Questões de Vestibular
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Assim foi afirmado que:
I. A primeira etapa da síntese proteica é a separação da dupla hélice de DNA, com quebra das pontes de hidrogênio. II. O pareamento dos nucleosídeos durante a síntese proteica ocorre entre a adenina com timina, citosina com guanina e citosina com uracila. III. Durante a transcrição ocorre a síntese de RNA mensageiro, que será traduzido nos ribossomos. IV. A síntese proteica corresponde à conversão de nucleosídeos em nucleotídeos durante a tradução.
Está (ão) correta (s):
Observe o modelo esquemático de um ato reflexo.
As estruturas e o caminho que um estímulo segue até gerar a resposta reflexa estão corretamente
representados na alternativa:
“Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (FMB-Unesp) encontraram uma forte associação entre deficiência de vitamina D e síndrome metabólica – conjunto de condições que aumentam o risco de doença cardíaca, de acidente vascular cerebral e de diabetes – em mulheres no período de pós-menopausa (...). Entre os parâmetros para avaliar se a paciente apresenta síndrome metabólica estão: circunferência da cintura acima de 88 centímetros, hipertensão arterial, nível elevado de açúcar no sangue e níveis anormais de triglicerídeos e HDL-colesterol”.
Diante do exposto, é correto afirmar que:
I. Os triglicerídeos são a principal forma de armazenamento de gordura no tecido adiposo. II. O HDL-colesterol, denominado mal colesterol, retira colesterol dos tecidos e leva-os para o fígado. III. A vitamina D atua no metabolismo do cálcio e fósforo, mantendo ossos e dentes em condições saudáveis. IV. No caso de diabetes, o principal dissacarídeo encontrado no sangue é a molécula de glicose.
Estão corretas as afirmativas.
Natural selection gave a freediving people in Southeast Asia bigger spleens
The Bajau people of Southeast Asia, known as Sea Nomads, spend their whole lives at sea, working eight-hour diving shifts with traditional equipment and short breaks to catch fish and shellfish for their families. In a study published April 19 in the journal Cell, researchers report that the extraordinary diving abilities of the Bajau may be thanks in part to their unusually large spleens. The adaptation, the researchers say, is a rare example of natural selection in modern humans -- and one that could provide medically relevant insight into how humans manage acute hypoxia.
Vocabulary: Spleens – baços
Hypoxia – hipóxia (baixa concentração de oxigênio nos tecidos)
Story from Science Daily
https://www.sciencedaily.com/releases/2018/04/180419131128.htm
Published: 19 April 2018
Segundo o estudo apresentado,
A University of Montana researcher and her collaborators have published a new study that reveals increased risks for Alzheimer's and suicide among children and young adults living in polluted megacities.
Story from Science Daily https://www.sciencedaily.com/releases/2018/04/180413155259.htm Published: 13 April 2018
Podemos afirmar que
Smartphones are an integral part of most people's lives, allowing us to stay connected and in-the-know at all times. The downside of that convenience is that many of us are also addicted to the constant pings, chimes, vibrations and other alerts from our devices, unable to ignore new emails, texts and images. In a new study published in NeuroRegulation, San Francisco State University Professor of Health Education Erik Peper and Associate Professor of Health Education Richard Harvey argue that overuse of smart phones is just like any other type of substance abuse.
Story from: Science Daily https://www.sciencedaily.com/releases/2018/04/180411161316.htm Published: 11 April 2018
Segundo o texto,
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-43764607, acessado em 12/05/2018.
O drama dos refugiados por vezes choca o planeta, como nas imagens de crianças mortas nas praias, após tentativas frustradas de entrar na Europa. Mas, para aqueles refugiados que conseguem chegar aos países europeus, além das barreiras linguística, cultural e econômica, soma-se uma dificuldade: as ações políticas, quando não ações violentas, de grupos que rejeitam e hostilizam a chegada dessa população em busca de sobrevivência.
Assinale abaixo a orientação ideológica desses grupos:
O fragmento acima refere-se a:
“E no final, o amor que você recebe É igual ao amor que você faz.”
Referimo-nos a:
Observando os artigos abaixo listados, que fazem parte de um importante documento que norteia a vida em sociedade, dado que foi elaborado ao final do maior conflito armado da história da humanidade, assinale a alternativa que corresponda ao referido documento, cujo nome foi omitido propositalmente:
[...]
