Questões de Concurso Comentadas sobre ciência política
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É preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder.
(Montesquieu, O Espírito das Leis. Adaptado)
A afirmação de Montesquieu, filósofo iluminista francês do século XVIII, indica uma importante característica das democracias contemporâneas, expressa corretamente na ideia de
O que inicia e constitui realmente qualquer sociedade política nada mais é senão o assentimento de qualquer número de homens livres e capazes de maioria em se unirem e incorporarem a tal sociedade. E isto, e somente isto, deu ou poderia dar origem a qualquer governo no mundo.
(John Locke, Dois Tratados sobre o Governo. Adaptado)
John Locke foi um importante filósofo inglês do século XVII. Esse trecho, destacado de um dos textos do autor, discute um aspecto fundamental da ciência política contemporânea, o conceito de
Segundo Thomas Khun, para compreendermos a especificidade do desenvolvimento da ciência, "não precisamos deslindar os detalhes biográficos e de personalidade que levam cada indivíduo a uma escolha particular [...]. Entretanto, precisamos entender a maneira pela qual um conjunto determinado de valores compartilhados entra em interação com as experiências particulares comuns a uma comunidade de especialistas, de tal modo que a maior parte do grupo acabe por considerar que um conjunto de argumentos é mais decisivo que outro" (KHUN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1996, p. 246).
Esta perspectiva abriu espaço para compreender que a ciência é constituída por paradigmas epistemológicos que encontram-se em constante mutação, razão pela qual quando ocorrem "revoluções científicas", como a copernicana ou a darwinista, por exemplo, é porque manifesta-se um sentimento crescente de que tais paradigmas deixam de funcionar adequadamente na exploração de um aspecto da natureza, cuja exploração fora anteriormente dirigida pelo paradigma. Nas ciências sociais a noção de paradigma pode ser combinada com a de matriz disciplinar, conforme demonstra Roberto Cardoso de Oliveira.
Baseado nisto marque a alternativa que não contém uma das combinações possíveis entre paradigma e matriz disciplinar nas ciências sociais.
Na primeira metade do século XX, diversos autores do pensamento social brasileiro colocaram-se o desafio de refletir acerca de uma Formação Cultural do Brasil. Como desdobramentos daquele empreendimento reflexivo, inúmeros temas são trazidos à cena do debate intelectual. Um desses temas é a relação entre o que poderíamos chamar a relação público e privado. Monteiro lobato nos mostra um dos traços da maneira pela qual essa relação teria sido construída historicamente no Brasil:
O vento sacode a península ibérica, atravessa a Espanha e chega a Portugal. A corte é sábia. Resolve fugir. Encaixota o trono. Embarca apressada. O Estado, esse monstro de truculenta onipotência, pirâmide com esbirros e meirinhos na base e um rei no topo, desmanchando em peças, desparafusado, a enjoar, como qualquer embarcadiço de primeira viagem, dentro de brigues e fragatas comboiados por navios de guerra ingleses... Os navios chegam. Lançam âncoras. Começa o desembarque. Os guindastes descem engradados, caixas e caixotes. Carroções pegam daquilo e arrancam no trote. Num seguem as peças do Poder Moderador. Outro leva as peças da Ministrança. Outro leva os tribunais estrouvinhados, de pijama, barbas recrescidas e chinelas, ainda pálidos do enjoo do mar. A Casa da Suplicação vem desmontada; as peças de vulto seguem em carretas; as malas delicadas, em lombo de pretos. A Soberania Nacional, coitadinha, desembarca numa padiola; está muito doente, sem sangue, com ares de turbeculosa. Açafatas consoladoras rodeiam-na e dão-lhe a tomar água-de-melissa para o nervoso. Que é que a pôs assim? O raio de Napoleão? Atrás vem uma megera a desatar o nó de uma venda que tem nos olhos e a mancar dos quartos. Seguem-na molecotes carregando uma balança de fiel entortado por um tronco. A Justiça? (LOBATO, Monteiro. Idéias de Jeca Tatu. São Paulo: Globo, 2008, p.31).
Diante do exposto, qual a única alternativa que NÃO se aproxima dessa relação publico e privado
exposto no trecho acima:
O clientelismo é um sistema de controle do fluxo de recursos materiais e de intermediação de interesses, no qual não há número fixo ou organizado de unidades constitutivas. As unidades constitutivas do clientelismo são agrupamentos, pirâmides ou redes baseados em relações pessoais que repousam em troca generalizada. As unidades clientelistas disputam frequentemente o controle do fluxo de recursos dentro de um determinado território. A participação em redes clientelistas não está codificada em nenhum tipo de regulamento formal; os arranjos hierárquicos no interior das redes estão baseados em consentimento individual e não gozam de respaldo jurídico.
NUNES, Edson. A gramática política do Brasil. São Paulo: Garamond, 2010. p. 63.
No texto, Edson Nunes apresenta as características específicas do clientelismo, concebido como uma estrutura de relacionamento entre Estado e sociedade no Brasil. Contrapondo-se ao clientelismo, o “universalismo de procedimentos" é também uma estrutura de relacionamento entre Estado e sociedade. Levando em consideração essa oposição, pode-se conceber que no universalismo de procedimentos um dos princípios que orienta a relação entre Estado e sociedade é o
A esse respeito, analise os três tipos descritos a seguir.
I. Institucionalismo, que preocupava-se apenas em analisar as instituições políticas.
II. Comportamentalismo, que traçava suas análises em função do comportamento dos atores políticos.
III. Neoinstitucionalismo, cuja centralidade estudava as influências bilaterais entre instituições e atores políticos.
Assinale:
Define-se política pública como o programa de ação governamental que resulta de um processo ou conjunto de processos juridicamente regulados e que deve visar a realização de objetivos sociais relevantes, expressando a seleção de prioridades, a reserva de meios necessários à sua consecução e o intervalo de tempo para o atingimento dos resultados.
Em meio à crítica da insuficiência da democracia representativa, a ideia de democracia deliberativa surge como proposta de substituição dos mecanismos tradicionais de decisão política por instrumentos de participação direta, como o referendo e o plebiscito.
Os conceitos de democracia e de princípio majoritário são coincidentes, razão por que não se justifica defender, teoricamente, a aplicação da regra da maioria em regimes autoritários.