Questões Militares Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

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Q828747 Português

                                       ABC

      Quando a gente aprende a ler, as letras, nos livros, são grandes. Nas cartilhas – pelo menos nas cartilhas do meu tempo – as letras eram enormes. Lá estava o A, como uma grande tenda. O B, com seu grande busto e a barriga ainda maior. O C, sempre pronto a morder a letra seguinte com sua boca.

      À medida que a gente ia crescendo, as letras iam diminuindo. E as palavras, aumentando. (...) De tanto ler palavras, nunca mais reparamos nas letras. E de tanto ler frases, nunca mais notamos as palavras, com todo o seu mistério.

(Adaptado de Luis Fernando Verissimo – Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, pp. 113/114) 

No primeiro parágrafo, a atenção do autor se volta para
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Q828745 Português

                   Poema tirado de uma notícia de jornal

          João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da

                                                       [Babilônia num barracão sem número.

          Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

          Bebeu

          Cantou

          Dançou

          Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(Manuel Bandeira. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p. 214) 

O fato jornalístico que está na base do poema
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Q828743 Português

Fala e escrita constituem duas modalidades de uso da língua. Embora se utilizem, evidentemente, do mesmo sistema linguístico, elas possuem características próprias. Isso não significa, porém, que fala e escrita devam ser vistas de forma dicotômica, estanque, como era comum até há algum tempo e, por vezes, acontece ainda hoje. É Marcuschi quem escreve: “As diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continuum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois polos opostos”.

(Adaptado de Ingedore Villaça Koch, O texto e a construção dos sentidos, S.Paulo, Contexto, 2010, p. 77)


Com relação ao papel desempenhado pela citação no contexto do fragmento acima transcrito, é correto afirmar: a frase tomada a Marcuschi

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Q828742 Português
Ao tratar de atividades realizadas com revistas, as Orientações Pedagógicas da SEE/MG para o ensino de Língua Portuguesa estabelecem como primeira condição para o aprendizado [...] fazer do espaço escolar um lócus de circulação desse suporte, o que tem como pressuposto
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Q828741 Português

                               Para Narciso

                               o olhar do outro, a voz

                               do outro, o corpo

                               é sempre o espelho

                               em que ele a própria imagem mira.

                               E se o outro é

                               como ele

                               outro Narciso, é

                               espelho contra espelho:

                               o olhar que mira

                               reflete o que o admira

                               num jogo multiplicado em que a mentira

                               de Narciso a Narciso

                                inventa o paraíso.

                (Fragmento de Narciso e Narciso, de Ferreira Gullar) 

Dos procedimentos formais de que o poeta lança mão na fatura do poema, é correto destacar
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Q828740 Português

                               Para Narciso

                               o olhar do outro, a voz

                               do outro, o corpo

                               é sempre o espelho

                               em que ele a própria imagem mira.

                               E se o outro é

                               como ele

                               outro Narciso, é

                               espelho contra espelho:

                               o olhar que mira

                               reflete o que o admira

                               num jogo multiplicado em que a mentira

                               de Narciso a Narciso

                                inventa o paraíso.

                (Fragmento de Narciso e Narciso, de Ferreira Gullar) 

Considerando o mito de Narciso, tal como aparece no texto anterior, é correto afirmar que o modo como Ferreira Gullar o traz para o seu poema consiste
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Q828739 Português

Narciso: Filho de Cefiso e da Ninfa Liríope, da Beócia. Era o jovem de extraordinária beleza; o adivinho Tirésias havia predito que viveria enquanto não se visse. Desprezou os amores da Ninfa Eco, que secou de mágoa. Voltando, um dia, da caça, inclinou-se para beber numa clara fonte, onde, pela primeira vez, viu seu semblante. Apaixonou-se por si mesmo. Desesperado por não poder se reunir ao objeto de sua paixão, cai, extenuado, ao lado da fonte, e ali desfalece. Choram as Ninfas, as Dríades e as Náiades. E já preparavam a pira fúnebre e as tochas para a cerimônia do sepultamento; mas o corpo havia desaparecido. No seu lugar encontraram uma flor cor de açafrão com a corola cingida de folhas brancas.

