Questões de Concurso
Sobre intertextualidade em português
Foram encontradas 487 questões
Manual de Procedimentos para Assessorias em Santa
Catarina (com adaptações).
Com base no texto e em seus aspectos linguísticos, julgue o item.
O trecho “Em geral acontecem por descuidos mais primários como entorses por tropeçar” (linhas 38 e 39) pode ser substituído por Em geral, acontecem por descuidos mais primários como entorses por tropeçar, sem prejuízo para a correção gramatical ou para o sentido do texto.
TEXTO I
No térreo do instituto, há uma sólida lareira em granito cinza-chumbo. Gravada na pedra, uma inscrição em escrita antiga que um amigo sueco decifrou para mim com alguma dificuldade: "A mente não alcança além da palavra". Uma forma elegante de afirmar que aquilo que não conseguimos explicar aos demais não sabemos realmente.
TEXTO II

Pela utilização de ideias de textos já existentes e pelo diálogo que os dois textos realizam com outros textos-fonte, é correto afirmar que ambos, cada um à sua maneira, exemplificam uma forma de
“A intertextualidade na obra de Bakhtin é, antes de tudo, a intertextualidade ‘interna’ das vozes que falam e polemizam no texto, nele reproduzindo o diálogo com outros textos”. (FIORIN & BARROS, 2003, p. 4)
As afirmações a seguir se referem ao conceito de intertextualidade, EXCETO quando declara que ela
Observe as imagens abaixo.
Figura 1: Capa do livro “O pequeno príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry (1943).
"O Pequeno Príncipe", de Saint-Exupéry, completa 70 anos. Terra, 6 de abril de 2013.
Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/opequeno-principe-de-saint-exupery-completa-70- anos,a8a2b99cecbdd310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html.
Acesso em: 18 dez. 2021.
Figura 2: Tirinha “O pequeno vergonhoso” (tradução livre) (2021).
ITURRUSGARAI, Adão. A vida como ela yeah. Folha Cartum, 24 de novembro de 2021. Disponível em: http://f.i.uol.com.br/folha/cartum/images/2132714.jpeg.
Acesso em: 18 dez. 2021.
Analisando-se os dois textos apresentados, percebe-se que o segundo traz elementos do primeiro. A esse fenômeno textual dá-se o nome de:
Observe a composição do trecho da canção “O último xote do ano” apresentado abaixo.
“Moça pra mim cê é final de libertadores
Uma obra-prima um Auto da Compadecida
Foguetes pra Nossa Senhora Aparecida
García Márquez, Gaza, Gozo, Gasolina
Moça bonita eu te quero todavia”
(Fi Barreto. O último xote do ano. 2021.)
A intertextualidade é estabelecida, nesta canção, por meio
do uso da figura de linguagem denominada:
Texto.
AFINIDADE
Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem a todo e qualquer tempo. A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.
Quando realmente há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação no exato ponto em que foi interrompido. Retoma também o diálogo, a conversa, o afeto.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.
É muito raro ter afinidade.
Mas quando existe não se precisa de códigos verbais para se expressar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
Afinidade é jamais "sentir por".
Quem "sente por", confunde afinidade com masoquismo, mas quem "sente com", avalia sem se contaminar.
(...)
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retornar à relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas ou tiradas pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.
Do livro: "Alguém que já não fui" Artur da Távola, pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros - Adaptado Fonte: https://www.contandohistorias.com.br/cgi-bin/ch.cgi
No trecho: “Quando realmente há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação...”, a vírgula foi empregada para:
Texto 2 para as questões 36 e 37.
Com licença poética
Adélia Prado
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra
homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Disponível em https://wp.ufpel.edu.br/
Compare “Com licença poética” de Adélia Prado com a primeira estrofe do “Poema de Sete Faces” de Carlos Drummond de Andrade.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
(Carlos Drummond de Andrade)
É percebível, no próprio título do poema “Com licença poética”, que Adélia Prado estabelece um diálogo com “Poema de sete faces” de Carlos Drummond de Andrade, ao anunciar um pedido de licença para entrar no universo drummoniano.
