Questões de Português - Morfologia para Concurso

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Q2404676 Português

Texto para as questões de 01 a 12.

s

TEXTO 1

s

Atalhos

s

Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde demora pra entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos. Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo, demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez 48. Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar sendo desperdiçado. Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer tabelas desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho do gol.

Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer, depois de uma certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se nos momentos de afeto, pra todo o resto é melhor atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.

Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e voltas, não necessitam percorrer todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.

Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.

O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.

A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.

Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para sorver um cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência para aquilo que vale nossa dedicação. Pra enrolação, atalho.

s

MEDEIROS, Martha. Atalhos, 2004.{adaptado)

Considere as palavras em destaque na seguinte passagem do texto: "[ ... ] e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos." (1°§). Elas se classificam, respectivamente, como:

Alternativas
Q2403879 Português

Texto 3 para responder às questões de 8 a 10.


Sons que confortam


1__Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um

colapso cardíaco. Só estavam os três na casa: o pai, a mãe e

ele, um garoto de 13 anos. Chamaram o médico da família.

4 E aguardaram. E aguardaram. E aguardaram.

____Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É ele

que conta, hoje, adulto:

7__— Nunca na vida ouvira um som mais lindo, mais

calmante do que os pneus daquele carro amassando as

folhas de outono empilhadas junto ao meio-fio.

10 __Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro

11 do médico se aproximando, o homem que salvaria seu pai.


MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. São Paulo: L&PM Editores, 2011.

De acordo com a função das classes de palavras utilizadas no texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q2403648 Português

Texto 5 para responder às questões de 56 a 59.


----------------------------O riso


1------Eis a verdade: — o que sustenta, o que nutre, o que

-----dinamiza o futebol é a vaidade. Vejamos o juiz. É um

-----crucificado vitalício. Seja ele o próprio Abrahão Lincoln, o

4----próprio Robespierre, e a massa ignara e ululante o chamará

-----de gatuno. Dirá alguém que ele percebe um bom salário.

-----Nem assim, nem assim. Não há dinheiro que o compense e

7----redima, nenhum ordenado que o lave, que o purifique. E, no

-----entanto, ele não renuncia às suas funções nem por um

-----decreto. Pergunto: — por que esta obstinação? Amigos, a

10---vaidade o encouraça, a vaidade o torna inexpugnável, a

-----vaidade o ensurdece para as 200 mil bocas que urram: —

-----“Ladrão! Ladrão! Ladrão!”.

13-----O mesmo acontece com o craque, com o paredro,

-----com o técnico. O futebol os projeta e pendura nas

-----manchetes, e esta publicidade histérica constitui uma delícia

16---suprema. E ninguém é modesto, ninguém. Qualquer

-----jogador, ou qualquer dirigente, ou qualquer técnico tem a

-----torva e a vaidade de uma prima-dona gagá, cheia de

19---pelancas e de varizes. Eu disse que ninguém é modesto no

-----futebol. Em tempo retifico: — há, sim, uma única e escassa

-----figura, que, no meio do cabotinismo frenético e geral,

22---constitui uma exceção franciscana. Refiro-me ao esquecido,

-----ao desprezado, ao doce massagista.

1------A imprensa e o rádio falam de tudo, numa sádica e

25---minuciosa cobertura. Jamais, porém, um locutor, um

-----repórter lembrou-se de mencionar a atuação de um

-----massagista. Ele não merece, ao menos, uma citação

28---desprimorosa. Um bandeirinha consegue ser vaiado. Não o

-----massagista, que não inspira nada: — nem amor, nem ódio.

-----Dir-se-ia que o gandula é mais importante. E, no entanto,

31---apesar da humildade sufocante de suas funções, o

-----massagista pode ser uma dessas figuras capitais, que

33---resolvem o destino das batalhas.


-----------RODRIGUES, Nelson. À sombra das chuteiras imortais: crônicas

----de futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 27 (fragmento).

No período “Não o massagista, que não inspira nada” (linhas 28 e 29), a palavra “que” tem função de

Alternativas
Q2403395 Português

Texto 2 para responder às questões 7 e 8.

-

1--------No Brasil, a partir da década de 1970, sob um forte

discurso de democratização da escola, determinante da

ampliação do número de vagas, começam as preocupações

4-_com o fracasso escolar, principalmente de grupos

minoritários, o que gerou o aumento da oferta de serviços

diferenciados para atender às diferentes demandas. Os

7--vários enfoques pedagógicos buscam então reduzir a

distância funcional na utilização conjunta dos recursos

educacionais.

10-------Nesse período, segundo especialistas na área, e sob a

influência desse modelo, surgiu uma resposta mais

contundente do poder público à questão das deficiências.

13--Em decorrência da ampliação do acesso à escola para a

população em geral, e mesmo diante das críticas

direcionadas à análise dos processos de produção do

16--fracasso escolar, assistiremos à consequente implantação

das classes especiais nas escolas básicas públicas.

------Hoje, a inclusão no sistema de ensino regular é uma

19--diretriz constitucional, e os documentos direcionam-se

especificamente para a ênfase em uma mudança de

paradigma – da integração à inclusão – e para a construção

22--de uma escola inclusiva para os diferentes níveis.

-

PAN, Miriam. O direito à diferença: uma reflexão sobre deficiência intelectual e

educação inclusiva. Curitiba: InterSaberes, 2013, com adaptações.

Com base na análise morfológica dos termos sublinhados no trecho “No Brasil, a partir da década de 1970, sob um forte discurso de democratização da escola, determinante da ampliação do número de vagas, começam as preocupações com o fracasso escolar, principalmente de grupos minoritários, o que gerou o aumento da oferta de serviços diferenciados para atender às diferentes demandas.” (linhas de 1 a 6), assinale a alternativa que indica a classificação correta.

Alternativas
Q2403351 Português

INSTRUÇÃO: Leia o a seguir para responder às questões de 1 a 6.

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A melhor vingança

-

O Vieirinha namorou durante dois anos a Xandoca; mas o pai dele, quando soube do namoro, fez intervir a sua autoridade paterna.

-

– A rapariga não tem eira nem beira, meu rapaz; o pai é um simples empregado público que mal ganha para sustentar a família! Foge dela antes que as coisas assumam proporções maiores, porque, se te casares com essa moça, não contes absolutamente comigo – faze de conta que morri, e morri sem te deixar vintém. Tu és bonito, inteligente, e tens a ventura de ser meu filho; podes fazer um bom casamento.

-

Não sei se o Vieirinha gostava deveras da Xandoca; só sei que depois dessa observação do Comendador Vieira nunca mais passou pela Rua Francisco Eugênio, onde a rapariga todas as tardes o esperava com um sorriso nos lábios e o coração a palpitar de esperança e de amor. O brusco desaparecimento do moço fez com que ela sofresse muito, pois que já se considerava noiva, e era tida como tal por toda a vizinhança; faltava apenas o pedido oficial. Entretanto, Xandoca, passado algum tempo, começou a consolar-se, porque outro homem, se bem que menos jovem, menos bonito e menos elegante que o Vieirinha, entrou a requestá-la seriamente, e não tardou a oferecer-lhe o seu nome. Pouco tempo depois estavam casados.

