Questões de Português - Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação para Concurso

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Q2671213 Português

Instrução: As questões de números 11 a 20 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.


Apontamentos sobre os direitos do consumidor


  1. A garantia é um dos direitos mais conhecidos e cobrados pelo consumidor. Mesmo que o
  2. fornecedor não ofereça contratualmente uma garantia por um produto, a lei prevê uma. Isso
  3. significa que todos os produtos vão contar com um período de garantia, de acordo com a natureza
  4. do produto: se durável ou não durável. Os bens duráveis têm garantia legal de 90 dias e os não
  5. duráveis, por sua vez, 30 dias. A essas garantias pode ser adicionada uma garantia contratual,
  6. caso as partes nutram bastante tal desejo.
  7. O consumidor pode exigir a troca do produto, se verificado que este já veio com algum
  8. defeito de fábrica. Nesses casos, o fornecedor tem 30 dias para corrigir o defeito observado. Se
  9. o consumidor verificar, passados os 30 dias, que o defeito não foi resolvido ou surgirem outros
  10. danos após o conserto, poderá ser exigida uma das seguintes condições: a troca do produto; o
  11. abatimento no preço; o dinheiro de volta (com a devida correção); nos casos de problemas com
  12. a quantidade do produto, a complementação do número de itens até que se atinja o previsto na
  13. embalagem ou o requerido pelo consumidor.
  14. O consumidor, como destinatário da publicidade, que é a propaganda de um produto ou
  15. serviço realizada pelo fornecedor, tem direito ___ proteção contra publicidade enganosa ou
  16. abusiva, que, inclusive, é considerada crime. O consumidor tem o direito de exigir que aquilo
  17. que foi anunciado seja efetivamente cumprido, sob pena de cancelamento do contrato e de
  18. recebimento ___ devolução da quantia paga. Por isso, a publicidade deve ser clara, direta e de
  19. fácil compreensão pelo consumidor. Assim, evita-se ___ que ele seja enganado propositalmente,
  20. ou que, sem querer, adquira um bem ou serviço sem conhecê-lo o suficiente.
  21. Como muitos já sabem, caso um produto de um estabelecimento comercial esteja indicado
  22. com um preço menor do que o que está sendo cobrado pelo estabelecimento, deve prevalecer
  23. aquele indicado na etiqueta. Assim, o consumidor não deve pagar a mais do que o indicado na
  24. etiqueta de preço. Porém, essa regra tem uma exceção: caso o preço esteja bem abaixo do valor
  25. de mercado do produto, de modo que seja possível que o cliente presuma ter havido um erro na
  26. hora de colocar o preço, é possível que o cliente pague o valor cobrado pelo fornecedor! Isto
  27. porque o direito do consumidor não serve para que ele se beneficie maliciosamente às custas do
  28. fornecedor. Segue ainda outra dica sobre preços: se existirem dois produtos de mesma marca,
  29. qualidade ou quantidade, porém etiquetados com preços diferentes, é direito do consumidor
  30. pagar o de menor valor, afinal estamos falando de produtos idênticos.
  31. Assim como a publicidade, os contratos devem ser redigidos de maneira clara, de modo
  32. que o consumidor entenda plenamente todas as regras ali contidas. O Código de Defesa do
  33. Consumidor (CDC) prevê também uma atenção especial aos chamados contratos de adesão, que
  34. são aqueles em que o consumidor não tem como discutir as cláusulas e apenas assina um modelo
  35. elaborado pelo fornecedor. Nesses casos, o tamanho da fonte utilizada no contrato não pode ser
  36. inferior a 12, de modo a facilitar a sua compreensão pelo consumidor. Além disso, as regras que
  37. significarem uma redução a algum direito do consumidor devem estar em evidência no texto.
  38. São vedadas, ainda, pelo CDC as cláusulas abusivas, aquelas que geram prejuízo ou
  39. colocam o consumidor em uma posição de desvantagem diante do fornecedor. Se o consumidor
  40. se sentir prejudicado, é possível requerer, judicialmente, a anulação dessas disposições
  41. contratuais. Como exemplos de cláusulas abusivas, podemos destacar aquelas que: no caso de
  42. dano ao consumidor, diminuam de forma extrema a responsabilidade do fornecedor; contenham
  43. proibições ao consumidor de devolver o bem ou de receber o dinheiro de volta nos casos em que
  44. o produto ou serviço venha, respectivamente, com defeitos ou com baixa qualidade; proíbam o
  45. consumidor de entrar diretamente na Justiça, obrigando-o a primeiro recorrer ao próprio
  46. fornecedor; nas hipóteses de parcelamento de um produto, prevejam que o consumidor perca
  47. todos os valores já pagos, em caso de inadimplemento das demais prestações.


Disponível em: https://chcadvocacia.adv.br/blog/o-que-e-direito-consumidor/#Vulnerabilidade_do_consumidor

– texto adaptado especialmente para esta prova.

O termo “suficiente” (l. 20) é decorrente do processo de formação de palavras denominado derivação:

Alternativas
Q2670844 Português

Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.

Considerações sobre os mais importantes tipos de certificações de qualidade ISO

01 As certificações de qualidade ISO (Organização Internacional para Padronização, na

02 tradução para o português) representam uma forma de assegurar que empresas públicas ou

03 privadas estejam aptas para fornecer um produto, serviço ou sistema, conforme as exigências

04 das agências reguladoras e dos clientes. Tal entidade tem como foco ___ normatização de

05 sistemas para a garantia da qualidade dos processos internos em diferentes segmentos do

06 mercado. No Brasil, a organização está ligada ___ Associação Brasileira de Normas Técnicas

07 (ABNT), instaurando um padrão que não só eleva ___ competitividade da empresa, mas redefine

08 os procedimentos, tornando-a um referencial.

09 A ISO 9000 é a série de normas mais famosas mundialmente. Com atualizações recentes,

10 esse grupo de regulamentos está voltado para a aplicabilidade do Sistema de Gestão da

11 Qualidade nas empresas. Além de ressaltarem o objetivo e os termos do sistema que devem ser

12 considerados para a obtenção de melhorias na administração do negócio, as certificações de

13 qualidade ISO 9000 oferecem meios para a implementação e o monitoramento contínuo de

14 técnicas para a otimização de processos. Dentre as principais vantagens da implementação da

15 ISO 9000, podemos elencar: aumento da produtividade, redução de custos, garantia da

16 qualidade dos processos, visão mais ampla do fluxo de trabalho, certificação de reconhecimento

17 global, credibilidade e diferencial competitivo nas relações comerciais, segurança nos

18 procedimentos e na tomada de decisões.

19 Com base na série 9000, mas direcionada para propósitos diferentes, a ISO 14000

20 estabelece diretrizes para garantir a boa implementação do Sistema de Gestão Ambiental entre

21 as empresas. Ao convergir esforços para questões sustentáveis, as certificações dessa família

22 asseguram o equilíbrio e a proteção ambiental. Isso ocorre por meio da prevenção de problemas

23 que podem afetar a sociedade e a economia. Para que uma empresa obtenha o certificado ISO

24 14000, ela precisa estar comprometida com toda a legislação ambiental prevista em seu país,

25 mas não somente isso. Uma vez que conquista a certificação, a organização atesta sua

26 preocupação com a natureza e demonstra suas responsabilidades ambientais em padrões

27 mundiais. Trata-se de uma reorganização da corporação, levando-se em conta padrões que

28 determinam a melhoria contínua de processos pelo treinamento de seus funcionários.

29 Já a ISO 17025 trata da certificação de laboratórios de calibração e de ensaio. A

30 acreditação é dada para um escopo, consoante os serviços prestados e a capacidade de medição.

