Questões de Português - Coesão e coerência para Concurso
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TEXTO - Ressentimento e Covardia
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
“Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade”.
Para que esse segmento do texto ficasse mais bem escrito, deveríamos substituir:
TEXTO - Ressentimento e Covardia
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
“Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita”.
Nesse segmento do texto, o termo sublinhado que NÃO estabelece coesão com nenhum termo anterior é:
TEXTO - Ressentimento e Covardia
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
I - A expressão essa versão narrativa (l. 27) faz referência à versão daqueles que manipulam os índios em suas manifestações de descontentamento. II - A palavra ali da linha 44 faz referência ao local onde houve o cumprimento de uma ordem de reintegração de posse em favor de um fazendeiro. III - A palavra ali da linha 57 faz referência às terras dos índios mundurucus.
Quais estão corretas?
[Viagem sem volta]
Uma das nossas contradições fundamentais é a gente desejar viver na cidade grande e levar no inconsciente a intenção de criar em torno de nós a aldeia natal. Sabemos que a tranquilidade e a solidariedade da vila são imprescindíveis à respiração normal do psiquismo; mesmo assim, no dia de cumprir nosso destino enfiamos as roupas melhorzinhas e partimos para a cidade, onde as aflições são certas, mas podem vir misturadas com um novo prazer, com uma alegria inédita.
Movidos por essa sensualidade das experiências novas e desafiadoras é que trocamos a paz preguiçosa e angelical da nossa província pelo festival demoníaco da metrópole. Pensará o jovem: “a terra de meu pai está cansada para as batatas...” E é assim que tantos partem para os grandes centros, agravando a poluição humana e deixando preocupado o ministro da Agricultura.
(Adaptado de: CAMPOS, Paulo Mendes. O mais estranho dos países. São Paulo, Companhia das Letras, 2013, p. 104)
Percursos
Não há dúvida de que uma linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos. Mas ninguém pode afirmar que seja também o melhor, o mais indicado, o mais proveitoso, por ser mais alegre, mais bonito ou mais surpreendente. Quem caminha pelas cidades sabe que há trajetos e trajetos: uns para a pressa, outros para animar o espírito. Numa época em que a velocidade se tornou uma espécie de paradigma geral, vale a pena experimentar alternativas para o nosso modo de atravessar os espaços e o tempo.
Imagino quantos motoristas presos num congestionamento não sonharão em abandonar o carro, ou quantos passageiros em deixar o ônibus, e sair à toa e a pé em busca de novos caminhos, desistindo de se submeter à ditadura do relógio e dos compromissos. Se ninguém faz isso, o desejo de libertação existe para todos. As grandes cidades, em vez de oferecerem espaços de circulação ou acolhimento, impõem-nos caminhos intransitáveis, paralisantes. Nosso estilo de vida levou-nos aos impasses urbanos que impositivamente configuram nossa rotina.
Dizia o poeta espanhol António Machado que o caminho se faz caminhando, que os caminhantes é que traçam e qualificam seu destino. Essa convicção deveria inspirar não apenas os responsáveis diretos pelo uso mais desfrutável do espaço urbano, mas todos aqueles que sentem seu compromisso com os rumos e o andamento da civilização.
(Hermínio Toledo, inédito)
Essa convicção deveria inspirar não apenas os responsáveis diretos pelo uso mais desfrutável do espaço urbano, mas todos aqueles que sentem seu compromisso com os rumos e o andamento da civilização.
Caso se dê uma outra correta e coerente redação à frase acima, iniciando-se por Todos aqueles que sentem seu compromisso com os rumos e andamentos da civilização, deverá seguir-se:
Percursos
Não há dúvida de que uma linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos. Mas ninguém pode afirmar que seja também o melhor, o mais indicado, o mais proveitoso, por ser mais alegre, mais bonito ou mais surpreendente. Quem caminha pelas cidades sabe que há trajetos e trajetos: uns para a pressa, outros para animar o espírito. Numa época em que a velocidade se tornou uma espécie de paradigma geral, vale a pena experimentar alternativas para o nosso modo de atravessar os espaços e o tempo.
Imagino quantos motoristas presos num congestionamento não sonharão em abandonar o carro, ou quantos passageiros em deixar o ônibus, e sair à toa e a pé em busca de novos caminhos, desistindo de se submeter à ditadura do relógio e dos compromissos. Se ninguém faz isso, o desejo de libertação existe para todos. As grandes cidades, em vez de oferecerem espaços de circulação ou acolhimento, impõem-nos caminhos intransitáveis, paralisantes. Nosso estilo de vida levou-nos aos impasses urbanos que impositivamente configuram nossa rotina.