(Tássilo Orpheu Spalding, Dicionário de Mitologia Greco-Latina, Belo Horizonte, Itatiaia, 1965) 

O tratamento dado ao mito em uma obra de referência, como o dicionário de onde foi extraído o verbete sobre Narciso, implica algumas características do texto, tais como
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Q828738 Português

Narciso: Filho de Cefiso e da Ninfa Liríope, da Beócia. Era o jovem de extraordinária beleza; o adivinho Tirésias havia predito que viveria enquanto não se visse. Desprezou os amores da Ninfa Eco, que secou de mágoa. Voltando, um dia, da caça, inclinou-se para beber numa clara fonte, onde, pela primeira vez, viu seu semblante. Apaixonou-se por si mesmo. Desesperado por não poder se reunir ao objeto de sua paixão, cai, extenuado, ao lado da fonte, e ali desfalece. Choram as Ninfas, as Dríades e as Náiades. E já preparavam a pira fúnebre e as tochas para a cerimônia do sepultamento; mas o corpo havia desaparecido. No seu lugar encontraram uma flor cor de açafrão com a corola cingida de folhas brancas.

(Tássilo Orpheu Spalding, Dicionário de Mitologia Greco-Latina, Belo Horizonte, Itatiaia, 1965) 

Leia atentamente as afirmações abaixo sobre o texto.

I. A autodestruição causada pelo excessivo amor próprio é um dos aspectos fulcrais do mito de Narciso.

II. A menção à flor encontrada no lugar onde antes estava o corpo do jovem aponta para um dos sentidos fundamentais do mito: a explicação da origem das coisas.

III. A observação de que Narciso voltava da caça indica que sua morte foi também uma punição aplicada pelos deuses devido à matança de animais selvagens.

Está correto o que se afirma APENAS em

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Q828737 Português

      Para a gramática normativa, a língua corresponde às formas de expressão produzidas por pessoas cultas, de prestígio. Nas sociedades que têm língua escrita, é principalmente esta modalidade que funciona como modelo, acabando por representar a própria língua. Eventualmente, a restrição é ainda maior, tomando-se por representação da língua a expressão escrita elaborada literariamente. É a essa variante que se costuma chamar “norma culta” ou “variante padrão” ou “dialeto padrão”. Na verdade, em casos mais extremos, mas não raros, chega-se a considerar que esta variante é a própria língua.

(adaptado de Sírio Possenti, Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, Mercado de Letras, 1996, p.74) 

À gramática normativa, a que se refere Sírio Possenti, pode ser contraposta a gramática descritiva, que
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Q828736 Português

      Para a gramática normativa, a língua corresponde às formas de expressão produzidas por pessoas cultas, de prestígio. Nas sociedades que têm língua escrita, é principalmente esta modalidade que funciona como modelo, acabando por representar a própria língua. Eventualmente, a restrição é ainda maior, tomando-se por representação da língua a expressão escrita elaborada literariamente. É a essa variante que se costuma chamar “norma culta” ou “variante padrão” ou “dialeto padrão”. Na verdade, em casos mais extremos, mas não raros, chega-se a considerar que esta variante é a própria língua.

(adaptado de Sírio Possenti, Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, Mercado de Letras, 1996, p.74) 

Considerando o fragmento transcrito em conjunto com as diretrizes expostas na Proposta Curricular – CBC da SEE/MG para o ensino de Língua Portuguesa, é correto afirmar que a escola tem como tarefa ensinar
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Q828735 Português

Um enunciado ou um texto nunca é somente uma informação: nele estão envolvidos processos de subjetivação, de argumentação, de construção do real. Em outras palavras, todo uso que se faz da linguagem é ideológico; logo, as informações que recebemos – inclusive as do domínio jornalístico – não são uma simples reprodução do real.

As afirmações acima transcritas, retiradas das Orientações Pedagógicas da SEE/MG para o ensino de Língua Portuguesa, implicam o reconhecimento de que

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Q828733 Português

Existe uma história, talvez apócrifa, do ilustre biólogo britânico J. B. S. Haldane, quando se encontrava na companhia de um grupo de teólogos. Ao ser perguntado o que se poderia concluir da natureza do Criador pelo estudo de sua criação, Haldane teria respondido: “Uma predileção desmesurada por besouros.”

(G. Evelyn Hutchinson, citado por Stephen Jay Gould, Dinossauro no palheiro, S.Paulo, Cia. das Letras, 1997, p.453) 

Uma predileção desmesurada por besouros.”

A frase de Haldane, dada em resposta à pergunta feita pelos teólogos, pode ser vista corretamente como

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Q828732 Português

Existe uma história, talvez apócrifa, do ilustre biólogo britânico J. B. S. Haldane, quando se encontrava na companhia de um grupo de teólogos. Ao ser perguntado o que se poderia concluir da natureza do Criador pelo estudo de sua criação, Haldane teria respondido: “Uma predileção desmesurada por besouros.”