“como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.”
“Artigo I
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo II
1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
2 - Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo III
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V
Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo VI
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo VII
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo IX
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.”
[...]
Assinale o par de exércitos que amargaram o fracasso nas geladas terras russas:
RIO — O secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, afirmou, em entrevista à Rádio CBN, na manhã desta sexta-feira, que nenhuma hipótese sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes está fechada. O general discordou do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que afirmara que o caso Marielle está "quase elucidado". O crime ocorreu em 14 de março. Nenhum suspeito foi identificado. Jungmann confirmara, nesta quinta-feira, que o vereador, o PM e o ex-PM, apontados por uma testemunha do caso Marielle, estão entre os investigados pelo assassinato da vereadora. [...] Uma testemunha - que trabalhou para o grupo paramilitar da Zona Oeste - procurou a Polícia Federal para contar detalhes que envolvem Orlando de Curicica e o vereador Marcello Siciliano na morte de Marielle. Delegados da Polícia Federal levaram o delator à Polícia Civil, para quem ele prestou três depoimentos: dois no Círculo Militar e um na Delegacia de Homicídios. Ele afirmou que procurou a PF porque estava correndo risco de vida. [...]
https://oglobo.globo.com/rio/secretario-de-seguranca-diz-que-esta-reorientando-estrategia-deinvestigacao-do-assassinato-de-marielle-22674091#ixzz5FEbd10Py, acessado em 11/05/2018.
Os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes chocaram o país. A parlamentar tinha atuação em um somatório de pautas, como: defesa dos Direitos Humanos; de condições dignas para os moradores de favelas; das mulheres, negras e população LGBT contra as opressões de gênero e o racismo. É possível mensurar o rol de reações negativas, com sua atividade parlamentar entre os setores mais conservadores da sociedade, mas também em uma atividade criminosa que vem dominando regiões da cidade do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense e, conforme os estudiosos de Segurança Pública, hoje é o principal problema dessa temática. A afirmativa refere-se a:
Observe a capa do jornal “Gazeta de Notícias”, de 14/05/1889.
Como podemos perceber, trata-se de uma das mais importantes leis promulgadas no país, a chamada
“Lei Áurea”, que, neste ano, completou 130 anos. Segundo diversas organizações do Movimento
Negro, apesar de tanto tempo ter se passado, a abolição da escravidão no Brasil ainda “não estaria
completa”. Dentre as alternativas abaixo, qual está de acordo com a crítica formulada por esses
movimentos?
Leia o trecho abaixo e faça o que se pede:
“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.” ...
Constituição da República Federativa do Brasil (Constituição de 1988).
A lei máxima do país, promulgada no dia 05 de outubro de 1988, representou o maior avanço já obtido pela sociedade brasileira na garantia dos direitos civis, políticos e sociais. Os duros embates ideológicos durante os trabalhos constituintes, se não produziram a Constituição ideal, no mínimo tem o mérito de organizar a sociedade em bases que levassem à superação das sombrias décadas de ditadura. Mas, enquanto o Brasil reorganizava sua vida democrática, e implantava direitos sociais há muito esperados, no contexto econômico internacional uma corrente de pensamento preconizava a tese da “redução do Estado” e ou “Estado Mínimo”, o que veio a dificultar a efetividade da implantação de vários dos avanços da nova Carta Constitucional.
Estamos nos referindo a(o):
"Abaixo a sociedade de consumo." "A ação não deve ser uma reação, mas uma criação." "O agressor não é aquele que se revolta, mas aquele que reprime." "Amem-se uns aos outros." "Parem o mundo, eu quero descer." "Antes de escrever, aprenda a pensar." "A barricada fecha a rua, mas abre a via." "Corram camaradas, o velho mundo está atrás de vocês." "Proibido não colar cartazes." "A economia está ferida, pois que morra!" "A emancipação do homem será total ou não será." "A imaginação toma o poder." "É proibido proibir." "A liberdade do outro estende a minha ao infinito." "A mercadoria é o ópio do povo." "Fim da liberdade aos inimigos da liberdade." "O patrão precisa de ti, tu não precisas do patrão." "Quanto mais eu faço amor, mais tenho vontade de fazer a revolução. Quanto mais faço a revolução, mais tenho vontade de fazer amor." "Sejam realistas, exijam o impossível." "Milionários de todos os países, unam-se, o vento está mudando." "Não tomem o elevador, tomem o poder."