Dizia o poeta espanhol António Machado que o caminho se faz caminhando, que os caminhantes é que traçam e qualificam seu destino. Essa convicção deveria inspirar não apenas os responsáveis diretos pelo uso mais desfrutável do espaço urbano, mas todos aqueles que sentem seu compromisso com os rumos e o andamento da civilização.
(Hermínio Toledo, inédito)
Amor-próprio
O grande cronista Rubem Braga cunha uma frase definitiva a respeito do “amor-próprio”: “Se eu conhecesse outro sujeito igual a mim, nossas relações nunca chegariam a ser grande coisa.” Isto não quer dizer, porém, que não goste de si mesmo. Significa apenas que ele é um homem que põe, sem medos tolos, a diversidade e a surpresa em primeiro lugar. O que mais o atrai na vida é, justamente, a imprevisibilidade. O amor-próprio lhe parece, então, monótono e desnecessário. Quase um vício. Ele evita essas pessoas saudáveis e resolvidas que estão sempre cuidando de si. O cuidado de si, para Braga, é uma forma de mascaramento.
O amor-próprio de Braga se revela no uso que faz da crônica. Em suas mãos, ela é, antes de tudo, uma máquina de confessar. Praticando-a, o cronista expõe as impressões, experiências e sentimentos que o atormentam; ao escrever, enxágua a alma até a mais absoluta transparência.
(CASTELLO, José. Na cobertura de Rubem Braga. Rio de Janeiro: José Olympio, 1996, p. 56-57)
Mobilidade urbana
Ao longo dos últimos anos a expressão mobilidade urbana – soma das condições e dos critérios oferecidos para a livre circulação das pessoas numa cidade − tem sido empregada para identificar um dos desafios dos grandes centros urbanos. Trata-se de um conceito mais complexo do que parece: não se reduz a uma simples questão de trânsito, diz respeito ao modo e à qualidade de vida das pessoas, à dinâmica instituída em seu cotidiano. Trata-se, enfim, de considerar uma política pública para qualificar os espaços em que os indivíduos se movimentam.
O desafio está, sobretudo, em escolher os usos do território urbano, em privilegiar este ou aquele meio de transporte, em administrar os rumos e as concentrações de passageiros. Essa escolha não se faz sem pressupostos: o que, de fato, se pretende instituir? A livre circulação dos automóveis? O favorecimento do transporte coletivo? A velocidade máxima em canais de uso regulamentado? Faixas para ciclistas? Calçadões para pedestres? Espaços ambientais interligados? Linhas subterrâneas? A política implicada nesta ou naquela escolha diz muito das convicções de quem administra o espaço das grandes cidades. Como este é fatalmente limitado, e tende a receber um número sempre crescente de usuários, há que se encontrar medidas que otimizem seu uso e favoreçam a mobilidade de quem se considere seu usuário preferencial. Não é à toa que medidas tomadas para a implementação prática da mobilidade urbana provocam polêmicas ácidas, quando não conflitos mais graves, entre setores da população.
Como regra geral, o poder público deve se envolver sobretudo com o que seja coletivo, o que atenda à parte maior da população, visando criar condições dignas para sua mobilidade. O transporte de massas não pode ser sacrificado em nome do transporte individual. A primazia do automóvel tem infligido enormes custos à qualidade de vida da maioria dos que habitam as grandes cidades.
(Argemiro Diaféria, inédito)
A primazia do automóvel tem infligido enormes custos à qualidade de vida da maioria dos que habitam as grandes cidades.
Uma nova, correta e coerente redação da frase acima, iniciando-se por uma inversão na ordem de seus elementos, poderá ser:
A maioria dos que habitam as grandes cidades
Mobilidade urbana
Ao longo dos últimos anos a expressão mobilidade urbana – soma das condições e dos critérios oferecidos para a livre circulação das pessoas numa cidade − tem sido empregada para identificar um dos desafios dos grandes centros urbanos. Trata-se de um conceito mais complexo do que parece: não se reduz a uma simples questão de trânsito, diz respeito ao modo e à qualidade de vida das pessoas, à dinâmica instituída em seu cotidiano. Trata-se, enfim, de considerar uma política pública para qualificar os espaços em que os indivíduos se movimentam.
