Questões de Literatura para Concurso

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Q2006223 Literatura

Texto 1


 Ali começa o sertão chamado bruto.


Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou em ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda a parte, a calma da campina não arroteada; por toda a parte, a vegetação virgem, como quando aí surgiu pela vez primeira. 

[...]

Essa areia solta, e um tanto grossa, tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do Sol, quando nela batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.

[...]

Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e elevadas árvores que, se bem não tomem, todas, o corpo de que são capazes à beira das águas correntes ou regadas pela linfa dos córregos, contudo ensombram com folhuda rama o terreno que lhes fica em derredor e mostram na casca lisa a força da seiva que as alimenta; ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada, ou de viridente e mimosa grama, toda salpicada de silvestres flores; ora sucessões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos em sua disposição que surpreendem e embelezam os olhos; ora, enfim, charnecas meio apauladas, meio secas, onde nasce o altivo buriti e o gravata entrança o seu tapume espinhoso.


Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do Sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro.


TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle. Inocência. Porto Alegre: L&PM, 1999.


Texto 2 


Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

− Então patrício? está doente?

− Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi

uma dinheirama do meu patrão...

− A la fresca!...

− É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

− É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!

Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo

correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.

Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes
que outros andantes passassem.
[...]
LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos. Porto Alegre: L&PM, 1998.

Texto 3 

Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.

    Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – “Ninguém entende muita coisa que ela fala...”- dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: - “Ele xurugou?” – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: - “Tatu não vê a lua...”- ela falasse. [...] 

ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
Inocência integra um conjunto de obras produzidas no período do Romantismo. Sobre a ficção romântica brasileira, é INCORRETO afirmar que
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Q2006222 Literatura

Texto 1


 Ali começa o sertão chamado bruto.


Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou em ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda a parte, a calma da campina não arroteada; por toda a parte, a vegetação virgem, como quando aí surgiu pela vez primeira. 

[...]

Essa areia solta, e um tanto grossa, tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do Sol, quando nela batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.

[...]

Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e elevadas árvores que, se bem não tomem, todas, o corpo de que são capazes à beira das águas correntes ou regadas pela linfa dos córregos, contudo ensombram com folhuda rama o terreno que lhes fica em derredor e mostram na casca lisa a força da seiva que as alimenta; ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada, ou de viridente e mimosa grama, toda salpicada de silvestres flores; ora sucessões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos em sua disposição que surpreendem e embelezam os olhos; ora, enfim, charnecas meio apauladas, meio secas, onde nasce o altivo buriti e o gravata entrança o seu tapume espinhoso.


Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do Sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro.


TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle. Inocência. Porto Alegre: L&PM, 1999.


Texto 2 


Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

− Então patrício? está doente?

− Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi

uma dinheirama do meu patrão...

− A la fresca!...

− É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

− É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!

Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo

correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.

Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes
que outros andantes passassem.
[...]
LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos. Porto Alegre: L&PM, 1998.

Texto 3 

Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.

    Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – “Ninguém entende muita coisa que ela fala...”- dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: - “Ele xurugou?” – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: - “Tatu não vê a lua...”- ela falasse. [...] 

ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
Os excertos acima pertencem a obras representativas de diferentes manifestações do regionalismo.
Com base nas ponderações de Bosi (2006) sobre essa vertente da literatura brasileira, em qual afirmativa é estabelecida uma relação adequada entre as produções citadas, suas características regionalistas e seu contexto de produção?
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Q2006221 Literatura

Leia o texto a seguir.


A contribuição típica do Romantismo para caracterização literária do escritor é o conceito de missão. Os poetas se sentiram sempre, mais numas fases que noutras, portadores de verdades ou sentimentos superiores aos dos outros homens: daí o furor poético, a inspiração divina, o transe, alegados como fonte de poesia. [...]

O poeta romântico não apenas retoma em grande estilo as explicações transcendentes do mecanismo da criação como lhes acrescenta a ideia de que a sua atividade corresponde a uma missão de beleza, ou de justiça, graças à qual participa duma certa categoria de divindade. Missão puramente espiritual, para uns, missão social para outros – para todos a nítida representação de um destino superior, regido por uma vocação superior. 


CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos. 6. ed. Belo Horizonte:

Editora Itatiaia, 2000.


A partir do texto de Antonio Candido e das considerações de Bosi (2006) sobre a poesia romântica brasileira, o que é pertinente afirmar? 

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Q2006220 Literatura

Texto 1 


Comigo me desavim,

Sou posto em todo perigo;

Não posso viver comigo

Nem posso fugir de mim.


Com dor da gente fugia,

Antes que esta assim crescesse:

Agora já fugiria

De mim, se de mim pudesse.


Que meio espero ou que fim

Do vão trabalho que sigo,

Pois que trago a mim comigo

Tamanho imigo de mim?


SÁ DE MIRANDA, Francisco de. Trova. In: MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos

textos. 33. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.


Texto 2 


Minha senhora de mim



Comigo me desavim

minha senhora

de mim


sem ser dor ou ser cansaço

nem o corpo que disfarço


Comigo me desavim

minha senhora

de mim


nunca dizendo comigo

o amigo nos meus braços


Comigo me desavim

minha senhora

de mim


recusando o que é desfeito

no interior do meu peito


HORTA, Maria Teresa. Cem poemas (antologia pessoal): 22 inéditos.

Rio de Janeiro: 7Letras, 2006.

Com base no que expõe Norma Goldstein (2006), uma análise adequada dos recursos métricos, rítmicos e rímicos observáveis nos textos 1 e 2 está presente na seguinte afirmação: 
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Q2006219 Literatura

Texto 1 


Comigo me desavim,

Sou posto em todo perigo;

Não posso viver comigo

Nem posso fugir de mim.


Com dor da gente fugia,

Antes que esta assim crescesse:

Agora já fugiria

De mim, se de mim pudesse.


Que meio espero ou que fim

Do vão trabalho que sigo,

Pois que trago a mim comigo

Tamanho imigo de mim?


SÁ DE MIRANDA, Francisco de. Trova. In: MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos

textos. 33. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.


Texto 2 


Minha senhora de mim



Comigo me desavim

minha senhora

de mim


sem ser dor ou ser cansaço

nem o corpo que disfarço


Comigo me desavim

minha senhora

de mim


nunca dizendo comigo

o amigo nos meus braços


Comigo me desavim

minha senhora

de mim


recusando o que é desfeito

no interior do meu peito


HORTA, Maria Teresa. Cem poemas (antologia pessoal): 22 inéditos.

Rio de Janeiro: 7Letras, 2006.

Em Minha senhora de mim, Maria Teresa Horta efetua uma releitura da tradição medieval portuguesa, dialogando diretamente com o poema de Francisco de Sá de Miranda, em cuja elaboração ainda se percebem elementos que antecedem as tendências estéticas do século XVI. 
Sobre a relação temática entre os textos, considere as seguintes afirmações:
I. O desacordo interior se mantém como cerne dos dois poemas, mas assume nuances diferentes: enquanto no texto 1, o conflito é representado de modo mais geral - e, portanto, pretensamente universalizante -, no texto 2, a indicação dos aspectos a que se associa a tensão o torna mais particular. II. A situação exposta nos dois poemas mostra-se, ao mesmo tempo, pessoal e social, representando a condição dual inerente ao ser humano − dividido entre aparência e essência, entre corpo material e alma −, para metaforizar o embate de formas antitéticas de se conceber a existência. III. O sujeito poético de cada texto adota atitude equivalente em face da contenda interna, considerando-a danosa a seu equilíbrio emocional por não encontrar meios para atenuá-la ou solucioná-la, dada a impossibilidade de esquivar-se de um enfrentamento direto ou de negar o que o aflige.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
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Q2006218 Literatura

Soneto à maneira de Camões


Esperança e desespero de alimento

Me servem neste dia em que te espero

E já não sei se quero ou se não quero

Tão longe de razões é meu tormento.


Mas como usar amor de entendimento?

Daquilo que te peço desespero

Ainda que mo dês - pois o que eu quero

Ninguém o dá senão por um momento.