31 Sendo assim, esse certificado funciona como uma comprovação de que determinado laboratório

32 realiza suas tarefas com precisão, obtendo resultados de grande qualidade. De maneira

33 semelhante à obtenção das certificações de qualidade ISO 9000 ou ISO 14000, para conquistar

34 o selo final, a empresa é obrigada a passar por várias auditorias. No caso da ISO 17025, a análise

35 é composta por critérios rigorosos, assegurando que o laboratório avaliado está “encaixado”, de

36 fato, em um padrão internacional. Por outro lado, o cliente que contata uma organização

37 acreditada por essa norma se sente mais seguro e satisfeito. Isso porque a pessoa sabe que o

38 laboratório é adequado para o controle e a análise das amostras, segundo as padronizações

39 ambientais e de segurança. Todos os técnicos são preparados para realizar a coleta e a análise

40 das amostras de resíduos, seguindo os parâmetros da norma. Eles recebem constantes

41 qualificações.

42 Por fim, a última da lista de certificações de qualidade ISO trata da gestão e da

43 conservação de energia. Em um cenário econômico dificultado, a escalada de preços da energia

44 leva as pessoas a procurarem por novas maneiras de diminuir custos e melhorar o desempenho

45 ambiental. Com essa realidade no mercado, a ISO 50001 surge como um auxílio para as

46 organizações que desejam aprimorar o desempenho em energia, aumentando a eficiência

47 energética e reduzindo as mudanças climáticas. A implementação de um Sistema de Gestão de

48 Energia dentro das diretrizes dessa ISO pode trazer ganhos não só para plantas industriais, mas

49 também para instalações comerciais e até mesmo para empresas inteiras.

Disponível em: https://www.previnsa.com.br/blog/certificacoes-de-qualidade-iso-conheca-os-4-tipos-principais/ – texto adaptado especialmente para esta prova.

O vocábulo “natureza” (l. 26) é decorrente do processo de formação de palavras denominado derivação:

Alternativas
Q2670156 Português

Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo.


A sofisticação da línguas indígenas


Por Reinaldo José Lopes


  1. Você provavelmente já encontrou pelas redes sociais o famigerado #sqn, aquele jeito
  2. telegráfico de dizer que tal coisa é muito legal, “só que não”. Agora, imagine uma língua
  3. totalmente diferente do português que deu um jeito de incorporar um conceito parecido na
  4. própria estrutura das palavras, criando o que os linguistas apelidaram de “sufixo frustrativo” –
  5. um #sqn que faz parte da própria história do idioma.
  6. Bom, é exatamente assim que funciona no kotiria, um idioma da família linguística tukano
  7. que é falado por indígenas do Alto Rio Negro, na fronteira do Brasil com a Colômbia. Para exprimir
  8. a função “frustrativa”, o kotiria usa um sufixo (ou seja, alguns sons colocados no fim da palavra)
  9. com a forma --ma. Você quer dizer que foi até um lugar sem conseguir o que queria indo até lá?
  10. Basta pegar o verbo “ir”, que é wa’a em kotiria, e acrescentar o sufixo: wa’ama, “ir em vão”.
  11. Dá para encontrar detalhes surpreendentes como esse em todas as mais de 150 línguas
  12. indígenas ainda faladas no território brasileiro. Elas são apenas a ponta do iceberg do que um
  13. dia existiu por aqui, diga-se. Como mostra o livro Índio Não Fala Só Tupi, lançado neste ano
  14. pelas linguistas Bruna Franchetto e Kristina Balykova, calcula-se que pelo menos 80% dos
  15. idiomas que eram falados no Brasil desapareceram de 1500 para cá.
  16. Mesmo assim, o país continua abrigando uma das maiores diversidades linguísticas do
  17. planeta, com a presença de idiomas tão diferentes entre si quanto o alemão do árabe ou os
  18. idiomas do Congo em relação ao mandarim (aliás, algumas das línguas “made in Brazil” usam
  19. tons, semelhantes a notas musicais, para diferenciar o significado de algumas sílabas, algo que
  20. o mandarim também faz).
  21. O famoso tupi antigo ou tupinambá, falado em boa parte do litoral brasileiro quando Pedro
  22. Álvares Cabral pisou aqui, era só uma delas. A propósito, esqueça aquele negócio de “tupiguarani”,
  23. expressão que é meio como dizer “português-espanhol”. O tupi é uma língua; o guarani
  24. é outra – e, aliás, existem diversas formas de guarani, nem sempre inteligíveis entre si.
  25. O único emprego correto do substantivo composto “tupi-guarani” é o que serve para
  26. designar uma subfamília linguística com esse nome, a qual engloba dezenas de idiomas. Entre
  27. seus membros ainda usados no cotidiano estão o nheengatu (um descendente moderno do tupi
  28. do Brasil-Colônia), os vários “guaranis”, o tapirapé e o guajá. Uma subfamília, como você pode
  29. imaginar, faz parte de uma família linguística mais ampla – nesse caso, a família tupi
  30. propriamente dita, que inclui ainda outras dezenas de línguas, como o munduruku, o juruna, o
  31. tupari e o suruí.
  32. Existem pelo menos outras três grandes famílias linguísticas no país, diversas outras
  33. famílias de porte mais modesto e, de quebra, várias línguas consideradas isoladas, ou seja, sem
  34. nenhum parentesco identificável com outros idiomas. É mais ou menos o mesmo caso do basco,
  35. falado na Espanha e na França – com a diferença de que o basco é um dos únicos casos desse
  36. tipo no território europeu. Essa comparação ajuda a entender o tamanho da riqueza linguística
  37. brasileira.


(Disponível em: Revista Superinteressante – https://super.abril.com.br/historia/a-sofisticacao-das-linguas-

indigenas/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

O texto explica a formação de uma palavra no idioma kotiria, através do processo de derivação sufixal. Assinale a alternativa que NÃO apresenta palavra em Língua Portuguesa formada por esse processo.

Alternativas
Q2658936 Português

O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 1 a 15.


Texto 01:

Sinais de consentimento forçado


O esforço do geneticista e bioinformata Yves Moreau, da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, já levou à retratação de 30 artigos científicos desde 2019. Em comum, os estudos cancelados utilizavam dados genéticos ou biométricos de minorias étnicas e grupos populacionais vulneráveis da China, cuja coleta foi realizada em condições nebulosas. Em alguns casos, não foi possível assegurar que os sujeitos da pesquisa forneceram material biológico de forma voluntária ou que o estudo foi aprovado pelo comitê ético de alguma instituição científica reconhecida. Já outros papers estão lastreados por termos de consentimento informado, nos quais os participantes declaram que foram avisados sobre o escopo da pesquisa e que aceitaram participar dela, mas há a possibilidade de que a coleta de dados tenha sido forçada e os documentos de anuência obtidos sob coação, o que os tornaria inúteis. Essa suspeita se baseia no ambiente de repressão política em que as pesquisas foram feitas e na presença de agentes de segurança do Estado entre os coautores dos artigos.

Segundo Moreau, a polícia chinesa se vale de uma base de dados nacional de DNA, de informações biométricas e de métodos de vigilância − tais como câmeras de vídeo e reconhecimento facial − para monitorar a minoria muçulmana uigur na província de Xinjiang, no noroeste do país. A mesma estratégia vale para os habitantes das montanhas do Tibete, região controlada pela China desde a década de 1950. "Isso faz parte da arquitetura do controle social e é uma ferramenta de pressão psicológica eficaz", disse Moreau ao jornal The Washington Post.

