Questões de Português - Coesão e coerência para Concurso

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Q2370333 Português
Nas frases a seguir há expressões populares sublinhadas. Assinale a frase em que o significado de uma expressão foi corretamente indicado. 
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Q2369416 Português
Leia o Texto 2 para responder a questão.


Texto 2

A ciência e a tecnologia como estratégia de desenvolvimento 

    Apesar dos seus feitos extraordinários, a ciência enfrenta uma crise de legitimação social no mundo todo. Existe uma descrença do cidadão comum no conhecimento técnico e científico e, mais do que isso, um certo orgulho da própria ignorância sobre vários temas complexos. Vários fenômenos sociais recentes, como o movimento antivacinação ou mesmo a desconfiança sobre o aquecimento global, apesar de todas as evidências científicas em contrário, são exemplos dessa descrença. 

 IPEA, Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade. A
ciência e a tecnologia como estratégia de desenvolvimento. Disponível
em: <www.ipea.gov.br>. Acesso em: 01 dez. 2023. [Adaptado].

No texto, a estrutura “mais do que isso” funciona como um organizador textual que colabora na construção da progressão temática com a finalidade de
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Q2369414 Português

Leia o Texto 1 para responder a questão.


Texto 1


A reinvenção da vírgula 


    No começo de 1902, Machado de Assis ficou desesperado por causa de um erro de revisão no prefácio da segunda edição de suas Poesias completas. Dizem que chegou a se ajoelhar aos pés do Garnier implorando para que o editor tirasse o livro de circulação. O aristocrático e impoluto Machado, quem diria. Mas a gralha era mesmo feia. O tipógrafo trocou o “e” por “a” na palavra “cegara”, o revisor deixou passar, e vocês imaginam no que deu. 

    No nosso caso, o erro não foi nada de mais, nem erro foi, para falar a verdade, apenas um acréscimo besta de pontuação, talvez dispensável, ainda que de modo algum incorreto. Vai o revisor, fiel à ortodoxia da gramática normativa, e espeta duas vírgulas para isolar um adjunto adverbial deslocado, coisa de pouca monta, diria alguém, mas suficiente para o autor sair bradando aos quatro ventos que lhe roubaram o ritmo da sentença. Um editor experiente traria um cafezinho bem doce, a conter o ímpeto dramático do autor de primeira viagem, talvez caçoando, “deixa de onda”, a lembrá-lo – valha-me Deus! – que ele não é nenhum Bruxo do Cosme Velho*. E assim lhe cortando as asas antes do voo. 

*Referência à Machado de Assis. Disponível em
<https://jornal.usp.br/artigos/a_reinvencao_da_virgula/>. Acesso em: 13
dez. 2023. [Adaptado].


No texto, o enunciador utiliza a expressão “Bruxo do Cosme Velho” como uma referência à Machado de Assis. Esse recurso de coesão textual, que consiste no emprego de uma palavra ou expressão para qualificar um referente, é denominado
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Q2369187 Português
A criada


      Seu nome era Eremita. Tinha dezenove anos. Rosto confiante, algumas espinhas. Onde estava a sua beleza? Havia beleza nesse corpo que não era feio nem bonito, nesse rosto onde uma doçura ansiosa de doçuras maiores era o sinal da vida.

        Beleza, não sei. Possivelmente não havia, se bem que os traços indecisos atraíssem como água atrai. Havia, sim, substância viva, unhas, carnes, dentes, mistura de resistências e fraquezas, constituindo vaga presença que se concretizava, porém imediatamente numa cabeça interrogativa e já prestimosa, mal se pronunciava um nome: Eremita. Os olhos castanhos eram intraduzíveis, sem correspondência com o conjunto do rosto. Tão independentes como se fossem plantados na carne de um braço, e de lá nos olhassem – abertos, úmidos. Ela toda era de uma doçura próxima a lágrimas.

      Às vezes respondia com má-criação de criada mesmo. Desde pequena fora assim, explicou. Sem que isso viesse de seu caráter. Pois não havia no seu espírito nenhum endurecimento, nenhuma lei perceptível. “Eu tive medo”, dizia com naturalidade. “Me deu uma fome”, dizia, e era sempre incontestável o que dizia, não se sabe por quê. “Ele me respeita muito”, dizia do noivo e, apesar da expressão emprestada e convencional, a pessoa que ouvia entrava num mundo delicado de bichos e aves, onde todos se respeitam. “Eu tenho vergonha”, dizia, e sorria enredada nas próprias sombras. Se a fome era de pão – que ela comia depressa como se pudessem tirá-lo – o medo era de trovoadas, a vergonha era de falar. Ela era gentil, honesta. “Deus me livre, não é?”, dizia ausente.

       Porque tinha suas ausências. O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas. Uma tristeza mais antiga que o seu espírito. Os olhos paravam vazios; diria mesmo um pouco ásperos. A pessoa que estivesse a seu lado sofria e nada podia fazer. Só esperar.

        Pois ela estava entregue a alguma coisa, a misteriosa infante. Ninguém ousaria tocá-la nesse momento. Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a. Nada se poderia fazer por ela senão desejar que o perigo passasse. Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro, ela acordava como um cabrito recém-nascido se ergue sobre as pernas. Voltara de seu repouso na tristeza.

            Voltava, não se pode dizer mais rica, porém mais garantida depois de ter bebido em não se sabe que fonte. O que se sabe é que a fonte devia ser antiga e pura. Sim, havia profundeza nela. Mas ninguém encontraria nada se descesse nas suas profundezas – senão a própria profundeza, como na escuridão se acha a escuridão. É possível que, se alguém prosseguisse mais, encontrasse, depois de andar léguas nas trevas, um indício de caminho, guiado talvez por um bater de asas, por algum rastro de bicho. E – de repente – a floresta.

