Questões de Português - Ortografia para Concurso
Foram encontradas 11.942 questões
Marque a alternativa cuja acentuação está CORRETA:
Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.
Leia o texto a seguir para responder as questões sobre seu conteúdo.
LÍNGUA ANCESTRAL DO PORTUGUÊS SE ORIGINOU NA TURQUIA
Pesquisa mostra que todas as línguas da família indo-europeia, incluindo as latinas, tiveram origem na mesma região
Por Guilherme Rosa 23 ago 2012, 19h44 - Atualizado em 6 maio 2016, 16h28 Adaptado de: http://veja.abril.com.br/ciencia/lingua-ancestral-do-portugues-se-originouna-turquia/ Acesso em 02 dez 2016.
[...] Os idiomas que fazem parte da mesma família linguística têm uma origem comum. Por isso, acabam herdando algumas características dessa língua original, como palavras cognatas e construções linguísticas. A família com mais línguas é a Niger-Congolesa, que tem mais de 1.510 idiomas registrados, e 382 milhões de falantes. Já a família indo-europeia tem 426 idiomas catalogados, mas é falada por quase três bilhões de pessoas. [...]
A família linguística indo-europeia reúne alguns dos idiomas mais falados em todo o planeta. Até o século 16, eles se restringiam à Europa e ao leste asiático, mas se espalharam pela América, África e Oceania. Hoje em dia, é falada por quase três bilhões de pessoas em todo o mundo. A segunda maior família de línguas é a sino-tibetana, que inclui o chinês, o tibetano e o birmanês, e é falada por 1,3 bilhão de pessoas.
Até agora, os cientistas haviam desenvolvido duas teorias para explicar a origem da família indo-europeia. Uma delas propunha que ela era descendente de um idioma falado por um povo seminômade que habitava estepes ao norte do Mar Cáspio, na Rússia, há 6.000 anos. A outra hipótese previa que a língua havia surgido na região da Anatólia, no extremo oeste asiático, onde hoje se encontra a Turquia. Segundo essa teoria, ela teria se espalhado pelo mundo entre 9.500 ou 8.000 anos atrás, com a expansão da agricultura.
Os pesquisadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, resolveram testar qual desses cenários era mais provável. Para isso, resolveram adaptar um método estatístico utilizado por biólogos evolutivos para estudar a evolução de algumas espécies. Esses cientistas costumam usar semelhanças e diferenças no DNA para traçar as origens dessas espécies e montar uma árvore genealógica com seus ancestrais.
Os pesquisadores usaram a mesma abordagem para montar a árvore genealógica dos idiomas indoeuropeus. Em vez de procurar por semelhanças no DNA, buscaram por palavras cognatas em 103 idiomas da família, desde os mais modernos aos já extintos.
Depois de montar a árvore genealógica e de traçar como cada língua se espalhou pela Europa e Ásia, eles estimaram onde cada uma delas havia surgido, chegando até o idioma original.
Como resultado, confirmaram que a família indoeuropeia surgiu na Turquia entre 8.000 e 9.500 anos atrás. Segundo os pesquisadores, o desenvolvimento da agricultura levou essa “língua-mãe” ao resto da Europa e oeste da Ásia.
Com a evolução do idioma e a relação com outras culturas, acabaram surgindo diversas subfamílias no decorrer do tempo. As cinco principais, que são faladas ainda hoje – o céltico, germânico, itálico, balto-eslavo e indo-iraniano – começaram a se diferenciar entre 4.000 e 6.000 anos atrás
Das alternativas a seguir, assinale a que apresente corretamente todas as palavras acentuadas (ou não) pela norma vigente:
Eis a primavera
João saiu do hospital para morrer em casa - e gritou três meses antes de morrer. Para não gastar, a mulher nem uma vez chamou o médico. Não lhe deu a injeção de morfina, a receita azul na gaveta. Ele sonhava com a primavera para sarar do reumatismo, nos dedos amarelos contava os dias.