(G. Evelyn Hutchinson, citado por Stephen Jay Gould, Dinossauro no palheiro, S.Paulo, Cia. das Letras, 1997, p.453) 

Atenção: Para responder à questão, considere também o texto.

O que é uma espécie?

Se você visitar o Parque Provincial de Algonquin, em Ontário, Canadá, poderá ouvir os uivos solitários dos lobos e, com um pouco de sorte, observará ao menos de relance uma alcateia correndo, ao longe, através da floresta. Mas quando chegar em casa todo contente por ter avistado aqueles animais, qual a espécie de lobo você dirá ter encontrado? Se for tirar a dúvida com dois ou três cientistas, talvez ouça diferentes respostas. Pode até acontecer de um deles ficar em dúvida e lhe dizer que se trata dessa ou daquela espécie. É surpreendente ver o quanto os cientistas vêm debatendo para chegar a um consenso sobre algo tão simples e decidir se esse ou aquele grupo de organismos constitui ou não uma espécie. Talvez isso se deva ao latim, que deu nomes às espécies, carregados de uma certeza absoluta, levando o público a pensar que as regras são muito simples. Charles Darwin se divertia com essa questão. "É engraçado ver como diferentes ideias se manifestam nas diferentes mentes dos naturalistas, quando eles falam em 'espécies'”, escreveu em 1856. "Tudo isso resulta da tentativa de definir o indefinível." As espécies, de acordo com Darwin, nunca foram entidades fixas que surgiram quando da criação. Elas evoluíram. Cada grupo de organismos que chamamos de espécie surgiu como uma variedade a partir de espécies mais antigas. Com o passar do tempo, a seleção natural os transformou, enquanto se adaptavam ao ambiente. Entretanto outras variedades se tornaram extintas. Uma variedade antiga, no final, torna-se completamente diferente de todos os outros organismos − e isso é o que entendemos como uma espécie em si. "Eu vejo o termo 'espécie' como um conceito arbitrário, cunhado apenas por mera conveniência, para designar um grupo de indivíduos muito semelhantes entre si", disse Darwin.

(Fragmento adaptado de Carl Zimmer, Scientific American Brasil, edição 111, agosto de 2011, http://www2.uol.com.br/sciam/aula_aberta/o_ que_e_uma_especie_html) 


Da leitura conjunta dos textos é possível fazer a seguinte inferência: 

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Q828727 Português

                                  O que é uma espécie?

      Se você visitar o Parque Provincial de Algonquin, em Ontário, Canadá, poderá ouvir os uivos solitários dos lobos e, com um pouco de sorte, observará ao menos de relance uma alcateia correndo, ao longe, através da floresta. Mas quando chegar em casa todo contente por ter avistado aqueles animais, qual a espécie de lobo você dirá ter encontrado? Se for tirar a dúvida com dois ou três cientistas, talvez ouça diferentes respostas. Pode até acontecer de um deles ficar em dúvida e lhe dizer que se trata dessa ou daquela espécie.

      É surpreendente ver o quanto os cientistas vêm debatendo para chegar a um consenso sobre algo tão simples e decidir se esse ou aquele grupo de organismos constitui ou não uma espécie. Talvez isso se deva ao latim, que deu nomes às espécies, carregados de uma certeza absoluta, levando o público a pensar que as regras são muito simples.

      Charles Darwin se divertia com essa questão. "É engraçado ver como diferentes ideias se manifestam nas diferentes mentes dos naturalistas, quando eles falam em 'espécies'”, escreveu em 1856. "Tudo isso resulta da tentativa de definir o indefinível." As espécies, de acordo com Darwin, nunca foram entidades fixas que surgiram quando da criação. Elas evoluíram. Cada grupo de organismos que chamamos de espécie surgiu como uma variedade a partir de espécies mais antigas. Com o passar do tempo, a seleção natural os transformou, enquanto se adaptavam ao ambiente. Entretanto outras variedades se tornaram extintas. Uma variedade antiga, no final, torna-se completamente diferente de todos os outros organismos − e isso é o que entendemos como uma espécie em si. "Eu vejo o termo 'espécie' como um conceito arbitrário, cunhado apenas por mera conveniência, para designar um grupo de indivíduos muito semelhantes entre si", disse Darwin.

