Questões de Vestibular Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português

Foram encontradas 1.064 questões

Ano: 2017 Banca: COPS-UEL Órgão: UEL Prova: COPS-UEL - 2017 - UEL - Vestibular - Inglês |
Q1264889 Português

Leia os poemas a seguir, de Carlos Drummond de Andrade, e responda à questão.


Sentimental

Ponho-me a escrever teu nome

com letras de macarrão.

No prato, a sopa esfria, cheia de escamas

e debruçados na mesa todos contemplam

esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,

uma letra somente

para acabar teu nome!

– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando...

E há em todas as consciências um cartaz amarelo:

“Neste país é proibido sonhar”.


Poema do jornal

O fato ainda não acabou de acontecer

e já a mão nervosa do repórter

o transforma em notícia.

O marido está matando a mulher.

A mulher ensanguentada grita.

Ladrões arrombam o cofre.

A polícia dissolve o meeting.

A pena escreve.

Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.


Poesia

Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

Mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 35; 41; 45).

O termo “pena”, utilizado no segundo verso de “Poesia”, tem o significado de peça que se adapta à caneta, ou é a própria caneta, ou ainda corresponde ao instrumento com que se escreve. A palavra, porém, tem outros sentidos dicionarizados.

Assinale a alternativa em que se estabelece a correta correlação entre a palavra empregada no poema e os demais sentidos.

Alternativas
Ano: 2017 Banca: COPS-UEL Órgão: UEL Prova: COPS-UEL - 2017 - UEL - Vestibular - Inglês |
Q1264886 Português

Leia os poemas a seguir, de Carlos Drummond de Andrade, e responda à questão.


Sentimental

Ponho-me a escrever teu nome

com letras de macarrão.

No prato, a sopa esfria, cheia de escamas

e debruçados na mesa todos contemplam

esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,

uma letra somente

para acabar teu nome!

– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando...

E há em todas as consciências um cartaz amarelo:

“Neste país é proibido sonhar”.


Poema do jornal

O fato ainda não acabou de acontecer

e já a mão nervosa do repórter

o transforma em notícia.

O marido está matando a mulher.

A mulher ensanguentada grita.

Ladrões arrombam o cofre.

A polícia dissolve o meeting.

A pena escreve.

Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.


Poesia

Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

Mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 35; 41; 45).

Sobre os termos “já” e “nervosa”, presentes no segundo verso de “Poema do jornal”, considere as afirmativas a seguir.


I. O termo “já” é ligeiramente antecipado, pois se refere à transformação em notícia, mas essa antecipação garante maior ênfase à questão do tempo como marca expressiva do poema.

II. O termo “nervosa” contém, a princípio, um significado divergente do adjetivo “doce”, mas ambos os termos são associados com a agitação e a aceleração do cotidiano moderno.

III. O termo “já” é empregado como contraponto ao termo “ainda”, utilizado no verso anterior, embora ambos estejam subordinados ao fato citado no verso inicial.

IV. O termo “nervosa” indica que o repórter, assim como o poeta e como o sujeito lírico, exibe o desconforto para administrar emoções no acompanhamento da vida moderna.

Alternativas
Ano: 2017 Banca: UNEB Órgão: UNEB Prova: UNEB - 2017 - UNEB - Vestibular - Português/Inglês/Ciências |
Q1264462 Português

TEXTO:


Senhora Dona Bahia,   

   nobre e opulenta cidade,

 madrasta dos naturais,

       e dos estrangeiros madre:

5 dizei-me por vida vossa

     em que fundais o ditame

         de exaltar os que aqui vêm

              e abater os que aqui nascem?

MATOS, Gregório de. Descreve como os estrangeiros arruínam a Bahia. In: MENDES, Cleise Furtado. Senhora Dona Bahia. Salvador, EDUFBA, 1996. p. 88.

A análise de fragmento retirado do texto de Gregório de Matos está correta em


I. Há um vocativo e um aposto nos versos: “Senhora Dona Bahia / nobre e opulenta cidade / madrasta dos naturais, / e dos estrangeiros madre” (v. 1-4).

