Questões de Português - Colocação Pronominal para Concurso
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A esse respeito, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir.
( ) No trecho “...que todo cidadão recebe do instrutor de autoescola: se não fosse assim, bastaria escutar.”, o substantivo “cidadão” estará flexionado no plural, de acordo com a norma-padrão, caso se escreva “cidadões”.
( ) Na frase “é porque você não entendeu o assunto direito ou ainda não o dominou.”, não há regra clara para a colocação do pronome oblíquo átono e, por isso, ele pode assumir uma das duas posições: antes ou depois do verbo.
( ) Em “A doação incluía uma boa quantia em dinheiro, mas essa se desvalorizou durante a 1ª Guerra Mundial”, o termo em destaque está empregado no contexto como pronome, retomando informação precedente.
( ) No período “O instituto só viria a ser criado em 1969, tornando-se um polo de atração para matemáticos do mundo todo.”, o trecho permanecerá redigido conforme a norma-padrão e com o sentido preservado, se o verbo em destaque for substituído por “caso se tornasse”.
De acordo com as afirmações, a sequência correta é
Texto 1A1
A obrigatoriedade do fornecimento do DNA e a submissão daqueles ainda não condenados e em liberdade condicional à entrega de seu material genético foram assuntos bastante discutidos no cenário estadunidense. A grande abrangência dos crimes que autorizam a extração do DNA assim como a permanência da informação por tempo indeterminado no índice também são questões controversas. O foco é a privacidade e a intimidade do indivíduo.
Prevê a Constituição estadunidense direito à inviolabilidade da intimidade e da privacidade da pessoa, de modo a obstar buscas e apreensões desarrazoadas e sem mandados pelo Estado. O propósito básico da quarta emenda constitucional estadunidense é proteger a privacidade e a segurança dos indivíduos contra invasões arbitrárias de autoridades governamentais. Assim, para surtir efeito, um mandado de busca e apreensão deve ser motivado por uma causa provável (suspeita individualizada da prática de um delito) e deferido, antes da execução, por um juiz imparcial.
A coleta de sangue ou outro material biológico deve atender aos ditames da quarta emenda (procedida mediante mandado/decisão motivada), sob pena de ilegalidade. Ocorre que, para a inclusão do DNA no banco de dados nacional, nem sempre há suspeita individualizada da prática de crime: a coleta ocorre quando o sujeito já foi condenado, está detido ou está sendo processado por algum crime, mas o material será armazenado em banco de dados para esclarecer crimes futuros e não será necessariamente utilizado para o esclarecimento do crime atual — diferentemente, por exemplo, de um mandado de busca e apreensão com o fim de apreender drogas, em que há suspeita individualizada da existência de entorpecentes e de que o sujeito pratica mercancia, ocasião em que se expede mandado.
Então, para a coleta de sangue ou outro material biológico pelo Estado não representar uma ofensa a esse direito constitucional — que proíbe buscas e apreensões desarrazoadas —, é necessária a existência de uma necessidade especial ou um interesse do Estado predominante ao interesse do jurisdicionado. Essas são as exceções reconhecidas pela Corte Suprema estadunidense para que haja busca e apreensão sem mandado: quando houver uma razão especial, além da normal necessidade da aplicação da lei, ou quando os interesses do Estado superarem os do particular.
Internet: <www.revistadoutrina.trf4.jus.br> (com adaptações).
Julgue o item que se segue com base em aspectos linguísticos do texto 1A1.
Haveria prejuízo da correção gramatical do texto caso o
trecho “em que se expede mandado” (segundo período do
terceiro parágrafo) fosse reescrito como em que expede-se
mandado.
Texto 1
Assinale a única alternativa CORRETA de acordo com o texto 1.
A esse respeito, e considerando o que propõem alguns gramáticos, entre eles Cunha e Cintra (2017, p. 327), observe a frase “Pelas redes virtuais, nos deparamos com uma nova realidade de manifestação de opinião...”, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A colocação pronominal “nos deparamos” é um caso em que o pronome oblíquo antecede o verbo
PORQUE
II. nessa estrutura, a vírgula, por constituir uma pausa, exige que se aplique a próclise e não a ênclise.
Sobre as asserções, é correto afirmar que
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas da frase a seguir:
Ao ver o amigo escrever o anúncio, o amigo _________ a
alterar a mensagem, ________ mais apelativa.
Assinale a alternativa que justifica, corretamente, a colocação pronominal na oração a seguir:
Não te devolvi a borracha?
(...) Quando há um problema “de zica”, chamam-se os médicos e os geneticistas. (...) Quando há um problema com a escrita, não se chamam os linguistas: chamam-se jornalistas e donos de cursinhos.
__________ mais sobre essa doença de pele chamada acne.
“ ___________, quando ___________ novamente.”
Marque a alternativa que completa corretamente a frase acima.
O Primo Basílio – Capítulo II (trecho)
Eça de Queiroz
Aos domingos à noite havia em casa de Jorge uma pequena reunião, uma cavaqueira, na sala, em redor do velho candeeiro de porcelana cor-de-rosa. Vinham apenas os íntimos. O "Engenheiro", como se dizia na rua, vivia muito ao seu canto, sem visitas. Tomavase chá, palrava-se. Era um pouco à estudante. Luísa fazia croché, Jorge cachimbava.