-

Dir-se-ia que Xandoca foi uma boa fada que entrou em casa desse homem. Logo que ele se casou, o seu estabelecimento comercial entrou num maravilhoso período de prosperidade.

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Em pouco mais de dois anos, Cardoso – era esse o seu nome – estava rico; e era um dos negociantes mais considerados e mais adulados da praça do Rio de Janeiro. Ele e Xandoca amavam-se e viviam na mais perfeita harmonia, gozando, sem ostentação, os seus haveres e de vez em quando correndo mundo. Uma tarde em que D. Alexandrina (já ninguém a chamava Xandoca) estava à janela do seu palacete, em companhia do marido, viu passar na rua um bêbedo maltrapilho, que servia de divertimento aos garotos, e reconheceu, surpresa, que o desgraçado era o Vieirinha.

-

Ficou tão comovida, que o Cardoso suspeitou, naturalmente, que ela conhecesse o pobre diabo, e interrogou-a neste sentido.

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– Antes de nos casarmos, respondeu ela, confessei-te, com toda a lealdade, que tinha sido namorada e noiva, ou quase noiva, de um miserável que fugiu de mim, sem me dar a menor satisfação, para obedecer a uma intimação do pai.

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– Bem sei, o tal Vieirinha, filho do Comendador Vieira, que morreu há três ou quatro anos, depois de ter perdido em especulações da bolsa tudo quanto possuía.

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– Pois bem, o Vieirinha ali está!

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E Alexandrina apontou para o bêbado, que afinal caíra sobre a calçada, e dormia.

-

– Pois, filha, disse o Cardoso, tens agora uma boa ocasião de te vingares!

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– Queres tu melhor vingança?

-

– Certamente, muito melhor, e, se me dás licença, agirei por ti.

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– Faze o que quiseres, contanto que não lhe faças mal.

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– Pelo contrário.

-

Quando no dia seguinte o Víeirinha despertou, estava comodamente deitado numa cama limpa e tinha diante de si um homem de confiança do Cardoso.

-

– Onde estou eu?

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– Não se importe. Levante-se para tomar banho!

-

O Vieirínha deixou-se levar como uma criança. Tomou banho, vestiu roupas novas, foi submetido à tesoura e à navalha de um barbeiro, e almoçou como um príncipe. Depois de tudo isso, foi levado pelo mesmo homem a uma fábrica, onde, por ordem do Cardoso, ficou empregado. Antes de se retirar, o homem que o levava deu-lhe algum dinheiro e disse-lhe:

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– O senhor fica empregado nesta fábrica até o dia em que torne a beber.

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– Mas a quem devo tantos benefícios?

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– A uma pessoa que se compadeceu do senhor e deseja guardar o incógnito. O Vieirinha atribuiu tudo a qualquer velho amigo do pai; deixou de beber, tomou caminho, não é mau empregado, e há de morrer sem nunca ter sabido que a sua regeneração foi uma vingança.

-

Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 27 mar. 2022.

Assinale a alternativa em que o advérbio destacado modifica uma palavra que está implícita no trecho.

Alternativas
Q2403309 Português

Considere os substantivos apresentados nos itens a seguir quanto à variação de gênero.


I. Professor, cidadão, filho.

II. Gerente, estudante, pedinte.

III. Criança, testemunha, vítima.


Nesse contexto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q2403305 Português

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 4.


Números, números, números


Há no mundo 1,35 bilhão de bois e vacas. Criamos 930 milhões de porcos, 1,7 bilhão de ovelhas e cabras, 1,4 bilhão de patos, gansos e perus, 170 milhões de búfalos. Some todos eles e temos uma população de animais quase equivalente à humana dedicando sua vida a nos alimentar – involuntariamente, é claro. E isso porque ainda não incluímos na conta a população de frangos e galinhas abastecendo a Terra de ovos e carne branca: 14,85 bilhões.

A indústria da carne é responsável por 18% das emissões de gases do efeito estufa, embora represente menos de 2% do PIB mundial. Na China o consumo anual de carne por habitante cresceu 55% em dez anos. A soja da América Latina vai na maior parte para a China. A China compra terras na África para este fim e outros alimentos.

O rendimento da produção de carne apresenta um grande desequilíbrio com relação ao dos cereais: são necessários pelo menos 7 quilos de grãos para fornecer 1 quilo de carne de vaca, 4 para 1 de carne de porco, 2 para 1 de carne de frango. As pastagens ocupam 68% das terras agrícolas (25% já degradadas) e a forragem, 35% das terras aráveis. No total, 78% das terras agrícolas são reservadas ao gado.

O Banco Mundial, aliás, informava em fevereiro de 2011 que “os preços mundiais dos alimentos estão prestes a atingir um nível perigoso e constituem uma ameaça para as dezenas de milhões de pobres em todos os continentes. Essa alta já começa a empurrar milhões de pessoas para a pobreza e a exercer pressão sobre os mais vulneráveis, que gastam pelo menos metade de seus salários com comida”.

E é na América do Sul que, ultimamente, os transtornos têm sido mais violentos. Reina no continente a pastagem em grande escala, deixando em seu rastro terras estéreis e saturadas de dejetos animais. Para adquirir mais terras, os produtores não hesitam em recorrer ao desmatamento ilegal, sobretudo no Brasil. Maior produtor e exportador de carne bovina e couro, o país domina, sozinho, 30% do mercado mundial, com 2,2 milhões de toneladas de carne exportadas por ano, principalmente para a Rússia e a União Europeia. Uma pesquisa feita pelo Greenpeace e publicada em 2009 mostra que o rebanho brasileiro – pelo menos 200 milhões de cabeças – é responsável por 80% do desmatamento da Amazônia. Isso representa10 milhões de hectares de floresta destruídos em dez anos – para enorme prejuízo dos pequenos agricultores e dos indígenas que foram e continuam sendo acossados por essas gigantescas máquinas de produção. Há quatro décadas, a ONG Survival não cessa de denunciar o massacre, pelos criadores de gado, dos índios que vivem na floresta brasileira.


Revista Manuelzão/UFMG – 2018.

Assinale a alternativa em que há um substantivo implícito no trecho.