II. No verso ”e dos estrangeiros madre” (v. 4), há uma inversão no sintagma nominal.

III. Em “dizei-me por vida vossa” (v. 5), verifica-se um tratamento em 2ª pessoa do singular.

IV. “vêm” (v. 7) é uma forma do verbo ver, na 3ª pessoa do plural.

V. O termo “ditame” (v. 6) significa comportamento diferenciado, consagrado pelo costume.


A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a

Alternativas
Ano: 2017 Banca: UNEB Órgão: UNEB Prova: UNEB - 2017 - UNEB - Vestibular - Português/Inglês/Ciências |
Q1264460 Português

ESPINHEIRA, Gey. A cidade invisível e a cidade dissimulada. In: LIMA, Paulo Costa (Org.) Quem faz Salvador? Salvador: UFBA, 2002. p. 24-34 (passim).

Há uma afirmação correta sobre as expressões destacadas e seu uso no texto em


I. Na linha 3, o termo “plenitude” significa originalidade, como atributo da cidade.

II. “descarnados” (l. 16) refere-se às paredes das casas, destituídas de revestimento.

III. “único ícone” (l. 29) é uma referência à impossibilidade de a cidade ser representada por um único signo.

IV. “hegemônica” (l. 66) é uma qualidade atribuída à cultura, por seu poder de eliminar oposições entre manifestações culturais de épocas diferentes.

V. A expressão “aos de fora” (l. 71) constitui uma remissão aos colonizadores portugueses que se apropriaram das manifestações culturais autóctones.


A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a

Alternativas
Ano: 2017 Banca: PUC - SP Órgão: PUC - SP Prova: PUC - SP - 2017 - PUC - SP - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q1263390 Português

Texto I
Desafio da nossa época é lidar com a abundância
Leandro Narloch, Folha de S.Paulo - 25.abr.2018 às 9h06

A abundância, quem diria, se tornou um problema. A humanidade passou milênios tentando sobreviver à fome, ao desabrigo e à escassez: hoje precisa aprender a lidar com excesso.

Temos alimentos demais, bugigangas demais, roupas, carros, embalagens, papéis, remédios, drogas, livros, filmes, eletrônicos e diversões demais. Ainda estamos aprendendo a viver no meio de tantas coisas. É uma delícia de problema, é claro. Até o século 18, a teoria malthusiana fazia sentido. O crescimento da população levava à escassez de comida e assim à diminuição da poluição. Crises de fome ceifavam multidões todos os séculos. A Revolução Industrial nos fez escapar dessa armadilha. Produzindo mais com menos esforço, operamos um milagre: a população explodiu e a riqueza também. A fome, até então uma condição natural da humanidade, se tornou uma anomalia. 

Luxos que antes eram reservados a reis ou milionários (chás ou janelas com vidros e cortinas, por exemplo) entraram na casa de trabalhadores comuns.

É claro que boa parte do mundo ainda enfrenta a fome e a escassez. Mas não é por falta de conhecimento que isso acontece. Pelo contrário, o caminho da prosperidade já está mais ou menos mapeado e pavimentado.

A abundância é um tipo de problema chique, que todo mundo gostaria de ter. Como o da grã-fina que está cansada de passar as férias em Paris. Mas ainda assim é um problema.

Muitas más notícias que os jornais publicam hoje são produtos da abundância: o trânsito, a obesidade, a poluição, o lixo, o tempo que crianças gastam em frente a telas. Não só crianças, mas os adultos — que em média tocam 2600 vezes no celular por dia.

As pessoas parecem meio perdidas entre tanto conforto e atrações que desviam a atenção. Se perdem em realizações imediatas de consumo, sem foco e força de vontade para perseguir grandes desejos ou objetivos mais ousados.

Se o problema já é grave hoje, imagine no futuro. O autocontrole será cada vez mais necessário. Nossos filhos e netos terão que aprender desde cedo a se controlar diante do excesso de comida, de drogas, de opções de vida e de diversão.

O mundo capitalista já resolveu o problema da escassez: precisa agora de uma educação para a abundância.

Leandro Narloch - Jornalista, mestre em filosofia e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros.

Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/leandro-narloch/2018/04/desafio-da-nossa-epoca-e-lidar-com-a-abundancia.shtm> Acesso em: 25 abr. 2018.



Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades

Ana Tereza Caceres Cortez - Professora adjunta do Departamento de Geografia Instituto de Geociências e Ciências Exatas - IGCE/Unesp, Rio Claro

Um dos símbolos do sucesso das economias capitalistas modernas é a abundância dos bens de consumo, continuamente produzidos pelo sistema industrial. Essa fartura passou a receber uma conotação negativa, sendo objeto de críticas que consideram o consumismo um dos principais problemas das sociedades industriais modernas.

Consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços, muitas vezes, sem consciência. Há várias discussões a respeito do tema, entre elas o tipo de papel que a propaganda e a publicidade exercem nas pessoas, induzindo-as ao consumo, mesmo que não necessitem de um produto comprado. Muitas vezes, as pessoeas compram produtos que não têm utilidade para elas, ou até mesmo coisas desnecessárias apenas por vontade de comprar, evidenciando até uma doença.

Segundo o Dicionário Houaiss, consumismo é “ato, efeito, fato ou prática de consumir (‘comprar em demasia’)” e “consumo ilimitado de bens duráveis, especialmente artigos supérfluos”.

O simples “consumo” é entendido como as aquisições racionais, controladas e seletivas baseadas em fatores sociais e ambientais e no respeito pelas gerações futuras. Já o consumismo pode ser definido como uma compulsão para consumir. Mas como fazer para não aderir ao perfil consumista? A fórmula clássica e aparentemente simples é distinguir o essencial do necessário e o necessário do supérfluo. No entanto, é muito difícil estabelecer o limite entre consumo e consumismo, pois a definição de necessidades básicas e supérfluas está intimamente ligada às características culturais da sociedade e do grupo a que pertencemos. O que é básico para uns pode ser supérfluo para outros e vice-versa. 

Trecho de CORTEZ, Ana Tereza Caceres. Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades. In: CORTEZ, A.T.C.; ORTIGOZA, S.A.G. (Org.). Da produção ao consumo: impactos socioambientais no espaço urbano. São Paulo: UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em: . Acesso em: 20 abr. 2018. [Adaptado]

Entre as várias acepções que o verbo mudar abarca, a resposta do homem, no Texto 2, contempla a ideia de
Alternativas
Ano: 2017 Banca: UNEMAT Órgão: UNEMAT Prova: UNEMAT - 2017 - UNEMAT - Vestibular - Segundo Semestre |
Q1262625 Português
A CASA CAIU

     O empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, contou ao juiz Sérgio Moro, em depoimento em Curitiba, que o apartamento tríplex, no Guarujá, era do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que este lhe deu ordens para destruir toda a documentação que juntou contendo dados sobre depósitos de propinas. O ex-ministro de Lula e de Dilma Rousseff, Antônio Palocci, se dispôs a fornecer fatos, nomes, endereços e documentos que darão trabalho por pelo menos mais de um ano à força-tarefa da Operação Lava Jato. Ou seja, a casa de Lula caiu e a batata dos ex-presidentes petistas pode queimar mais cedo do que se pensava.
José Nêumanne

Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3, na sexta-feira, 21 de abril de 2007. Disponível em: www.estadao.com.br Acesso em maio 2017. (Adaptado)
Ao comentar a acusação de corrupção que envolve o ex-presidente Lula e o apartamento tríplex do Guarujá, o jornalista José Nêumanne finaliza fazendo remissão a duas expressões comuns na linguagem do brasileiro: a casa caiu e sua batata está assando. De acordo com o contexto em que estão sendo usadas, elas significam, respectivamente, que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFRGS Órgão: UFRGS Prova: UFRGS - 2017 - UFRGS - Vestibular 2º Dia |
Q1260579 Português
Considere as possibilidades de reescrita apresentadas abaixo para a seguinte passagem do texto.
Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que falam línguas. Em cada um desses grupos, há decisões, tácitas ou explícitas, sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou não, e por aí afora. Vamos chamar essas escolhas – assim como as discussões que levam até elas e as ações que delas resultam – de políticas. (l. 31-38)
I - Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que falam línguas, e em cada um desses grupos há decisões – tácitas ou explícitas – sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou não, etc. Vamos chamar de políticas essas escolhas, assim como as discussões que levam até elas e as ações que delas resultam. II - Vamos chamar as discussões que levam às escolhas feitas por cada um dos grupos de pessoas que falam línguas, bem como as ações que resultam dessas discussões, as decisões, tácitas ou explícitas, sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou não, de políticas. Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que falam línguas. III- Vamos chamar de políticas as decisões, tácitas ou explícitas, de grupos de línguas faladas por pessoas. Afinal, onde há gente, há escolhas sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou não, e por aí afora, assim como as discussões que levam até elas e as ações delas resultantes.
Quais estão corretas e preservam o sentido do trecho original? 
Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFRGS Órgão: UFRGS Prova: UFRGS - 2017 - UFRGS - Vestibular 2º Dia |
Q1260574 Português
Assinale a alternativa em que a substituição proposta mantém o sentido da passagem do texto em que ocorre, considerando o contexto em que a palavra é empregada.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFRGS Órgão: UFRGS Prova: UFRGS - 2017 - UFRGS - Vestibular 2º Dia |
Q1260571 Português
A alternativa que contém sentidos adequados para as palavras disposição (l. 13), remorso (l. 28) e constrangido (l. 37), considerando o contexto em que ocorrem, é 
Alternativas
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNIFESP Prova: VUNESP - 2017 - UNIFESP - Vestibular |
Q944470 Português

