Questões de Concurso Para químico

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Q2154862 Filosofia

Leia o texto a seguir.

No essencial, em sua acepção mais apropriada, a ideia de liberdade coincide com a dos direitos do homem. O que quer dizer, finalmente, ser livre senão conhecer os direitos do homem? Pois conhecê-los é defendê-los.


Fonte: VOLTAIRE apud CASSIRER, Ernst. A filosofia do iluminismo. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1992, p. 336.


Qual prática condiz com a noção de liberdade apresentada?

Alternativas
Q2154850 Português

TEXTO 1


A espiritualidade das pedras

Meu Deus, como ter um "eu" cansa! Os místicos têm razão. Não é necessário ser um "crente" para ver isso, basta ter algum senso de ridículo para ver o quão cansativo é satisfazer o "eu". E a modernidade é toda uma sinfonia (ou melhor, uma "diafonia", contrário da sinfonia) para este pequeno "eu" infantil.

Outro dia, contemplava pessoas num aeroporto embarcando para os EUA com malas vazias para poder comprar um monte de coisas lá. Que vergonha. É o tal do "eu" que faz isso. Ele precisa comprar, adquirir, sentir-se tendo vantagem em tudo. O "eu" sente um "frisson" num outlet baratinho em Miami. [...]

A filosofia inglesa tem uma expressão muito boa que é "wants", para se referir a nossas necessidades a serem satisfeitas. Poderíamos traduzir de modo livre por "quereres". O "eu" é um poço sem fundo de "wants". Isso me deprime um tanto.

Como dizia acima, a modernidade é toda feita para servir ao pequeno autoritário, o "eu": ele exige mais sucesso, mais autoestima, mais saúde, mais dinheiro, mais beleza, mais celulares, mais viagens, mais consumo, mais direitos, mais rapidez, mais eficiência, mais atenção, mais reconhecimento, mais equilíbrio, melhor alimentação, mais espiritualidade para que ele não se sinta um materialista grosseiro. [...]

Outra armadilha típica do mundinho do "eu" é a idolatria do desejo. A filosofia sempre problematizou o desejo como modo de escravidão, e isso nada tem a ver com a dita repressão cristã (que nem foi o cristianismo que inventou) do desejo. [...]

O "eu" falante inunda o mundo com seu ruído. O "eu" mais discreto tece um silêncio que desperta o interesse em conhecê-lo. Mas hoje vivemos num mundo da falação de si, como numa espécie de contínuo striptease da alma. O corpo nu é mais interessante do que a alma que se oferece. Por isso toda poesia sincera é ruim (Oscar Wilde). O "eu" deve agir como as mulheres quando fecham as pernas em sinal de pudor e vergonha.

A alta literatura espiritual, oriental ou ocidental, há muito compreende o ridículo do culto ao "eu". Uma leveza peculiar está presente em narrativas gregas (neoplatonismo), budistas (o "eu" como prisão) ou místicas (cristã, judaica ou islâmica).

Conceitos como "aniquilamento" (anéantissement, comum em textos franceses entre os séculos 14 e 17), "desprendimento" (abegescheidenheit, em alemão medieval) e "aphalé panta" (grego antigo) descrevem exatamente esse processo de superação da obsessão do "eu" por si mesmo. A leveza nasce da sensação de que atender ao "eu" é uma prisão maior do que atender ao mundo, porque do "eu" nunca nos libertamos quando queremos servi-lo. Ele está em toda parte como um deus ressentido.

Por isso, um autor como Nikos Kazantzakis, em seu primoroso "Ascese", diz que apenas quando não queremos nada, quando não desejamos nada é que somos livres. Muito próximo dele, o filósofo epicurista André Comte-Sponville, no seu maior livro, "Tratado do Desespero e da Beatitude", defende o "des-espero" como superação de uma vida pautada por expectativas. 

Entre as piores expectativas está a da vida eterna. Espero que ao final o descanso das pedras nos espere. Amém.

PONDÉ, Luiz Felipe. A espiritualidade das pedras. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 de julho de 2013.