(Fragmento adaptado de Carl Zimmer, Scientific American Brasil, edição 111, agosto de 2011, http://www2.uol.com.br/sciam/aula_aberta/o_ que_e_uma_especie_html) 

A explicação dada por Darwin para a impossibilidade de se definirem as espécies com precisão – definir o indefinível – está centrada na
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Q828726 Português

      Num texto narrativo, o leitor é obrigado a optar o tempo todo. Na verdade, essa obrigação de optar existe até mesmo no nível da frase individual – pelo menos sempre que esta contém um verbo transitivo. Quando a pessoa que fala está prestes a concluir a frase, nós como leitores ou ouvintes fazemos uma aposta (embora inconscientemente): prevemos sua escolha ou nos perguntamos qual será sua escolha (pelo menos no caso de frases de impacto como “Ontem à noite no campo-santo do presbitério eu vi...”).

(Umberto Eco. Seis passeios pelos bosques da ficção. S.Paulo: Cia. das Letras, 2010. p. 12) 

Ontem à noite no campo-santo do presbitério eu vi...”

Tendo em vista as estratégias de organização do discurso argumentativo, como expostas nas Orientações Pedagógicas da SEE/MG para o ensino de Língua Portuguesa, é correto afirmar que, ao inserir em seu texto o segmento acima transcrito, Umberto Eco se vale da

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Q828712 Português

                                             Texto I

                      Os animais e a linguagem dos homens

      Essa mania que tem o homem de distribuir pela escala zoológica medidas de valor e índices de comportamento que, na escala humana, sim, é que podem ser aferidos com justeza!

      Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas. Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos.

      Gosto muito de La Fontaine*, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos. O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações. O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar, se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado.

      Sem aprofundar a matéria, inclino-me a crer que o nosso conhecimento dos animais é bem menos preciso do que o conhecimento que eles têm de nós. Não é à toa que nos temem e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou ...) quando o bicho-homem se aproxima. Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca. Homens e mulheres que sentem piedade pelos animais, e até amor, constituem uma santa minoria, e eles salvarão a Terra. Mas será que os outros, a volumosa maioria, os caçadores, os torturadores, os mercadores de vidas, vão deixar?

* La Fontaine − fabulista francês do século XVII.

(Carlos Drummond de Andrade. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, pp. 139-141, crônica transcrita com adaptações)  


                                                  Texto II

FÁBULA − Foi entre os antigos uma espécie de forma quase sempre em verso. A partir do romantismo a prosa começou a ser sua forma mais comum. A fábula, de um modo geral, apresenta duas características:

a) Ter por assunto a vida dos animais.

b) Ter por finalidade uma lição de moral.

(Hênio Tavares. Teoria Literária. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1969, p. 132) 


                                                 Texto III

              Presos 6 em operação contra venda de animais na web

      − Seis pessoas foram presas hoje, durante uma operação da Polícia Federal para desarticular uma quadrilha que vende animais silvestres e exóticos, sem autorização, pela internet. A ação, batizada de Arapongas, feita em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), foi deflagrada nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Paraíba.

      Os animais eram vendidos por meio de um site para diversos estados do país e do exterior. Os investigados recebiam encomendas de todo tipo de animais, como répteis, anfíbios, mamíferos e pássaros − algumas espécies até mesmo em extinção. Esses animais seriam obtidos por meio ilícito, como criadouros irregulares e captura na natureza. Além das prisões, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão.

      Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de fauna, tráfico de animais silvestres nativos, estelionato, sonegação fiscal, falsidade ideológica e biopirataria.

             (http: www.estadao.com.br/notícias/geral. Acesso 14/08/2011) 

É correto afirmar que os Textos I e III
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Q828711 Português

                                             Texto I

                      Os animais e a linguagem dos homens

      Essa mania que tem o homem de distribuir pela escala zoológica medidas de valor e índices de comportamento que, na escala humana, sim, é que podem ser aferidos com justeza!

      Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas. Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos.

      Gosto muito de La Fontaine*, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos. O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações. O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar, se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado.

      Sem aprofundar a matéria, inclino-me a crer que o nosso conhecimento dos animais é bem menos preciso do que o conhecimento que eles têm de nós. Não é à toa que nos temem e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou ...) quando o bicho-homem se aproxima. Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca. Homens e mulheres que sentem piedade pelos animais, e até amor, constituem uma santa minoria, e eles salvarão a Terra. Mas será que os outros, a volumosa maioria, os caçadores, os torturadores, os mercadores de vidas, vão deixar?

* La Fontaine − fabulista francês do século XVII.

(Carlos Drummond de Andrade. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, pp. 139-141, crônica transcrita com adaptações)  


                                                  Texto II

FÁBULA − Foi entre os antigos uma espécie de forma quase sempre em verso. A partir do romantismo a prosa começou a ser sua forma mais comum. A fábula, de um modo geral, apresenta duas características:

a) Ter por assunto a vida dos animais.

b) Ter por finalidade uma lição de moral.