Leia um trecho do artigo “Reflexões sobre o tempo e a origem do Universo”, do físico brasileiro Marcelo Gleiser.


  Qualquer discussão sobre o tempo deve começar com uma análise de sua estrutura, que, por falta de melhor expressão, devemos chamar de “temporal”. É comum dividirmos o tempo em passado, presente e futuro. O passado é o que vem antes do presente e o futuro é o que vem depois. Já o presente é o “agora”, o instante atual.

  Isso tudo parece bastante óbvio, mas não é. Para definirmos passado e futuro, precisamos definir o presente. Mas, segundo nossa separação estrutural, o presente não pode ter duração no tempo, pois nesse caso poderíamos definir um período no seu passado e no seu futuro. Portanto, para sermos coerentes em nossas definições, o presente não pode ter duração no tempo. Ou seja, o presente não existe!

  A discussão acima nos leva a outra questão, a da origem do tempo. Se o tempo teve uma origem, então existiu um momento no passado em que ele passou a existir. Segundo nossas modernas teorias cosmogônicas, que visam explicar a origem do Universo, esse momento especial é o momento da origem do Universo “clássico”. A expressão “clássico” é usada em contraste com “quântico”, a área da física que lida com fenômenos atômicos e subatômicos.

   [...]

  As descobertas de Einstein mudaram profundamente nossa concepção do tempo. Em sua teoria da relatividade geral, ele mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. O tempo relativístico adquire uma plasticidade definida pela realidade física à sua volta. A coisa se complica quando usamos a relatividade geral para descrever a origem do Universo.

(Folha de S.Paulo, 07.06.1998.)

Em “[Einstein] mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia.” (4o parágrafo), a conjunção destacada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNIFESP Prova: VUNESP - 2017 - UNIFESP - Vestibular |
Q944459 Português
Os sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909), em que se narram eventos referentes a uma das expedições militares enviadas pelo governo federal para combater Antônio Conselheiro e seus seguidores sediados em Canudos.
   
      Oitocentos homens desapareciam em fuga, abandonando as espingardas; arriando as padiolas, em que se estorciam feridos; jogando fora as peças de equipamento; desarmando- -se; desapertando os cinturões, para a carreira desafogada; e correndo, correndo ao acaso, correndo em grupos, em bandos erradios, correndo pelas estradas e pelas trilhas que as recortam, correndo para o recesso das caatingas, tontos, apavorados, sem chefes...
   Entre os fardos atirados à beira do caminho ficara, logo ao desencadear-se o pânico – tristíssimo pormenor! – o cadáver do comandante. Não o defenderam. Não houve um breve simulacro de repulsa contra o inimigo, que não viam e adivinhavam no estrídulo dos gritos desafiadores e nos estampidos de um tiroteio irregular e escasso, como o de uma caçada. Aos primeiros tiros os batalhões diluíram-se.
      Apenas a artilharia, na extrema retaguarda, seguia vagarosa e unida, solene quase, na marcha habitual de uma revista, em que parava de quando em quando para varrer a disparos as macegas traiçoeiras; e prosseguindo depois, lentamente, rodando, inabordável, terrível...
       [...]
        Um a um tombavam os soldados da guarnição estoica. 
Feridos ou espantados os muares da tração empacavam; torciam de rumo; impossibilitavam a marcha.
      A bateria afinal parou. Os canhões, emperrados, imobilizaram-se numa volta do caminho...
     O coronel Tamarindo, que volvera à retaguarda, agitando-se destemeroso e infatigável entre os fugitivos, penitenciando-se heroicamente, na hora da catástrofe, da tibieza anterior, ao deparar com aquele quadro estupendo, procurou debalde socorrer os únicos soldados que tinham ido a Canudos. Neste pressuposto ordenou toques repetidos de “meia-volta, alto!”. As notas das cornetas, convulsivas, emitidas pelos corneteiros sem fôlego, vibraram inutilmente. Ou melhor – aceleraram a fuga. Naquela desordem só havia uma determinação possível: “debandar!”.
    Debalde alguns oficiais, indignados, engatilhavam revólveres ao peito dos foragidos. Não havia contê-los. Passavam; corriam; corriam doudamente; corriam dos oficiais; corriam dos jagunços; e ao verem aqueles, que eram de preferência alvejados pelos últimos, caírem malferidos, não se comoviam. O capitão Vilarim batera-se valentemente quase só e ao baquear, morto, não encontrou entre os que comandava um braço que o sustivesse. Os próprios feridos e enfermos estropiados lá se iam, cambeteando, arrastando-se penosamente, imprecando os companheiros mais ágeis...
    As notas das cornetas vibravam em cima desse tumulto, imperceptíveis, inúteis...
    Por fim cessaram. Não tinham a quem chamar. A infantaria desaparecera...