No último parágrafo do texto, a natureza essencial da palavra “amém” é 
Alternativas
Q2134146 História e Geografia de Estados e Municípios

Leia o texto a seguir.


A acelerada urbanização gera um efeito econômico de concentração e atração tanto de capitais como de força de trabalho nova – migrantes não mais tanto da região Sul e sim da região Nordeste –, tornando possível a abertura de uma nova fronteira não mais apenas agrícola, porém, sobretudo, urbana. A indústria pesada (metalúrgica, siderúrgica, química) não vai comandar a urbanização em Mato Grosso, é a agroindústria.


Fonte: VOLOCHKO, D. Da extensão do campo à centralização do urbano: elementos para o debate da produção do espaço em Mato Grosso. Revista Mato-Grossense de Geografia, Cuiabá, n. 16, p. 18- 38, jan./jun. 2013, p 27.


Qual efeito o modelo de urbanização apresentado causou na economia?

Alternativas
Q2134143 Atualidades
Leia o texto a seguir.
Os incêndios criminosos oriundos de ações humanas fazem parte de 98% das queimadas no bioma. As perdas das florestas por desmatamento e incêndios têm sido atribuídas às causas das mudanças climáticas e à consequente escassez hídrica, e tiveram forte repercussão internacional nos últimos anos. Este modelo baseado na exploração desenfreada dos recursos naturais do avanço dos projetos do agronegócio, hidronegócio, e exploração mineral, uso abusivo de agrotóxicos tem colocado em risco a sociobiodiversidade pantaneira.
Disponível em: <https://g1.globo.com/mt/matogrosso/noticia/2022/08/22/desmatamento-mineracao-e-queimadasaceleram-a-degradacao-da-biodiversidade-do-pantanal-dizestudo.ghtm>. Acesso em: 07 set 2022.
Quais soluções seriam capazes de minimizar o problema apresentado no texto?
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Q2134142 Atualidades
Analise a imagem a seguir.
Imagem associada para resolução da questão