- Não fosse a umidade do ar ... - gemia para o irmão nas compridas horas da noite.
Já não tinha posição na cama: as costas uma ferida só. Paralisado da cintura para baixo, obrava-se sem querer. A filha tapava o nariz com dois dedos e fugia para o quintal:
- Ai, que fedor ... Meu Deus, que nojo!
Com a desculpa que não podiam vê-lo sofrer, mulher e filha mal entravam no quarto. O irmão Pedro é que o assistia, aliviando as dores com analgésico, aplicando a sonda, trocando o pijama e os lençóis. Afofava o travesseiro, suspendia o corpinho tão leve, sentava-o na cama:
- Assim está melhor?
Chorando no sorriso, a voz trêmula como um ramo de onde o pássaro desferiu voo:
- Agora a dor se mudou ...
Vigiava aflito a janela:
- Quantos dias faltam? Com o sol eu fico bom.
Pele e osso, pescocinho fino, olho queimando de febre lá no fundo. Na evocação do filho morto havia trinta anos:
- Muito engraçado, o camaradinha - e batia fracamente na testa com a mão fechada.
- Com um aninho fazia continência. Até hoje não me conformo.
A saudade do camaradinha acordava-lhe duas grandes lágrimas. No espelho da penteadeira surpreendia o vulto esquivo da filha.
- Essa menina nunca me deu um copo d'água.
Quando o irmão se levantava:
- Fique mais um pouco.
Ali da porta sua querida Maria:
- Um egoísta. Não deixa os outros descansar.
Ao parente que sugeriu uma injeção para os gritos:
- Não sabe que tem aquela doença? Desenganado três vezes. Nada que fazer.
Na ausência do cunhado, esqueciam-no lá no quarto, mulher e filha muito distraídas. Horas depois, quando a dona abria a porta, com o dedo no nariz:
- É que eu me apurei - ele se desculpava, envergonhado.
- Doente não merece viver.
A filha, essa, de longe sempre se abanando:
- Ai, como fede!
Terceiro mês o irmão passou a dormir no quarto. Ao lavar-lhe a dentadura, boquinha murcha, o retrato da mãe defunta? Nem podia sorver o café.
- Só de ruim é que não engole - resmungava a mulher.
Negou-lhe a morfina até o último dia: ele morre, a família fica. Tingiu de preto o vestido mais velho, o enterro seria de terceira.
Ao pé da janela, uma corruíra trinava alegrinha na boca do dia e, na doçura do canto, ele cochilava meia hora bem pequena. Batia a eterna continência, balbuciava no delírio:
- Com quem eu briguei?
- Me conte, meu velho.
- Com Deus - e agitou a mãozinha descarnada. - Tanto não devia judiar de mim.
Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira, o pé furtivo do cachorro na calçada, o pingo da torneira no zinco da cozinha - e o alarido no peito de rua barulhenta às seis da tarde. Se a mulher costurava na sala, ele ouvia os furos da agulha no pano.
- Muito acabadinho, o pobre? - lá fora uma vizinha indagava da outra.
Na última noite cochichou ao irmão:
- Depois que eu ... Não deixe que ela me beije!
Ainda uma vez a continência do camaradinha, olho branco em busca da luz perdida, e o irmão enxugava-lhe na testa o suor da agonia.
Mais tarde a mulher abriu a janela para arejar o quarto.
- Eis o sol, meu velho - e o irmão bateu as pálpebras, ofuscado.
Era o primeiro dia de primavera.
(De "O Rei da Terra", Rio, Civilização Brasileira, 1972)
Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira... A palavra em destaque apresenta a representação de ch com o som de x. Das opções a seguir, marque a que não apresenta erro de grafia:
Eis a primavera
João saiu do hospital para morrer em casa - e gritou três meses antes de morrer. Para não gastar, a mulher nem uma vez chamou o médico. Não lhe deu a injeção de morfina, a receita azul na gaveta. Ele sonhava com a primavera para sarar do reumatismo, nos dedos amarelos contava os dias.
