grupo incluiu dentre os culpados pelas mortes, torturas, desaparecimentos forçados, ocultações de cadáveres e prisões arbitrárias os cinco generais que presidiram o país durante o regime, ministros, além de outros militares e policiais diretamente envolvidos na repressão política.”
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/12/1560247‐relatorio‐afirma‐que‐crimes‐contra‐a‐humanidade‐foram‐sistematicos.shtml.)
I. Reconhecimento, pelas Forças Armadas, de sua responsabilidade institucional pela ocorrência de graves violações de direitos humanos durante a ditadura militar (1964 a 1985).
II. Proibição da realização de eventos oficiais em comemoração ao golpe militar de 1964.
III. Revogação da Lei de Segurança Nacional.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
O trecho a seguir contextualiza o tema tratado na questão. Leia‐o atentamente.
“A Comissão Nacional da Verdade determinou, em relatório final divulgado nesta quarta‐feira (10 de dezembro de 2014), que 377 pessoas são responsáveis pelas graves violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. O trabalho do grupo incluiu dentre os culpados pelas mortes, torturas, desaparecimentos forçados, ocultações de cadáveres e prisões arbitrárias os cinco generais que presidiram o país durante o regime, ministros, além de outros militares e policiais diretamente envolvidos na repressão política.”
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/12/1560247‐relatorio‐afirma‐que‐crimes‐contra‐a‐humanidade‐foram‐sistematicos.shtml.)
O texto a seguir contextualiza o tema tratado na questão. Leia‐o atentamente.
“Em meio à comoção gerada pelos atentados terroristas em Paris, na França, um arcebispo nigeriano acusou países ocidentais de ignorarem a ameaça representada pelo grupo extremista Boko Haram. O arcebispo da cidade de Jos, Ignatius Kaigama, ainda pediu que a mesma atenção dada aos atentados na França seja dada aos militantes que atuam com cada vez mais violência no nordeste do país africano.”
(Disponível em:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150112_boko_haram_nigeria_mortes_rb.)
Dentre as relações entre esses conjuntos, assinale a verdadeira.
Como cuidar de seu dinheiro em 2015
Gustavo Cerbasi.
Em 2015, cuidarei bem do meu dinheiro. Organizarei bem os números e as verbas. Esses números mudarão bastante ao longo do ano. Um monstro chamado inflação ronda o país. Só que, agora, ele usa um manto da invisibilidade, que ganhou de seu criador, o governo. Quando morder meu bolso, eu nem saberei de onde terá vindo o ataque, não terei tempo de me defender. Por isso, deixarei boas gorduras no orçamento para atirar a ele, quando aparecer. Essas gorduras serão chamadas de verba para lazer e reservas de emergência.
Em 2015, não farei apostas. Já há gente demais apostando em imóveis, ações e outros investimentos especulativos. Farei escolhas certeiras. Deixarei a maior parte de meu investimento na renda fixa. Ela está com uma generosidade única no mundo. Enquanto isso, estudo o desespero de especuladores que aguardarão a improvável recuperação dos imóveis, da Petrobras, da credibilidade dos mercados. Quando esses especuladores jogarem a toalha, usarei parte de minhas reservas para fazer investimentos bons e baratos. Mas não na Petrobras.
Muita gente fala que, com a inflação e a recessão, pode perder o emprego ou os clientes. Faltará renda, faltarão consumidores. O ano de 2015 será, mais uma vez, ruim para quem vende. Será um ano bom para quem pensa em comprar. Estarei atento aos bons negócios para quem tem dinheiro na mão. Se a renda fixa paga bem, a compra à vista tende a me dar descontos maiores. É por esse mesmo motivo que, em 2015, evitarei as dívidas. Os juros estão altos e isso me convida a poupar, e não a alugar dinheiro dos bancos. Dívidas de longo prazo são corrigidas pela inflação, também em alta. Por isso, aproveitarei os ganhos extras de fim de ano para liquidar dívidas e me policiar para não contrair novas.
No ano que começa, também não quero fazer papel de otário e deixar nas mãos do governo mais impostos do que preciso. Não sonegarei. Mas aproveitarei o fim do ano para organizar meus papéis e comprovantes, planejar a declaração de Imposto de Renda de março e tentar a maior restituição que puder, ou o mínimo pagamento necessário. Listarei meus gastos com dependentes, educação e saúde, doarei para instituições que fazem o bem, aplicarei num PGBL o que for necessário para o máximo benefício. Entregarei minha declaração quanto antes, no início de março. Quero ver minha restituição na conta mais cedo, já que 2015 será um ano bom para quem tiver dinheiro na mão.
Para quem lamenta, recomendo cuidado com o monstro e com o governo. Para quem está atento às oportunidades, desejo boas compras.
(Disponível em:http://epoca.globo.com/colunas‐e‐blogs/gustavo‐cerbasi/noticia/2015/01/como‐cuidar‐de‐bseu‐dinheirob‐em‐2015.html Acesso em: 06/02/2015.)