Fonte: LATUFF. 2022. Disponível em: <https://encryptedtbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRwkD0BNGirK2QK9QhGcisthg0WICu-j7VIUps9an9sA&s>. Acesso em: 06 set. 2022.
O que o autor representou na imagem?
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Q2134139 História e Geografia de Estados e Municípios
Leia o texto a seguir.
No estado de Mato Grosso, por exemplo, o próprio aparelho virou objeto de desejo dos consumidores antes mesmo da instalação das emissoras televisivas em Cuiabá ou Campo Grande. Ainda sem receber qualquer sinal de TV, em 1960, a Coletoria Federal de Cuiabá atraiu interessados para o leilão de um aparelho de fabricação norte‐ americana, marca Philco Predilect, modelo H‐3408, de dezessete polegadas.
Fonte: SOTANA, E. A TV Morena em páginas impressas: vestígios do notíciário sobre a chegada da televisão no estado de Mato Grosso. História Revista, Goiânia, v. 23, n. 2, p. 115–136, 2019. Disponível em: <https://revistas.ufg.br/historia/article/view/51844>. Acesso em: 7 set. 2022.
A qual comportamento da população mato-grossense se refere o texto?
Alternativas
Q2134138 História e Geografia de Estados e Municípios
Leia o texto a seguir.
O oeste, território – aqui pensado como uma porção de terra na qual viviam diversos sujeitos – que não se pode precisar com exatidão o lugar de seu início ou término passou a ser um espaço disputado e valorizado economicamente: tornou-se “a última fronteira agricultável do globo”, algo bem diferente do ocorrido décadas atrás, quando a região era vista com severas restrições, sobretudo quando o assunto versava a respeito da densidade populacional e da agricultura.
Fonte: DAL MORO, N. Formas de Conceber a Terra no Oeste do Brasil. História Revista, Goiânia, v. 19, n. 1, 2014. p. 238.
A mudança apontada no texto na denominação do Mato Grosso foi decorrente
Alternativas
Q2134137 História e Geografia de Estados e Municípios
Leia o texto a seguir.
O município de Itiquira está muito próximo do Pantanal Mato-grossense e isto pode ser observado em alguns acidentes físicos com características específicas desse importante sistema ecológico brasileiro. Toda área que hoje constitui o município de Itiquira foi habitada por povos indígenas. Relatam alguns historiadores que essa área também foi palmilhada por bandeirantes no decorrer do século XVIII.
Fonte: CARVALHO, Maria Aparecida de. Contribuições para o Atlas Toponímico do estado de Mato Grosso - mesorregião sudeste mato-grossense. 2010. 540 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2010. p. 237.
Em que resultou a ação, mencionada no texto, dos bandeirantes em Itiquira-MT?
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Q2134136 Noções de Informática
No contexto da segurança da informação, considere as seguintes as medidas de segurança da informação:
(I) Processo que obriga a prova de identidade daqueles que desejam acessar determinados tipos de dados, tal como pelo uso de biometria ou senha.
(II) Mecanismo que monitora o tráfego de rede e, conforme algumas regras de segurança, pode bloquear tráfegos suspeitos quanto à segurança, bem como impedir que alguns endereços Internet Protocol (IP) acessem um aplicativo.
(III) Processo que converte a informação para um formato distinto, de modo que somente aqueles que possuem uma chave específica possam acessar o conteúdo original da informação.
As medidas de segurança I, II e III mencionadas são conhecidas, respectivamente, como
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Q2134135 Noções de Informática
Dentre os periféricos de computadores, há o dispositivo de armazenamento de estado sólido, que é composto por circuitos integrados, em vez de discos giratórios físicos com cabeças móveis de leitura e gravação, os quais são comumente usados como meio secundário na hierarquia de armazenamento. O dispositivo de armazenamento de estado sólido é caracterizado como
Alternativas
Q2134134 Noções de Informática
Os navegadores de Internet tipicamente permitem a adição de recursos, que são pequenos módulos de software para personalizar o navegador e promover melhor experiência do usuário ao acessar os serviços disponíveis na Web. Alguns exemplos são: bloqueio de anúncios, melhoria de acessibilidade, gerenciamento de cookies, maior comodidade de interface, dentre outros. Esses recursos são comumente conhecidos como
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Q2134133 Noções de Informática
Sobre a edição de planilha eletrônica, considere uma planilha editada em software livre ou comercial (como LibreOffice Calc e MS Excel). A célula C3 possui uma data que corresponde ao dia da semana 'segunda-feira'. Sejam duas outras células distintas, cujos conteúdos são as fórmulas "=DIA.DA.SEMANA(C3)" e "=DIA.DA.SEMANA(C3;2)" (as aspas não fazem parte das fórmulas), ao executá-las os resultados obtidos são, respectivamente,
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Q2134132 Noções de Informática
O UTC, do inglês, "Coordinated Universal Time", é um padrão de tempo amplamente adotado para regular o tempo e os relógios no planeta, e representa o fuso horário de referência, empregado para calcular os outros fusos horários do mundo. Nesse sentido, o sistema operacional Windows permite o ajuste do computador do usuário conforme o fuso horário de sua posição geográfica. Desconsiderando a existência de horário de verão, o ajuste para o fuso horário de Brasília no Windows deve ser: 
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Q2134130 Matemática
Três amigas, “M”, “N” e “P”, combinaram de caminhar em torno de um lago da cidade. Elas iniciaram juntas em frente a um quiosque, mas cada uma caminha em seu próprio ritmo. “M” completa uma volta a cada 9 minutos, “N” a cada 12 minutos, e “P” a cada 15 minutos. Após algumas voltas, “M” e “N” se encontram, pela primeira vez, após o início da caminhada, em frente ao quiosque. Elas resolvem parar e aguardar a chegada de “P”. Quantos minutos elas devem esperar até que “P” chegue ao quiosque?
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Q2134128 Matemática
Um restaurante vende 40 refeições diariamente, a um custo de R$ 10,00 cada. Buscando ampliar seu faturamento, identificou-se, por meio de uma pesquisa, que, para cada real de desconto dado no preço da refeição haveria um aumento de 20 refeições nas vendas diárias. E, para atender adequadamente os novos clientes, seria necessário ampliar o quadro de funcionários, o que acarretaria um gasto extra de R$ 2,00 por cada nova refeição vendida (o gasto extra incide apenas nas refeições que ultrapassem as 40 já vendidas diariamente). Assim, o faturamento máximo que o restaurante pode obter diariamente é
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Q2134127 Matemática
A herança deixada por um pai exigia que sua fortuna fosse dividida de maneira proporcional às idades dos três herdeiros. Sabendo que, no momento da divisão, os herdeiros estavam com 12, 15 e 18 anos de idade, qual percentual da fortuna foi deixado ao filho mais velho?
Alternativas
Q2134122 Português
Leia o Texto I, a seguir para responder a questão.