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Q2403263 Português
Texto V


Literatura Infantil: reflexões e práticas


        A Literatura Infantil pode ser vista como uma porta de entrada para o universo maravilhoso da leitura. Para entendermos bem a importância dessa literatura na formação do ser humano, faz-se fundamental olhar para a variedade de textos que a compõem: fábulas, contos de fadas, contos maravilhosos, mitos, lendas, adaptações de grandes clássicos da literatura mundial, parlendas, trava-línguas, adivinhas, além de textos autorais narrativos e poéticos. Temos, assim, um rico material repleto de histórias, memórias, diversidade cultural, fantasia, encantamento e valores humanos.
          A escola, por seu caráter pedagógico, por vezes direciona ou prioriza a função didática dos textos direcionados à infância. Muitas das atividades pós-leitura propostas no espaço escolar ainda visam apenas uma compreensão mais literal do texto literário. Por exemplo, pergunta-se: quem a Chapeuzinho foi visitar? Que animal ela encontrou na floresta? Como ela foi salva? Essa compreensão textual é válida, mas acaba por resultar em respostas únicas, nada imaginativas. Não devemos esquecer que literatura é antes de tudo arte e, como tal, tem a função de exercitar o nosso pensamento poético – relacionado com o imaginar que é uma outra forma de pensar, sentir, perceber e conhecer o mundo e a nós mesmos. A linguagem artística é plurissignificativa, permitindo diversas interpretações, pois faz um apelo à nossa criatividade e sensibilidade. (...)
       O primeiro contato das crianças com essa literatura se dá, em geral, intermediado pela narração de um adulto; mas este, nem sempre, permite o contato físico delas com o livro, sobretudo quando são bebês. Isso acontece mesmo no ambiente escolar; entre os motivos podem estar: não querer que os livros sejam danificados ou julgar que, só a partir dos 2 anos, a criança esteja a apta para usufruir desse contato adequadamente. No entanto, o livro deve ser considerado pelos educadores como um brinquedo a ser oferecido para toda criança. Afinal, ter livros ao alcance das mãos é essencial para incentivar o interesse pela leitura.
          Existem livros especialmente produzidos para essa faixa etária do 0 aos 2 anos. Eles são feitos de material como papel cartonado, plástico ou tecido – mais resistentes à manipulação da criança – e possuem texturas, formas e cores que visam estimular o tato e a visão, alguns apresentam recursos sonoros. A proposta desse tipo de obra é estimular os sentidos e a sensibilidade do bebê que começa a realizar suas próprias leituras: olhando, colocando na boca, apertando, sentindo, cheirando, brincando. Entretanto, vale ressaltar que a criança precisa ser inserida no universo das narrativas. Por exemplo: enquanto a professora dá banho no bebê e ele manipula um livro com desenhos de animais, seria ideal que ela lhe contasse uma história ou cantasse uma cantiga associada àquelas ilustrações, que não apenas se focasse no ensino das palavras e na relação destas com figuras, mas já começasse a mostrar para a criança que o livro é um suporte para a narração e a imaginação. (...)
          O exemplo e o gesto são grandes educadores. Ler para uma criança, de qualquer idade, é fundamental para despertar sua curiosidade pelo objeto livro e pelas narrativas que ele guarda. Ler com elas também é essencial. Lembrem-se: as ilustrações podem ser lidas pelas crianças. Portanto, a leitura pode começar pela capa, quando o professor a mostra para a turma e, juntos, eles a leem e imaginam como será essa narrativa. Vamos supor que nessa capa há a ilustração de dois meninos. O professor pode, então, suscitar as primeiras inferências com questionamentos como quem são, qual a idade deles, são irmãos ou amigos, por que vocês acham que são irmãos... Logo no início da narração, podemos fazer inferências a partir do título da obra e levantar hipóteses sobre o que vai acontecer aos personagens. Podemos também parar a narração no meio e tentar adivinhar o final, para depois verificarmos se conseguimos ou não acertar – ou conversarmos sobre o final imaginado pelos alunos, se este era mais ou menos interessante que aquele dado pelo autor e por quê. Inferência e levantamento de hipóteses são técnicas de compreensão, usadas ao longo da leitura de um livro para que essa atividade seja construída coletivamente, tornando-a dinâmica, envolvente e prazerosa. (...)



Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/203-literatura-infantil-reflexoes-epraticas?highlight=WyJmb3JtYVx1MDBlN1x1MDBlM28iLCJkZSIsImxlaXRvciIsImZvcm1hXHUwMGU3XHUwMGUzbyBkZSIsImZvcm1hY2FvIGRlIGxlaXRvciIsImRlIGxl
aXRvciJd
Em relação à acentuação gráfica e à ocorrência da crase nas palavras grifadas em “A escola, por seu caráter pedagógico, por vezes direciona ou prioriza a função didática dos textos direcionados à infância.”, analise os itens abaixo:

I. Em “à infância”, a ocorrência do fenômeno da crase está errada.
II. “infância” recebe acento por ser paroxítona terminada em ditongo crescente.
III. “caráter” e “infância” são paroxítonas acentuadas pela mesma regra de acentuação.
IV. “Didática” e “pedagógico” recebem acento por serem proparoxítonas terminadas em vogal.
V. O sinal grave em “à infância” foi necessário devido à regência da forma nominal “direcionados” que pede a preposição “a”.

Mediante a análise dos itens acima, assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Q2403258 Português
Texto III


O reconhecimento da cultura afro-brasileira e africana: a
obrigatoriedade da temática na Educação Básica


       O reconhecimento das contribuições dos africanos na formação do Brasil é recente. Para que os grupos étnicos africanos ganhassem visibilidade na sociedade brasileira foram necessários diversos movimentos e manifestações em prol desse reconhecimento.
         Entre as medidas legais que vêm sendo adotadas está a obrigatoriedade de tratar da cultura afro-brasileira e a história da África na Educação Básica; várias políticas de reparação, reconhecimento e valorização da população afro-brasileira vêm sendo concretizadas na sociedade contemporânea. Uma dessas ações, como já sinalizado, é a Lei n° 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira no currículo da Educação Básica no país; essa lei é importante na medida em que a sociedade brasileira se apropria e reconhece o valor da história e da cultura africana, trazida pelos escravizados para o Brasil e mantida pelos seus descendentes ao longo dos tempos.
          A Lei nº 10.639/03 altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e inclui os artigos 26-A e 79-B, que tratam da obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira no currículo escolar. No Brasil, a Lei n° 10.639/03, tem com um dos principais objetivos educar a população para as relações étnico-raciais. Essas relações dizem respeito à reeducação dos diferentes grupos étnicos e dependem de ações que priorizem trabalhos conjuntos, articulações entre processos educativos escolares, políticas públicas e movimentos sociais.
        Compreender como se estruturam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana, bem como os princípios que a norteiam, é fundamental para a inserção da temática em sala de aula, uma vez que esta vem se tornando um dos elementos essenciais para que seja refeito o caminho pelo qual se construiu uma imagem negativa dos povos africanos. A partir daí, desconstruir ideologias e mentalidades discriminatórias e preconceituosas que permeiam a sociedade contemporânea.
        No entanto, a inserção dessa lei no contexto brasileiro não é algo espontâneo. Pelo contrário, ela é resultante da atuação de políticos e, principalmente, da pressão exercida por grupos de defesa dos direitos dos negros. Ou seja, a Lei n° 10.639/03 é um produto da união de forças vindas da sociedade brasileira como o Movimento Negro, por exemplo, que ao longo da história do país apresentou inúmeras reivindicações dos direitos dos negros no Brasil. (...)


Disponível em https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/18/22/histria-dafrica-e-cultura-afro-brasileira-desafios-e-possibilidades-no-contexto-escolar.