O recurso presente nessa intertextualidade pode ser considerado:
Os textos a seguir tratam do diálogo entre textos.
Texto I
Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Disponível em: <https://www.pensador.com/frase/Mzk0MDY/>. Fragmento.
Texto II
Nada foi como antes depois do 'Clube da Esquina', que completa 50 anos
Da esquerda para a direita: Lô Borges e Milton Nascimento. Alaíde Costa, Fernando Brant, Márcio Borges, Wagner Tiso e Nelson Ângelo. Em pé: Ronaldo Bastos, Toninho Horta, Beto Guedes, Tavito e Robertinho Silva.
Bituca era amigo de Fernando e Márcio, irmão de Lô, que tinha uma banda com Beto, que amava os Beatles. Bituca foi para o Rio e conheceu Ronaldo, que ainda não tinha entrado na história – mas que, ao lado de Bituca, Lô, Márcio e Fernando, e, também, de Wagner, Toninho, Nelson, Tavito e tantos outros, fez história ao participar da criação de um dos marcos da música brasileira.
Lançado em março de 1972, o disco “Clube da Esquina”, idealizado por Milton Nascimento, o Bituca, em parceria com o então novato Lô Borges, completa 50 anos sendo tudo o que ele consegue ser: expressão maior do talento e invenção de um grupo de amigos que deixou o coração bater sem medo.
Estado de Minas, Cultura, 06 mar. 2022.
Avalie as afirmações sobre os textos.
I – A intertextualidade se realiza no Texto II por meio da paródia, pois se identifica nele uma releitura crítica, jocosa dos versos-fonte (Texto I).
II – A leitura do primeiro parágrafo do Texto II dá a entender que todo texto se origina de outros textos; portanto, todos os textos são, em última análise, intertextos.
III – O Texto I (nos três primeiros versos) e o Texto II (no primeiro período), cada um a seu modo, apresentam uma pequena narrativa linear cuja organização se dá por meio de orações com a mesma estrutura sintática – subordinadas adjetivas – que constrói elos de significação entre as personagens.
Está correto apenas o que se afirma em
A tirinha a seguir tem como personagem D. Anésia, criação do cartunista paranaense Will Leite.
Disponível em: <https://armazemdecultura.wordpress.com/2014/07/22/humor-e-ironia-no-will-tirando/>.
Avalie o que se afirma sobre os aspectos morfossintáticos e o fenômeno do diálogo entre textos.
I – As palavras “atrás” e “só” foram acentuadas pelo mesmo motivo: ambas são oxítonas terminadas em vogal, seguida ou não de “s”.
II – O registro formal como também o informal da escrita padrão estão presentes nos dois últimos quadrinhos com o emprego de uma variante linguística típica da oralidade.
III – A crase é de rigor diante de verbos, de acordo com o padrão culto da língua; portanto, na frase “...prometo que a deixo passar...” há um erro de revisão, pela ausência do respectivo acento grave.
IV – O texto da tirinha é uma releitura do conto “A velha contrabandista”, de Stanislaw Ponte Preta; trata-se de um exemplo de intertextualidade, fenômeno responsável por referenciar conteúdos e formas de textos para produzir um novo texto.
V – O prefixo “contra” é um elemento formador de palavras cujo significado se relaciona às ideias de "contrário, em oposição", como na palavra “contrabando” que, segundo o Novo Acordo Ortográfico, deveria ser escrita com hífen: “contra-bando”.
Está correto apenas o que se afirma em
Texto para as questões 26 a 30
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(https:lrosearaujocartum.blogspot com/search/label/Ovelha%20Negra)
O uso de máscaras pelas ovelhas constitui elemento não verbal que, aliado ao termo “pandemia”, aponta para um dos elementos da textualidade. Assinale-o.