Texto I

A espiritualidade das pedras

Meu Deus, como ter um "eu" cansa! Os místicos têm razão. Não é necessário ser um "crente" para ver isso, basta ter algum senso de ridículo para ver o quão cansativo é satisfazer o "eu". E a modernidade é toda uma sinfonia (ou melhor, uma "diafonia", contrário da sinfonia) para este pequeno "eu" infantil.

Outro dia, contemplava pessoas num aeroporto embarcando para os EUA com malas vazias para poder comprar um monte de coisas lá. Que vergonha. É o tal do "eu" que faz isso. Ele precisa comprar, adquirir, sentir-se tendo vantagem em tudo. O "eu" sente um "frisson" num outlet baratinho em Miami. [...]

A filosofia inglesa tem uma expressão muito boa que é "wants", para se referir a nossas necessidades a serem satisfeitas. Poderíamos traduzir de modo livre por "quereres". O "eu" é um poço sem fundo de "wants". Isso me deprime um tanto.

Como dizia acima, a modernidade é toda feita para servir ao pequeno autoritário, o "eu": ele exige mais sucesso, mais autoestima, mais saúde, mais dinheiro, mais beleza, mais celulares, mais viagens, mais consumo, mais direitos, mais rapidez, mais eficiência, mais atenção, mais reconhecimento, mais equilíbrio, melhor alimentação, mais espiritualidade para que ele não se sinta um materialista grosseiro. [...]

Outra armadilha típica do mundinho do "eu" é a idolatria do desejo. A filosofia sempre problematizou o desejo como modo de escravidão, e isso nada tem a ver com a dita repressão cristã (que nem foi o cristianismo que inventou) do desejo. [...]

O "eu" falante inunda o mundo com seu ruído. O "eu" mais discreto tece um silêncio que desperta o interesse em conhecê-lo. Mas hoje vivemos num mundo da falação de si, como numa espécie de contínuo striptease da alma. O corpo nu é mais interessante do que a alma que se oferece. Por isso toda poesia sincera é ruim (Oscar Wilde). O "eu" deve agir como as mulheres quando fecham as pernas em sinal de pudor e vergonha.

A alta literatura espiritual, oriental ou ocidental, há muito compreende o ridículo do culto ao "eu". Uma leveza peculiar está presente em narrativas gregas (neoplatonismo), budistas (o "eu" como prisão) ou místicas (cristã, judaica ou islâmica).

Conceitos como "aniquilamento" (anéantissement, comum em textos franceses entre os séculos 14 e 17), "desprendimento" (abegescheidenheit, em alemão medieval) e "aphalé panta" (grego antigo) descrevem exatamente esse processo de superação da obsessão do "eu" por si mesmo.

A leveza nasce da sensação de que atender ao "eu" é uma prisão maior do que atender ao mundo, porque do "eu" nunca nos libertamos quando queremos servi-lo. Ele está em toda parte como um deus ressentido.