Em fevereiro, a revista Molecular Genetics & Genomic Medicine anunciou a retratação de 18 artigos apontados como suspeitos por Moreau, reconhecendo "inconsistências entre a documentação de consentimento e a pesquisa relatada". Outra retratação recente envolveu um trabalho publicado em 2022 na revista PLOS ONE , em que pesquisadores chineses coletaram amostras de sangue de centenas de tibetanos e concluíram que marcadores genéticos de seus cromossomos X poderiam ser úteis para identificação forense e testes de paternidade. Moreau alertou os editores da PLOS ONE que forças de segurança chinesas podem ter participado da coleta de dados, uma vez que organizações de defesa dos direitos humanos haviam denunciado a existência de um programa de coleta compulsória de amostras de DNA de populações tibetanas. O pesquisador pediu que investigassem se houve mesmo o consentimento informado dos indivíduos que cederam amostras de sangue. O artigo foi retratado apenas três meses após o alerta. Segundo nota divulgada pelo periódico, documentos fornecidos pelos autores não foram suficientes para afastar dúvidas sobre a autenticidade do consentimento informado e garantir que o estudo recebeu aprovação ética de comitê regularmente estabelecido.

A rapidez da PLOS ONE em analisar o caso não é um padrão entre as revistas científicas. Moreau e seu grupo fizeram alertas semelhantes sobre mais de uma centena de artigos e ao menos 70 deles seguem sendo investigados há mais de dois anos, sem que as publicações cheguem a uma conclusão sobre se devem ser retratados − o argumento é de que os casos são complexos. "A demora excessiva de editores em proferir decisões equivale à má conduta editorial", disse Moreau, em uma longa reportagem sobre seu trabalho publicada em janeiro na revista Nature.

Houve casos em que os editores consideraram a suspeita infundada e encerraram as investigações. A editora MDPI declarou não ter encontrado falhas éticas em sete artigos questionados por Moreau, publicados na revista Genes. Um dos artigos investigou as origens genéticas do povo Hui, outro grupo étnico muçulmano do norte da China. Vários autores trabalham para a Academia de Ciências Forenses de Xangai, que é parte do Ministério da Justiça da China. Em um outro artigo, autores eram afiliados ao Departamento de Investigação Criminal da província de Yunnan e ao Gabinete de Segurança Pública da cidade de Zibo, na China. "Não é incomum que a polícia ajude a facilitar a pesquisa forense de genética populacional", afirmou à Nature Dennis McNevin, da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália, coautor de um artigo apontado como suspeito por Moreau. O trabalho em questão foi publicado em 2018 na revista Scientific Reports e se baseava na análise genética de 1.842 pessoas de quatro grupos étnicos da China. O artigo segue válido, mas em 2022 a editora Springer Nature fez uma correção removendo dados (anonimizados) de participantes que constavam nas informações suplementares do paper, porque não havia consentimento para divulgá-los.

O engajamento de Moreau no combate ao que ele chama de "vigilância genômica" de minorias étnicas começou em 2016, quando soube que o governo do Kuwait lançara um programa para coletar e catalogar perfis genéticos de seus cidadãos e de visitantes. Ele levou o caso à Sociedade Europeia de Genética Humana e pediu que se pronunciasse contra a medida. Com a repercussão negativa, o programa acabou revogado pelo Parlamento do país. No mesmo ano, foi informado de que um programa de catalogação de DNA estava sendo implantado como parte do processo de registro de passaporte em Xinjiang, onde os uigures têm sido alvo de vigilância e detenções em massa. Ele fez um levantamento da literatura científica e encontrou dezenas de artigos que descrevem o perfil genético de grupos étnicos minoritários na China. Também observou que mais de 20% das pesquisas publicadas sobre genética forense populacional na China entre 2011 e 2018 concentraram-se nos uigures, embora eles representem menos de 1% da população.

Retirado e adaptado de: MARQUES, Fabrício. Sinais de consentimento forçado. Revista Pesquisa FAPESP.


Disponível em:

https://revistapesquisa.fapesp.br/sinais-de-consentimento-forcado/ Acesso em: 19 abr., 2024.


Texto 02: Trecho da Resolução n.º 466, de 12 de dezembro de 2012


[...] II - DOS TERMOS E DEFINIÇÕES

A presente Resolução adota as seguintes definições:

II.2 - assentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa, criança, adolescente ou legalmente incapaz, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação. Tais participantes devem ser esclarecidos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa lhes acarretar, na medida de sua compreensão e respeitados em suas singularidades [...];

II.5 - consentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, após esclarecimento completo e pormenorizado sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar [...];

II.10 - participante da pesquisa - indivíduo que, de forma esclarecida e voluntária, ou sob o esclarecimento e autorização de seu(s) responsável(eis) legal(is), aceita ser pesquisado. A participação deve se dar de forma gratuita, ressalvadas as pesquisas clínicas de Fase I ou de bioequivalência [...];

II.12 - pesquisa - processo formal e sistemático que visa à produção, ao avanço do conhecimento e/ou à obtenção de respostas para problemas mediante emprego de método científico [...];

II.14 - pesquisa envolvendo seres humanos - pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos [...];

II.23 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE - documento no qual é explicitado o consentimento livre e esclarecido do participante e/ou de seu responsável legal, de forma escrita, devendo conter todas as informações necessárias, em linguagem clara e objetiva, de fácil entendimento, para o mais completo esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe participar;

II.24 - Termo de Assentimento - documento elaborado em linguagem acessível para os menores ou para os legalmente incapazes, por meio do qual, após os participantes da pesquisa serem devidamente esclarecidos, explicitarão sua anuência em participar da pesquisa, sem prejuízo do consentimento de seus responsáveis legais.

II.25 - vulnerabilidade - estado de pessoas ou grupos que, por quaisquer razões ou motivos, tenham a sua capacidade de autodeterminação reduzida ou impedida, ou de qualquer forma estejam impedidos de opor resistência, sobretudo no que se refere ao consentimento livre e esclarecido.


Retirado e adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. RESOLUÇÃO Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012.Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0 466_12_12_2012.html Acesso em: 20 abr., 2024.

Sobre processos de formação de palavras, analise as afirmações a seguir:


I. A palavra "geneticista" foi formada pelo processo de ___________.

II. A palavra "bioinformata" foi formada pelo processo de ___________.

III. A palavra "pesquisa" foi formada pelo processo de ___________.

IV. A palavra "minoritários" foi formada pelo processo de ___________.


Assinale a alternativa que correta e respectivamente preenche as lacunas nos excertos:

Alternativas
Q2658583 Português

'Empresas já leem nossas mentes e vão saber ainda mais com neurotecnologia', diz pesquisadora

Alguns anos atrás, a ideia de "ameaça à privacidade de pensamento" estava mais para 1984, de George Orwell, e para o terreno da ficção científica distópica. Para Nita Farahany, professora da Universidade Duke (EUA) que se especializou em pesquisar as consequências das novas tecnologias e suas implicações éticas, essa ameaça já é presente hoje e deve ser levada a sério.

A iraniana-americana lançou neste ano o livro The Battle for your Brain: Defending the Right to Think Freely in the Age of Neurotechnology ("A Batalha pelo seu Cérebro: Defendendo o Direito de Pensar Livremente na Era da Neurotecnologia", em tradução livre, sem edição brasileira). Mas como é possível ler o nosso cérebro? Bem, de fato ainda não existe — como na ficção — uma supermáquina que entra na cabeça de uma pessoa e entrega uma lista completa de ideias e conceitos. Na verdade, explica Farahany, as defesas da nossa privacidade de pensamento começaram a ser derrubadas sem a necessidade de examinar diretamente o cérebro. Isso foi possível com a vasta quantidade de dados pessoais compartilhada em redes sociais e outros apps, que é analisada por algoritmos e depois monetizada.

Hoje as companhias de tecnologia detêm informações importantes sobre nós: quem são nossos amigos, qual conteúdo gera emoção (e, importante, que tipo de emoção), as preferências políticas, em quais produtos clicamos, por onde circulamos ao longo do dia e algumas das transações financeiras. "Tudo isso está sendo usado por empresas para criar perfis muito precisos sobre quem somos e assim entender nossas preferências e nossos desejos", diz Farahany em entrevista à BBC News Brasil. "É importante as pessoas entenderem que elas já estão em um mundo onde mentes são lidas."