(Hênio Tavares. Teoria Literária. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1969, p. 132) 


                                                 Texto III

              Presos 6 em operação contra venda de animais na web

      − Seis pessoas foram presas hoje, durante uma operação da Polícia Federal para desarticular uma quadrilha que vende animais silvestres e exóticos, sem autorização, pela internet. A ação, batizada de Arapongas, feita em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), foi deflagrada nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Paraíba.

      Os animais eram vendidos por meio de um site para diversos estados do país e do exterior. Os investigados recebiam encomendas de todo tipo de animais, como répteis, anfíbios, mamíferos e pássaros − algumas espécies até mesmo em extinção. Esses animais seriam obtidos por meio ilícito, como criadouros irregulares e captura na natureza. Além das prisões, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão.

      Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de fauna, tráfico de animais silvestres nativos, estelionato, sonegação fiscal, falsidade ideológica e biopirataria.

             (http: www.estadao.com.br/notícias/geral. Acesso 14/08/2011) 

Considerando-se o teor do Texto III, é correto afirmar:
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Q828708 Português

                                           Texto I

                      Os animais e a linguagem dos homens

      Essa mania que tem o homem de distribuir pela escala zoológica medidas de valor e índices de comportamento que, na escala humana, sim, é que podem ser aferidos com justeza!

      Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas. Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos.

      Gosto muito de La Fontaine*, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos. O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações. O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar, se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado.

      Sem aprofundar a matéria, inclino-me a crer que o nosso conhecimento dos animais é bem menos preciso do que o conhecimento que eles têm de nós. Não é à toa que nos temem e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou ...) quando o bicho-homem se aproxima. Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca. Homens e mulheres que sentem piedade pelos animais, e até amor, constituem uma santa minoria, e eles salvarão a Terra. Mas será que os outros, a volumosa maioria, os caçadores, os torturadores, os mercadores de vidas, vão deixar?

* La Fontaine − fabulista francês do século XVII.

(Carlos Drummond de Andrade. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, pp. 139-141, crônica transcrita com adaptações) 

...e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou...) quando o bicho-homem se aproxima. (último parágrafo)

No segmento grifado, o autor

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Q828706 Português

                                           Texto I

                      Os animais e a linguagem dos homens

      Essa mania que tem o homem de distribuir pela escala zoológica medidas de valor e índices de comportamento que, na escala humana, sim, é que podem ser aferidos com justeza!

      Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas. Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos.

      Gosto muito de La Fontaine*, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos. O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações. O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar, se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado.

      Sem aprofundar a matéria, inclino-me a crer que o nosso conhecimento dos animais é bem menos preciso do que o conhecimento que eles têm de nós. Não é à toa que nos temem e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou ...) quando o bicho-homem se aproxima. Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca. Homens e mulheres que sentem piedade pelos animais, e até amor, constituem uma santa minoria, e eles salvarão a Terra. Mas será que os outros, a volumosa maioria, os caçadores, os torturadores, os mercadores de vidas, vão deixar?

* La Fontaine − fabulista francês do século XVII.

(Carlos Drummond de Andrade. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, pp. 139-141, crônica transcrita com adaptações) 

...e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana... (3° parágrafo)

A afirmativa acima aponta para

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Q828705 Português

                                           Texto I

                      Os animais e a linguagem dos homens

      Essa mania que tem o homem de distribuir pela escala zoológica medidas de valor e índices de comportamento que, na escala humana, sim, é que podem ser aferidos com justeza!

      Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas. Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos.

      Gosto muito de La Fontaine*, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos. O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações. O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar, se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado.

      Sem aprofundar a matéria, inclino-me a crer que o nosso conhecimento dos animais é bem menos preciso do que o conhecimento que eles têm de nós. Não é à toa que nos temem e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou ...) quando o bicho-homem se aproxima. Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca. Homens e mulheres que sentem piedade pelos animais, e até amor, constituem uma santa minoria, e eles salvarão a Terra. Mas será que os outros, a volumosa maioria, os caçadores, os torturadores, os mercadores de vidas, vão deixar?

* La Fontaine − fabulista francês do século XVII.

(Carlos Drummond de Andrade. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, pp. 139-141, crônica transcrita com adaptações) 

Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos. (2°parágrafo)

É correto perceber o segmento transcrito acima como

Alternativas
Respostas
2321: B
2322: D
2323: B
2324: D
2325: A
2326: B
2327: A
2328: C
2329: D
2330: B
2331: D
2332: D
2333: B
2334: C
2335: D
2336: B
2337: A
2338: D
2339: B
2340: C