Textos para as questões 21 a 25
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(Rodrigo Zoom. https:/www flickr.com/photos/rodrigozoom/3841392332/in/photostream/)
Só é possível entender a intenção de humor no segundo quadrinho com base em uma informação
Texto para as questões 21 a 25
(Rodrigo Zoom. https:/www flickr.com/photos/rodrigozoom/3841392332/in/photostream/)
Só é possível entender a intenção de humor no segundo quadrinho com base em uma informação
Texto para as questões 1 a 20
Perdemos nossas casas em Alcântara para ricaços brincarem de astronautas
1 _____ Em noites escuras, quem se embrenha mato adentro no Quilombo de Canelatiua sente-se como se estivesse caminhando
2 no espaço. Os vaga-lumes ao redor e as estrelas no céu causam a sensação. Nossos ancestrais chegaram aqui da Africa; não
3 vieram de foguete, mas em navios negreiros.
4 _____ Apesar disso, fizeram da região de Alcântara (MA) sua terra. Ainda assim, somos tratados como ETs: só soubemos pelos
5 jornais que a base de lançamentos instalada em nosso lar pode servir de espaçoporto para turismo espacial. Imagine perder sua
6 casa para ricaços brincarem de astronauta?
7 _____ A Virgin Orbit, empresa que pertence ao conglomerado do bilionário inglês Richard Branson, conseguiu em junho licença
8 para operar no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Seu avião de fuselagem dupla, do qual são lançadas as naves, vai
9 decolar de sua pista.
10 _____ É o mesmo usado por outro braço da empresa, a Virgin Galactic, que cobra US$ 450 mil (cerca de R$ 2,4 milhões) para quem
11 quer bancar o Luke Skywalker. Tememos por nosso futuro próximo pela forma como temos sido tratados desde um passado não
12 tão distante assim.
13 _____ O Território Étnico de Alcântara, no Maranhão, começa a se formar no final do século 19, com o abandono das terras por
14 seus proprietários. Ele foi certificado como remanescente de quilombo em 2004, pela Fundação Cultural Palmares. Legalmente,
15 porém, sua existência é reconhecida desde 1856, quando obteve um registro na freguesia de São João de Cortes.
16 _____ Consta, ainda, uma doação feita por Theofilo José de Barros, registrada no cartório de 1º. Ofício de Alcântara, em 1915. O
17 CLA foi criado nos anos 1980; naquela época, mais de 300 famílias de 24 comunidades do litoral foram removidas para o interior.
18 _____ O impacto social foi enorme, já que a pesca é o nosso principal meio de subsistência. Não é possível, contudo, mensurá-lo
19 com exatidão, assim como os danos causados à natureza, já que a base funciona sem nenhum estudo ou licença ambiental.
20 _____ O CLA é um porto pirata. Não há informações públicas oficiais sobre que tipos de combustível são usados ou componentes
21 quimicos lançados no meio ambiente. Da mesma forma, o Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara (Mabe) só
22 pode fazer estimativas de quantos de nós ainda perderão seus lares. Acontecimentos recentes indicam que cerca de 800 famílias
23 e 30 quilombos estão ameaçados.
24 _____ No fim de 2019, o CLA foi cedido aos norte-americanos. O contrato prevê a possibilidade da ampliação de suas instalações
25 sobre o território quilombola. Em 27 de março de 2020, o governo quis remover 792 famílias de 27 comunidades, durante o pico
26 da pandemia.
27 _____ A medida só foi definitivamente revogada em dezembro passado, quando uma denúncia enviada à Comissão Interamericana
28 de Direitos Humanos da OEA em 2001, referente aos despejos dos anos 1980, foi alçada a uma instância superior, a Corte
29 Interamericana de Direitos Humanos.
30 ____ Em 2011, o WikiLeaks revelou que os EUA não admitiam que desenvolvêssemos tecnologia para fabricar foguetes. Não
31 somos só nós que temos a perder; a própria soberania nacional pode ir para o espaço.