Para se realizar a construção de um texto argumentativo, oral ou escrito, as relações de coesão são de extrema importância, a fim de que as ideias possam se interligar de modo coerente e, assim, o ouvinte/leitor possa compreender a mensagem de forma eficiente e satisfatória. Então, ao analisar os períodos a seguir, assinale a alternativa correta que identifique as respectivas circunstâncias que os operadores argumentativos estabelecem na ligação das orações:

I. “...uma vez que esta vem se tornando um dos elementos essenciais para que seja refeito o caminho pelo qual se construiu uma imagem negativa dos povos africanos.”.
II. “Para que os grupos étnicos africanos ganhassem visibilidade na sociedade brasileira foram necessários diversos movimentos e manifestações em prol desse reconhecimento.”.
III. “...essa lei é importante na medida em que a sociedade brasileira se apropria e reconhece o valor da história e da cultura africana, trazida pelos escravizados para o Brasil e mantida pelos seus descendentes ao longo dos tempos.”.
IV. “No entanto, a inserção dessa lei no contexto brasileiro não é algo espontâneo. Pelo contrário, ela é resultante da atuação de políticos e, principalmente, da pressão exercida por grupos de defesa dos direitos dos negros.”.
Alternativas
Q2403207 Português
Quanto mais difícil, melhor 









Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ ruycastro/2023/12/quanto-mais-dificil-melhor.shtml?pwg t=kye73frks3762ppiv3c8ms8agtyutnr6i2zmqyam6pqtcz 5u&utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_ campaign=compwagift. Acesso em: 20 dez. 2023.Adaptado.
A preposição “a”, presente em “E a Harold Lloyd, um dos grandes da comédia no cinema mudo americano, faltavam dois na direita”, seria obrigatoriamente permutada por outra, caso o trecho em negrito fosse reescrito da seguinte forma:
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Q2402970 Português
Texto


O envelhecer e seus impactos na sociedade



Publicado em 19/02/2024 às 06:00.
Viviane Gago*



          Quando jovens, muito comumente pensamos e sentimos que somos imortais; e não pensamos na velhice, na morte; que é bom e ruim.
         No meu atual ciclo de vida, entrei na década dos 50 anos de idade, pego-me pensando sobre o envelhecer, que como tudo possui aspectos legais e não tão legais, positivos e negativos; por isso decidi falar um pouco sobre isso este mês.
         O etarismo, também conhecido como discriminação etária, refere-se à prática de julgar ou discriminar indivíduos com base em sua idade, afeta os jovens e os mais velhos, aqui focarei mais nestes últimos.
       As causas desse fenômeno são multifacetadas e podem incluir estereótipos culturais enraizados, preconceitos sociais, a busca pela juventude idealizada, crenças como idosos não podem trabalhar, idosos são frágeis e não conseguem resolver suas necessidades básicas, os mais velhos nada têm a contribuir etc.
       O preconceito afeta a saúde mental da pessoa porque ela tende a ficar em isolamento, não se sente confortável no ambiente onde ela é basicamente rejeitada por ter mais de 60 anos de idade, isso pode inclusive levar à depressão, uma vez que a pessoa muitas vezes pode não sentir coragem de externar o que realmente pensa e sente; especialmente aqueles que têm poucos recursos.
      Enquanto jovens adultos podem receber salários mais baixos, por serem considerados menos experientes, as pessoas mais velhas podem ter problemas para conseguir promoções ou encontrar trabalho. Isso tudo afeta diretamente a dignidade dessas pessoas; pois a levam para uma má qualidade de vida.       
         Lembremo-nos de algumas leis que protegem o idoso, a exemplo do artigo 96 da Constituição Federal, que aliás muita gente desconhece e dispõe que “Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício de cidadania, por motivo de idade: Pena – reclusão de 06 (seis) meses a 1 (um) ano e multa”. Existe também o Estatuto do Idoso que o protege e há um Projeto de Lei 3.549/2023 – Câmara dos Deputados que preceitua que o etarismo é a discriminação praticada contra indivíduos ou grupos de pessoas com base em estereótipos associados à idade.           Uma das formas de combater esse preconceito etário é conscientizar a população sobre os problemas que ele pode criar, aliás desnecessariamente, pois, com relação aos mais velhos, eles possuem enorme experiência de vida, privilégio que nem todos teremos, essas pessoas podem ter uma “bagagem” que muito pode agregar em qualquer cenário pessoal e/ou mercadológico. Lembremos do filme “Um senhor estagiário”, um dos aspectos principais é a união de gerações, a ideia de que a experiência e a juventude podem coexistir e se complementar. Ben, com sua experiência e calma, se contrapõe à agitada e moderna realidade da startup de Jules.
        O fato é que, pelo menos no meu entorno, vejo as pessoas viverem por muitos e muitos anos, com uma saúde mental e lucidez invejáveis, para terem uma ideia agora dia 03/02/24 fui convidada diretamente pela aniversariante, minha tia Reny, para o seu aniversário de 95 anos de plena elegância, lucidez e sabedoria, dia 17/02/24 fui convidada para os 90 anos da Tia Maura, mãe de um amigo querido, minha sogra com 83 anos é lúcida, minha tia Neter com 94 anos, minha tia Dirce com 91 anos, cheia de opinião, bonita, arrumada, voz firme e acompanha as mídias sociais; e tudo isso pertinho de mim para testemunhar a longevidade dessas mulheres
        O nosso país, além de ter de melhorar em muitos aspectos a exemplo da educação e do combate à corrupção, da melhora da malha logística do país, precisa também criar ferramentas, meios de melhorar também a qualidade de vida dos idosos, promovendo atividades culturais, acessibilidade, cursos, grupos, programas voltados para eles, assim como outros países já o fazem há muito tempo a exemplo da Suíça, Noruega, Suécia, Alemanha dentre outros.
        Interessante abrir um parêntese para falar sobre como o idoso é visto no Japão, a velhice é sinônimo de sabedoria, a cultura do idoso oriental têm como tradição cuidar bem e reverenciar os idosos, fruto de aspectos milenares em que dignidade e respeito são valores cultuados por eles.
          Vamos parar e pensar antes de expressar frases como “Você não tem mais idade para isso”, “Você não aparenta ter essa idade”, “Depois de certa idade”, “Você está bem/ bonita para sua idade”, dentre outras; que só tem como finalidade colocar as pessoas para baixo.
         E para finalizar compartilho que essa semana em que vi meu padrinho partir com 77 anos e também celebrei os 60 anos de uma amiga querida, pude trocar com minha amiga desde a adolescência várias coisas importantes sendo uma delas a reflexão relacionada ao fato de que quanto mais avançamos na caminhada da nossa vida devemos buscar sabedoria para nos adaptar aos diferentes ciclos e momentos de nossas vidas, simplificar nossa vida como um todo inclusive avaliando sobre o que precisamos e o que não precisamos material e espiritualmente em nossas vidas e lutar para manter ao máximo nossa autonomia e independência.
        Abraços e boas reflexões para todos. Como diz Oswaldo Montenegro: “Se puder, envelheça”: .... ficar velho é sacar nossa própria desimportância”. Algo importante de pontuar em um mundo onde as pessoas têm uma vaidade, arrogância e falta de sabedoria implacáveis e destrutivas para consigo e para com os outros. 