- Não fosse a umidade do ar ... - gemia para o irmão nas compridas horas da noite.
Já não tinha posição na cama: as costas uma ferida só. Paralisado da cintura para baixo, obrava-se sem querer. A filha tapava o nariz com dois dedos e fugia para o quintal:
- Ai, que fedor ... Meu Deus, que nojo!
Com a desculpa que não podiam vê-lo sofrer, mulher e filha mal entravam no quarto. O irmão Pedro é que o assistia, aliviando as dores com analgésico, aplicando a sonda, trocando o pijama e os lençóis. Afofava o travesseiro, suspendia o corpinho tão leve, sentava-o na cama:
- Assim está melhor?
Chorando no sorriso, a voz trêmula como um ramo de onde o pássaro desferiu voo:
- Agora a dor se mudou ...
Vigiava aflito a janela:
- Quantos dias faltam? Com o sol eu fico bom.
Pele e osso, pescocinho fino, olho queimando de febre lá no fundo. Na evocação do filho morto havia trinta anos:
- Muito engraçado, o camaradinha - e batia fracamente na testa com a mão fechada.
- Com um aninho fazia continência. Até hoje não me conformo.
A saudade do camaradinha acordava-lhe duas grandes lágrimas. No espelho da penteadeira surpreendia o vulto esquivo da filha.
- Essa menina nunca me deu um copo d'água.
Quando o irmão se levantava:
- Fique mais um pouco.
Ali da porta sua querida Maria:
- Um egoísta. Não deixa os outros descansar.
Ao parente que sugeriu uma injeção para os gritos:
- Não sabe que tem aquela doença? Desenganado três vezes. Nada que fazer.
Na ausência do cunhado, esqueciam-no lá no quarto, mulher e filha muito distraídas. Horas depois, quando a dona abria a porta, com o dedo no nariz:
- É que eu me apurei - ele se desculpava, envergonhado.
- Doente não merece viver.
A filha, essa, de longe sempre se abanando:
- Ai, como fede!
Terceiro mês o irmão passou a dormir no quarto. Ao lavar-lhe a dentadura, boquinha murcha, o retrato da mãe defunta? Nem podia sorver o café.
- Só de ruim é que não engole - resmungava a mulher.
Negou-lhe a morfina até o último dia: ele morre, a família fica. Tingiu de preto o vestido mais velho, o enterro seria de terceira.
Ao pé da janela, uma corruíra trinava alegrinha na boca do dia e, na doçura do canto, ele cochilava meia hora bem pequena. Batia a eterna continência, balbuciava no delírio:
- Com quem eu briguei?
- Me conte, meu velho.
- Com Deus - e agitou a mãozinha descarnada. - Tanto não devia judiar de mim.
Fechando os olhos, sentiu a folha que bulia na laranjeira, o pé furtivo do cachorro na calçada, o pingo da torneira no zinco da cozinha - e o alarido no peito de rua barulhenta às seis da tarde. Se a mulher costurava na sala, ele ouvia os furos da agulha no pano.
- Muito acabadinho, o pobre? - lá fora uma vizinha indagava da outra.
Na última noite cochichou ao irmão:
- Depois que eu ... Não deixe que ela me beije!
Ainda uma vez a continência do camaradinha, olho branco em busca da luz perdida, e o irmão enxugava-lhe na testa o suor da agonia.
Mais tarde a mulher abriu a janela para arejar o quarto.
- Eis o sol, meu velho - e o irmão bateu as pálpebras, ofuscado.
Era o primeiro dia de primavera.
(De "O Rei da Terra", Rio, Civilização Brasileira, 1972)
Negou-lhe a morfina até o último dia... Pertence à mesma regra de acentuação gráfica da palavra em destaque:
Leia o texto que se segue e responda às questões de 1 a 10.
Degraus da ilusão
01 Fala-se muito na ascensão das classes menos favorecidas, formando uma “nova classe média”,
02 realizada por degraus que levam a outro patamar social e econômico (cultural, não ouço falar). Em teoria, seria
03 um grande passo para reduzir a catastrófica desigualdade que aqui reina.
04 Porém receio que, do modo como está se realizando, seja uma ilusão que pode acabar em sérios
05 problemas para quem mereceria coisa melhor. Todos desejam uma vida digna para os despossuídos, boa
06 escolaridade para os iletrados, serviços públicos ótimos para a população inteira, isto é, educação, saúde,
07 transporte, energia elétrica, segurança, água, e tudo de que precisam cidadãos decentes.
08 Porém, o que vejo são multidões consumindo, estimuladas a consumir como se isso constituísse um bem
09 em si e promovesse real crescimento do país. Compramos com os juros mais altos do mundo, pagamos os
10 impostos mais altos do mundo e temos os serviços (saúde, comunicação, energia, transportes e outros) entre
11 os piores do mundo. Mas palavras de ordem nos impelem a comprar, autoridades nos pedem para consumir,
12 somos convocados a adquirir o supérfluo, até o danoso, como botar mais carros em nossas ruas atravancadas
13 ou em nossas péssimas estradas.
14 Além disso, a inadimplência cresce de maneira preocupante, levando famílias que compraram seu carrinho
15 a não ter como pagar a gasolina para tirar seu novo tesouro do pátio no fim de semana. Tesouro esse que logo
16 vão perder, pois há meses não conseguem pagar as prestações, que ainda se estendem por anos.
17 Estamos enforcados em dívidas impagáveis, mas nos convidam a gastar ainda mais, de maneira
18 impiedosa, até cruel. Em lugar de instruírem, esclarecerem, formarem uma opinião sensata e positiva, tomam
19 novas medidas para que esse consumo insensato continue crescendo – e, como somos alienados e pouco
20 informados, tocamos a comprar.
21 Sou de uma classe média em que a gente crescia com quatro ensinamentos básicos: ter seu diploma, ter
22 sua casinha, ter sua poupança e trabalhar firme para manter e, quem sabe, expandir isso. Para garantir uma
23 velhice independentemente de ajuda de filhos ou de estranhos; para deixar aos filhos algo com que pudessem
24 começar a própria vida com dignidade.
25 Tais ensinamentos parecem abolidos, ultrapassadas a prudência e a cautela, pouco estimulados o desejo
26 de crescimento firme e a construção de uma vida mais segura. Pois tudo é uma construção: a vida pessoal, a
27 profissão, os ganhos, as relações de amor e amizade, a família, a velhice (naturalmente tudo isso sujeito a
28 fatalidades como doença e outras, que ninguém controla). Mas, mesmo em tempos de fatalidade, ter um pouco
29 de economia, ter uma casinha, ter um diploma, ter objetivos certamente ajuda a enfrentar seja o que for.
30 Podemos ser derrotados, mas não estaremos jogados na cova dos leões do destino, totalmente desarmados.
31 Somos uma sociedade alçada na maré do consumo compulsivo, interessada em “aproveitar a vida”, seja o
32 que isso for, e em adquirir mais e mais coisas, mesmo que inúteis, quando deveríamos estar cuidando, com
33 muito afinco e seriedade, de melhores escolas e universidades, tecnologia mais avançada, transportes muito
34 mais eficientes, saúde excelente, e verdadeiro crescimento do país. Mas corremos atrás de tanta conversa vã,
35 não protegidos, mas embaixo de peneiras com grandes furos, que só um cego ou um grande tolo não vê.
36 A mais forte raiz de tantos dos nossos males é a falta de informação e orientação, isto é, de educação. E o
37 melhor remédio é investir fortemente, abundantemente, decididamente, em educação: impossível repetir isso
38 em demasia. Mas não vejo isso como nossa prioridade.