(Os sertões, 2016.)
Em “O coronel Tamarindo [...] ao deparar com aquele quadro estupendo, procurou debalde socorrer os únicos soldados que tinham ido a Canudos.” (6o parágrafo), o termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: CECIERJ Órgão: CEDERJ Prova: CECIERJ - 2017 - CEDERJ - Vestibular - Segundo Semestre |
Q929519 Português

“Escuso contar o que se passou depois. Quem não sabe a história simples e eterna de um amor inocente, que começa por um olhar, passa ao sorriso, chega ao aperto de mão às escondidas e acaba afinal por um beijo e por um sim, palavras sinônimas no dicionário do coração? ” (linhas 17-22)


De acordo com os costumes da época em que o romance foi escrito, “beijo” e “sim” serem “palavras sinônimas do dicionário do coração” significa que:

Alternativas
Q921564 Português

      Na inelutável necessidade do amor (era quase primavera) pombo e pomba marcaram um encontro galante quando voavam e revoavam no azul do Rio de Janeiro. Era bem de manhãzinha.

      – Às quatro em ponto me casarei contigo no mais alto beiral – disse o pombo.

      – Candelária? – perguntou a noiva.

      – Do lado norte – respondeu ele.

      – Tá – assentiu com alegria e pudor a pomba.

      Pois, às quatro azul em ponto, a pomba pontualíssima pousava pensativamente no beiral. O pombo? O pombo não.

      (...)

                                                                               Paulo Mendes Campos.  

Considerado o contexto em que ocorre, o adjetivo “inelutável” qualifica algo contra o que é ________________ lutar.


A lacuna dessa frase pode ser corretamente preenchida por

Alternativas
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2017 - UNESP - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q869570 Português

Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder à questão.


      A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.

      O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.

      Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.

      Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.

      Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.

                                                                         (Contos: uma antologia, 1998.)

Em “Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.” (4°parágrafo), o termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo de sentido para o texto, por:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2017 - UFPR - Vestibular |
Q848592 Português

      A crise final da escravidão, no Brasil, deu lugar ao aparecimento de um modelo novo de resistência, a que podemos chamar quilombo abolicionista. No modelo tradicional de resistência à escravidão, o quilombo-rompimento, a tendência dominante era a política do esconderijo e do segredo de guerra. Por isso, esforçavam-se os quilombolas exatamente para proteger seu dia a dia, sua organização interna e suas lideranças de todo tipo de inimigo, curioso ou forasteiro, inclusive, depois, os historiadores.

      Já no modelo novo de resistência, o quilombo abolicionista, as lideranças são muito bem conhecidas, cidadãos prestantes, com documentação civil em dia e, principalmente, muito bem articulados politicamente. Não mais os grandes guerreiros do modelo anterior, mas um tipo novo de liderança, uma espécie de instância de intermediação entre a comunidade de fugitivos e a sociedade envolvente. Sabemos hoje que a existência de um quilombo inteiramente isolado foi coisa rara. Mas, no caso dos quilombos abolicionistas, os contatos com a sociedade são tantos e tão essenciais que o quilombo encontra-se já internalizado, parte do jogo político da sociedade mais ampla.