Por isso, um autor como Nikos Kazantzakis, em seu primoroso "Ascese", diz que apenas quando não queremos nada, quando não desejamos nada é que somos livres. Muito próximo dele, o filósofo epicurista André Comte-Sponville, no seu maior livro, "Tratado do Desespero e da Beatitude", defende o "des-espero" como superação de uma vida pautada por expectativas.

Entre as piores expectativas está a da vida eterna. Espero que ao final o descanso das pedras nos espere. Amém.

PONDÉ, Luiz Felipe. A espiritualidade das pedras. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 de julho de 2013. 
No sexto parágrafo, a palavra “mas” estabelece uma oposição que pode ser depreendida lexicalmente por meio do par
Alternativas
Q2134121 Português
Leia o Texto I, a seguir para responder a questão.

Texto I

A espiritualidade das pedras

Meu Deus, como ter um "eu" cansa! Os místicos têm razão. Não é necessário ser um "crente" para ver isso, basta ter algum senso de ridículo para ver o quão cansativo é satisfazer o "eu". E a modernidade é toda uma sinfonia (ou melhor, uma "diafonia", contrário da sinfonia) para este pequeno "eu" infantil.

Outro dia, contemplava pessoas num aeroporto embarcando para os EUA com malas vazias para poder comprar um monte de coisas lá. Que vergonha. É o tal do "eu" que faz isso. Ele precisa comprar, adquirir, sentir-se tendo vantagem em tudo. O "eu" sente um "frisson" num outlet baratinho em Miami. [...]

A filosofia inglesa tem uma expressão muito boa que é "wants", para se referir a nossas necessidades a serem satisfeitas. Poderíamos traduzir de modo livre por "quereres". O "eu" é um poço sem fundo de "wants". Isso me deprime um tanto.

Como dizia acima, a modernidade é toda feita para servir ao pequeno autoritário, o "eu": ele exige mais sucesso, mais autoestima, mais saúde, mais dinheiro, mais beleza, mais celulares, mais viagens, mais consumo, mais direitos, mais rapidez, mais eficiência, mais atenção, mais reconhecimento, mais equilíbrio, melhor alimentação, mais espiritualidade para que ele não se sinta um materialista grosseiro. [...]

Outra armadilha típica do mundinho do "eu" é a idolatria do desejo. A filosofia sempre problematizou o desejo como modo de escravidão, e isso nada tem a ver com a dita repressão cristã (que nem foi o cristianismo que inventou) do desejo. [...]

O "eu" falante inunda o mundo com seu ruído. O "eu" mais discreto tece um silêncio que desperta o interesse em conhecê-lo. Mas hoje vivemos num mundo da falação de si, como numa espécie de contínuo striptease da alma. O corpo nu é mais interessante do que a alma que se oferece. Por isso toda poesia sincera é ruim (Oscar Wilde). O "eu" deve agir como as mulheres quando fecham as pernas em sinal de pudor e vergonha.

A alta literatura espiritual, oriental ou ocidental, há muito compreende o ridículo do culto ao "eu". Uma leveza peculiar está presente em narrativas gregas (neoplatonismo), budistas (o "eu" como prisão) ou místicas (cristã, judaica ou islâmica).

Conceitos como "aniquilamento" (anéantissement, comum em textos franceses entre os séculos 14 e 17), "desprendimento" (abegescheidenheit, em alemão medieval) e "aphalé panta" (grego antigo) descrevem exatamente esse processo de superação da obsessão do "eu" por si mesmo.

A leveza nasce da sensação de que atender ao "eu" é uma prisão maior do que atender ao mundo, porque do "eu" nunca nos libertamos quando queremos servi-lo. Ele está em toda parte como um deus ressentido.

Por isso, um autor como Nikos Kazantzakis, em seu primoroso "Ascese", diz que apenas quando não queremos nada, quando não desejamos nada é que somos livres. Muito próximo dele, o filósofo epicurista André Comte-Sponville, no seu maior livro, "Tratado do Desespero e da Beatitude", defende o "des-espero" como superação de uma vida pautada por expectativas.