* Advogada e consteladora pelo Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ/USP).
Disponível em https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/opiniao/o-envelhecer-e-seus-impactos-na-sociedade-1.1000415. Adaptado.
Sobre os processos de formação de palavras, assinale a alternativa que nomeia correta e respectivamente os processos sofridos pelas palavras destacadas no trecho do Texto a seguir:

“Uma das formas de combater esse preconceito etário é conscientizar a população sobre os problemas que ele pode criar, aliás desnecessariamente, pois, com relação aos mais velhos, eles possuem enorme experiência de vida, privilégio que nem todos teremos, essas pessoas podem ter uma “bagagem” que muito pode agregar em qualquer cenário pessoal e/ou mercadológico.” 
Alternativas
Q2401600 Português

O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 1 a 5.


Gigantes da tecnologia se preparam para crise econômica


O congelamento das contratações no setor de tecnologia e as previsões pessimistas representam um forte contraste à reputação tradicionalmente protegida das empresas de tecnologia. Durante a última década, essas companhias cresceram bastante, contratando dezenas de milhares de trabalhadores e acumulando enormes reservas financeiras. Os preços das ações de empresas como Amazon, Microsoft, Apple e Google seguiram em direção ao céu, dominando as bolsas de valores e enriquecendo muitos investidores.

Como algumas das empresas mais valiosas do mundo, elas também exercem grande influência nas percepções da economia, em parte devido à natureza de suas atividades, que dependem de cliques e gastos do consumidor. Qualquer queda na demanda de produtos vendidos pela Amazon, pela Tesla, ou pela Apple, assim como menos anúncios comprados no Instagram ou na pesquisa do Google, causa temores em outras esferas da economia.

Há meses o setor de tecnologia dá sinais de que os tempos de prosperidade chegam ao fim. A Amazon foi uma das primeiras gigantes da tecnologia a alertar, no início deste ano, que tinha contratado trabalhadores demais para seus armazéns e construído instalações em excesso ao antecipar uma maior demanda dos clientes que, em vez disso, começou a diminuir logo após o fim do lockdown provocado pela pandemia.


Gigantes da tecnologia se preparam para crise econômica (estadao.com.br). Adaptado.

Qualquer queda na demanda de produtos vendidos causa temores em outras esferas da economia.


Assinale a opção que contenha um substantivo e um adjetivo respectivamente. (obs.: desconsidere os elementos entre parênteses.)

Alternativas
Q2401450 Português

Assinale a alternativa em que está correta a formação do plural.

Alternativas
Q2401379 Português
Texto 1


Brusque é a quarta melhor cidade de médio porte do Brasil


Brusque é a quarta melhor cidade de médio porte do Brasil e a segunda no território catarinense. É o que aponta o Anuário da Revista ISTOÉ, que baseia a informação em pesquisa feita em todos os 5.565 municípios do país. O levantamento traz uma radiografia nacional, considerando áreas diretamente afetadas por políticas públicas: social, econômica, fiscal e digital.

Na avaliação do nível de desenvolvimento socioeconômico brasileiro, as cidades são divididas em três grupos: grande, médio e pequeno porte. Na categoria das cidades brasileiras de médio porte, Brusque ocupa a quarta colocação.

A liderança coube a outra cidade catarinense, Jaraguá do Sul. Em segundo lugar, aparece São Caetano do Sul e, em terceiro, Valinhos, ambas de São Paulo. E completa o chamado ‘top 5’ do ranking nacional, a cidade paranaense de Toledo. Todas as informações sobre a pesquisa e a íntegra do ranking vão ser conhecidos com a publicação da próxima edição da Revista ISTOÉ.

Para o prefeito Ari Vequi, a cidade de Brusque recebe com grande alegria a informação. “É motivo de muito orgulho, entre mais de cinco mil municípios do Brasil inteiro, estarmos nessa colocação”, comemora. Para ele, este reconhecimento também serve de estímulo para continuar o trabalho que é feito na cidade. “Nos anima muito a continuar fazendo o trabalho do dia a dia, porque o resultado está aí, a prova é que os índices nos elevam também a qualidade de vida da nossa população”.

Para formar o ranking, segundo a publicação, “foram considerados, ao todo, 281 indicadores relacionados às áreas social, econômica, fiscal e digital e permite hierarquizar as cidades com foco na igualdade das oportunidades entre seus habitantes”. E completa que as informações foram extraídas de fontes primárias públicas, como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Datasus, Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), entre outras.


Disponível em: https://www.brusque.sc.gov.br/noticias/brusquee-a-quarta-melhor-cidade-de-medio-porte-do-brasil-e-a-segundaem-santa-catarina-em-levantamento-de-publicacao/. Acesso em: 05 de fev 2024. Adaptado.
Assinale a afirmativa correta.
Alternativas
Q2400835 Português

Confidência do Itabirano


  1. “Alguns anos vivi em Itabira.
  2. Principalmente nasci em Itabira
  3. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
  4. Noventa por cento de ferro nas calçadas.
  5. Oitenta por cento de ferro nas almas.
  6. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
  7. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
  8. vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
  9. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
  10. é doce herança itabirana.
  11. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
  12. esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
  13. este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
  14. este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
  15. este orgulho, esta cabeça baixa...
  16. Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
  17. Hoje sou funcionário público.
  18. Itabira é apenas uma fotografia na parede.
  19. Mas como dói!”


ANDRADE, Carlos Drummond de. Confidência do itabirano. In:_____. Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967. p. 101-2.

No poema acima no verso (6)E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação”. Pode-se dizer que a origem da palavra em destaque, no processo de formação de palavras ocorre em sua derivação por:

Alternativas
Q2400572 Português
Gestão Social


É possível compreender a gestão social como aquela exercida por coletivos para coletivos. Ela, portanto, difere da gestão empresarial, por não possuir um caráter competitivo e concorrencial, conforme é conhecida no mundo capitalista empresarial. Ela difere da gestão pública por não ter natureza burocrática, centrada em regras, normas leis e tratados. A gestão social tem ênfase nas relações entre sujeitos autônomos, com propósitos não individualistas e voltados para a gestão de organizações solidárias. Ela envolve temas de interesse público, sempre baseada em relações de decisões tomadas por meio do diálogo, e na participação entre sujeitos que devem se considerar iguais. Trata-se, portanto, de uma gestão dialógica, conforme pontua o professor Fernando Tenório. 