Mas como és belo, amor, de não durares,

De ser tão breve e fundo o teu engano,

E de eu te possuir sem tu te dares.


Amor perfeito dado a um ser humano:

Também morre o florir de mil pomares

E se quebram as ondas no oceano.



ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. Soneto à maneira de Camões. In: COSTA E SILVA, Alberto da;

BUENO, Alexei. Antologia da poesia portuguesa contemporânea: um panorama. Rio de Janeiro:

Lacerda, 1999.

No que se refere a recursos métricos e retóricos empregados no poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, bem como à sua relação com o contexto histórico da produção camoniana, indicado por Saraiva e Lopes (2004), leia as afirmações abaixo e marque V, para as verdadeiras, e F, para as falsas.
( ) A escolha por compor estrofes isométricas em decassílabo heroico está associada ao petrarquismo que marcou o século XVI português, homenageando a introdução da medida nova realizada por Camões. ( ) A disposição das ideias nas estrofes assemelha-se à estruturação em tese e antítese, seguidas de conclusão e desfecho, empreendendo um exercício de engenho similar ao da poesia camoniana. ( ) O uso de figuras de linguagem como a antítese e o paradoxo em mais de uma estrofe do poema é compatível com uma feição estilística própria do Maneirismo, tendência da qual Camões é um poeta representativo.
A sequência correta, de cima para baixo, é
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Q1999133 Literatura
A lenda do rei capenga

Em certo reino um rei havia
De nobre estirpe secular
Que começou, um belo dia,
Do pé direito capengar.

Um calo enorme era o motivo
Que dava ao rei um tal cacoete:
Calo feroz, duro, agressivo,
Plantado sobre o real joanete.

Mas essa causa assim plebeia
Ficava mal de publicar;
E toda a corte teve a ideia
De andar coxeando, a capengar.

Príncipes, duques e marqueses,
Viscondes, condes e barões
Andavam, coxos e corteses,
Com mil mesuras a capengar.

Desde a nobreza solarenga
Ao camponês da rude grei,
Tudo no reino era capenga
Para “engrossar” o velho rei.

E o rei sorria, satisfeito,
Por ser benquisto e popular;
Não era mais nenhum defeito,
Naquele reino, o capengar.

Mas eis que, um dia, um tipo surge,
Em passo firme, andando bem
O povo, unânime, se insurge,
E a corte a fúria não contém.

Possessa, diz toda a cidade:
‒ Castigo dê –se -lhe, exemplar!
Crime é de lesa-majestade
Viver, aqui, sem capengar.

É preso o infame; e logo o júri
Se reúne ali dos cidadãos,
Para que o crime, enfim, se apure,
E o vil, da lei, caia nas mãos.

E clama o júri: ‒ o reino insulta!
O nosso rei tenta aviltar!
E ruge e freme a turbamulta,
De um lado a outro, a capengar.

Mas fala o réu: ‒ Por Jesus Cristo,
Não me mandeis para as galés!
Se ando direito é só por isto:
Eu sou capenga dos dois pés.

 Bastos Tigre
O autor do texto filia-se à Escola Literária
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Q1991251 Literatura
A seguir estão segmentos de poemas que trazem marcas características dos estilos de época a que se filiam.
Assinale a opção cujo segmento tem seu estilo de época corretamente indicado.
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Q1991250 Literatura
“Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda arte e a toda natureza? Boa razão é também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Por isso, Cristo comparou o pregar ao semear. Compara Cristo o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte.
Já que falo contra os estilos modernos, quero alegar por mim o estilo do mais antigo pregador que houve no Mundo. E qual foi ele? O mais antigo pregador que houve no Mundo foi o Céu. Suposto que o Céu é pregador, deve ter sermões e deve ter palavras. E quais são estes sermões e estas palavras do Céu? As palavras são as estrelas, os sermões são a composição, a ordem, a harmonia e o curso delas. O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está branco, de outra há de estar negro; se de uma parte está dia, de outra há de estar noite? Se de uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário? Mas dir-me-eis: Padre, os pregadores de hoje não pregam do Evangelho, não pregam das Sagradas Escrituras? Pois como não pregam a palavra de Deus? Esse é o mal. Pregam palavras de Deus, mas não pregam a Palavra de Deus”.

O texto acima é um excerto do famoso “Sermão da Sexagésima”, do Padre Antônio Vieira, orador sacro do século XVII, pertencente as literaturas portuguesa e brasileira. Nesse momento do sermão, o orador questiona se o estilo da época é uma das causas da dificuldade de os sermões convencerem religiosamente o público.
Sobre o texto e suas relações literárias, assinale a afirmativa correta. 
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Q1991249 Literatura
Observe a seguir a primeira estrofe de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões”:

As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram.

obre os componentes dessa estrofe e sobre suas relações literárias, assinale a afirmativa correta.
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Q1991248 Literatura
Abaixo estão cinco afirmações sobre diferentes obras da Literatura Brasileira.
Assinale a opção em que a obra referida foi corretamente identificada.
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Q1985706 Literatura
As opções a seguir apresentam frases referentes a diversos estilos de época.
Assinale a que se refere ao Naturalismo.
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Q1985705 Literatura
As opções a seguir apresentam definições de alguns gêneros literários, retiradas do Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
Assinale a que cabe ao gênero denominado crônica.
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Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2022 - Senado Federal - Advogado |
Q1984306 Literatura
Assinale o segmento que pertence à obra, de estilo muito particular, do escritor modernista João Guimarães Rosa. 
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Q1982892 Literatura
Assinale a opção que apresenta o texto que se filia ao estilo literário naturalista.
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Q1977862 Literatura

Texto para o item.


   Guardou a mão no bolso pra ainda ocupar menos lugar; encontrou um pedaço de giz; apertou ele com força e o giz se partiu em dois. Com um barulhinho gostoso mesmo. Barulhinho de escola. Vera lembrou da professora quebrando um pedaço de giz e escrevendo no quadro-negro. Pensou: quadro-negro é escuro assim. Quem sabe o giz também riscava a escuridão?


    Tirou a mão do bolso devagarinho. Tomou coragem e experimentou desenhar na frente dela a roda de um sol. E não é que saiu? Vera ficou tão feliz que berrou:


   — O escuro é que nem quadro-negro, Alexandre! Alexandre foi pra junto dela; pegou o outro pedaço de giz, e foi desenhando também. Uma casa. Uma árvore. Uma onda no mar. Quanto mais os dois desenhavam, menos iam se importando com o escuro. Fizeram uma flor nascendo, um rio correndo, dois besouros se encontrando; fizeram cada desenho lindo. E quanto menos se importavam com o escuro, mais gostoso iam desenhando. De repente, Alexandre teve uma ideia gozada:


   — Vou desenhar a cara do medo.


   Vera se assustou de novo:


   — Psiu! fala baixo.


   — Por quê?


   — Ele pode não gostar da ideia.


   — Mas ele ainda anda por aí?


   — Acho que sim.


   Alexandre achou melhor não dizer mais nada, mas começou a desenhar uma cara esquisita, toda inchada de um lado:


   — O medo tá com dor de dente. — E riu baixinho.


   O Pavão gostou tanto de ouvir Alexandre rindo, que riu também.


   Vera entrou na brincadeira: desenhou no medo uma orelha inchada e disse que ele estava com dor de ouvido também (…). E não se importaram mais se o medo ia ouvir ou não: desabaram numa gargalhada. 



Lygia Bojunga. A casa da madrinha. Casa Lygia Bojunga:

Rio de Janeiro, 2015 (com adaptações).


Com base no texto apresentado, julgue o item, relativos à literatura infantil brasileira.
A reescrita de mitos clássicos presente na obra de Monteiro Lobato influencia a narrativa de Lygia Bojunga, como no modo lúdico a partir do qual o fragmento aborda o medo.