Entre as piores expectativas está a da vida eterna. Espero que ao final o descanso das pedras nos espere. Amém.

PONDÉ, Luiz Felipe. A espiritualidade das pedras. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 de julho de 2013. 
No contexto da discussão realizada no texto, a formação da palavra “des-espero” sugere 
Alternativas
Q2134120 Português
Leia o Texto I, a seguir para responder a questão.

Texto I

A espiritualidade das pedras

Meu Deus, como ter um "eu" cansa! Os místicos têm razão. Não é necessário ser um "crente" para ver isso, basta ter algum senso de ridículo para ver o quão cansativo é satisfazer o "eu". E a modernidade é toda uma sinfonia (ou melhor, uma "diafonia", contrário da sinfonia) para este pequeno "eu" infantil.

Outro dia, contemplava pessoas num aeroporto embarcando para os EUA com malas vazias para poder comprar um monte de coisas lá. Que vergonha. É o tal do "eu" que faz isso. Ele precisa comprar, adquirir, sentir-se tendo vantagem em tudo. O "eu" sente um "frisson" num outlet baratinho em Miami. [...]

A filosofia inglesa tem uma expressão muito boa que é "wants", para se referir a nossas necessidades a serem satisfeitas. Poderíamos traduzir de modo livre por "quereres". O "eu" é um poço sem fundo de "wants". Isso me deprime um tanto.

Como dizia acima, a modernidade é toda feita para servir ao pequeno autoritário, o "eu": ele exige mais sucesso, mais autoestima, mais saúde, mais dinheiro, mais beleza, mais celulares, mais viagens, mais consumo, mais direitos, mais rapidez, mais eficiência, mais atenção, mais reconhecimento, mais equilíbrio, melhor alimentação, mais espiritualidade para que ele não se sinta um materialista grosseiro. [...]

Outra armadilha típica do mundinho do "eu" é a idolatria do desejo. A filosofia sempre problematizou o desejo como modo de escravidão, e isso nada tem a ver com a dita repressão cristã (que nem foi o cristianismo que inventou) do desejo. [...]

O "eu" falante inunda o mundo com seu ruído. O "eu" mais discreto tece um silêncio que desperta o interesse em conhecê-lo. Mas hoje vivemos num mundo da falação de si, como numa espécie de contínuo striptease da alma. O corpo nu é mais interessante do que a alma que se oferece. Por isso toda poesia sincera é ruim (Oscar Wilde). O "eu" deve agir como as mulheres quando fecham as pernas em sinal de pudor e vergonha.

A alta literatura espiritual, oriental ou ocidental, há muito compreende o ridículo do culto ao "eu". Uma leveza peculiar está presente em narrativas gregas (neoplatonismo), budistas (o "eu" como prisão) ou místicas (cristã, judaica ou islâmica).

Conceitos como "aniquilamento" (anéantissement, comum em textos franceses entre os séculos 14 e 17), "desprendimento" (abegescheidenheit, em alemão medieval) e "aphalé panta" (grego antigo) descrevem exatamente esse processo de superação da obsessão do "eu" por si mesmo.

A leveza nasce da sensação de que atender ao "eu" é uma prisão maior do que atender ao mundo, porque do "eu" nunca nos libertamos quando queremos servi-lo. Ele está em toda parte como um deus ressentido.

Por isso, um autor como Nikos Kazantzakis, em seu primoroso "Ascese", diz que apenas quando não queremos nada, quando não desejamos nada é que somos livres. Muito próximo dele, o filósofo epicurista André Comte-Sponville, no seu maior livro, "Tratado do Desespero e da Beatitude", defende o "des-espero" como superação de uma vida pautada por expectativas.

Entre as piores expectativas está a da vida eterna. Espero que ao final o descanso das pedras nos espere. Amém.

PONDÉ, Luiz Felipe. A espiritualidade das pedras. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 de julho de 2013. 
Ao usar a frase “Por isso, toda poesia sincera é ruim”, de Oscar Wilde, o autor estabelece a seguinte relação implícita: 
Alternativas
Q2134118 Português
Leia o Texto I, a seguir para responder a questão.