A gestão social tem sido objeto de práticas associadas a arranjos da sociedade civil, com viés comunitário, podendo incluir, ainda, o monitoramento e avaliação de políticas públicas em colegiados. Ela é pautada, por exemplo, pelo combate à pobreza, promoção da sustentabilidade e do meio ambiente, trabalhos voluntários e ações associativas com diversas finalidades, a exemplo de grupos de produção solidária e de geração de renda como aqueles que se enquadram na chamada economia solidária. Há, ainda, um conjunto de organizações privadas com interesse público, com ações de saúde, esporte, educação, cultura, lazer. Nesse ponto, é possível identificar um braço socioassistencial não governamental. É não governamental porque são organizações criadas por coletivos de pessoas privadas, que resolveram se associar para realizar ações de interesse público. Há, também, um viés de resistência, de embate público protagonizado, por exemplo, por associações que buscam a garantia de direitos, sindicatos, organizações ambientalistas.       
   É possível afirmar também que é no chamado terceiro setor que tal ambiente organizacional se realiza. Mas, lembrando que há um lado dócil, mas, também, outro combativo, em que há posicionamentos políticos. Por isso, gestão social não pode ser reduzida a uma noção de docilidade. Ela é um espaço privilegiado de interação social e de busca de ações solidárias.

Disponível em: https://ccsa.ufrn.br/portal/?p=12516. Acesso em 02 de nov. 2023 (adaptado) 
Com base no texto “Gestão social”, analise as afirmativas a seguir:

I. Em: “A gestão social tem sido objeto de práticas associadas a arranjos da sociedade civil, com viés comunitário, podendo incluir, ainda, o monitoramento e avaliação de políticas públicas em colegiados.”, apenas um dos termos destacados é um complemento nominal enquanto os outros dois são adjuntos adnominais. 
II. Em: “Trata-se, portanto, de uma gestão dialógica, conforme pontua o professor Fernando Tenório.”, o termo destacado “uma” é um artigo indefinido, cuja função no trecho é indicar de forma imprecisa o núcleo do objeto indireto, “gestão dialógica”, do verbo “trata-se”. 


As duas afirmativas são verdadeiras.
Alternativas
Q2400103 Português

Atenção: Para responder às questões de números 1 a 10, leia a crônica abaixo.


1. Um jornal é lido por muita gente, em muitos lugares; o que ele diz precisa interessar, senão a todos, pelo menos a um certo número de pessoas. Mas o que me brota espontaneamente da máquina, hoje, não interessa a ninguém, salvo a mim mesmo. O leitor, portanto, faça o obséquio de mudar de coluna. Trata-se de um gato.

2. Não é a primeira vez que o tomo para objeto de escrita. Há tempos, contei de Inácio e de sua convivência. Inácio estava na graça do crescimento, e suas atitudes faziam descobrir um encanto novo no encanto imemorial dos gatos. Mas Inácio desapareceu − e sua falta é mais importante para mim do que as reformas do ministério.

3. Gatos somem no Rio de Janeiro. Dizia-se que o fenômeno se relacionava com a indústria doméstica das cuícas, localizada nos morros. Agora ouço dizer que se relaciona com a vida cara e a escassez de alimentos. À falta de uma fatia de vitela, há indivíduos que se consolam comendo carne de gato, caça tão esquiva quanto a outra.

4. O fato sociológico ou econômico me escapa. Não é a sorte geral dos gatos que me preocupa. Concentro-me em Inácio, em seu destino não sabido.

5. Eram duas da madrugada quando o pintor Reis Júnior, que passeia a essa hora com o seu cachimbo e o seu cão, me bateu à porta, noticioso. Em suas andanças, vira um gato cor de ouro como Inácio − cor incomum em gatos comuns − e se dispunha a ajudarme na captura. Lá fomos sob o vento da praia, em seu encalço. E no lugar indicado, pequeno jardim fronteiro a um edifício, estava o gato. A luz não dava para identificá-lo, e ele se recusou à intimidade. Chamados afetuosos não o comoveram; tentativas de aproximação se frustraram. Ele fugia sempre, para voltar se nos via distantes. Amava.

6. Seria iníquo apartá-lo do alvo de sua obstinada contemplação, a poucos metros. Desistimos. Se for Inácio, pensei, dentro de um ou dois dias estará de volta. Não voltou.

7. Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol, no telhado sob a lua. Vive também sobre a mesa do escritório, e o salto preciso que ele dá para atingi-la é mais do que impulso para a cultura. É o movimento civilizado de um organismo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece de suplemento de informação. Livros e papéis, sim, beneficiam-se com a sua presteza austera. Mais do que a coruja, o gato é símbolo e guardião da vida intelectual.

8. Depois que sumiu Inácio, esses pedaços da casa se desvalorizaram. Falta-lhes a nota grave e macia de Inácio. É extraordinário como o gato “funciona” em uma casa: em silêncio, indiferente, mas adesivo e cheio de personalidade. Se se agravar a mediocridade destas crônicas, os senhores estão avisados: é falta de Inácio. Se tinham alguma coisa aproveitável era a presença de Inácio a meu lado, sua crítica muda, através dos olhos de topázio que longamente me fitavam, aprovando algum trecho feliz, ou através do sono profundo, que antecipava a reação provável dos leitores.

9. Poderia botar anúncio no jornal. Para quê? Ninguém está pensando em achar gatos. Se Inácio estiver vivo e não sequestrado, voltará sem explicações. É próprio do gato sair sem pedir licença, voltar sem dar satisfação. Se o roubaram, é homenagem a seu charme pessoal, misto de circunspeção e leveza; tratem-no bem, nesse caso, para justificar o roubo, e ainda porque maltratar animais é uma forma de desonestidade. Finalmente, se tiver de voltar, gostaria que o fizesse por conta própria, com suas patas; com a altivez, a serenidade e a elegância dos gatos.


(ANDRADE, Carlos Drummond. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras, 2020)

O termo que qualifica o substantivo na expressão “sorte geral” (4o parágrafo) tem sentido oposto ao termo que qualifica o substantivo em:

Alternativas
Q2399812 Português

Após a leitura atenta do texto apresentado a seguir, responda às questões propostas.


Assiste à demolição


– Morou mais de vinte anos nesta casa? Então vai sentir “uma coisa” quando ela for demolida.

Começou a demolição. Passando pela rua, ele viu a casa já sem telhado, e operários, na poeira, removendo caibros. Aquele telhado que lhe dera tanto trabalho por causa das goteiras, tapadas aqui, reaparecendo ali. Seu quarto de dormir estava exposto ao céu, no calor da manhã. Ao fundo, no terraço, tinham desaparecido as colunas da pérgula, e a cobertura de ramos de buganvília – dois troncos subindo do pátio lá embaixo e enchendo de florinhas vermelhas o chão de ladrilho, onde gatos da vizinhança amavam fazer sesta e surpreender tico-ticos.

Passou nos dias seguintes e viu o progressivo desfazer-se das paredes, que escancarava a casa de frente e de flancos jogando-a por assim dizer na rua. Os marcos das portas apareciam emoldurando o vazio. O azul e as nuvens circulavam pelos cômodos, em composição surrealista. E o pequeno balcão da fachada, cercado de ar, parecia um mirante espacial, baixado ao nível dos míopes.

A demolição prosseguiu à noite, espontaneamente. Um lanço de parede desabou sozinho, para fora do tapume, quando já cessara na rua o movimento dos lotações. Caiu discreto, sem ferir ninguém, apenas avariando – desculpem – a rede telefônica.

A casa encolhera-se, em processo involutivo. Já agora de um só pavimento, sem teto, aspirava mesmo à desintegração. Chegou a vez da pequena sala de estar, da sala de jantar com seu lambri envernizado a preto, que ele passara meses raspando a poder de gilete, para recuperar a cor da madeira. E a vez do escritório, parte pensante e sentinte de seu mecanismo individual, do eu mais íntimo e simultaneamente mais público, eu de gavetas sigilosas, manuseadas por um profissional da escrita. De todo o tempo que vivera na casa, fora ali que passara o maior número de horas, sentado, meio corcunda, desligado de acontecimentos, ouvindo, sem escutar, rumores que chegavam de outro mundo – cantoria de bêbados, motor de avião, chorinho de bebê, galo na madrugada.

E não sentiu dor vendo esfarinharem-se esses compartimentos de sua história pessoal. Nem sequer a melancolia do desvanecimento das coisas físicas. Elas tinham durado, cumprido a tarefa. Chega o instante em que compreendemos a demolição como um resgate de formas cansadas, sentença de liberdade. Talvez sejamos levados a essa compreensão pelo trabalho similar, mais surdo, que se vai desenvolvendo em nós. E não é preciso imaginar a alegria de formas novas, mais claras, a surgirem constantemente de formas caducas, para aceitar de coração sereno o fim das coisas que se ligaram à nossa vida.

Fitou tranquilo o que tinha sido sua casa e era um amontoado de caliça e tijolo, a ser removido. Em breve restaria o lote, à espera de outra casa maior, sem sinal dele e dos seus, mas destinada a concentrar outras vivências. Uma ordem, um estatuto pairava sobre os destroços, e tudo era como devia ser, sem ilusão de permanência.


Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. 12. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.


Vocabulário


caibro s.m. elemento estrutural de um telhado, geralmente peças de madeira que se dispõem da cumeeira ao frechal, a intervalos regulares e paralelas umas às outras, em que se cruzam e assentam as ripas, frequentemente mais finas e compridas, e sobre as quais se apoiam e se encaixam as telhas

pérgula s. f. espécie de galeria coberta de barrotes espacejados assentados em pilares, geralmente guarnecida de trepadeiras

buganvília s.f. designação comum às plantas do gênero bougainvillea, trepadeira, muito cultivadas como ornamentais

de flanco s. m. pela lateral

marco s. m. parte fixa que guarnece o vão de portas e janelas, e onde as folhas destas se encaixam, prendendo-se por meio de dobradiças

tapume s. m. cerca ou vala guarnecida de sebe que defende uma área; anteparo, geralmente de madeira, com que se veda a entrada numa área, numa construção

lambri s. m. revestimento interno de parede, usado com fim decorativo ou para proteger contra frio, umidade ou barulho; feito de madeira, mármore, estuque, numa só peça ou composto por painéis, que vão até certa altura ou do chão ao teto (mais usado no plural)

caliça s.f. conjunto de resíduos de uma obra de alvenaria demolida ou em desmoronamento, formado por pó ou fragmentos dos materiais diversos do reboco (cal, argamassa ressequida) e de pedras, tijolos desfeitos

lote s. m. porção de terra autônoma que resulta de loteamento ou desmembramento; terreno de pequenas dimensões, urbano ou rural, que se destina a construções ou à pequena agricultura


Fonte: HOUAISS, A. e Villar, M. de S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Objetiva, 2009.

Marque a alternativa em que a palavra em destaque exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em: “… viu o progressivo desfazer-se das paredes…”.

Alternativas
Q2399804 Português

Após a leitura atenta do texto apresentado a seguir, responda às questões propostas.


Assiste à demolição


– Morou mais de vinte anos nesta casa? Então vai sentir “uma coisa” quando ela for demolida.

Começou a demolição. Passando pela rua, ele viu a casa já sem telhado, e operários, na poeira, removendo caibros. Aquele telhado que lhe dera tanto trabalho por causa das goteiras, tapadas aqui, reaparecendo ali. Seu quarto de dormir estava exposto ao céu, no calor da manhã. Ao fundo, no terraço, tinham desaparecido as colunas da pérgula, e a cobertura de ramos de buganvília – dois troncos subindo do pátio lá embaixo e enchendo de florinhas vermelhas o chão de ladrilho, onde gatos da vizinhança amavam fazer sesta e surpreender tico-ticos.

Passou nos dias seguintes e viu o progressivo desfazer-se das paredes, que escancarava a casa de frente e de flancos jogando-a por assim dizer na rua. Os marcos das portas apareciam emoldurando o vazio. O azul e as nuvens circulavam pelos cômodos, em composição surrealista. E o pequeno balcão da fachada, cercado de ar, parecia um mirante espacial, baixado ao nível dos míopes.

A demolição prosseguiu à noite, espontaneamente. Um lanço de parede desabou sozinho, para fora do tapume, quando já cessara na rua o movimento dos lotações. Caiu discreto, sem ferir ninguém, apenas avariando – desculpem – a rede telefônica.

A casa encolhera-se, em processo involutivo. Já agora de um só pavimento, sem teto, aspirava mesmo à desintegração. Chegou a vez da pequena sala de estar, da sala de jantar com seu lambri envernizado a preto, que ele passara meses raspando a poder de gilete, para recuperar a cor da madeira. E a vez do escritório, parte pensante e sentinte de seu mecanismo individual, do eu mais íntimo e simultaneamente mais público, eu de gavetas sigilosas, manuseadas por um profissional da escrita. De todo o tempo que vivera na casa, fora ali que passara o maior número de horas, sentado, meio corcunda, desligado de acontecimentos, ouvindo, sem escutar, rumores que chegavam de outro mundo – cantoria de bêbados, motor de avião, chorinho de bebê, galo na madrugada.

E não sentiu dor vendo esfarinharem-se esses compartimentos de sua história pessoal. Nem sequer a melancolia do desvanecimento das coisas físicas. Elas tinham durado, cumprido a tarefa. Chega o instante em que compreendemos a demolição como um resgate de formas cansadas, sentença de liberdade. Talvez sejamos levados a essa compreensão pelo trabalho similar, mais surdo, que se vai desenvolvendo em nós. E não é preciso imaginar a alegria de formas novas, mais claras, a surgirem constantemente de formas caducas, para aceitar de coração sereno o fim das coisas que se ligaram à nossa vida.

Fitou tranquilo o que tinha sido sua casa e era um amontoado de caliça e tijolo, a ser removido. Em breve restaria o lote, à espera de outra casa maior, sem sinal dele e dos seus, mas destinada a concentrar outras vivências. Uma ordem, um estatuto pairava sobre os destroços, e tudo era como devia ser, sem ilusão de permanência.


Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. 12. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.


Vocabulário


caibro s.m. elemento estrutural de um telhado, geralmente peças de madeira que se dispõem da cumeeira ao frechal, a intervalos regulares e paralelas umas às outras, em que se cruzam e assentam as ripas, frequentemente mais finas e compridas, e sobre as quais se apoiam e se encaixam as telhas

pérgula s. f. espécie de galeria coberta de barrotes espacejados assentados em pilares, geralmente guarnecida de trepadeiras

buganvília s.f. designação comum às plantas do gênero bougainvillea, trepadeira, muito cultivadas como ornamentais

de flanco s. m. pela lateral

marco s. m. parte fixa que guarnece o vão de portas e janelas, e onde as folhas destas se encaixam, prendendo-se por meio de dobradiças

tapume s. m. cerca ou vala guarnecida de sebe que defende uma área; anteparo, geralmente de madeira, com que se veda a entrada numa área, numa construção

lambri s. m. revestimento interno de parede, usado com fim decorativo ou para proteger contra frio, umidade ou barulho; feito de madeira, mármore, estuque, numa só peça ou composto por painéis, que vão até certa altura ou do chão ao teto (mais usado no plural)

caliça s.f. conjunto de resíduos de uma obra de alvenaria demolida ou em desmoronamento, formado por pó ou fragmentos dos materiais diversos do reboco (cal, argamassa ressequida) e de pedras, tijolos desfeitos

lote s. m. porção de terra autônoma que resulta de loteamento ou desmembramento; terreno de pequenas dimensões, urbano ou rural, que se destina a construções ou à pequena agricultura


Fonte: HOUAISS, A. e Villar, M. de S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Objetiva, 2009.

No trecho “Ao fundo, no terraço, tinham desaparecido as colunas da pérgula…”, a preposição presente no termo sublinhado encontra o mesmo emprego, quanto à relação de sentido, na preposição presente no termo sublinhado na sentença da alternativa:

Alternativas
Q2399802 Português

Após a leitura atenta do texto apresentado a seguir, responda às questões propostas.


Assiste à demolição


– Morou mais de vinte anos nesta casa? Então vai sentir “uma coisa” quando ela for demolida.

Começou a demolição. Passando pela rua, ele viu a casa já sem telhado, e operários, na poeira, removendo caibros. Aquele telhado que lhe dera tanto trabalho por causa das goteiras, tapadas aqui, reaparecendo ali. Seu quarto de dormir estava exposto ao céu, no calor da manhã. Ao fundo, no terraço, tinham desaparecido as colunas da pérgula, e a cobertura de ramos de buganvília – dois troncos subindo do pátio lá embaixo e enchendo de florinhas vermelhas o chão de ladrilho, onde gatos da vizinhança amavam fazer sesta e surpreender tico-ticos.

Passou nos dias seguintes e viu o progressivo desfazer-se das paredes, que escancarava a casa de frente e de flancos jogando-a por assim dizer na rua. Os marcos das portas apareciam emoldurando o vazio. O azul e as nuvens circulavam pelos cômodos, em composição surrealista. E o pequeno balcão da fachada, cercado de ar, parecia um mirante espacial, baixado ao nível dos míopes.

A demolição prosseguiu à noite, espontaneamente. Um lanço de parede desabou sozinho, para fora do tapume, quando já cessara na rua o movimento dos lotações. Caiu discreto, sem ferir ninguém, apenas avariando – desculpem – a rede telefônica.

A casa encolhera-se, em processo involutivo. Já agora de um só pavimento, sem teto, aspirava mesmo à desintegração. Chegou a vez da pequena sala de estar, da sala de jantar com seu lambri envernizado a preto, que ele passara meses raspando a poder de gilete, para recuperar a cor da madeira. E a vez do escritório, parte pensante e sentinte de seu mecanismo individual, do eu mais íntimo e simultaneamente mais público, eu de gavetas sigilosas, manuseadas por um profissional da escrita. De todo o tempo que vivera na casa, fora ali que passara o maior número de horas, sentado, meio corcunda, desligado de acontecimentos, ouvindo, sem escutar, rumores que chegavam de outro mundo – cantoria de bêbados, motor de avião, chorinho de bebê, galo na madrugada.

E não sentiu dor vendo esfarinharem-se esses compartimentos de sua história pessoal. Nem sequer a melancolia do desvanecimento das coisas físicas. Elas tinham durado, cumprido a tarefa. Chega o instante em que compreendemos a demolição como um resgate de formas cansadas, sentença de liberdade. Talvez sejamos levados a essa compreensão pelo trabalho similar, mais surdo, que se vai desenvolvendo em nós. E não é preciso imaginar a alegria de formas novas, mais claras, a surgirem constantemente de formas caducas, para aceitar de coração sereno o fim das coisas que se ligaram à nossa vida.

Fitou tranquilo o que tinha sido sua casa e era um amontoado de caliça e tijolo, a ser removido. Em breve restaria o lote, à espera de outra casa maior, sem sinal dele e dos seus, mas destinada a concentrar outras vivências. Uma ordem, um estatuto pairava sobre os destroços, e tudo era como devia ser, sem ilusão de permanência.


Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. 12. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.


Vocabulário


caibro s.m. elemento estrutural de um telhado, geralmente peças de madeira que se dispõem da cumeeira ao frechal, a intervalos regulares e paralelas umas às outras, em que se cruzam e assentam as ripas, frequentemente mais finas e compridas, e sobre as quais se apoiam e se encaixam as telhas

pérgula s. f. espécie de galeria coberta de barrotes espacejados assentados em pilares, geralmente guarnecida de trepadeiras

buganvília s.f. designação comum às plantas do gênero bougainvillea, trepadeira, muito cultivadas como ornamentais

de flanco s. m. pela lateral

marco s. m. parte fixa que guarnece o vão de portas e janelas, e onde as folhas destas se encaixam, prendendo-se por meio de dobradiças

tapume s. m. cerca ou vala guarnecida de sebe que defende uma área; anteparo, geralmente de madeira, com que se veda a entrada numa área, numa construção

lambri s. m. revestimento interno de parede, usado com fim decorativo ou para proteger contra frio, umidade ou barulho; feito de madeira, mármore, estuque, numa só peça ou composto por painéis, que vão até certa altura ou do chão ao teto (mais usado no plural)

caliça s.f. conjunto de resíduos de uma obra de alvenaria demolida ou em desmoronamento, formado por pó ou fragmentos dos materiais diversos do reboco (cal, argamassa ressequida) e de pedras, tijolos desfeitos

lote s. m. porção de terra autônoma que resulta de loteamento ou desmembramento; terreno de pequenas dimensões, urbano ou rural, que se destina a construções ou à pequena agricultura


Fonte: HOUAISS, A. e Villar, M. de S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Objetiva, 2009.

Assinale a alternativa que apresenta a palavra “o” com o mesmo emprego e a mesma classificação ocorrida no seguinte trecho: “Fitou tranquilo o que tinha sido sua casa…”.

Alternativas
Respostas
2781: D
2782: C
2783: A
2784: A
2785: C
2786: B
2787: C
2788: B
2789: A
2790: A
2791: A
2792: E
2793: E
2794: E
2795: B
2796: B
2797: E
2798: C
2799: A
2800: D