Alternativas
Q1977849 Literatura
O tema negro não é único ou obrigatório, nem se transforma em uma camisa de força para o autor afro-descendente, o que redundaria em visível empobrecimento. Por outro lado, nada obriga que a matéria ou o assunto negro estejam ausentes da escrita dos brancos, atraídos desde cedo pela busca do exótico e da cor local. Nas primeiras décadas do Modernismo, auge da moda primitivista e negrista na literatura e nas artes de vanguarda, ocorrem inúmeras apropriações, incorporadas a textos hoje clássicos, apesar da advertência de Oswald de Andrade contra a “macumba para turistas”. Por isto mesmo, é preciso enfatizar que a adoção da temática afro não deve ser considerada isoladamente e, sim, em sua interação com outros fatores, como autoria e ponto de vista. 

Eduardo de Assis Duarte. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, n.º 31, 2008, p. 14 (com adaptações).
Considerando o texto acima e os diversos aspectos relacionados à literatura afro-brasileira, julgue o item.
No final do século XIX, obras como O bom crioulo e O cortiço, identificadas pela historiografia como naturalistas, trouxeram não só aquilo que o autor do texto chama de tema negro, mas também a autoria e o ponto de vista afro-descendentes. 
Alternativas
Q1977848 Literatura
O tema negro não é único ou obrigatório, nem se transforma em uma camisa de força para o autor afro-descendente, o que redundaria em visível empobrecimento. Por outro lado, nada obriga que a matéria ou o assunto negro estejam ausentes da escrita dos brancos, atraídos desde cedo pela busca do exótico e da cor local. Nas primeiras décadas do Modernismo, auge da moda primitivista e negrista na literatura e nas artes de vanguarda, ocorrem inúmeras apropriações, incorporadas a textos hoje clássicos, apesar da advertência de Oswald de Andrade contra a “macumba para turistas”. Por isto mesmo, é preciso enfatizar que a adoção da temática afro não deve ser considerada isoladamente e, sim, em sua interação com outros fatores, como autoria e ponto de vista. 

Eduardo de Assis Duarte. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, n.º 31, 2008, p. 14 (com adaptações).
Considerando o texto acima e os diversos aspectos relacionados à literatura afro-brasileira, julgue o item.
O negrismo pode ser encontrado em obras como Poemas negros, de Jorge de Lima, em que a subjetividade negra é representada pelo discurso do branco, em procedimento equiparável ao indianismo dos românticos, quando o nativo surgia reduzido a objeto da fantasia do colonizador.  
Alternativas
Q1977841 Literatura

Texto para o item.


Canto I  

Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,

Fantásticas, fingidas, mentirosas,

Louvar os vossos, como nas estranhas

Musas, de engrandecer-se desejosas:

As verdadeiras vossas são tamanhas

Que excedem as sonhadas, fabulosas,

Que excedem Rodamonte e o vão Rugeiro

E Orlando, inda que fora verdadeiro. 

Luís de Camões. Os Lusíadas. Internet: <http://www.dominiopublico.gov.br/>.

A partir do texto apresentado, julgue o item, considerando a obra Os Lusíadas e seu contexto.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), devido às dificuldades impostas pelo conjunto de referências, pelo vocabulário e pela sintaxe em poemas como Os Lusíadas, deve-se privilegiar a leitura da literatura contemporânea no Ensino Médio. 
Alternativas
Q1977840 Literatura

Texto para o item.


Canto I  

Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,

Fantásticas, fingidas, mentirosas,

Louvar os vossos, como nas estranhas

Musas, de engrandecer-se desejosas:

As verdadeiras vossas são tamanhas

Que excedem as sonhadas, fabulosas,

Que excedem Rodamonte e o vão Rugeiro

E Orlando, inda que fora verdadeiro. 

Luís de Camões. Os Lusíadas. Internet: <http://www.dominiopublico.gov.br/>.

A partir do texto apresentado, julgue o item, considerando a obra Os Lusíadas e seu contexto. 
A citação de personagens de outro texto contemporâneo ao de Camões explicita a trama intertextual proposta em Os Lusíadas.
Alternativas
Respostas
381: A
382: C
383: D
384: A
385: A
386: B
387: E
388: D
389: A
390: C
391: B
392: C
393: D
394: D
395: D
396: E
397: E
398: C
399: E
400: C