Ao pé das portas fechadas da igreja na calçada dormente corpos se estendem.
Na manhã de corpos alguns acordam dia sim, dia não na vida da calçada.
Corpos, alguns na calçada, acordam mais dia, menos dia na vida da manhã.
Na manhã, de dias iguais alguns, não acordam na vida de corpos largados na calçada.
Dormem de dia com a mesma aparência dos mortos, os corpos deitados na calçada.
Ou como, quando ainda não nascidos - fetais - na fatalidade dos dias na calçada.
Delineados em diagrama nos espaços que ocuparam para sempre na calçada brutos e delicados.
Chapados, colados brotam na calçada: jardim de carne que cresceu de noite.
Rajada que não é de vento, calçada de corpos já derrubados pelo sono, amortecidos.
Vida de um dia de corpos, uns, nus alguns, nenhuns, não acordam cedo, na calçada.
Dormem, doentes ou adolescentes voltam à primeira idade geminados na calçada.
Na ilha do asfalto cercada pelo tráfego marcada pela cruz a isca dos corpos.
FREITAS FILHO, Armando. Poema inédito, 2 de fevereiro de 2010.
Sobre o TEXTO, não se pode afirmar que:
A indiferença com a violência nas favelas do Rio de Janeiro
O silêncio de autoridades e instituições revela o fatalismo de uma política de segurança pública falida
Marcelo Baumann Burgo
A rotina de tiroteios em diversas favelas do Rio de Janeiro tem por cenário um labirinto de casas recheadas de seres humanos, acuados e humilhados. O quadro ultrapassa as raias do absurdo, e nem os escritores do realismo mágico seriam capazes de imaginá-lo.
O que mais surpreende, contudo, é o silêncio condescendente das autoridades e instituições cujo papel deveria ser o de, antes de qualquer outra coisa, zelar pelas garantias mínimas do direito à vida e integridade física dos cidadãos.
Mas ao que tudo indica, para os moradores das favelas cariocas, nem mesmo esse aspecto elementar do pacto hobbesiano tem sido preservado, o que sugere que, para eles, a lei é a da barbárie. Na favela da Rocinha, por exemplo, desde setembro de 2017, a cada três dias pelo menos uma pessoa – incluindo policiais - morreu nesses confrontos.
O primeiro e mais ensurdecedor silêncio é o do governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais. No máximo, se manifestam quando algum policial é morto no “campo de batalha”, para lamentar sua perda e reafirmar o “espírito de combate da tropa”.
Diante desse silêncio deliberado, ficam no ar várias perguntas: como explicar o sentido de uma política de segurança que tem como efeito real a tortura diária da população das favelas, que se vê obrigada a conviver com um fogo cruzado intenso e aleatório? Quem realmente responde por ela, e pelas mortes e sofrimento que ela provoca? Onde se pretende chegar com isso? Quais as suas razões “técnicas”, se é que não é uma ofensa às vítimas formular essa pergunta? SILÊNCIO...
Sob esse primeiro vácuo de respostas, há um segundo nível de silêncio, o das instituições que deveriam questionar as autoridades estaduais e federais. Cadê os poderes legislativos, que não criam um grupo suprapartidário de parlamentares para interpelar o governo? Neste caso, não vale alegar que estamos aguardando as próximas eleições para “fazer o debate”, pois o sofrimento é hoje, e a morte espreita diariamente a vida dessa população.
E o Ministério Público, que não organiza uma força-tarefa para, tempestivamente, proteger a ordem jurídica escandalosamente violada, com a agressão de todo tipo aos direitos fundamentais dos cidadãos? SILÊNCIO...
Sob essa segunda e espessa camada de silêncios, subsiste uma terceira igualmente decisiva, a da grande imprensa. Não que ela não faça a crônica diária dos tiroteios, mas em geral as faz descrevendo os fatos com aparente neutralidade, como se eles simplesmente fizessem parte da rotina, não dando sinais, portanto, de que reflete sobre o que significa informar, em uma mesma matéria, que três ou quatro pessoas morreram ou se feriram, e que a operação teve como saldo a apreensão de “um fuzil”, “dez trouxinhas de maconha”, e “alguns papelotes de cocaína”...