(Danilo Serejo, Quilombola de Alcântara (MA) e membro do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara (Mabe). Folha de S. Paulo,
hitps:/Awww. folha uol. com.br/opiniaa/2022/07/perdemos-nossas-casas-em-alcantara-para-ricacos-brincarem-de-astronautas.shtml)
É o mesmo usado por outro braço da empresa, a Virgin Galactic, que cobra US$ 450 mil (cerca de R$ 2,4 milhões) - para quem quer bancar o Luke Skywalker. Tememos por nosso futuro próximo pela forma como temos sido tratados desde um passado não tão distante assim. (linhas 10 a 12)
Em relação ao segmento acima, as referências comparativas com Luke Skywalker, personagem da saga Star Wars, constituem, para o pleno entendimento do trocadilho do último período, uma leitura baseada em
Leia os textos abaixo:
Texto 1
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorgeiam
Não gorgeiam como lá.
Gonçalves Dias
Texto 2
Canto de Regresso à Pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá.
Oswald de Andrade
Texto 3
Europa, França e Bahia
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Como era mesmo a “Canção do Exílio”?
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
Carlos Drummond de Andrade
Analise as afirmativas abaixo sobre os textos apresentados.
1. Os três textos marcam a intertextualidade, em que o texto 2 faz uma paródia do texto 1.
2. O texto 2 e 3 possuem trechos de paráfrase do texto 1.
3. Não há relação entre os três textos, porque tratam de temáticas diferentes.
4. O texto 3 está parodiando o texto 1.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
UM ABRAÇO EM PELÉ
1 Eu ainda não tive o prazer de lhe ser apresentado, meu caro Pelé, mas agora, com o fato de termos sido condecorados juntos pelo governo de França - você no grau de Cavaleiro e eu no de Oficial: e mais justo me pareceria o contrário - vamos certamente nos conhecer e tornar amigos. Ninguém mais que você merece tão alta distinção, sobretudo por ter sido conferida espontaneamente - pois ninguém mais que você tem levado o nome do Brasil para fora de nossas fronteiras. Da Sibéria à Patagônia todo mundo conhece Pelé; e eu estou certo de que você entraria fácil na lista das dez personalidades mais famosas de nossos dias.
2 Não posso disfarçar o orgulho que a condecoração me causa, embora seja, de natureza, avesso a honrarias; e orgulho tanto maior porque nela estamos juntos: preto e branco (as cores do meu Botafogo!) e também as cores irmãs de nossa integração racial. Sim, caro Pelé, nós representamos, em face da comenda que nos é conferida, o Brasil racialmente integrado, o Brasil sem ódio e sem complexos, o Brasil que olha para o futuro sem medo porque, apesar dos pesares, é bom de mulher, bom de música, bom de poesia, bom de pintura, bom de arquitetura e bom de bola. Particularmente por isso considero-me feliz de estar a seu lado no momento em que nos colocarem no peito a condecoração.
3 Que você tenha sido distinguido pela Ordem Nacional do Mérito da França nada me parece mais natural. A França sempre deu um alto valor ao gênio, e você, meu grande Pelé, é um gênio completo, porque o seu futebol representa um reflexo imediato de sua cabeça nos seus pés. Eu não sou gênio, não. Eu tenho que pensar um bocado para que a mão transmita direito o que a cabeça lucubrou. Meus gols são mais raros que os seus. Você é com justa razão chamado o Rei. Quanto a mim, que rei sou eu?
4 Mas nada disso turva a satisfação que sinto em ser o seu Coutinho nesta nova investida do Brasil na área internacional. Parabéns, meu caro Pelé. Parabéns e o melhor abraço aqui do seu irmãozinho!
