Questões de História para Concurso
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Entre os combatentes estava a mais famosa heroína da Independência. Maria Quitéria de Jesus tinha trinta anos quando a Bahia começou a pegar em armas contra os portugueses. Apesar da proibição de mulheres nos batalhões de voluntários, decidiu se alistar às escondidas. Cortou os cabelos, amarrou os seios, vestiu-se de homem e incorporou-se às fileiras brasileiras com o nome de “Soldado Medeiros”.
Gomes, L. 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p. 204.
O texto revela como característica que marcava a sociedade da época
De fato, o nome próprio que designaria o Novo Mundo, América, colocado na parte sul do continente no famoso mapa de Martin Waldseemuller de 1507, logo passaria a nomear também a parte norte. Todavia, o sucesso desse nome apagou o fato de que esse nome, América, seria arrebatado, no século XIX, pelo único país no mundo que não tinha nome: os Estados Unidos de norte-américa. Com a doutrina Monroe, esse nome de tanto sucesso passou a designar o país do norte, enquanto a primeira América, a de Colombo, Cabral, Vespuccio e Moctezuma, passou a ser chamada de América Latina, marginalizando as populações indígenas e negras.
BRUIT, Héctor H. A Invenção da América Latina. Anais Eletrônicos do V Encontro da ANPHLAC, Belo Horizonte, 2000, p. 1.
O texto associa o fato narrado à doutrina Monroe porque essa doutrina visava a
As mulheres das sociedades iorubas no período pré-colonial africano tinham domínio sobre os mercados das cidades. Em termos institucionais, as mulheres mercadoras eram representadas pelas Iyalodés (título de pessoa mais importante entre as mulheres locais). A manifestação visual deste poder era na indumentária: contas de chefiamento e chapéus que, por vezes, eram usados por líderes de alguns reinos – algo próximo ao que conhecemos como “baiana” no Brasil nos dias de hoje.
LIMA, H. G. A herança do comércio da África pré-colonial nas práticas comerciais em Salvador e no Rio de Janeiro. Revista da ABPN, v. 12, 2020, p. 183-184.
De acordo com o texto, nas sociedades iorubás, as mulheres
A “febre americana” agiu de forma diferenciada sobre as populações italianas. Acerca da América criou-se todo um imaginário. A nova Canaã era mais do que a expectativa de uma outra vida, tratava-se de uma luta contra a imposição de determinadas condições sociais adversas que estavam para além da pobreza. Aqueles indivíduos queriam tornar-se sujeitos de sua condição histórica e ser valorizados.
ZANINI, M. C. C. Um olhar antropológico sobre fatos e memórias da imigração italiana. MANA, v. 13, n. 2, 2007 p. 527.
No Brasil, no início do século XIX, a migração mencionada no texto estava associada a uma política nacional de
É altamente impertinente e presunçoso, por parte dos reis e ministros, pretenderem vigiar a economia das pessoas particulares e limitar seus gastos, seja por meio de leis suntuárias, seja proibindo a importação de artigos de luxo do Exterior. São sempre eles, sem exceção alguma, os maiores perdulários da sociedade. Inspecionem eles bem seus próprios gastos e confiem tranquilamente que as pessoas particulares inspecionarão os seus. Se seu próprio esbanjamento não arruína o País, não será o de seus súditos que um dia o fará.
SMITH, A. A riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 296. [Adaptado].
O texto expõe as ideias de uma corrente de pensamento que defendia o(a)
“O senhor acredita, então”, insistiu o inquisidor, “que não se saiba qual a melhor lei?” Menocchio respondeu: “Senhor, eu penso que cada um acha que sua fé seja a melhor, mas não se sabe qual é a melhor; mas, porque meu avô, meu pai e os meus são cristãos, eu quero continuar cristão e acreditar que essa seja a melhor fé”.
Carlo Ginzburg. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 113.
O diálogo de um inquisidor com um homem processado pelo Santo Ofício, em 1599, expõe
Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a própria integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados para decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo não será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os fins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir.
ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 2006. [Adaptado].
O texto de Maquiavel expõe uma inovação na teoria política na época moderna expressa ao romper com
Com o objetivo de concentrar os trabalhos de pesquisa em um majestoso centro e dando vazão a um projeto de contornos políticos e culturais dos abássidas, foi construída, já sob o califado de Al-Ma’mun (813-833), a Bait al-Hikma, ou Casa da Sabedoria, implantada em 830. A magnífica estrutura, formada por instituto de pesquisa, biblioteca, observatório, museu e centro de traduções, detinha centenas de milhares de manuscritos e recebia verdadeiras fortunas em recursos públicos, sendo os seus eruditos homens de grande prestígio, revestidos de honrarias.
BRANDÃO, P. R. B. Devotos, sábios e viajantes: os geógrafos do mundo islâmico medieval. Geografia, Ensino & Pesquisa, v. 22, 2018, p. 12. [Adaptado].
No Ocidente cristão, esses acontecimentos tiveram impacto direto no âmbito
Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus, de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores, ou em razão de nossas iniquidades, a peste, atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos. Incansável, fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente. Na cidade de Florença, nenhuma prevenção foi válida, nem valeu a pena qualquer providência dos homens.
BOCACCIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo: Abril, 1979, p. 11. [Adaptado].
O texto se refere à peste negra, que teve como consequência
Em verdade, o termo “Idade Média” se origina pela letra de seus primeiros detratores. Os primeiros a cunhar a expressão foram humanistas italianos que, em plenos séculos XIV-XV, contrapunham a depuração filológica, artística e arquitetônica de seu tempo àquela observada no período precedente, de modo a valorizar o primeiro. Assim, autores como Petrarca, Vasari e Andrea caracterizavam a medievalidade como “trevas”, verdadeiro interregno entre a Antiguidade e os tempos então “modernos”.