Cadê os editoriais cobrando respostas das autoridades? Cadê o trabalho que, em outras áreas da vida pública, por exemplo na questão da corrupção, a grande imprensa faz com tanto zelo para mobilizar a opinião pública? No caso da rotina de tiroteios nas favelas o que parece resultar do trabalho da grande imprensa é o oposto da mobilização, ou seja, um efeito de resignação diante da violência ordinária.
Restaria, ainda, a sociedade civil organizada. Cadê a OAB, CNBB, ABI, as universidades, associações de bairro, e tantas outras que se irmanaram na luta contra a ditadura? Para ser justo com elas, até esboçaram alguma reação, mas sem força para fazer diferença. Com isso, tudo se passa como se esse bangue-bangue diário e estúpido dissesse respeito apenas aos moradores das favelas. Será que devemos esperar que somente eles se mobilizem?
Como se vê, para além de quaisquer outras razões de ordem econômica e social, o que se passa com a (in)segurança nos territórios populares do Rio de Janeiro deve ser creditado, antes de mais nada, aos silêncios e omissões de diferentes autoridades e instituições. Tal postura não deixa de revelar o quadro de fatalismo e perplexidade a que chegamos e não por acaso! Pois não há mesmo muito a se fazer com o modelo atual de segurança pública.
Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas.
Mas se é assim, que ao menos se reconheça, com honestidade, a necessidade de enfrentarmos um amplo debate sobre a reforma estrutural das instituições de segurança pública, a começar pelas polícias civil e militar. A cada dia, sua incompatibilidade com o projeto de democracia se mostra mais explícita.
O sofrimento de quem convive diariamente sob a tortura da loteria dos tiroteios nos territórios populares não terá como ser reparado, mas ainda não é tarde demais para mobilizarmos energia para esse debate.
No caso do Rio de Janeiro, o mínimo aceitável seria exigir que as autoridades, de um lado, contribuíssem para precipitar esta discussão e, de outro, interrompessem imediatamente a escalada do descalabro que elas vêm chancelando, movidas sabe-se lá por que tipo de cálculo.
Adaptado a partir de: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-indiferenca-com-a-violencia-nasfavelas-do-rio-de-janeiro /. Acesso em 10 de maio de 2018.
A indiferença com a violência nas favelas do Rio de Janeiro
O silêncio de autoridades e instituições revela o fatalismo de uma política de segurança pública falida
Marcelo Baumann Burgo
A rotina de tiroteios em diversas favelas do Rio de Janeiro tem por cenário um labirinto de casas recheadas de seres humanos, acuados e humilhados. O quadro ultrapassa as raias do absurdo, e nem os escritores do realismo mágico seriam capazes de imaginá-lo.
O que mais surpreende, contudo, é o silêncio condescendente das autoridades e instituições cujo papel deveria ser o de, antes de qualquer outra coisa, zelar pelas garantias mínimas do direito à vida e integridade física dos cidadãos.
Mas ao que tudo indica, para os moradores das favelas cariocas, nem mesmo esse aspecto elementar do pacto hobbesiano tem sido preservado, o que sugere que, para eles, a lei é a da barbárie. Na favela da Rocinha, por exemplo, desde setembro de 2017, a cada três dias pelo menos uma pessoa – incluindo policiais - morreu nesses confrontos.
O primeiro e mais ensurdecedor silêncio é o do governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais. No máximo, se manifestam quando algum policial é morto no “campo de batalha”, para lamentar sua perda e reafirmar o “espírito de combate da tropa”.
Diante desse silêncio deliberado, ficam no ar várias perguntas: como explicar o sentido de uma política de segurança que tem como efeito real a tortura diária da população das favelas, que se vê obrigada a conviver com um fogo cruzado intenso e aleatório? Quem realmente responde por ela, e pelas mortes e sofrimento que ela provoca? Onde se pretende chegar com isso? Quais as suas razões “técnicas”, se é que não é uma ofensa às vítimas formular essa pergunta? SILÊNCIO...
Sob esse primeiro vácuo de respostas, há um segundo nível de silêncio, o das instituições que deveriam questionar as autoridades estaduais e federais. Cadê os poderes legislativos, que não criam um grupo suprapartidário de parlamentares para interpelar o governo? Neste caso, não vale alegar que estamos aguardando as próximas eleições para “fazer o debate”, pois o sofrimento é hoje, e a morte espreita diariamente a vida dessa população.
E o Ministério Público, que não organiza uma força-tarefa para, tempestivamente, proteger a ordem jurídica escandalosamente violada, com a agressão de todo tipo aos direitos fundamentais dos cidadãos? SILÊNCIO...
Sob essa segunda e espessa camada de silêncios, subsiste uma terceira igualmente decisiva, a da grande imprensa. Não que ela não faça a crônica diária dos tiroteios, mas em geral as faz descrevendo os fatos com aparente neutralidade, como se eles simplesmente fizessem parte da rotina, não dando sinais, portanto, de que reflete sobre o que significa informar, em uma mesma matéria, que três ou quatro pessoas morreram ou se feriram, e que a operação teve como saldo a apreensão de “um fuzil”, “dez trouxinhas de maconha”, e “alguns papelotes de cocaína”...
Cadê os editoriais cobrando respostas das autoridades? Cadê o trabalho que, em outras áreas da vida pública, por exemplo na questão da corrupção, a grande imprensa faz com tanto zelo para mobilizar a opinião pública? No caso da rotina de tiroteios nas favelas o que parece resultar do trabalho da grande imprensa é o oposto da mobilização, ou seja, um efeito de resignação diante da violência ordinária.
Restaria, ainda, a sociedade civil organizada. Cadê a OAB, CNBB, ABI, as universidades, associações de bairro, e tantas outras que se irmanaram na luta contra a ditadura? Para ser justo com elas, até esboçaram alguma reação, mas sem força para fazer diferença. Com isso, tudo se passa como se esse bangue-bangue diário e estúpido dissesse respeito apenas aos moradores das favelas. Será que devemos esperar que somente eles se mobilizem?
Como se vê, para além de quaisquer outras razões de ordem econômica e social, o que se passa com a (in)segurança nos territórios populares do Rio de Janeiro deve ser creditado, antes de mais nada, aos silêncios e omissões de diferentes autoridades e instituições. Tal postura não deixa de revelar o quadro de fatalismo e perplexidade a que chegamos e não por acaso! Pois não há mesmo muito a se fazer com o modelo atual de segurança pública.
Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas.
Mas se é assim, que ao menos se reconheça, com honestidade, a necessidade de enfrentarmos um amplo debate sobre a reforma estrutural das instituições de segurança pública, a começar pelas polícias civil e militar. A cada dia, sua incompatibilidade com o projeto de democracia se mostra mais explícita.
O sofrimento de quem convive diariamente sob a tortura da loteria dos tiroteios nos territórios populares não terá como ser reparado, mas ainda não é tarde demais para mobilizarmos energia para esse debate.
No caso do Rio de Janeiro, o mínimo aceitável seria exigir que as autoridades, de um lado, contribuíssem para precipitar esta discussão e, de outro, interrompessem imediatamente a escalada do descalabro que elas vêm chancelando, movidas sabe-se lá por que tipo de cálculo.
Adaptado a partir de: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-indiferenca-com-a-violencia-nasfavelas-do-rio-de-janeiro /. Acesso em 10 de maio de 2018.
A indiferença com a violência nas favelas do Rio de Janeiro
O silêncio de autoridades e instituições revela o fatalismo de uma política de segurança pública falida
Marcelo Baumann Burgo
A rotina de tiroteios em diversas favelas do Rio de Janeiro tem por cenário um labirinto de casas recheadas de seres humanos, acuados e humilhados. O quadro ultrapassa as raias do absurdo, e nem os escritores do realismo mágico seriam capazes de imaginá-lo.
O que mais surpreende, contudo, é o silêncio condescendente das autoridades e instituições cujo papel deveria ser o de, antes de qualquer outra coisa, zelar pelas garantias mínimas do direito à vida e integridade física dos cidadãos.
Mas ao que tudo indica, para os moradores das favelas cariocas, nem mesmo esse aspecto elementar do pacto hobbesiano tem sido preservado, o que sugere que, para eles, a lei é a da barbárie. Na favela da Rocinha, por exemplo, desde setembro de 2017, a cada três dias pelo menos uma pessoa – incluindo policiais - morreu nesses confrontos.