Outra fronteira do nosso funcionamento interno começa a ser explorada com a popularização de smartwatches (relógios inteligentes), que reúnem dados sobre batimento cardíaco, níveis de estresse, qualidade do sono e muito mais. Mas o avanço da neurotecnologia, com equipamentos em contato direto com a cabeça, leva tudo isso a um novo patamar, com mais dados e mais precisão. Ela explica que sensores cerebrais são justamente parecidos com sensores de frequência cardíaca encontrados nos smartwatches ou em anéis que medem a temperatura do corpo quando captam a atividade elétrica no cérebro. "E toda vez que você pensa, ou toda vez que sente algo, os neurônios disparam em seu cérebro, emitindo pequenas descargas elétricas. Padrões característicos podem ser usados para tirar conclusões", afirma. "Por exemplo, se você vê uma propaganda e sente alegria ou estresse ou raiva, tédio, envolvimento... todas essas reações podem ser captadas por meio da atividade elétrica em seu cérebro e decodificadas com a inteligência artificial mais avançada." Ou seja, esses sinais cerebrais transmitem o que sentimos, observamos, imaginamos ou pensamos. Farahany afirma que as pessoas precisam compreender e aceitar que o cérebro "não é inteiramente delas".

Essa situação leva a própria filosofia a questionar o conceito de livre arbítrio, ou seja, o poder de um indivíduo de optar por suas ações. "Imagine que você se proponha no começo da semana a não passar mais de uma hora por dia nas redes sociais. Aí você descobre no final que você gastou quatro horas por dia. O que aconteceu?", pondera a professora de Direito e Filosofia na Duke. "Se existem algoritmos projetados para te capturar quando você quer se desconectar, se existem notificações quando você fica muito tempo fora do celular, se você quer assistir a só um episódio da série e o próximo começa automaticamente, você usou seu livre arbítrio? São ferramentas e técnicas projetadas para prejudicar aquilo com que você se comprometeu."

Farahany, ao contrário do que se possa pensar, é uma grande entusiasta dos avanços da neurotecnologia. Ela enumera ao longo de The Battle for Your Brain uma longa lista de contextos em que o monitoramento cerebral poderia melhorar a humanidade e salvar vidas. "O que eu proponho é um equilíbrio. É tanto uma forma de as pessoas enxergarem os aspectos positivos da tecnologia, mas também de estarem protegidas contra os riscos mais significativos", diz. "Para chegar lá, é necessário mudar a forma como pensamos a nossa relação com a tecnologia. A tecnologia raramente é o problema. Quase sempre é o mau uso."

"Não se trata de encampar posições absolutas do tipo 'tudo isso é ruim' ou 'tudo isso é ótimo', mas tentar definir quais são as funcionalidades dessa tecnologia para o bem comum e quais são os riscos de uso indevido." (...)

Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c88jmpl902lo (Adaptado).

Em relação à estrutura das palavras, assinale a alternativa abaixo em que há um vocábulo, retirado do texto, constituído de mais de um radical:

Alternativas
Q2657993 Português
A AMEAÇA DOS ULTRAPROCESSADOS


Eles já correspondem a um quarto das calorias que comemos. Estão relacionados a diversas doenças, como ansiedade, depressão e 25 tipos de câncer. E matam 57 mil pessoas por ano só no Brasil. Entenda como a indústria alimentícia manipula nosso paladar e nos vicia em produtos nocivos.


Por Tiago Cordeiro e Bruno Garattoni


Atualizado em 28 de maio de 2024, às 19h27. Publicado em 17 de maio de 2024, às 10h00


          Qual foi a última coisa que você comeu? Há boas chances de que tenha sido algo ultraprocessado – ou seja, que é o resultado de uma sequência de técnicas industriais, com a adição de ingredientes artificiais, substâncias que modificam o sabor e processos que alteram as propriedades físicas e químicas do alimento.

       Os ultraprocessados já correspondem a 25% de todas as calorias consumidas no Brasil, de acordo com um estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP.

        É bastante coisa, e está aumentando: há apenas seis anos, 19,6% das calorias que ingerimos vinham dos ultraprocessados. Em outros países, o cenário é ainda mais impressionante: nos EUA, 55,5% das calorias consumidas pela população vêm de ultraprocessados; na Inglaterra, são 56,8% e no Canadá, 48%.

       Os ultraprocessados conquistaram o mundo porque custam pouco e, embora não sejam exatamente deliciosos, costumam ter altos níveis de sal, açúcar e gordura, três ingredientes extremamente atraentes para o paladar humano. Mas eles também têm outro lado: podem estar relacionados a uma série de doenças.

         O consumo de ultraprocessados está associado a maior risco de 25 tipos de câncer, como descreveu um levantamento que acompanhou 521 mil pessoas, de 10 países europeus, ao longo de uma década.

    Esse (mau) hábito alimentar também está relacionado a depressão, ansiedade e declínio cognitivo, como apontou um relatório produzido pela ONG americana Sapien Labs.

        Ao avaliar a rotina alimentar e o estado de saúde de quase 300 mil pessoas em 70 países, ela concluiu que 53% das pessoas que se alimentam de ultraprocessados várias vezes ao dia relatam sofrer de problemas relacionados à saúde mental – contra 18% dos entrevistados que raramente procuram por esse tipo de comida.

      Os danos são generalizados. “No geral, foram encontradas associações diretas entre a exposição a alimentos ultraprocessados e 32 parâmetros de saúde que abrangem mortalidade, câncer e resultados de saúde mental, respiratório, cardiovascular, gastrointestinal e metabólico”, resumem especialistas de diversas instituições importantes, incluindo a Universidade Johns Hopkins, a Universidade de Sydney, e a Universidade de Sorbonne, em um trabalho que avaliou 45 outros estudos sobre alimentos ultraprocessados, envolvendo 9,9 milhões de pessoas ao todo.

         Essa análise apontou que a maior ingestão de ultraprocessados está associada a um aumento de 50% no risco de morte por doenças cardiovasculares, de 48% a 53% mais risco de desenvolver transtornos mentais, e 12% mais probabilidade de sofrer diabetes tipo 2.

      Tem mais. Os ultraprocessados causam 57 mil mortes prematuras por ano no Brasil, como estima um estudo elaborado por pesquisadores das USP, da Fiocruz, da Unifesp e da Universidade de Santiago (Chile).

        É isso mesmo. Eles matam mais gente, a cada ano, do que os acidentes de trânsito (que vitimam em torno de 30 mil pessoas), ou os homicídios (39.500 mortes no ano passado).

[...] 


Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/a-ameaca-dos-ultraprocessados/. Acesso em: 11 jun. 2024.

Do ponto de vista dos processos de formação de palavras, da pontuação e da concordância, é CORRETO afirmar que:
Alternativas
Q2651148 Português
No trecho “[...] escapam à compreensão dos forasteiros muitas palavras e locuções de uso local, puros itaoquismos.”, a palavra destacada consiste em um(a)
Alternativas
Q2647117 Português

“Por essas características e pela incapacidade do poder público em regulá-la, a grilagem tornou-se, também, um dos motores da concentração fundiária no país.”


Considerando o trecho acima, é CORRETO afirmar que:

Alternativas
Q2646070 Português

TEXTO 2


Contribuições da Psicologia e Pedagogia para o Trânsito Seguro


A psicologia do trânsito teve seu marco no Brasil, em 1913, pelas mãos do engenheiro Roberto Mange, que importou de Zurique - Suíça -, testes e técnicas para avaliar os ferroviários da Estrada de Ferro Sorocabana. Até o advento da profissão de psicologia em 1962, essa era uma disciplina da área da educação.