Texto I

A espiritualidade das pedras

Meu Deus, como ter um "eu" cansa! Os místicos têm razão. Não é necessário ser um "crente" para ver isso, basta ter algum senso de ridículo para ver o quão cansativo é satisfazer o "eu". E a modernidade é toda uma sinfonia (ou melhor, uma "diafonia", contrário da sinfonia) para este pequeno "eu" infantil.

Outro dia, contemplava pessoas num aeroporto embarcando para os EUA com malas vazias para poder comprar um monte de coisas lá. Que vergonha. É o tal do "eu" que faz isso. Ele precisa comprar, adquirir, sentir-se tendo vantagem em tudo. O "eu" sente um "frisson" num outlet baratinho em Miami. [...]

A filosofia inglesa tem uma expressão muito boa que é "wants", para se referir a nossas necessidades a serem satisfeitas. Poderíamos traduzir de modo livre por "quereres". O "eu" é um poço sem fundo de "wants". Isso me deprime um tanto.

Como dizia acima, a modernidade é toda feita para servir ao pequeno autoritário, o "eu": ele exige mais sucesso, mais autoestima, mais saúde, mais dinheiro, mais beleza, mais celulares, mais viagens, mais consumo, mais direitos, mais rapidez, mais eficiência, mais atenção, mais reconhecimento, mais equilíbrio, melhor alimentação, mais espiritualidade para que ele não se sinta um materialista grosseiro. [...]

Outra armadilha típica do mundinho do "eu" é a idolatria do desejo. A filosofia sempre problematizou o desejo como modo de escravidão, e isso nada tem a ver com a dita repressão cristã (que nem foi o cristianismo que inventou) do desejo. [...]

O "eu" falante inunda o mundo com seu ruído. O "eu" mais discreto tece um silêncio que desperta o interesse em conhecê-lo. Mas hoje vivemos num mundo da falação de si, como numa espécie de contínuo striptease da alma. O corpo nu é mais interessante do que a alma que se oferece. Por isso toda poesia sincera é ruim (Oscar Wilde). O "eu" deve agir como as mulheres quando fecham as pernas em sinal de pudor e vergonha.

A alta literatura espiritual, oriental ou ocidental, há muito compreende o ridículo do culto ao "eu". Uma leveza peculiar está presente em narrativas gregas (neoplatonismo), budistas (o "eu" como prisão) ou místicas (cristã, judaica ou islâmica).

Conceitos como "aniquilamento" (anéantissement, comum em textos franceses entre os séculos 14 e 17), "desprendimento" (abegescheidenheit, em alemão medieval) e "aphalé panta" (grego antigo) descrevem exatamente esse processo de superação da obsessão do "eu" por si mesmo.

A leveza nasce da sensação de que atender ao "eu" é uma prisão maior do que atender ao mundo, porque do "eu" nunca nos libertamos quando queremos servi-lo. Ele está em toda parte como um deus ressentido.

Por isso, um autor como Nikos Kazantzakis, em seu primoroso "Ascese", diz que apenas quando não queremos nada, quando não desejamos nada é que somos livres. Muito próximo dele, o filósofo epicurista André Comte-Sponville, no seu maior livro, "Tratado do Desespero e da Beatitude", defende o "des-espero" como superação de uma vida pautada por expectativas.

Entre as piores expectativas está a da vida eterna. Espero que ao final o descanso das pedras nos espere. Amém.

PONDÉ, Luiz Felipe. A espiritualidade das pedras. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 de julho de 2013. 
O trecho “o ‘eu’ deve agir como as mulheres quando fecham as pernas em sinal de pudor e vergonha”, no contexto da discussão empreendida no texto, significa que 
Alternativas
Respostas
1041: A
1042: B
1043: D
1044: D
1045: B
1046: C
1047: D
1048: C
1049: C
1050: B
1051: A
1052: D
1053: C
1054: D
1055: B
1056: C
1057: B
1058: C
1059: A
1060: A