(Quilombo abolicionista – cap. 1; p. 11. SILVA, Eduardo: As Camélias do Leblon e a abolição da escravatura: uma investigação de história cultural. SP: Cia das Letras, 2003.)

As expressões ‘cidadãos prestantes’ e ‘instância de intermediação’, no segundo parágrafo, podem ser interpretadas, segundo o contexto de ocorrência, respectivamente, como:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2017 - UFPR - Vestibular |
Q848588 Português

Texto A:


                                   A era dos memes na crise política atual


      Seria cômico, se não fosse trágico, o estado de irreverência do brasileiro frente à crise em que o país encontra-se imerso. A nossa capacidade de fazer piada de nós mesmos e da acentuada crise político-econômica atual nos instiga a refletir se estamos “jogando a toalha” ou se este é apenas um “jeitinho brasileiro” de encarar a realidade. A criatividade de produzir piadas, memes e áudios engraçados expõe um certo tipo de estratégia do brasileiro para lidar com situações de conflito: “Tira a Dilma. Tira o Aécio. Tira o Cunha. Tira o Temer. Tira a calça jeans e bota um fio dental, morena você é tão sensual”. Eis uma das milhares de piadas que circulam nas redes sociais e que, de forma irreverente, estimulam o debate. Não há aquele que não se divirta com essa piada ou outra congênere; que não gargalhe diante dos diversos textos engraçados que circulam por meio de postagens ou mensagens de celular, independentemente do grau de escolaridade de quem compartilha. Seja por meio do deboche e do riso, é de “notório saber” que todas as classes estão conscientes da gravidade da situação e que, por conseguinte, concordam que medidas enérgicas precisam ser tomadas. A diferença está na forma ideologicamente defendida para a tomada de medidas.

      A “memecrítica” é uma categoria de crítica social que tem causado desconforto nos políticos e membros dos poderes judiciário e executivo, estimulando, inclusive, tentativas frustradas de mapeamento e controle do uso da internet por parte dos internautas. [...]

      Por outro lado, questionar as contradições presentes apenas por meio da piada, em certo aspecto politizada, não garante mudanças sociais de grande impacto.

      Esses manifestos e/ou críticas de formas isoladas (ou uníssonas) podem, mesmo sem intenção, relegar os cidadãos brasileiros a um estado de inércia, a uma condição de estado permanente de sonolência eterna em “berço esplêndido”. Já os manifestos, protestos e/ou passeatas nas ruas e demais enfrentamentos em espaços de poder instituídos ainda são os mecanismos mais eloquentes e potenciais para contrapor discursos e práticas opressoras que contribuem para o caos social. É preciso o tête-à-tête, o diálogo crítico e reflexivo em casa, na comunidade e demais ambientes socioculturais. Entretanto, um diálogo respeitoso, cordial, que busca a alteridade. Que apresente discordâncias, entretanto respeite a opinião divergente, sem abrir mão da ética e do respeito aos direitos humanos.

 (Luciano Freitas Filho – Carta Capital (adaptado), junho/2017. Disponível em: <http://justificando.cartacapital.com.br/2017/06/07/era-dos-memes-na-crise-politica-atual/>.)

Considere as afirmativas abaixo acerca dos usos de aspas presentes no texto:


1. Em “Tira a Dilma, Tira o Aécio, Tira o Cunha, Tira o Temer. Tira a calça jeans e bota o fio dental, morena você é tão sensual”, as aspas cumprem o papel de demarcar citação.

2. Em “jogando a toalha”, as aspas estão demarcando uma expressão idiomática.

3. Em “memecrítica”, as aspas estão demarcando um deslocamento do sentido usual da palavra.

4. Em “berço esplêndido” as aspas demarcam ironia pela via do recurso da intertextualidade.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q840206 Português

A QUESTÃO REFERE-SE AO ROMANCE A HORA DA ESTRELA , DE CLARICE LISPECTOR.



Estrela é uma palavra que faz parte do título do romance, além de ser o símbolo do carro da marca Mercedes, decisivo para o final da história.


Considerando esse final, o título do livro expressa o sentido de:

Alternativas
Ano: 2017 Banca: UERJ Órgão: UERJ Prova: UERJ - 2017 - UERJ - Vestibular - Primeiro Exame |
Q828083 Português
A QUESTÃO REFERE-SE AO CONTO “O ESPELHO”, do livro PRIMEIRAS ESTÓRIAS, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA.