SILVA, P. D. O debate historiográfico sobre a passagem da Antiguidade à Idade Média. Revista Signum, 2013, v. 14, n. 1, p. 73.
De acordo com o texto, o conceito de Idade Média surgiu atrelado à
Poucas obras tiveram tanta repercussão historiográfica quanto a de Edward Gibbon. Desde então, historiadores da Antiguidade e medievalistas discutem sobre o período que corresponde à desarticulação do Ocidente imperial e à expansão do cristianismo e do islamismo. Até meados do século XX, prevaleceu a perspectiva pessimista, identificada pelo epítome de “declínio” imperial. Em reação a tais premissas desponta o conceito de Antiguidade Tardia que, ao enfatizar a noção de “transição”, atenua o conteúdo catastrófico das análises e dispensa noções correlatas, como a das “trevas” medievais.
SILVA, P. D. O debate historiográfico sobre a passagem da Antiguidade à Idade Média. Revista Signum, 2013, v. 14, n. 1, p. 73.
Contudo, o conceito de Antiguidade Tardia recebe críticas de historiadores que apontam que, ao privilegiar as noções associadas à continuidade, esse conceito acaba diluindo
Na Europa as tribos são diferentes umas das outras, tanto nas estaturas, quanto nas compleições, quanto nas virilidades. [...] Os que habitam uma região montanhosa, apical, elevada e abundante em água e as mudanças das estações lhes ocorrem diferenciadas; nestes casos, é normal que tenham aparência de grandes e sejam naturalmente propícios para o esforço e para a virilidade; e tais naturezas não têm menos selvageria e animalidade.
Hipócrates, apud: CAIRUS, H. F., RIBEIRO JR., W. Textos hipocráticos: o doente, o médico e a doença [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005, p. 111. [Adaptado]
O tratado de Hipócrates (séc. V a.C.) expõe uma percepção do homem fundada no determinismo
Considerados sedentários desde o fim do Paleolítico por não mais se deslocarem como antes, os homídeos do Neolítico desenvolveram ainda mais essa tendência ao tornarem a prática agrícola algo decisivo para a sua manutenção. Para essa prática, necessariamente, o solo passou a ser algo que não era só fonte de matérias-primas dispostas em sua superfície, mas que deveria ser manipulado para o plantio, notadamente, de plantas comestíveis, especialmente cereais.
NAVARRO, R. F. A Evolução dos Materiais. Parte 1: da Pré-história ao Início da Era Moderna. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v. 1, 2006, p. 4.
Para realizar suas atividades, o homem do período era capaz de produzir instrumentos de
No seu nascedouro, a palavra “descolonização” já vem carregada de ideologia, parecendo definir um destino histórico dos povos colonizados: depois de ter colonizado, o europeu “descoloniza”, estando, pois, implícita a vontade do país colonizador de abrir mão de pretensos direitos adquiridos em determinado momento. A generalização do termo implica, de certa forma, a noção de que só a Europa possui uma história ou é capaz de elaborá-la. Os outros não têm história: nem passado a ser contado nem futuro a ser elaborado.
LINHARES, Maria Yedda Leite. Descolonização e lutas de libertação nacional. In: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste (orgs.). O século XX. O tempo das dúvidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. v. 3, p. 41.
O texto apresenta uma crítica à história construída a partir de uma
A reabilitação da biografia histórica integrou as aquisições da história social e cultural, oferecendo aos diferentes atores históricos uma importância diferenciada, distinta, individual. Mas não se tratava mais de fazer, simplesmente, a história dos grandes nomes, em formato hagiográfico — quase uma vida de santo —, sem problemas, nem máculas. Mas de examinar os atores (ou o ator) célebres ou não, como testemunhas, como reflexos, como reveladores de uma época.
DEL PRIORE, M. Biografia: quando o indivíduo encontra a história. Topoi, v. 10, n. 19, 2009, p. 9.
O texto apresenta a nova biografia histórica como uma possibilidade de
Langlois e Seignobos, historiadores franceses influentes na virada do século XIX para o XX, escrevem que a história se faz com documentos e, peremptórios, afirmam: onde não há documentos não há história. O historiador Ciro Flamarion Cardoso, ao analisar essa famosa passagem, menciona o que ela tem de atual, afinal as fontes históricas ocupam um lugar insubstituível na historiografia; porém, por outro lado, a produção historiográfica não é mais a mesma em relação àquela do final dos oitocentos.
CARVALHO, R. L. P. Apontamentos metodológicos. Revista HISTEDBR. Online, Campinas, n. 42, jun 2011, p. 297.
No sentido do texto, atualmente se enfatiza a necessidade de que o historiador
Nada prova a priori que a escrita resulta em um relato da realidade mais fidedigno do que o testemunho oral transmitido de geração a geração. As crônicas das guerras modernas servem para mostrar que, como se diz (na África), cada partido ou nação “enxerga o meio‑dia da porta de sua casa” – através do prisma das paixões, da mentalidade particular, dos interesses ou, ainda; da avidez em justificar um ponto de vista. Além disso, os próprios documentos escritos nem sempre se mantiveram livres de falsificações ou alterações, intencionais ou não, ao passarem sucessivamente pelas mãos dos copistas – fenômeno que originou, entre outras, as controvérsias sobre as “Sagradas Escrituras”.
HAMPATÉ BÂ, A. A tradição viva. In: KI‑ZERBO, Joseph. História Geral da África. v.I. Brasília: UNESCO, 2010, p. 167-168).
Ao tratar da produção do conhecimento científico, o autor se posiciona em favor da