         Ah, então devia ser esse o seu mistério: ela descobrira um atalho para a floresta. Decerto nas suas ausências era para lá que ia. Regressando com os olhos cheios de brandura e ignorância, olhos completos. Ignorância tão vasta que nela caberia e se perderia toda a sabedoria do mundo.

         Assim era Eremita. Que se subisse à tona com tudo o que encontrara na floresta seria queimada em fogueira. Mas o que vira – em que raízes mordera, com que espinhos sangrara, em que águas banhara os pés, que escuridão de ouro fora a luz que a envolvera – tudo isso ela não contava porque ignorava: fora percebido num só olhar, rápido demais para não ser senão um mistério.

        Assim, quando emergia, era uma criada. A quem chamavam constantemente da escuridão de seu atalho para funções menores, para lavar roupa, enxugar o chão, servir a uns e outros.

          Mas serviria mesmo? Pois se alguém prestasse atenção veria que ela lavava roupa – ao sol; que enxugava o chão – molhado pela chuva; que estendia lençóis – ao vento. Ela se arranjava para servir muito mais remotamente, e a outros deuses. Sempre com a inteireza de espírito que trouxera da floresta. Sem um pensamento: apenas corpo se movimentando calmo, rosto pleno de uma suave esperança que ninguém dá e ninguém tira.

          A única marca do perigo por que passara era o seu modo fugitivo de comer pão. No resto era serena. Mesmo quando tirava o dinheiro que a patroa esquecera sobre a mesa, mesmo quando levava para o noivo em embrulho discreto alguns gêneros da despensa. A roubar de leve ela também aprendera nas suas florestas.


(LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, pág. 117-119.)
Mas ninguém encontraria nada se descesse nas suas profundezas – senão a própria profundeza, como na escuridão se acha a escuridão.” (6º§) Tendo em vista o papel de elemento de coesão exercido pelas conjunções, possui o mesmo valor semântico de “mas” expresso no período destacado, a conjunção destacada a seguir:
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Q2368584 Português
Recordar é viver; dar e receber é uma troca virtuosa. Por que os idosos não podem falar?


             Ela foi condecorada na Bélgica como heroína na guerra contra o nazismo. Lutou em todas as frentes, desde a espionagem até em combates armados, sempre destacando-se entre os seus pares. Presa pelos nazistas, saltou do segundo andar da prisão para alcançar a liberdade. Na queda quebrou uma perna, o que não impediu a sua fuga.

              A sra. Glaz tinha a motivação dos judeus, era judia, na luta contra o nazismo. Ela era uma figura marcante. Nas reuniões dominava a conversação com os detalhes da sua vida heroica. Tornou-se uma personalidade. Onde quer que estivesse terminava como o centro das atenções e da admiração.

          Evidentemente, a sua história, de tão repetida, foi perdendo interessados. Ela sentiu a perda da posição de destaque. Já que não tinha outra história, senão aquela, para ter ouvintes deveria mudar de ambiente. Foi o que fez. Descobriu nos cruzeiros marítimos um novo público. Cada nova troca de passageiros a colocava novamente em evidência. Era o que na sua idade avançada dava-lhe motivação para viver. Mantinha viva a sua história de heroína trocando os ouvintes. Assim passou a viver de cruzeiro em cruzeiro ganhando a admiração com o seu desempenho na guerra.

               A nossa heroína não diverge da totalidade das pessoas. Todos, jovens e idosos, têm narrativas que desejam partilhar. Os jovens têm no celular o seu instrumento de contatos. Eles se satisfazem com o uso da internet e pelo fato de estarem construindo histórias de novas descobertas e conquistas. Nunca estão isolados do mundo. Já os idosos só têm uma história e a repetem a cada oportunidade. É o que eles têm. Acontece que os seus circundantes demonstram, com frequência, desinteresse pelo caso repetido, o que afeta o seu ânimo.

            O ser humano certamente desenvolveu a capacidade de comunicar-se para suprir uma carência. Somos seres gregários. A nossa sobrevivência depende das trocas que fazemos com nossos semelhantes. A solidão é mortal. Recordar é viver. Dar e receber é uma troca virtuosa. E é contando e recontando as nossas experiências que damos significado ao nosso viver.

             Não basta estar na multidão se não houver o que ouvir ou que falar. O isolamento é um sentimento que vem da ausência de comunicação. Sentimento que atinge fortemente aqueles poucos que atingem uma idade avançada. Como nem todos têm condições de viver de cruzeiro em cruzeiro para desbravar novos ouvintes só resta a repetição. Porém esperar pela boa vontade e paciência dos outros é uma aposta perdida.

           Ninguém demonstra prazer em ouvir o mesmo pela segunda vez. E as reações são as mesmas, dizem: “Contam as mesmas histórias a cada novo contato”. A razão é que isto é o que elas têm e é o que preenche as suas necessidades de colocar em comum o que é seu. Poucos realizam esse ímpeto de comunicação, esse “dar de si” embute uma dose de generosidade.


(Jorge Wilson Simeira Jacob. Disponível em: https://www.jornalopcao.com.br/. Acesso em: 06/12/2023.)
Sem alterar o sentido da relação entre as orações “Como nem todos têm condições de viver de cruzeiro em cruzeiro para desbravar novos ouvintes só resta a repetição. Porém esperar pela boa vontade e paciência dos outros é uma aposta perdida.” (6º§) A conjunção “porém” pode ser substituída pela locução:
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Respostas
366: B
367: C
368: B
369: C
370: C