O primeiro a chegar era Julião Zuzarte, um parente muito afastado de Jorge e seu antigo condiscípulo nos primeiros anos da Politécnica. Era um homem seco e nervoso, com lunetas azuis, os cabelos compridos caídos sobre a gola. Tinha o curso de cirurgião da Escola. Muito inteligente, estudava desesperadamente, mas, como ele dizia, era um tumba. Aos trinta anos, pobre, com dívidas, sem clientela, começava a estar farto do seu quarto andar na Baixa, dos seus jantares de doze vinténs, do seu paletó coçado de alamares; e entalado na sua vida mesquinha, via os outros, os medíocres, os superficiais, furar, subir, instalar-se à larga na prosperidade! "Falta de chance", dizia. Podia ter aceitado um partido da Câmara numa vila da província, com pulso livre, ter uma casa sua, a sua criação no quintal. Mas tinha um orgulho resistente, muita fé nas suas faculdades, na sua ciência, e não se queria ir enterrar numa terriola adormecida e lúgubre, com três ruas onde os porcos fossam. Toda a província o aterrava: via-se lá obscuro, jogando a manilha na Assembleia, morrendo de caquexia. Por isso não "arredava pé"; e esperava, com a tenacidade do plebeu sôfrego, uma clientela rica, uma cadeira na Escola, um cupê para as visitas, uma mulher loura com dote. Tinha certeza do seu direito a estas felicidades, e como elas tardavam a chegar ia-se tornando despeitado e amargo; andava amuado com a vida; cada dia se prolongavam mais os seus silêncios hostis, roendo as unhas; e, nos dias melhores, não cessava de ter ditos secos, tiradas azedadas – em que a sua voz desagradável caía como um gume gelado.
Luísa não gostava dele: achava-lhe um ar nordeste detestava o seu tom de pedagogo, os reflexos negros da luneta, as calças curtas que mostravam o elástico roto das botas. Mas disfarçava, sorria-lhe, porque Jorge admiravao, dizia sempre dele: "Tem muito espírito! Tem muito talento! Grande homem!"
Como vinha mais cedo ia à sala de jantar, tomava a sua chávena de café; e tinha sempre um olhar de lado para as pratas do aparador e para as toaletes frescas de Luísa. Aquele parente, um medíocre, que vivia confortavelmente, bem casado, com a carne contente, estimado no ministério, com alguns contos de réis em inscrições – parecia-lhe uma injustiça e pesava-lhe como uma humilhação. Mas afetava estimá-lo; ia sempre às noites, aos domingos; escondia então as suas preocupações, cavaqueava, tinha pilhérias – metendo a cada momento os dedos pelos seus cabelos compridos, secos e cheios de caspa.
Às nove horas, ordinariamente, entrava D.
Felicidade de Noronha. Vinha logo da porta
com os braços estendidos, o seu bom sorriso
dilatado. Tinha cinquenta anos, era muito
nutrida, e, como sofria de dispepsia e de gases,
àquela hora não se podia espartilhar e as suas
formas transbordavam. Já se viam alguns fios
brancos nos seus cabelos levemente anelados,
mas a cara era lisa e redonda, cheia, de uma
alvura baça e mole de freira; nos olhos
papudos, com a pele já engelhada em redor,
luzia uma pupila negra e úmida, muito móbil;
e aos cantos da boca uns pelos de buço
pareciam traços leves e circunflexos de uma
pena muito fina. Fora a íntima amiga da mãe
de Luísa, e tomara aquele hábito de vir ver a
pequena aos domingos. Era fidalga, dos
Noronhas de Redondela, bastante aparentada
em Lisboa, um pouco devota, muito da
Encarnação.
Mal entrava, ao pôr um beijo muito cantado na face de Luísa, perguntava-lhe baixo, com inquietação:
— Vem?
— O Conselheiro? Vem.
Luísa sabia-o. Porque o Conselheiro, o Conselheiro Acácio, nunca vinha aos "chás de D. Luísa", como ele dizia, sem ter ido na véspera ao Ministério das Obras Públicas procurar Jorge, declarar-lhe com gravidade, curvando um pouco a sua alta estatura:
— Jorge, meu amigo, amanhã lá irei pedir à sua boa esposa a minha chávena de chá.
Ordinariamente acrescentava:
— E os seus valiosos trabalhos progridem? Ainda bem! Se vir o ministro, os meus respeitos a Sua Excelência. Os meus respeitos a esse formoso talento!
E saía pisando com solenidade os corredores enxovalhados.
Havia cinco anos que D. Felicidade o amava.
Em casa de Jorge riam-se um pouco com
aquela chama. Luísa dizia: "Ora! E uma
caturrice dela!" Viam-na corada e nutrida, e
não suspeitavam que aquele sentimento
concentrado, irritado semanalmente,
queimando em silêncio, a ia devastando como
uma doença e desmoralizando como um vício.
Todos os seus ardores até aí tinham sido
inutilizados. Amara um oficial de lanceiros que
morrera, e apenas conservava o seu
daguerreótipo. Depois apaixonara-se muito
ocultamente por um rapaz padeiro, da
vizinhança, e vira-o casar. Dera-se então toda
a um cão, o Bilro; uma criada despedida deulhe por vingança rolha cozida; o Bilro
rebentou, e tinha-o agora empalhado na sala de
jantar. A pessoa do Conselheiro viera de
repente, um dia, pegar fogo àqueles desejos,
sobrepostos como combustíveis antigos.