O desafio está, sobretudo, em escolher os usos do território urbano, em privilegiar este ou aquele meio de transporte, em administrar os rumos e as concentrações de passageiros. Essa escolha não se faz sem pressupostos: o que, de fato, se pretende instituir? A livre circulação dos automóveis? O favorecimento do transporte coletivo? A velocidade máxima em canais de uso regulamentado? Faixas para ciclistas? Calçadões para pedestres? Espaços ambientais interligados? Linhas subterrâneas? A política implicada nesta ou naquela escolha diz muito das convicções de quem administra o espaço das grandes cidades. Como este é fatalmente limitado, e tende a receber um número sempre crescente de usuários, há que se encontrar medidas que otimizem seu uso e favoreçam a mobilidade de quem se considere seu usuário preferencial. Não é à toa que medidas tomadas para a implementação prática da mobilidade urbana provocam polêmicas ácidas, quando não conflitos mais graves, entre setores da população.
Como regra geral, o poder público deve se envolver sobretudo com o que seja coletivo, o que atenda à parte maior da população, visando criar condições dignas para sua mobilidade. O transporte de massas não pode ser sacrificado em nome do transporte individual. A primazia do automóvel tem infligido enormes custos à qualidade de vida da maioria dos que habitam as grandes cidades.
(Argemiro Diaféria, inédito)
A propósito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto CB3A1BBB, julgue o item subsequente.
Na construção das cadeias referenciais do texto, os termos “Esse tipo de conduta” (ℓ . 3 e 4) e “a” (ℓ .11) constituem diferentes formas de evocar o mesmo conteúdo semântico: o do referente “a espionagem” (ℓ .1).
A propósito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto CB3A1BBB, julgue o item subsequente.
A “estreita relação” (ℓ .5) entre o “vazamento” (ℓ .5) e a “espionagem” (ℓ .6) refere-se tanto ao objeto com que lidam seus agentes — informações sigilosas — quanto aos meios indevidos de que esses agentes se utilizam — para obter esse objeto, no caso da espionagem, e para torná-lo público, no caso do vazamento.
Considerando os aspectos linguísticos do texto CB1A1BBB, julgue o item subsequente.
No trecho “para testar possíveis soluções” (ℓ . 16 e 17), o emprego da preposição “para”, além de contribuir para a coesão sequencial do texto, introduz, no período, uma ideia de finalidade.
A respeito das ideias e das estruturas linguísticas do texto CB1A1AAA, julgue o item seguinte.
Os vocábulos “é” (ℓ.10) e “que” (ℓ.12) poderiam ser suprimidos, sem prejuízo para a correção gramatical do texto, visto que constituem expressão de realce sem função sintática no período em que se inserem
Texto 1 – Quem protege os cidadãos do Estado?
Renato Mocellin & Rosiane de Camargo, História em Debate
O conjunto de leis nacionais, assim como de tratados e declarações internacionais ratificadas pelos países, busca garantir aos cidadãos o acesso pleno aos direitos conquistados. Há, no entanto, inúmeras situações em que o Estado coloca a população em risco, estabelecendo políticas públicas autoritárias, investindo poucos recursos nos serviços públicos essenciais e envolvendo civis em conflitos armados, por exemplo.
Existem diversas organizações internacionais que atuam de forma a evitar que haja risco para a vida das pessoas nesses casos, como a Anistia Internacional, a Cruz Vermelha e os Médicos sem Fronteiras. Por meio de acordos internacionais, essas instituições conseguem atuar em regiões de conflito onde há perigo para a população.
Os Médicos sem Fronteiras, por exemplo, nasceram de uma experiência de voluntariado em uma guerra civil nigeriana, no fim dos anos 1960. Um grupo de médicos e jornalistas decidiu criar uma organização que pudesse oferecer atendimento médico a toda população envolvida em conflitos e guerras, sem que essa ação fosse entendida como uma posição política favorável ou contrária aos lados envolvidos. Assim, seus membros conseguem chegar a regiões remotas e/ou sob forte bombardeio para atender os que estão feridos e sob risco de vida.
Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes envolvidas no conflito respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização informa a localização de suas bases e o tipo de atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é proporcionar uma atuação transparente, que sublinhe o caráter humanitário da ação dos profissionais da organização.
“Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes envolvidas no conflito respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização informa a localização de suas bases e o tipo de atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é proporcionar uma atuação transparente, que sublinhe o caráter humanitário da ação dos profissionais da organização”.
Todos os termos sublinhados estabelecem coesão com termos anteriores; a referência do termo sublinhado NÃO está correta em:
A marca da solidão
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra na tarde quente.
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver para, apenas, ver.
Quando se tem a marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)