39 Fosse o contrário, estaríamos atentos aos nossos gastos e aquisições, mais interessados num crescimento
40 real e sensato do que em itens desnecessários em tempos de crise. Isso não é subir de classe social: é
41 saracotear diante de uma perigosa ladeira. Não tenho ilusão de que algo mude, mas deixo aqui meu quase
42 solitário (e antiquado) protesto.
LUFT, Lya. Degraus da ilusão. Disponível em http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/lya-luft-vejo-multidoes-consumindo-estimuladas-a-consumircomo-se-isso-constituisse-um-bem-em-si-e-promovesse-real-crescimento-do-pais-isso-nao-e-subir-de-classe-social/. Acesso em 01 de setembro de 2013.
Dentre os vocábulos abaixo, aquele que apresenta a mesma regra de acentuação de “econômico” (linha 02) é:
Leia o texto para responder às questões de 01 a 10:
Para criar filhos mais saudáveis e felizes
RONSTIK/SHUTTERSTOCK
Na tentativa de serem "bons pais", muitos erram apesar das boas intenções: investem em uma rotina cheia de compromissos escolares e extracurriculares para a criança, envolvem-se nas dificuldades dos filhos a ponto de querer resolvê-las ou, ainda, deixam de cuidar de si com a justificativa de que é preciso cuidar do outro. Especialistas apontam atitudes que podem prejudicar o desenvolvimento de habilidades necessárias para uma vida adulta mais feliz e autônoma
1. Permitir momentos de ócio e tédio.
Escola, esporte, cursos extracurriculares. Muitas crianças têm agendas dignas de adultos muito atarefados, com poucas horas livres ao longo do dia. Até mesmo nos fins de semana e férias, que não raro são pré-programados com passeios e viagens. Efeito da nossa cultura, que não vê com bons olhos “não ter o que fazer”. No entanto, estudos sugerem que seguir rotina cheia de compromissos desde cedo pode prejudicar a criança. Um deles, publicado na Frontiers of Psychology em 2014, relaciona a quantidade de atividades estruturadas, como aulas de futebol ou dança, no dia a dia de crianças de 6 anos ao menor desenvolvimento de uma “função executiva autodirigida”. Basicamente, esse processo mental ajuda os pequenos a regular emoções e definir e atingir metas por conta própria, além de ser associado a maior estabilidade emocional e profissional na vida adulta. O que os pais podem fazer então? “Deixe que seus filhos caiam na monotonia e descubram algo para fazer por conta própria”, sugere o psicólogo Michael Ungar, codiretor do Centro de Pesquisa de Resiliência da Universidade Dalhousie, em Nova Escócia. “O tédio num contexto hiperestimulado pode permitir exercer a criatividade e desenvolver a iniciativa, a persistência e a sensação de que podem influenciar o mundo”, explica.
2. Deixar que resolvam problemas.
Não são poucos os pais excessivamente protetores, que se envolvem nas dificuldades cotidianas dos filhos além da conta. A superproteção não favorece o desenvolvimento de habilidades que serão necessárias na vida adulta, como autonomia e resiliência. Pesquisas no campo da autodeterminação relacionam a superproteção a níveis mais elevados de ansiedade e depressão, notas mais baixas na escola e menor satisfação com a vida quando adultos. “Pouco comprometimento dos pais não é positivo. Mas o envolvimento em demasia também não”, afirma a psicóloga do desenvolvimento Holly H. Schiffrin, professora associada da Universidade de Mary Washington, na Virginia. “Percebo esse comportamento em sala de aula. Há pais que me procuram para ajustar o horário de aula dos filhos ou ligam para conversar sobre as notas deles. Costumo responder que os próprios alunos podem marcar uma reunião comigo para discutir o assunto”, diz.
3. “Colocar a máscara de oxigênio primeiro”. A instrução dada antes das viagens de avião é uma boa metáfora da parentalidade – é preciso cuidar de si mesmo para poder cuidar bem de outra pessoa. Mães com diagnóstico de depressão, por exemplo, são mais propensas a ignorar ou a exagerar comportamentos inadequados dos filhos, segundo um estudo longitudinal de dois anos publicado na Psychological Science. Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia constataram que adultos com TDAH também se tornam pais atenciosos depois de receber tratamento para o distúrbio. Todas as outras atividades cotidianas relacionadas com a saúde também importam. Um estudo de 2015 sobre os dados nacionais de saúde do Reino Unido sugere que o modo de vida dos pais pode ser tão decisivo como a genética na “transmissão” da obesidade. Outra evidência: crianças que participaram de uma pesquisa de 2014 da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e com pais biológicos com excesso de peso tinham probabilidade 27% maior do que outras de apresentar sobrepeso. Filhos adotados também demonstraram susceptibilidade similar, de 21%. Seguindo essa linha de raciocínio, adotar uma dieta mais saudável e colocar atividades físicas na rotina vai além do autocuidado: é um gesto de amor por aqueles que dependem de nós. Um bom motivo para começar, não?
Esta matéria foi publicada originalmente na edição de abril de Mente e Cérebro, disponível na Loja Segmento: http://bit.ly/1WusOOZ. Coletada no site: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/para_criar_filhos_mais_saudaveis_e_felizes.html- acesso 28 de abril de 2016
Analise:
Seguindo essa linha de raciocínio, adotar uma dieta mais saudável e colocar atividades físicas na rotina vai além do autocuidado[...]
A palavra marcada está grafada, adequadamente, de acordo com o Acordo ortográfico vigente nos países que adotam a Língua portuguesa. Também estão grafados, adequadamente, no que respeita ao uso do hífen, os dois pares de vocábulos que se encontram selecionados na alternativa
Segundo a personal organizer, ha como ter uma ideia de quanto se perde a partir de um calculo que se baseia em horas produtivas, salario e tempo.
Foram eliminados, propositalmente, os acentos gráficos das palavras do texto acima. Que palavra, do texto, deixou de ser acentuada graficamente a partir do Novo Acordo Ortográfico?
Assinale a alternativa que não apresenta erro ortográfico:
Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 10.
O Brasil registrou crescimento exponencial no número de mulheres presas. Entre 2000 e 2016, o encarceramento feminino passou de 6 mil para 42.355, impactantes 656% de aumento. Os dados foram compilados pelo Departamento Penitenciário Nacional, órgão ligado ao Ministério Extraordinário da Segurança Pública. Desse total, metade tem até 29 anos e 62% dos crimes estão relacionados ao tráfico de drogas.
“Há um crescimento industrial das prisões no país e, em geral, falamos dos presos homens. Os números alarmantes mostram a urgência em falar da condição da mulher no sistema carcerário”, afirmou Henrique Apolinário, advogado e assessor do programa de violência institucional da Conectas.
O Brasil é o quarto país que mais encarcera mulheres no mundo – atrás de Estados Unidos, China e Rússia. Divulgado na quinta-feira (10 de maio), o relatório foi retirado da página do Depen logo depois, apesar de o link para acessá-lo permanecer ativo. Por nota, o Ministério “confirma a necessidade de equilíbrio entre a priorização das políticas de alternativas penais e a construção e/ou reforma de unidades prisionais” diante do crescimento da população encarcerada. O impacto “afeta diretamente a possibilidade de oferta de serviços adequados, desde a falta de vagas até a oferta das assistências.”.
Os dados evidenciam a superlotação dos presídios. Em junho de 2016, havia apenas 27.029 vagas no sistema prisional para acomodar as mais de 42 mil detentas.