Os pedagogos e os “educadores de trânsito”, devido à ausência de uma doutrina oficial, estabeleciam a partir de suas vivências e suas convicções os conceitos e ações de educação para o trânsito. Somente no Código de Trânsito Brasileiro – CTB, Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997, que regulamenta no capítulo VI – DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO, que foram oficializadas as possíveis ações. A partir daí, trazendo, também, avanços para a segurança viária e foco no comportamento humano.

A Educação para o trânsito está prevista no art. 76 do CTB, o qual norteia e estabelece a necessidade de incluir os conteúdos programáticos de forma transversal dentro de Ética, Cidadania, Saúde e Meio Ambiente, com equipe multidisciplinar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, teve uma alteração em 2017, definindo Base Nacional Comum Curricular – BNCC, como a nomenclatura para direitos e objetivos de aprendizagem. Através de seus temas contemporâneos, em Cidadania e Civismo, também contempla Educação para o Trânsito. Dessa forma, os pedagogos e educadores de trânsito já possuem referenciais teóricos para suas práticas.

Pedagogos e psicólogos trabalham em equipe, cada um dentro de suas peculiaridades, mas, a profissão de psicólogo foi regulamentada no Brasil somente em 1962, passando a integrar o setor da saúde. A psicologia do trânsito foi uma das primeiras áreas de atuação do psicólogo desde seu reconhecimento. Os estudos científicos do professor Reinier Rozestraten elevaram a psicologia do trânsito a outro patamar, envolvendo outras áreas como a Engenharia, analisando o comportamento humano e fatores de percepção de risco. Em 1983 foi criado o primeiro grupo de pesquisa em psicologia do trânsito, pela Universidade Federal de Uberlândia, concedendo as primeiras disciplinas e cursos de especialização na área.

A psicologia do trânsito conversa com outras áreas e o campo do saber é vasto, mas bem definido. Foi um processo demorado, definindo competências, habilidades e responsabilidades desta profissão, tão importante e imprescindível.


Disponível em: https://www.onsv.org.br/comunicacao/artigos/contribuicoe s-da-psicologia-e-pedagogia-para-o-transito-seguro. Acesso: 12 out. 2023.

Com base no texto “Contribuições da Psicologia e Pedagogia para o Trânsito Seguro”, analise as afirmativas a seguir:


I. Em: “A psicologia do trânsito teve seu marco no Brasil, em 1913, pelas mãos do engenheiro Roberto Mange”, o referencial do pronome possessivo “seu” não está claro, pois o pronome em questão está gerando ambiguidade no período.

II. Em: “A partir daí, trazendo, também, avanços para a segurança viária e foco no comportamento humano.”, o advérbio “também” assume a mesma função de uma conjunção subordinada aditiva.

III. Em: “Através de seus temas contemporâneos, em Cidadania e Civismo, também contempla Educação para o Trânsito.”, do adjetivo “contemporâneo” forma-se o substantivo “contemporaneidade” a partir da adição do sufixo “-dade”.


Marque a alternativa correta:

Alternativas
Q2644252 Português

Leia o excerto de Fiquei afásica, artigo de divulgação científica, publicado na Roseta (em 2022), revista de popularização da ciência, e responda às questões de 10 a 15.


Texto 4:


Fiquei afásica


O cérebro de uma pessoa afásica trabalha de forma diferente de uma pessoa não afásica, o que afeta, na maioria das vezes, o uso linguístico.


Lou-Ann Kleppa


Perdi as palavras de um dia

pro outro

Não uso mais “enfim”, “sabe?”

Entendo o que me dizem, mas

se tento falar

Só sai TISSA TISSA TISSA TÁ

Fiquei afásica

Perdi o controle da escolha

Só me resta o gesto

Não uso mais “obrigado”, “até”

O som que sai não é sequer uma palavra

dessa língua

Só sai TISSA TISSA TISSA TÁ

Fiquei afásica

Depois do AVC

minha vida para/pa-ra-li-sou

Sou paciente, passiva, sujeito sem ação

Quero voltar pra mim

inventar nova comunicação

Por enquanto só sai TISSA TISSA TISSA TÁ

Fiquei afásica

Você já tentou passar um dia inteiro sem dizer qualquer palavra? A não ser que você esteja socialmente isolado ou tenha feito voto de silêncio, se você conseguir desenvolver suas atividades rotineiras sem dizer uma palavra ao longo de 24h, então isso foi uma opção e provavelmente não uma imposição. Agora imagine uma pessoa que, da noite pro dia, não seja mais capaz de usar as palavras da sua língua materna.

Para preservar a identidade da pessoa afásica, chamaremos de Liliane uma moça que, aos 33 anos de idade, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC, popularmente conhecido como derrame). Este episódio neurológico fez com que um pedacinho do hemisfério esquerdo do cérebro de Liliane parasse de receber fluxo de sangue. E isto deixou duas sequelas marcantes nela: os membros do lado direito do corpo perderam força e mobilidade e a linguagem dela foi afetada.

A perna direita arrastava na caminhada e a mão direita não segurava mais objetos (escrever com caneta ou lápis deixou de ser possível), mas isso não a impedia de digitar no celular. Perceba que Liliane conseguiu se adaptar a uma limitação do seu corpo digitando no celular com a mão esquerda.

A princípio, sua linguagem falada se reduzia a um automatismo: espontaneamente (quando não lia ou repetia palavras), ela só produzia TISSA (TÁ). Chegaram até a chamá-la de Ticiane, tão característico tinha virado o TISSA dela. “Oi, tudo bem?” “TISSA.” “Aceita mais uma fatia de bolo?” “TISSA”, Liliane procurou tratamento fonoaudiológico e entendeu que sua dificuldade não era mecânica: era a linguagem dela que estava afetada.

Gestos como descascar frutas, cortar alimentos ou desenhar algo podem estar preservados. O problema não é articulatório (localizado na boca ou na mão), mas afeta as funções da linguagem no cérebro.

Liliane procurou um grupo de extensão universitária e foi acolhida num grupo interdisciplinar em que atuavam fonoterapeutas, terapeutas ocupacionais e linguistas. Lá ela conheceu pessoas com os mais diversos tipos de afasias e seus acompanhantes. Alino grupo, ela entendeu que a afasia é uma decorrência de lesão cerebral. [...]

Há casos de pessoas com afasia que acompanham um grupo como esses por 10 anos, por exemplo. Voltar não só para a linguagem, mas para as atividades linguageiras e se sentir aceito na sociedade novamente demanda tempo e paciência. [...]

Ao saber que neologismos são palavras formadas, sobremodo, a partir das necessidades culturais, analise a formação das palavras no poema exposto no Texto 4. Assinale a alternativa com a análise CORRETA.

Alternativas
Q2643978 Português

Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 5.


A forma que enxergamos as cores muda conforme envelhecemos, diz estudo


Quando expostas ao aumento de luminosidade e da saturação cromática, as pupilas se contraem. Mas há uma diferença nesse movimento entre jovens e idosos – o que resulta em percepções diferentes da mesma cor. Isso é o que mostra um estudo publicado na revista Scientific Reports e divulgado em 22 de janeiro.

A pesquisa contou com dois grupos: um de 17 pessoas com idade média de 27,7 anos e outro de 20 indivíduos com idade média de 64,4 anos. Os pesquisadores colocaram os voluntários em uma sala com blecaute e lhes mostraram 26 cores diferentes enquanto mediam o diâmetro de suas pupilas usando uma câmera de rastreamento ocular altamente sensível. Cada tonalidade aparecia na tela por 5 segundos. Foram exibidos tons escuros, suaves, saturados e claros de magenta, azul, verde, amarelo e vermelho, além de dois tons de laranja e quatro opções de cinza. O aparelho, que captava o diâmetro das pupilas mil vezes por segundo, permitiu observar que as pupilas de pessoas idosas saudáveis se contraiam menos do que a de adultos jovens em resposta ao aumento na saturação das cores. Essa diferença foi mais acentuada em relação ao verde e ao magenta. Já mudanças na claridade ou luminosidade das tonalidades provocaram respostas semelhantes nos dois grupos.

