Questões de Concurso
Sobre figuras de linguagem em português
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O mistério das coisas
O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio e que sabe a árvore
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens
pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas.
(Fernando Pessoa. O guardador de rebanhos. In: Poemas de Alberto Caeiro)
Sobre o texto de Fernando Pessoa:
I. Nas três estrofes, a função da linguagem predominante é a referencial.
II. Na primeira estrofe, registra-se a presença da figura Prosopopeia no verso “Que sabe o rio e que sabe a árvore”.
III. Na segunda estrofe, as expressões “todas as estranhezas”, “todos os poetas” e “todos os filósofos” marcam o destaque da figura Hipérbole.
IV. Na terceira estrofe, a repetição da palavra “coisa” configura um empobrecimento da linguagem, ocasionando um pleonasmo vicioso.
Analisadas as assertivas acima, pode-se afirmar que:
Leia os versos do escritor sul-mato-grossense Luciano Serafim, publicados no livro Raiz transeunte:
SER
mais pássaro
menos pedra
mais ponte
menos muro
mais rio
menos lago
mais canto
menos grito
mais gente
menos mito
Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao
longo do texto estão citados na questão.
Considere os seguintes fragmentos do texto:
“Não são historicamente as mais decentes as relações entre profissionais da saúde e as controvertidas usinas de câncer de pulmão.” “A discussão azedou a tal ponto...”
No primeiro, é feito um juízo de valor depreciativo sobre “as relações”, mas com um linguajar ameno; o texto também chama as indústrias de tabaco de “usinas de câncer de pulmão”. No segundo, toma-se emprestado o verbo “azedar” (tornar amargo ou ácido o cheiro ou o gosto) a fim de melhor expressar o mau resultado da discussão. Tais escolhas de vocabulário constituem figuras de linguagem.
Assinale a alternativa que apresenta o nome correto, respectivamente, das três figuras empregadas.
I. Com linguagem simples, e em tom coloquial, o poeta discute a efemeridade da vida. II. Na primeira parte do poema é possível identificar a dificuldade de uma pessoa tuberculosa e sua dificuldade de respiração. III. No último verso, o médico usa de certa ironia para dizer que é inútil qualquer tratamento para o paciente, pois não há esperanças para seu mal. IV. Para o eu lírico, o destino prega surpresas e o tempo promove transformações em sua vida.
Está CORRETO o que se afirma em:
I. Os recursos de construção recorrentemente adotados em cada parágrafo do texto atuam diretamente na construção da ironia.
II. O texto toma como objeto central de reflexão os ataques terroristas na França.
III. Em alguns parágrafos do texto, revela-se, de forma explícita, a defesa do autor ao combate ao terror do Ocidente.
IV. Subjaz ao texto uma crítica à fragilidade das generalizações e conclusões apressadas ou inconsistentes.
Está CORRETO apenas o que se afirma em:
Leia os textos 2 e 3 responda a questão.
TEXTO 2
TEXTO 3
Revista Época, ed. 666, 21/02/2011. Disponível em: <https://epoca.globo.com/tempo/noticia/2013/06/capas-de-epoca.html>. Acesso em: 18 Maio 2018.
Revista Veja, ed. 2519, ano 50, n. 9, 01/03/2017. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/edicoes-veja/2519/>. Acesso em: 18 Maio 2018.
Analise o trecho:
“Taís Araújo e Lázaro Ramos são o par mais poderoso do showbizz. E ainda simbolizam a vitória do talento sobre a barreira racial”.
Assinale a alternativa correta:
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas numeradas do texto.
Leia o texto e responda à questão.
Aldrovando Cantagalo veio ao mundo em virtude dum erro de gramática. Durante sessenta anos de vida terrena pererecou como um peru em cima da gramática. E morreu, afinal, vítima dum novo erro de gramática. Mártir da gramática, fique este documento da sua vida como pedra angular para uma futura e bem merecida canonização.
Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutu da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostosura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores – o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dias de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
Acorda, donzela...
Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.
Aqui se estrepou...
Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
Anjo adorado!
Amo-lhe!
Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto – para umas certidõesinhas, explicou.
Apesar disso, o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha. Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
- A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca – nunca, ouviu? – que contra ela se cometa o menor deslize.
Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor-de-rosa, desdobrou-o.
- É sua esta peça de flagrante delito?
O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
- Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora…
O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
- ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e, com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
- Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!…
Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
- Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha!
E voltando-se para dentro, gritou:
- Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo!
O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
- Laurinha, quer o coronel dizer…
O velho fechou de novo a carranca.
- Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama- “lhe”. Se amasse a ela deveria dizer amo-“te”. Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher (…).
(LOBATO, Monteiro. O Colocador de Pronomes. In: PINTO, Edith Pimentel (org.). O Português do Brasil: textos críticos e teóricos II - 1920-1945 – Fontes para a teoria e a história. São Paulo: Edusp, [1924] 1981, p. 51-79.)
SILVA, S. R. Ética pública e formação humana. Educ. Soc., Campinas, vol. 27, n. 96 - Especial, p. 645-665, out. 2006. p. 648-649. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br (com adaptações).
Leia o texto abaixo para responder à próxima questão:
Eu nasci há dez mil anos atrás
Eu nasci há dez mil anos atrás
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais
Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo para pagarem seus pecados,
Eu vi,
Eu vi Moisés cruzar o mar vermelho
Vi Maomé cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes diante do espelho
Eu vi,
Eu vi as velas se acenderem para o Papa
Vi Babilônia ser riscada do mapa
Vi conde Drácula sugando o sangue novo
e se escondendo atrás da capa
Eu vi,
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros para floresta
pro quilombo dos palmares
Eu vi,
Eu vi o sangue que corria da montanha
quando Hitler chamou toda a Alemanha
Vi o soldado que sonhava com a amada numa cama de campanha
Eu li,
Eu li os símbolos sagrados de Umbanda
Eu fui criança para poder dançar ciranda
E, quando todos paraguejavam contra o frio,
eu fiz a cama na varanda
Eu tava junto com os macacos na caverna
Eu bebi vinho com as mulheres na taverna
E quando a pedra despencou da ribanceira
Eu também quebrei a perna
Eu também,
Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E pra aquele que provar que eu estou mentindo
eu tiro o meu chapéu
Raul Seixas
Leia o texto abaixo para responder à próxima questão:
Eu nasci há dez mil anos atrás
Eu nasci há dez mil anos atrás
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais
Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo para pagarem seus pecados,
Eu vi,
Eu vi Moisés cruzar o mar vermelho
Vi Maomé cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes diante do espelho
Eu vi,
Eu vi as velas se acenderem para o Papa
Vi Babilônia ser riscada do mapa
Vi conde Drácula sugando o sangue novo
e se escondendo atrás da capa
Eu vi,
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros para floresta
pro quilombo dos palmares
Eu vi,
Eu vi o sangue que corria da montanha
quando Hitler chamou toda a Alemanha
Vi o soldado que sonhava com a amada numa cama de campanha
Eu li,
Eu li os símbolos sagrados de Umbanda
Eu fui criança para poder dançar ciranda
E, quando todos paraguejavam contra o frio,
eu fiz a cama na varanda
Eu tava junto com os macacos na caverna
Eu bebi vinho com as mulheres na taverna
E quando a pedra despencou da ribanceira
Eu também quebrei a perna
Eu também,
Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E pra aquele que provar que eu estou mentindo
eu tiro o meu chapéu
Raul Seixas