Questões de História - Fundamentos da História : Tempo, Memória e Cultura para Concurso
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Portelli: Durante a resistência, você pensava apenas na liberdade nacional ou desejava alguma coisa mais?
Filipponi: Pensavámos na libertação nacional do fascismo e, após isso tínhamos esperança de alcançar o socialismo, o qual ainda não havíamos atingido. Depois que a guerra terminou - Terni foi onze meses mais cedo do que o resto do país -, o camarada Palmiro Togliatti [secretário do Partido Comunista italiano no pós-guerra] convocou uma reunião com os líderes do Partido em todas as províncias da Itália. Togliatti fez um discurso e adiantou que haveria eleições e pediu o meu apoio para ganharmos a eleição. Houve aceitação ao discurso feito, mas eu levantei minha mão: “Camarada Togliatti, eu discordo”, porque, como Lenine disse: quando o tordo voa, é o momento de atirar nele. Hoje o tordo está voando: todos os chefes fascistas estão se escondendo ou fugindo, tanto em Terni como em qualquer outro lugar. Este é o momento: nós atacamos e construímos o socialismo. Togliatti colocou a sua moção e a minha em votação e a dele obteve quatro votos a mais do que a minha, e assim foi vencedora.
Adaptado de: PORTELLI, Alessandro. Sonhos Ucrônicos, Memória e Possíveis Mundos dos Trabalhadores. Projeto História, n. 10, São Paulo: Educ, 1993. p. 42-43.
Segundo Portelli, a confrontação entre Filliponi e Togliatti nunca aconteceu. Com base nos estudos atuais sobre a oralidade como fonte de pesquisa, essa constatação indica que a História Oral
O escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984) escreveu em O Jornal e suas metamorfoses:
Um senhor pega um bonde depois de comprar o jornal e pô-lo debaixo do braço. Meia hora depois, desce com o mesmo jornal debaixo do mesmo braço.
Mas já não é o mesmo jornal, agora é um monte de folhas impressas que o senhor abandona num banco de praça.
Mal fica sozinho na praça, o monte de folhas impressas se transforma outra vez em jornal, até que um rapaz o descobre, o lê, e o deixa transformado num monte de folhas impressas.
Mal fica sozinho no banco, o monte de folhas impressas se transforma outra vez em jornal, até que uma velha o encontra, o lê e o deixa transformado num monte de folhas impressas. Depois, leva-o para casa e no caminho aproveita-o para embrulhar um molho de acelga, que é para o que servem os jornais depois dessas excitantes metamorfoses.
CORTÁZAR, Julio. Histórias de Cronópios e de Famas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 63.
Um professor leu com os seus alunos esse texto de Cortázar, o que fez com que toda a turma concluísse
que, na escola básica, os documentos históricos
I- Em Certeau, os princípios epistemológicos da história vê na realidade do fato a sua causalidade histórica, considerada a única que dá fundamentos a busca da objetividade.
II- Michel de Ceretau, um historiador jesuíta da França, pensa a História como a ciência que estuda o homem, em seu meio, através dos tempos aplicando métodos científicos e construindo leis gerais.
III- Para Certeau, retomar a noção de regimes de historicidade, no cruzamento entre vivência e o conceito, a psicanálise e a história é perceber que está noção explica a singularidade com a qual as comunidades humanas vivem sua relação com o tempo.
IV- A construção social dos acontecimentos, em Certeau, passa pela tentativa de redução da indeterminação do que aconteceu e ao qual se tenta conferir uma importância determinada em consequência de um sistema de valores. Essa busca tem a vantagem de estar ligada a um lugar, a uma instituição, a uma ancoragem social.
É CORRETO o que se afirma em:
Analise as proposições a seguir:
I- A história social dos Annales nos anos 1980 trabalhava a ideia da contradição de classe, distanciando-se da ideia da diferença que desvendava toda uma trama de relações e de grupos presentes na sociedade.
II- Centralizando a sua fundamentação no viés economicista e mecanicista de análise, numa perspectiva de idealismo althusseriano, a história social nos anos 1980 desconsiderava os chamados silêncios de Marx, nos domínios do político, do rito, das crenças e dos hábitos.
III- Edward Thompson abandonou, nos anos 1960 a 1980, a clássica definição marxista leninista, que identifica a classe pela posição ocupada junto aos meios de produção, alargando o conceito, entendendo que a categoria deveria ser apreciada no seu fazer-se, na sua experiência como classe.
É CORRETO o que se afirma em: