Questões de Concurso
Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português
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Além da morte: o uso de IA para recriação de entes falecidos
Embora pareça ficção científica, a realidade está se aproximando dessa narrativa
Juraciara Vieira Cardoso | 27/05/2024
Em um mundo no qual os avanços tecnológicos se mostram cada vez mais disruptivos, especialmente na medicina reprodutiva e na engenharia genética, surgem questões éticas que desafiam nossas concepções de identidade, de autonomia e de moralidade. O episódio “Volto Já” (Be Right Back) da série Black Mirror ilustra alguns desses dilemas, retratando a tentativa de minimizar a perda de um ente querido através de sua recriação digital. A película levanta questões sobre o que significa ser humano em uma era de possibilidades tecnológicas quase ilimitadas.
No episódio, Martha perde seu parceiro Ash em um acidente. Devastada, ela recorre a uma IA que simula Ash usando suas interações digitais. Inicialmente Martha encontra consolo na versão digital, mas, à medida que ela opta por um modelo de IA mais realista, percebe que a cópia não pode substituir a complexidade do ser humano real, o que a leva a rejeitar a cópia e a mantê-la presa no sótão da casa.
Embora pareça ficção científica, a realidade está se aproximando dessa narrativa. Uma reportagem recente da revista MIT Technology Review entrevistou pessoas que já utilizam tecnologia para se conectar com entes falecidos a partir de seus rastros digitais. Por exemplo, um usuário afirmou que fazer uma chamada de vídeo semanal com a mãe falecida lhe garante mais qualidade de vida, permitindo-lhe compartilhar suas dores, angústias e até mesmo problemas de trabalho com ela.
As tecnologias que permitem a comunicação com os entes falecidos utilizam algoritmos avançados de processamento de linguagem natural e aprendizado de máquina para analisar uma grande quantidade de dados digitais deixados pelos falecidos. Essas informações incluem postagens em redes sociais, e-mails, mensagens de texto e outros conteúdos online. A IA processa esses dados para criar um modelo digital que tenta imitar a personalidade e os padrões de fala das pessoas já mortas.
Atualmente, essas interações são feitas por meio de conversas simples. A IA pode oferecer conselhos, pedir que o parente tome conta de si mesmo, e, acima de tudo, ouvir, proporcionando uma falsa sensação de presença e acolhimento. Apesar das limitações, pelo menos cinco empresas na China já oferecem esses serviços, que estão se tornando mais acessível à medida que os preços diminuem.
Os modelos de IA disponíveis atualmente são limitados e enfrentam problemas como a incapacidade de captar a profundidade emocional e a complexidade das interações humanas reais. Além disto, as conversas são baseadas em tópicos préprogramados, o que impede a IA de responder a situações novas ou inesperadas de maneira convincente.
O luto, uma parte inescapável da nossa existência, levanta a questão: essas tecnologias oferecem um consolo genuíno ou apenas uma ilusão reconfortante? Tanto na medicina quanto na tecnologia, o medo da morte – terror humano existencial primário – pode nos levar a explorar e, por vezes, ultrapassar limites éticos e morais que sustentam nossas sociedades. Essas práticas – como a retratada na série e já existente realidade – podem oferecer um certo consolo inicial, mas frequentemente falham em honrar a qualidade de vida e a complexidade de cada ser humano.
Quem sabe não devêssemos investir em mais tecnologias que apoiem nosso processo de luto, tais como plataformas para suporte emocional ou comunidades online para partilhamento das experiências dolorosas de luto, em vez de ficarmos tentando replicar falsamente nossos entes falecidos para evitarmos a dor da perda de alguém que amamos?
Glossário:
- IA: inteligência artificial.
CARDOSO, Juraciara Vieira. Além da morte: o uso de
IA para recriação de entes falecidos. Estado de Minas,
27 de maio de 2024. Disponível em:
https://www.em.com.br/colunistas/vitalidade/2024/05/68
65274-alem-da-morte-o-uso-de-ia-para-recriacao-deentes-falecidos.html. Acesso em: 27 mai. 2024.
Adaptado.
Além da morte: o uso de IA para recriação de entes falecidos
Embora pareça ficção científica, a realidade está se aproximando dessa narrativa
Juraciara Vieira Cardoso | 27/05/2024
Em um mundo no qual os avanços tecnológicos se mostram cada vez mais disruptivos, especialmente na medicina reprodutiva e na engenharia genética, surgem questões éticas que desafiam nossas concepções de identidade, de autonomia e de moralidade. O episódio “Volto Já” (Be Right Back) da série Black Mirror ilustra alguns desses dilemas, retratando a tentativa de minimizar a perda de um ente querido através de sua recriação digital. A película levanta questões sobre o que significa ser humano em uma era de possibilidades tecnológicas quase ilimitadas.
No episódio, Martha perde seu parceiro Ash em um acidente. Devastada, ela recorre a uma IA que simula Ash usando suas interações digitais. Inicialmente Martha encontra consolo na versão digital, mas, à medida que ela opta por um modelo de IA mais realista, percebe que a cópia não pode substituir a complexidade do ser humano real, o que a leva a rejeitar a cópia e a mantê-la presa no sótão da casa.
Embora pareça ficção científica, a realidade está se aproximando dessa narrativa. Uma reportagem recente da revista MIT Technology Review entrevistou pessoas que já utilizam tecnologia para se conectar com entes falecidos a partir de seus rastros digitais. Por exemplo, um usuário afirmou que fazer uma chamada de vídeo semanal com a mãe falecida lhe garante mais qualidade de vida, permitindo-lhe compartilhar suas dores, angústias e até mesmo problemas de trabalho com ela.
As tecnologias que permitem a comunicação com os entes falecidos utilizam algoritmos avançados de processamento de linguagem natural e aprendizado de máquina para analisar uma grande quantidade de dados digitais deixados pelos falecidos. Essas informações incluem postagens em redes sociais, e-mails, mensagens de texto e outros conteúdos online. A IA processa esses dados para criar um modelo digital que tenta imitar a personalidade e os padrões de fala das pessoas já mortas.
Atualmente, essas interações são feitas por meio de conversas simples. A IA pode oferecer conselhos, pedir que o parente tome conta de si mesmo, e, acima de tudo, ouvir, proporcionando uma falsa sensação de presença e acolhimento. Apesar das limitações, pelo menos cinco empresas na China já oferecem esses serviços, que estão se tornando mais acessível à medida que os preços diminuem.
Os modelos de IA disponíveis atualmente são limitados e enfrentam problemas como a incapacidade de captar a profundidade emocional e a complexidade das interações humanas reais. Além disto, as conversas são baseadas em tópicos préprogramados, o que impede a IA de responder a situações novas ou inesperadas de maneira convincente.
O luto, uma parte inescapável da nossa existência, levanta a questão: essas tecnologias oferecem um consolo genuíno ou apenas uma ilusão reconfortante? Tanto na medicina quanto na tecnologia, o medo da morte – terror humano existencial primário – pode nos levar a explorar e, por vezes, ultrapassar limites éticos e morais que sustentam nossas sociedades. Essas práticas – como a retratada na série e já existente realidade – podem oferecer um certo consolo inicial, mas frequentemente falham em honrar a qualidade de vida e a complexidade de cada ser humano.
Quem sabe não devêssemos investir em mais tecnologias que apoiem nosso processo de luto, tais como plataformas para suporte emocional ou comunidades online para partilhamento das experiências dolorosas de luto, em vez de ficarmos tentando replicar falsamente nossos entes falecidos para evitarmos a dor da perda de alguém que amamos?
Glossário:
- IA: inteligência artificial.
CARDOSO, Juraciara Vieira. Além da morte: o uso de
IA para recriação de entes falecidos. Estado de Minas,
27 de maio de 2024. Disponível em:
https://www.em.com.br/colunistas/vitalidade/2024/05/68
65274-alem-da-morte-o-uso-de-ia-para-recriacao-deentes-falecidos.html. Acesso em: 27 mai. 2024.
Adaptado.
Em “com uso de fármacos de uso controlados” (linhas 15 e 16), ocorre um desvio de concordância.
A demanda que levou a justiça a alterar as regras sobre anestesia para dentistas partiu de médicos.
A oração “que não sabia mais de que freguesia era” (linha 22) caracteriza o perseguidor como desorientado.
Na linha 16, os termos “O sujeito” e “um homem” referem‑se ao mesmo personagem.
Na passagem “supôs que ela sorrisse não dele mas para ele” (linha 9), há um jogo com os sentidos de duas preposições em específico.
O narrador demonstra que anedota e historieta são definições diferentes para um mesmo contexto.
Como se anuncia no primeiro parágrafo, ao se falar da morte de um amigo, o texto tem um tom melancólico.
Apesar da caracterização de espirituoso que se faz, no primeiro parágrafo, do personagem Emílio, essa característica não se comprova no texto.
A dúvida que ficou
Vladimir Souza Carvalho | Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras | 24/05/2024
Minha caneca era de alumínio, cor branca, já com pontos pretos, marcas das pancadas recebidas. Nela mamãe colocava café com leite que eu esperava esfriar para tomar. Inocentemente, dizia que, quando crescesse, compraria uma geladeira para tomar o café gelado, bem gelado. Não sei quanto tempo levei assim procedendo. De certeza, quando a geladeira chegou lá em casa, saudada com vivas de todos nós, só faltando foguetes, atração de nossa adoração por alguns dias, o projeto do café gelado com leite não era nem lembrado, quanto mais tornado realidade.
Então, apareceram outros costumes, ou manias, de preferir da galinha o pé – gosto estranho que minha cegueira não me permitia perceber que pé de galinha só serve para roer, e eu não era nenhum rato. Mas, é dessa época, talvez, talvez, que o ovo da galinha morta, em penca, a exibir vários, de todos os tamanhos, ao que me lembro, só a gema, ovos interligados, começaram a me atrair a atenção e a GULOSEIMA/GULOZEIMA, eu na espera de que ninguém o colhesse na vasilha colocada à mesa antes de mim. Penso que foi uma espetacular ASCENSÃO/ASSENÇÃO pular do pé da galinha para o ovo, relegado o primeiro ao ostracismo na vasilha, porque, depois de mim, ninguém mais por ele ESTERNOU/EXTERNOU interesse, nem acredito que os gatos e os cães manifestassem preferência. O mau gosto era só meu, trazendo a minha marca registrada.
O pé de galinha ficou a me perseguir a vida inteira, bastava ver um na vasilha para me lembrar, no que doía a péssima escolha, eu procurando uma justificativa para legitimar minha experiência, sem ter até agora obtido qualquer explicação digna de um almirante batavo, a supor hoje que fui induzido e caí na conversa, quem pode me ajudar a desenterrar o passado a fim de cavar o motivo real, quem?, papai, mamãe, Alba, Bosco, os três primeiros se foram, Bosco quiçá nem se lembre, infactível sentarmos hoje os cinco em torno da mesa, galgamos nós, os remanescentes, a casa dos setenta, com hábitos e gestos diferentes daqueles dos dois meninos de ontem, mamãe não corta mais nosso pedaço de CUSCUZ/CUSCUS, papai não toca com a colher quente que mexeu o café na minha mão, nem come sarapatel no sábado à noite, depois que chega da loja, nem sabe o que é pressão alta. Ah, sim, o tempo passou, lá fora, dentro de casa e dentro da gente.
CARVALHO, Vladimir Souza. A dúvida que ficou. Diário
de Pernambuco, 25 de maio de 2024. Disponível em:
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/
2024/05/a-duvida-que-ficou.html. Acesso em: 26 mai.
2024. Adaptado.
Meteoros, meteoroides e meteoritos
Meteoros, meteoroides, meteoritos: os três termos soam semelhantes e são frequentemente confundidos. Na verdade, eles estão unidos por mais do que apenas seus nomes parecidos: estão relacionados aos flashes de luz chamados "estrelas cadentes", que às vezes são vistos cruzando o céu. Mas o mesmo objeto pode ter nomes diferentes, dependendo de onde ele está localizado.
De acordo com a explicação da NASA, os meteoroides são rochas que ainda estão no espaço. Eles variam em tamanho e podem ir desde grãos de poeira até pequenos asteroides. Eles também podem ser o resultado de uma colisão entre dois asteroides (objeto rochoso que orbita o Sol, maior do que um meteoroide, mas menor do que um planeta), o que pode causar uma fragmentação em pequenos pedaços. Os meteoroides podem vir ainda de cometas.
Quando os meteoroides entram na atmosfera da Terra (ou de outro planeta, como Marte), em alta velocidade, eles se transformam e queimam. Essas bolas de fogo resultantes são chamadas de meteoros.
Ocasionalmente, pedaços maiores de rocha acabam caindo na superfície de um planeta. "Quando um meteoroide sobrevive a uma viagem pela atmosfera e atinge o solo, ele é chamado de meteorito", explica a agência espacial americana. Como os asteroides se formaram próximo aos primeiros momentos de existência do Sistema Solar, esses objetos são de grande interesse para os cientistas, pois oferecem muitas informações sobre como era o sistema onde está o planeta Terra durante seu passado.
(National Geographic Brasil. Adaptado).
I. O pronome “eles” (l. 24) retoma a palavra “caminhão” (l. 23).
II. A expressão “A gente” (l. 09) pode indicar um vício de linguagem.
III. Ao falar “meter o pé”, Odila deu a entender que era preciso sair do seu bairro o mais rápido possível.
Quais estão corretas?
O POBRE POEMA Eu escrevi um poema horrível! É claro que ele queria dizer alguma coisa... Mas o quê? Estaria engasgado? Nas suas meias-palavras havia no entanto uma ternura mansa como a que se vê nos olhos de uma criança doente, uma precoce, incompreensível gravidade de quem, sem ler os jornais, soubesse dos sequestros dos que morrem sem culpa dos que se desviam porque todos os caminhos estão tomados... Poema, menininho condenado, bem se via que ele não era deste mundo nem para este mundo... Tomado, então, de um ódio insensato, esse ódio que enlouquece os homens ante a insuportável verdade, dilacerei-o em mil pedaços. E respirei... Também! Quem mandou ter ele nascido no mundo errado?
QUINTANA, Mário. O pobre poema. Disponível em: <https://encantoliterario.com.br/segunda-poetica-o-pobre-poemamario-quintana/>. Acesso em: 21 de abril de 2024.
Considerando o texto acima, assinale a alternativa que indica quem foi “Tomado, então, de um ódio insensato [...]”:
“Vende-se um par de sapatos de bebê. Nunca usados.”
Assinale a alternativa que melhor expõe a situação descrita no texto.
Assinale a opção correta quanto à nova pontuação sem alteração do sentido original da frase.
Um rapaz fez-me essa pergunta difícil de ser respondida. Pois depende do angustiado. Para alguns incautos, inclusive, é palavra de que se orgulham de pronunciar como se com ela subissem de categoria - o que também é uma forma de angústia.
Angústia pode ser não ter esperança na esperança. Ou conformar-se sem se resignar. Ou não se confessar nem a si próprio. Ou não ser o que realmente se é, e nunca se é. Angústia pode ser o desamparo de estar vivo. Pode ser também não ter coragem de ter angústia - e a fuga é outra angústia. Mas angústia faz parte: o que é vivo, por ser vivo, se contrai.
Esse mesmo rapaz perguntou-me: você não acha que há um vazio sinistro em tudo? Há sim. Enquanto se espera que o coração entenda.
LISPECTOR, Clarice. O que é angústia. Disponível em: <https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/12678/o-que-eangustia>. Acesso em: 21 de abril 2024.
No texto acima, a autora considera difícil responder o que é angústia. Assinale a alternativa que melhor expõe o motivo disso:
Para aqueles que se esforçam para adquirir um segundo idioma, seja quando crianças ou mais tarde, como adultos e pais, o processo traz benefícios estimulantes para o cérebro, independentemente do nível de fluência alcançado.
Aprender vários idiomas leva a um aumento no volume de massa cinzenta no córtex pré-frontal, a parte frontal do cérebro importante para o pensamento de alto nível, como a tomada de decisões e a resolução de problemas, diz Ashley Chung-Fat-Yim, professor assistente e pesquisador em bilinguismo e psicolinguística na Universidade Northwestern, em Illinois.
"Também vemos melhorias na matéria branca nas mesmas regiões do cérebro", acrescenta.
Embora a matéria cinzenta seja onde informações importantes são processadas, a matéria branca transporta mensagens entre regiões do cérebro, explica Chung-Fat-Yim.
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut -62290636.adaptado)
Com base no texto fornecido, a aprendizagem de vários idiomas:
Racismo é um problema, sim!
Por Carlos Padeiro
(Disponível em: www.uol/esporte/especiais/racismo-e-xenofobia-no-futebol.htm#racismo-e-um-problema-sim
– texto adaptado especialmente para esta prova).
Leia a charge a seguir e as assertivas a respeito de sua relação com o texto:
I. Tanto a charge quanto o texto abordam a questão do racismo no futebol.
SENDO QUE
II. A charge ilustra uma situação de reação e combate ao racismo dentro do estádio.
Assinale a alternativa que apresenta a correta relação entre as assertivas anteriores.