Solicito os reparos que se digne dar-me, a mim, servo do senhor, recente amigo, mas companheiro no amor da ciência, de seus transviados acertos e de seus esbarros titubeados. Sim?

No trecho final do conto, observa-se a ênfase de um recurso utilizado em todo o texto.

Esse recurso produz o seguinte efeito:

Alternativas
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2017 - UNESP - Vestibular - Segundo Semestre |
Q815344 Português

Leia o trecho extraído do artigo “Cosmologia, 100”, de Antonio Augusto Passos Videira e Cássio Leite Vieira, para responder à questão.

      “Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri, árdua e sinuosa.” A frase – que tem algo da essência do hoje clássico A estrada não percorrida (1916), do poeta norte-americano Robert Frost (1874-1963) – está em um artigo científico publicado há cem anos, cujo teor constitui um marco histórico da civilização.

      Pela primeira vez, cerca de 50 mil anos depois de o Homo sapiens deixar uma mão com tinta estampada em uma pedra, a humanidade era capaz de descrever matematicamente a maior estrutura conhecida: o Universo. A façanha intelectual levava as digitais de Albert Einstein (1879-1955).

      Ao terminar aquele artigo de 1917, o físico de origem alemã escreveu a um colega dizendo que o que produzira o habilitaria a ser “internado em um hospício”. Mais tarde, referiu-se ao arcabouço teórico que havia construído como um “castelo alto no ar”.

      O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três características básicas: era finito, sem fronteiras e estático – o derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a Einstein nas décadas seguintes.

Em “Considerações Cosmológicas na Teoria da Relatividade Geral”, publicado em fevereiro de 1917 nos Anais da Academia Real Prussiana de Ciências, o cientista construiu (de modo muito visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado pouco antes: a teoria da relatividade geral, finalizada em 1915, esquema teórico já classificado como a maior contribuição intelectual de uma só pessoa à cultura humana.

      Esse bloco matemático impenetrável (mesmo para físicos) nada mais é do que uma teoria que explica os fenômenos gravitacionais. Por exemplo, por que a Terra gira em torno do Sol ou por que um buraco negro devora avidamente luz e matéria.

      Com a introdução da relatividade geral, a teoria da gravitação do físico britânico Isaac Newton (1642-1727) passou a ser um caso específico da primeira, para situações em que massas são bem menores do que as das estrelas e em que a velocidade dos corpos é muito inferior à da luz no vácuo (300 mil km/s).

      Entre essas duas obras de respeito (de 1915 e de 1917), impressiona o fato de Einstein ter achado tempo para escrever uma pequena joia, “Teoria da Relatividade Especial e Geral”, na qual populariza suas duas teorias, incluindo a de 1905 (especial), na qual mostrara que, em certas condições, o espaço pode encurtar, e o tempo, dilatar.

      Tamanho esforço intelectual e total entrega ao raciocínio cobraram seu pedágio: Einstein adoeceu, com problemas no fígado, icterícia e úlcera. Seguiu debilitado até o final daquela década.

      Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem ser facilmente vistos como um ponto fora da reta. Porém, a historiadora da ciência britânica Patricia Fara lembra que aqueles eram tempos de “cosmologias”, de visões globais sobre temas científicos. Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes, do geólogo alemão Alfred Wegener (1880-1930), marcada por uma visão cosmológica da Terra.

      Fara dá a entender que várias áreas da ciência, naquele início de século, passaram a olhar seus objetos de pesquisa por meio de um prisma mais amplo, buscando dados e hipóteses em outros campos do conhecimento.

                                                                 (Folha de S.Paulo, 01.01.2017. Adaptado.)

Em “A façanha intelectual levava as digitais de Albert Einstein (1879-1955).” (2°parágrafo), o termo destacado pode ser substituído de modo mais adequado, tendo em vista o contexto, por:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UFRGS Órgão: UFRGS Prova: UFRGS - 2016 - UFRGS - 2º DIA - Língua Portuguesa |
Q1798120 Português
Assinale a alternativa em que a substituição proposta acarretaria mudança significativa de sentido no texto, considerando o contexto em que cada palavra é empregada.
Alternativas
Respostas
241: D
242: A
243: A
244: B
245: D
246: B
247: A
248: C
249: E
250: C
251: A
252: C
253: D
254: A
255: C
256: C
257: B
258: D
259: A
260: E