“Esse trabalho questiona a crença antiga entre os cientistas de que a percepção das cores permanece relativamente constante ao longo da vida. Em vez disso, ela sugere que as cores desaparecem lentamente à medida que envelhecemos”, explicou Janneke van Leeuwen, do Instituto de Neurologia da University College London (UCL), na Inglaterra, em comunicado.

Os cientistas acreditam que, conforme as pessoas envelhecem, haja um declínio na sensibilidade do corpo aos níveis de saturação das cores no córtex visual primário (parte do cérebro responsável por receber, integrar e processar as informações visuais captadas pelas retinas). Pesquisas anteriores já demonstraram que essa característica também está presente em pessoas que apresentam uma forma rara de demência chamada atrofia cortical posterior (ACP), caso em que dificuldades e anormalidades com relação à percepção de cores podem ocorrer devido a um declínio na sensibilidade do cérebro a determinados tons no córtex visual primário e em suas redes. “Pessoas com demência podem apresentar alterações nas preferências de cores e outros sintomas relacionados ao cérebro visual. Para interpretar esses dados corretamente, primeiro precisamos avaliar os efeitos do envelhecimento saudável na percepção das cores", afirmou Jason Warren, professor do Instituto de Neurologia da UCL. “Portanto, são necessárias mais pesquisas para delinear a neuroanatomia funcional de nossas descobertas, já que áreas corticais superiores também podem estar envolvidas.”

Esse é o primeiro estudo a usar pupilometria para demonstrar que o cérebro se torna menos sensível à intensidade das cores conforme envelhecemos, além de complementar pesquisas anteriores que demonstram que adultos mais velhos percebem as cores menos saturadas do que os mais jovens.


Revista Galileu. (Adaptado). Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/ciencia/noticia /2024/01/a-forma-que-enxergamos-as-cores-muda-conforme-envelhecemos-diz-estudo.ghtml>

As palavras a seguir foram retiradas do texto. Analise-as e assinale a alternativa em que um dos processos de formação da palavra dada é a derivação parassintética.

Alternativas
Q2643899 Português

A partir da leitura do texto abaixo, analise o que é solicitado e responda as questões de 1 a 6.


Brasil registra mais de 1 milhão de casos de dengue em 2024; mortes chegam a 214

Com a alta de casos, sete estados (AC, GO, MG, ES, RJ, SC e SP) e o Distrito Federal declararam emergência em saúde pública por causa da dengue.


Por Mariana Garcia, g1

29/02/2024 15h53



Segundo dados do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde desta quinta-feira (29), o país registrou 1.017.278 casos nas primeiras oito semanas deste ano. No mesmo período do ano passado, o Brasil tinha 207.475 casos. Até o momento, 214 mortes foram confirmadas desde janeiro e 687 seguem em investigação. Em 2023, foram 149 óbitos entre as semanas 01 e 08.

Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), comenta que o início precoce de alta de casos, que ainda estão em ascensão, chamou atenção no comportamento da dengue neste ano.

”Nesse 1 milhão de casos nós temos uma imprevisibilidade da dengue. Tem anos que a temporada começa mais cedo e acalma mais cedo. Tem anos que a temporada vai num platô. Tem anos que você tem um pico muito grande, mas curta duração”, analisa Kfouri.

Em entrevista recente ao g1, Kleber Luz, infectologista e consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Opas para a elaboração de diretrizes estratégicas para prevenção e controle das arboviroses, também analisou o comportamento da curva de casos em 2024. "A curva está tendo uma inclinação muito positiva desde o início do ano, e isso é ruim. O gráfico deveria subir mais lentamente, e não é isso que estamos vendo. A expectativa é que a gente bata todos os recordes de dengue em 2024, já que a largada começou com alta velocidade", disse.

'Dia D'

Com a alta de casos, sete estados do país (AC, GO, MG, ES, RJ, SC e SP) e o Distrito Federal declararam emergência em saúde pública por causa da dengue. Para conter o avanço da doença, o Ministério da Saúde disse que irá implementar um "Dia D" de mobilização nacional contra a dengue, no próximo sábado, 2 de março.


Disponível em: https://g1.globo.com/saude/dengue/noticia/2024/02/29/brasil-registra-mais-de-um-milhao-de-casos-de-dengue-em-2024.ghtml/Acesso em: 03 de mar. 2024

No trecho “Tem anos que a TEMPORADA começa mais cedo e acalma mais cedo.” A palavra em destaque é formada por uma?

Alternativas
Ano: 2023 Banca: IV - UFG Órgão: UFCAT Prova: CS-UFG - 2023 - UFCAT - Administrador |
Q2641285 Português

Leia o texto a seguir.

Mãe

Mãe – que adormente este viver dorido.

E me vele esta noite de tal frio,

E com as mãos piedosas até o fio

Do meu pobre existir, meio partido

Que me leve consigo, adormecido,

Ao passar pelo sítio mais sombrio...

Me banhe e lave a alma lá no rio

Da clara luz do seu olhar querido...

Eu dava o meu orgulho de homem – dava

Minha estéril ciência, sem receio,

E em débil criancinha me tornava,

Descuidada, feliz, dócil também,

Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,

Se tu fosses, querida, a minha mãe!

QUENTAL, A. Antologia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

No verso “Do meu pobre existir, meio partido”, o vocábulo destacado é formado pelo mesmo processo de formação de que resulta a palavra destacada em:

Alternativas
Ano: 2023 Banca: IV - UFG Órgão: UFCAT Prova: CS-UFG - 2023 - UFCAT - Administrador |
Q2641283 Português

Textualidade é a característica fundamental dos textos, orais ou escritos, que faz com que sejam percebidos como tal. Ou seja, uma determinada sequência de palavras apresenta textualidade quando atende a condições denominadas fatores ou elementos da textualidade. Entre esses fatores está a intencionalidade, propriedade que pode ser definida como

Alternativas
Q2639347 Português

O Texto I serve de base para as questões de 01 a 03.


TEXTO I


A FAXINA CORPORAL E A MORANGOTERAPIA


Nina Lemos


01 ____ Morangoterapia é um banho de morango que promete cuidar da

pele e da alma. Por aqui, nos perguntamos: quem tem tempo (e dinheiro)

para isso?

____ Uma coisa que não falta no momento é terapia. A mulher

05 contemporânea faz terapia para tudo. Para aprender a dirigir, para perder

o medo de dirigir, para conseguir engravidar, para perder as gorduras

depois que engravidou. E existe todo tipo de terapia. Mas a gente ainda

se surpreende nesta vida. Por isso, demos boas gargalhadas quando

recebemos um release (o material de divulgação usado pelas

10 assessorias de imprensa) com o seguinte título: “Morangoterapia destaca

benefícios do morango”.

Na hora, nos imaginamos sentadas em um divã conversando com

um morango gigante. Mas não é nada disso. Segundo a tal assessoria,

“o morango é doce e suculento e uma das frutas mais apreciadas pelos

15 brasileiros”. E o que isso tem a ver com terapia?

Bem, o morango também é rico em vários nutrientes, por isso, a

tal clínica desenvolveu todo um tratamento à base de morangos.

Segundo eles, tomar uns banhos de morango e passar uns cremes feitos

com a fruta no rosto promove “uma verdadeira faxina corporal”.

20 ____ Bem, a pessoa deve sair da tal morangoterapia se sentindo um

morango ambulante. E, nos perguntamos, sinceramente, quem tem

tempo (e dinheiro) para essas coisas? Quando estamos estressadas,

além das nossas terapias normais, preferimos fazer:

• Unha terapia – Fazer a unha, simples assim. Dá uma sensação

25 de ordem na vida.

• Fofocaterapia – Você esquece de coisas importantes, como

“quem sou eu, para onde vou” e se foca em coisas mundanas.

• Carasterapia – Uma ex-diretora de arte da Tpm dizia que ler a

Caras era melhor do que meditar. Não sabemos se é melhor. Mas que

30 relaxa relaxa.


P.S. Na hora em que a autora colocava um ponto-final neste texto,

ela recebeu um outro release com o título: “Abacaxi é aliado contra a

tristeza”. É verdade. A gente jura.


Disponível em: https://https://revistatrip.uol.com.br/tpm/a-faxina-corporal-e-a-morangoterapia. Acesso em: 20 set. 2022

Quando uma palavra é formada pela combinação de dois radicais, chamamos a esse processo de composição. No Texto I, esse processo ocorre com a palavra “morangoterapia”. Sobre o processo de formação de palavras, é CORRETO afirmar que:

Alternativas
Q2638847 Português

Sexismo linguístico


Antes de entender o movimento por uma linguagem neutra ou inclusiva, é preciso argumentar por que a linguagem do dia-a-dia não pode ser chamada de inclusiva. Segundo a professora Raquel Freitag, existe uma concepção de que a língua é sexista. “Uma língua não existe senão em uma sociedade. Se a sociedade é sexista, como o é a nossa, a língua apenas reflete esse sexismo”, explica. Nesse sentido também discursa Guilherme Ribeiro Colaço Mäder em seu artigo “Masculino genérico e sexismo gramatical”.

No português, assim como na grande maioria das línguas do mundo, o masculino é considerado o gênero não marcado, aquele utilizado como genérico para se referir a um grupo de várias identidades. Em oposição, o gênero feminino é considerado marcado, ou seja, só remete a pessoas que se identificam com o pronome feminino. Porém, como é avaliado no artigo, a própria convenção do masculino genérico é um reflexo do machismo na sociedade e, por isso, caracteriza um “falso” neutro.

Apesar disso, é comum o uso do feminino genérico em determinadas situações, principalmente de maneira pejorativa. Enquanto “médicos”, no masculino, é usado genericamente, “enfermeiras”, no feminino, tem sentido genérico. Isso também acontece com as palavras “executivo” e “secretária”, por exemplo. O comum, nessas situações, é que profissões consideradas mais importantes são referidas no masculino, enquanto outras, desvalorizadas, são expressas no feminino, reforçando estereótipos.

Na manchete do artigo publicado na Istoé, Enfermeiras e médicos, os ‘heróis’ da batalha contra o novo coronavírus, apesar do masculino ser usado como genérico para as palavras “médicos” e “heróis”, o termo feminino “enfermeiras” foge à regra e também é utilizado como genérico.


(Autora: Sarah Rabelo. Disponível em https://blogfca.pucminas.br/colab/linguagemneutra/)

Para criação de novas palavras na Língua Portuguesa, existem alguns processos de criação como derivação, composição, hibridismo, onomatopeia e abreviação. Marque a alternativa que contém uma opção com exemplo de palavra advinda do hibridismo:

Alternativas
Q2638481 Português

Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.


Os atrativos da formação técnica profissionalizante


Por Sônia Christo Aleixo Brito e Talisson de Sousa Lopes

.

1 ............O ensino é fundamental para a formação de um bom profissional. É através dos estudos que

2 o aluno obtém conhecimento e prática para enfrentar os desafios da carreira. São várias opções

3 de ensino para quem quer seguir uma profissão: cursos de graduação, técnicos e tecnólogos são

4 algumas delas. Com um período menor do que um curso superior, porém apresentando um

5 conteúdo e prática voltados diretamente para o mercado de trabalho, os cursos técnicos

6 ganharam espaço entre os alunos que buscam uma carreira profissional, mas não querem

7 esperar tanto tempo para começar a trabalhar. Há muito tempo, o ensino superior não é o único

8 caminho para o desenvolvimento de uma nova carreira. Hoje, os cursos técnicos qualificam os

9 estudantes em diversas habilidades técnicas, acadêmicas e de empregabilidade.

10 Independentemente de o estudante desejar seguir para uma faculdade ou para um emprego,

11 esse tipo de educação o ajudará na preparação para o futuro, um futuro em que o mercado de

12 trabalho estará cada vez mais exigente, competitivo e mutável. A certificação técnica é um

13 grande chamariz para qualquer currículo. Os cursos técnicos têm duração média de um ano

14 meio, o que garante um acesso mais rápido a um diploma em diversas áreas que apresentam

15 carência de profissionais. A educação técnica também pode ser realizada durante o ensino médio

16 ou logo após a sua conclusão. Com isso, quem busca um curso técnico demonstra que se

17 preocupa com a sua carreira, estando disposto a gastar tempo, dinheiro e esforço para maximizar

18 os seus conhecimentos, habilidades e competências.

19 O investimento em educação profissional é imprescindível para o aumento da competitividade

20 do país, para a retomada do crescimento da economia num ritmo mais vigoroso e para a criação

21 de melhores oportunidades de emprego. A qualificação técnica adequada se torna ainda mais

22 importante no momento em que uma série de adaptações são exigidas das empresas e dos

23 trabalhadores. O ensino técnico permite que os estudantes sejam protagonistas de seu futuro,

24 com a escolha do caminho que mais atenda às suas necessidades. Com a recente reforma do

25 ensino médio, iniciou-se um longo processo para alinhar o sistema educacional às melhores

26 experiências internacionais, com a flexibilização e a diversificação do currículo regular. Nações

27 desenvolvidas perceberam essa necessidade há muito tempo e partiram na frente, investindo

28 pesadamente em educação profissional. Os países da União Europeia têm, em média, 50,4% dos

29 estudantes do ensino médio também matriculados em cursos profissionalizantes. Na Áustria,

30 esse coeficiente é de 69,8%; na Finlândia, de 70,4%. No Brasil, o indicador é de apenas 11,1%,

31 proporção que dificulta a inserção dos brasileiros no mercado de trabalho.

32 A formação técnica tem claros efeitos na renda. Um curso profissionalizante pode ser o

33 primeiro passo de um plano de carreira que não exclua a obtenção de um diploma universitário.

34 Para alguns jovens, a inserção rápida no mercado de trabalho é o passaporte para a conquista

35 da cidadania e a continuação dos estudos. A educação profissional no Brasil é uma das principais

36 apostas para melhoria da competitividade da indústria brasileira.

37 Diante dos desafios que temos pela frente, urge preparar jovens e adultos para um mercado

38 em profunda mutação tecnológica e de cultura organizacional. A educação profissional deve ser

39 vista como fator de desenvolvimento e fortalecida como um investimento do país no futuro. Os

40 cursos técnicos podem transformar a vida de um jovem. Com eles, o aluno pode conquistar seu

41 espaço e abrir várias portas no mercado de trabalho. As escolas técnicas oferecem uma grande

42 variedade de cursos técnicos para quem sonha ingressar no mercado com rapidez e qualidade.

43 Um dos grandes benefícios que o curso técnico pode trazer é o aluno aprender a profissão, já

44 que o conteúdo será voltado para a área profissional e suas principais funções. Com essas

45 qualificações, ele ganha experiência e tem mais facilidade de entrar no mercado de trabalho.


(Disponível em: chromeextension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2021/– texto adaptado especialmente para esta prova).

O termo “trabalhar” é decorrente do processo de formação de palavras denominado derivação:

Alternativas
Q2637818 Português

Manuelzão e Miguilim


João Guimarães Rosa


(...)


Campo Geral


Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-doFrango-d'Água e de outras veredas sem nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutúm. No meio dos Campos Gerais, mas num covoão em trecho de matas, terra preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete, havia saído dali, pela primeira vez: o Tio Terêz levou-o a cavalo, à frente da sela, para ser crismado no Sucuriju, por onde o bispo passava. Da viagem, que durou dias, ele guardara aturdidas lembranças, embaraçadas em sua cabecinha. De uma, nunca pôde se esquecer: alguém, que já estivera no Mutúm, tinha dito: ― "É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte; e lá chove sempre..." Mas sua mãe, que era linda e com cabelos pretos e compridos, se doía de tristeza de ter de viver ali. Queixava-se, principalmente nos demorados meses chuvosos, quando carregava o tempo, tudo tão sozinho, tão escuro, o ar ali era mais escuro; ou, mesmo na estiagem, qualquer dia, de tardinha, na hora do sol entrar. — "Oê, ah, o triste recanto..." — ela exclamava. Mesmo assim, enquanto esteve fora, só com o tio Terêz, Miguilim padeceu tanta saudade, de todos e de tudo, que às vezes nem conseguia chorar, e ficava sufocado. E foi descobriu, por si, que, umedecendo as ventas com um tico de cuspe, aquela aflição um pouco aliviava. Daí, pedia ao tio Terêz que molhasse para ele o lenço; e tio Terêz, quando davam com um riacho, um minadouro ou um poço de grota, sem se apear do cavalo abaixava o copo de chifre, na ponta de uma correntinha, e subia um punhado d'água. Mas quase sempre eram secos os caminhos, nas chapadas, então tio Terêz tinha uma cabacinha que vinha cheia, essa dava para quatro sedes; uma cabacinha entrelaçada com cipós, que era tão formosa. — "É para beber, Miguilim..." — tio Terêz dizia, caçoando. Mas Miguilim ria também e preferia não beber a sua parte, deixava-a para empapar o lenço e refrescar o nariz, na hora do arrocho. Gostava do tio Terêz, irmão de seu pai.

(...)


João Guimarães Rosa MANUELZÃO E MIGUILIM (Corpo de baile) Editora Nova Fronteira, 11ª edição, 2001 Capa: Victor Burton Ilustrações: Poty ISBN 978- 85-209-1177-8 Digitalização: SCS


Fonte: https://elivros.love/livro/baixar-livro-manuelzao-e-miguilim-joao-guimaraes-rosa-em-epub-pdf-mobi-ou-ler-online

Levando em conta os aspectos gramaticais e linguísticos presentes no texto Manuelzão e Miguilim (fragmento), assinale a única alternativa incorreta.

Alternativas
Q2635668 Português

Considere o discurso a seguir, proferido na Câmara dos Deputados, em homenagem póstuma ao presidente americano John Kennedy, para responder as próximas questões.


"Foi como se uma luz se tivesse apagado, de repente, no mundo. Foi como se uma noite de angústia e de soturnos íncubos tivesse baixado, repentinamente, sobre a face da Terra. Foi como se um pesadelo e uma delirante alucinação tivesse, inesperadamente, dilacerado nas suas garras de loucura o coração de milhões de homens. Eram aquelas horas mansas e preguiçosas, quando a tarde escorre, plácida, para os braços do crepúsculo, velho e cansado porteiro da noite; mas aquele dia, a noite se antecipou. la descer primeiro sobre os corações; depois, sobre o mundo. A noite com o seu mistério, a noite com os seus fantasmas, a noite com o seu pavor, a noite com a sua mentira, a noite com as suas armadilhas sagazes e as suas emboscadas traiçoeiras, a noite com os seus laços bem urdidos e os seus venenos sutis, com os seus gritos solitários e os seus uivos lancinantes, a noite que gela o coração e acoberta o crime, a noite que atrai vítima desprevenida e empresta à morte o seu regaço de sombra para a solerte tocaia; aquele dia, a noite chegou inesperada, trazendo no seu bojo a gargalhada sinistra que, num átimo - num átimo quase eterno, num átimo que fixou o tempo e estancou o fluxo da história -, ecoou pelos quatro cantos do mundo, como que desafiando a mais tenaz capacidade de crer, zombando da mais desesperada esperança e deixando escorrer a baba envenenada do ódio inimaginável, do ódio que se julgara proscrito, para sempre, da conveniência humana. Com os olhos vendados pela súbita escuridão e velados pelas primeiras lágrimas que nenhuma força humana consegue reter, homens e mulheres de todas as raças e de todas as crenças tentaram agarrar-se a alguma coisa que lhes permitisse não crer, que desmentisse as palavras sinistras que, àquela hora, já se atropelavam nas asas das ondas velozes por sobre montanhas e mares, cidades e vales, até a última fronteira do mundo. Mas, ai de nós, a verdade temida, a verdade terrível, a verdade jamais pressentida, era, desgraçadamente, a verdade verdadeira. A milhares de quilômetros, numa cidade embandeirada em festa, entre flores e aclamações, entre os gritos dos peões na pradaria sem fim, ao cheiro acre do petróleo brotando aos borbotões do solo esturricado, alguém fechara a derradeira porta à compreensão e à fraternidade, e uma janela se abrira ao ódio assassino, covarde e desvairado. Sobre ela a morte se debruçara paciente e tranquila, fria e calculada. Como quem sabe que a presa não lhe fugirá. Como quem não tem pressa, porque conhece a sua hora. Como o caçador previdente a quem o instinto não engana e sabe que a flecha da sua aljava é ligeira, e certeiro seu olho experimentado. Como o encenador que prepara a tragédia para que o herói caia, entre o céu e a terra, ao som das tubas gloriosas, ao rufar de místicos tambores, ante o espanto da multidão colhida de surpresa e as vozes do coro que justifica, soturno, a catástrofe."


(Deputado Padre Godinho, Homenagem póstuma a John Kennedy, 1963, com adaptações).

No trecho que se inicia com "A noite com o seu mistério ... ", o autor repete várias vezes a expressão "a noite com". Tal recurso estilístico é característico de uma figura de linguagem, a qual é denominada:

Alternativas
Q2635524 Português

Atenção: Leia o texto abaixo para responder às questões de números 6 a 10.


Luís Bernardo Honwana é um dos precursores da literatura moçambicana e um dos maiores intérpretes da moçambicanidade. Quando tinha 22 anos, em 1964, fez publicar uma obra seminal e fundadora da moderna ficção moçambicana - Nós Matamos o Cão Tinhoso. O início desta obra é um dos mais belos que se podem cotejar entre nós: "O Cão Tinhoso tinha uns olhos azuis que n/lo tinham brilho nenhum, mas eram enormes e estavam sempre cheios de lágrimas, que lhe escorriam pelo focinho. Metiam medo aqueles olhos, assim tão grandes, a olhar como uma pessoa a pedir qualquer coisa sem querer dizer".

O Jovem autor de Nós Matamos o Cão Tinhoso redigira uma nota biográfica Igualmente singular: "Não sei se sou realmente escritor. Acho que apenas escrevo sobre coisas que, acontecendo à minha volta, se relacionem Intimamente comigo ou traduzam fatos que me pareçam decentes. Este livro de histórias é o testemunho em que tento retratar uma série de situações e procedimentos que talvez interesse conhecer".

A realidade que estas histórias narram ultrapassa, em muito, a circunstância da mera biografia. Estes textos denunciavam, de forma resoluta e corajosa, uma realidade social profundamente injusta e desigual. Textos breves, quase todos, à exceção daquele que nomeia o volume. Este livro é uma surpreendente obra literária e é um libelo acusatório virulento. Provavelmente, a grande literatura seja Isso mesmo: a combinação entre as faculdades da arte em si e o poder de esta nos Interpelar com a realidade que ilustra ou denuncia.


(Disponível em: https://opais.co.mz. Adaptado)

Um sufixo é um afixo que se acrescenta ao final de uma palavra para formar novas palavras. O substantivo formado por sufixação a partir de um outro substantivo está sublinhado em:

Alternativas
Respostas
181: E
182: E
183: E
184: C
185: C
186: E
187: C
188: C
189: C
190: D
191: C
192: B
193: C
194: B
195: B
196: A
197: B
198: C
199: A
200: C