O primeiro e mais ensurdecedor silêncio é o do governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais. No máximo, se manifestam quando algum policial é morto no “campo de batalha”, para lamentar sua perda e reafirmar o “espírito de combate da tropa”.
Diante desse silêncio deliberado, ficam no ar várias perguntas: como explicar o sentido de uma política de segurança que tem como efeito real a tortura diária da população das favelas, que se vê obrigada a conviver com um fogo cruzado intenso e aleatório? Quem realmente responde por ela, e pelas mortes e sofrimento que ela provoca? Onde se pretende chegar com isso? Quais as suas razões “técnicas”, se é que não é uma ofensa às vítimas formular essa pergunta? SILÊNCIO...
Sob esse primeiro vácuo de respostas, há um segundo nível de silêncio, o das instituições que deveriam questionar as autoridades estaduais e federais. Cadê os poderes legislativos, que não criam um grupo suprapartidário de parlamentares para interpelar o governo? Neste caso, não vale alegar que estamos aguardando as próximas eleições para “fazer o debate”, pois o sofrimento é hoje, e a morte espreita diariamente a vida dessa população.
E o Ministério Público, que não organiza uma força-tarefa para, tempestivamente, proteger a ordem jurídica escandalosamente violada, com a agressão de todo tipo aos direitos fundamentais dos cidadãos? SILÊNCIO...
Sob essa segunda e espessa camada de silêncios, subsiste uma terceira igualmente decisiva, a da grande imprensa. Não que ela não faça a crônica diária dos tiroteios, mas em geral as faz descrevendo os fatos com aparente neutralidade, como se eles simplesmente fizessem parte da rotina, não dando sinais, portanto, de que reflete sobre o que significa informar, em uma mesma matéria, que três ou quatro pessoas morreram ou se feriram, e que a operação teve como saldo a apreensão de “um fuzil”, “dez trouxinhas de maconha”, e “alguns papelotes de cocaína”...
Cadê os editoriais cobrando respostas das autoridades? Cadê o trabalho que, em outras áreas da vida pública, por exemplo na questão da corrupção, a grande imprensa faz com tanto zelo para mobilizar a opinião pública? No caso da rotina de tiroteios nas favelas o que parece resultar do trabalho da grande imprensa é o oposto da mobilização, ou seja, um efeito de resignação diante da violência ordinária.
Restaria, ainda, a sociedade civil organizada. Cadê a OAB, CNBB, ABI, as universidades, associações de bairro, e tantas outras que se irmanaram na luta contra a ditadura? Para ser justo com elas, até esboçaram alguma reação, mas sem força para fazer diferença. Com isso, tudo se passa como se esse bangue-bangue diário e estúpido dissesse respeito apenas aos moradores das favelas. Será que devemos esperar que somente eles se mobilizem?
Como se vê, para além de quaisquer outras razões de ordem econômica e social, o que se passa com a (in)segurança nos territórios populares do Rio de Janeiro deve ser creditado, antes de mais nada, aos silêncios e omissões de diferentes autoridades e instituições. Tal postura não deixa de revelar o quadro de fatalismo e perplexidade a que chegamos e não por acaso! Pois não há mesmo muito a se fazer com o modelo atual de segurança pública.
Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas.
Mas se é assim, que ao menos se reconheça, com honestidade, a necessidade de enfrentarmos um amplo debate sobre a reforma estrutural das instituições de segurança pública, a começar pelas polícias civil e militar. A cada dia, sua incompatibilidade com o projeto de democracia se mostra mais explícita.
O sofrimento de quem convive diariamente sob a tortura da loteria dos tiroteios nos territórios populares não terá como ser reparado, mas ainda não é tarde demais para mobilizarmos energia para esse debate.
No caso do Rio de Janeiro, o mínimo aceitável seria exigir que as autoridades, de um lado, contribuíssem para precipitar esta discussão e, de outro, interrompessem imediatamente a escalada do descalabro que elas vêm chancelando, movidas sabe-se lá por que tipo de cálculo.
Adaptado a partir de: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-indiferenca-com-a-violencia-nasfavelas-do-rio-de-janeiro /. Acesso em 10 de maio de 2018.