Disponível em: https://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/prosa/um-abraco-em-pele
Uma das estratégias argumentativas utilizada pelo autor para justificar a genialidade de Pelé se deu por meio de:
Sócrates e as redes sociais
1 Esses dias eu li um artigo que fala sobre a relação entre a história de Sócrates e o nosso comportamento nas redes sociais. Parece meio estranho, mas a ideia é que ele tinha uma postura em relação à moral semelhante ao que muita gente quer ter hoje em dia.
2 Sobre Sócrates, o que a gente sabe dele vem do principal discípulo, que foi Platão. Em um diálogo chamado “Apologia de Sócrates”, Platão fala do processo que levou Sócrates a ser condenado à morte por envenenamento. De acordo com Platão, Sócrates contou que um amigo dele, Querefonte, foi ao Oráculo de Delfos e perguntou quem era o homem mais sábio. O oráculo respondeu que era Sócrates. E Sócrates ficou assustado quando soube disso, porque ele era homem simples, filho de uma parteira e de um artesão, e trabalhava como artesão, assim como o pai. Não existia nada de especial em Sócrates e ele mesmo não via motivo algum para que fosse considerado o homem mais sábio. Por conta disso, Sócrates passa a procurar alguém mais sábio do que ele ‒ e de acordo com ele mesmo ‒ não encontra. Pode parecer só uma falta de modéstia, mas a questão aqui é a distinção entre sabedoria e inteligência.
3 Sócrates encontra, naturalmente, pessoas mais inteligentes do que ele, artistas, políticos, poetas… Mas o problema é que essas pessoas acreditavam que já sabiam de tudo, ou que o que sabiam bastava. E é por isso que Sócrates conclui que nenhum deles era mais sábio. No entanto, Sócrates entende que o deus Apolo, por meio do Oráculo, não queria exaltar a sabedoria dele, mas sim mostrar que nenhum homem é sábio, mas todos podem buscar a sabedoria, todos podem ser filósofos. E, lembre, filosofia é “amor à sabedoria” e não simplesmente “sabedoria”. É justamente daí que vem a famosa frase paradoxal utilizada por Sócrates: “Só sei que nada sei”.
4 Sócrates é mais sábio porque ele pelo menos é capaz de reconhecer a ignorância e de ir em busca da verdade. Mas ele não sabe tudo. Então, se coloca na posição de perguntar, de questionar, de colocar contra a parede aqueles que acham que sabem. E é aqui que a analogia do texto, entre Sócrates e as redes sociais, faz sentido.
5 Quando estamos no YouTube, Twitter, Instagram ou qualquer outro desses serviços de redes sociais, tendemos a observar e condenar as atitudes alheias. Como se fôssemos Sócrates, vamos apontando os defeitos e as falhas dos outros como se estivéssemos fazendo um grande bem à humanidade. Desde as discussões mais sérias até as mais banais, estamos lá, questionando o saber alheio, mostrando os problemas nos argumentos, perguntando: “Você realmente sabe o que acha que sabe?”. Nada disso é errado, mas cabe uma reflexão sobre essa pretensão de verdade que nos atinge.
6 Muitos leitores de Platão acusam Sócrates de dissimulação. Por detrás da ironia, na verdade estaríamos diante de um homem que se acha superior aos outros e, que, por isso, se vê no direito de mostrar que eles estão errados, humilhando os adversários, exibindo o seu conhecimento. E, você, quando está na internet, não se sente um pouco assim?
Disponível em: https://marcosramon.net/blog/socrates-e-as-redes-sociais
“Sócrates é mais sábio porque ele pelo menos é capaz de reconhecer a ignorância e de ir em busca da verdade...” (4° parágrafo).
Em cada uma das opções a seguir é apresentada uma proposta de paráfrase para a passagem supracitada do texto. Assinale a opção em que a paráfrase proposta mantém além da correção gramatical o sentido original do texto.