Seguindo o parâmetro do International Centre for Prision Studies, o número de mulheres encarceradas para cada grupo de 100 mil habitantes é maior no estado de Mato Grosso. Lá, são 113 mulheres presas para cada grupo de 100 mil. A média nacional é 40,6.
Há, ainda, uma disparidade entre o aprisionamento de mulheres brancas e negras. No país, o número de mulheres brancas presas é de 40 a cada 100 mil. Entre as negras, o total é de 62 para cada 100 mil.
Mais que um retrato do encarceramento feminino, o levantamento enumera as fragilidades do sistema. Quase metade das mulheres, 45%, estão detidas sem julgamento ou condenação – em 2014, eram 30,1%. No Amazonas, são 81%; em Sergipe, 79%; e, na Bahia, 71%. No Rio de Janeiro e em São Paulo, são 45% e 41%, respectivamente.
Na avaliação de especialistas, a mudança na política de combate às drogas, adotada em 2006, foi o combustível para o aumento das prisões femininas. A legislação mudou o jeito de lidar com usuários e traficantes. Enquanto o usuário tem pena alternativa ao invés de ser preso, o traficante é punido com prisão – na prática, afirmam, todos os casos passaram a ser enquadrados como tráfico. “A legislação é imprecisa, e usuárias ou mulheres em posições marginais no tráfico acabam encarceradas como traficantes em vez de terem a prisão preventiva substituída pela medida cautelar ou, em última instância, pela domiciliar” afirmou Roberta Canheo, pesquisadora do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania no Programa Justiça Sem Muros.
A taxa de suicídio entre presas é 20 vezes maior que a média nacional. Muitos fatores influenciam o sofrimento psicológico atrás das grades. Entre eles, está a falta de informação sobre a situação prisional e o tempo da pena, a violência física e emocional a que são submetidas e o abandono da família e dos amigos. “É uma fonte inesgotável de angústia”, disse Canheo. Em nota, o Depen afirmou que “está construindo projeto específico para combate ao suicídio de mulheres nas cadeias brasileiras, incluindo também a população de mulheres trans.”
O relatório mostrou que três em cada quatro mulheres presas são mães. “As mulheres são arrimo de família. O encarceramento delas impacta filhos, avós”, afirmou Apolinário, da Conectas. E há ainda as gestantes. Nos estados de Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins não existem celas ou dormitórios adequados para grávidas. E apenas 14% das unidades prisionais femininas ou mistas têm berçário ou um centro de referência materno-infantil. O Depen afirmou que tem trabalhado pela implementação de penas alternativas e monitoramento eletrônico.
LAZZERI, Thais. The Intercept. Disponível em: < https://bit.ly/2Kp6La8 >. Acesso em: 22 maio 2018 (fragmento adaptado).
Releia o trecho a seguir.
“O Brasil registrou crescimento exponencial no número de mulheres presas.”
As palavras destacadas a seguir são acentuadas pelo mesmo motivo da palavra número, exceto em:
O ensino da ortografia deve organizar-se de modo a favorecer:
Marque a alternativa que NÃO representa procedimentos didáticos para implementar uma prática continuada de produção de textos na escola:
Segundo os PCNs, a leitura em voz alta feita pelo professor não é uma prática muito comum na escola. E, quanto mais avançam as séries, mais incomum se torna, o que não deveria acontecer, pois, muitas vezes, são os alunos maiores que mais precisam de bons modelos de leitores. Na escola, uma prática de leitura intensa é necessária por muitas razões. Ela pode, EXCETO:
No que se refere à prática de leitura é correto afirmar:
Ainda de acordo com os PCNs, a produção oral pode acontecer nas mais diversas circunstâncias, dentro dos mais diversos projetos, EXCETO:
De acordo com os PCNs, a transversalidade em Língua Portuguesa pode ser abordada a partir de duas questões nucleares que são:
TEXTO III
Hoje
Trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero, a vida num momento
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo...
Hoje
Trago no olhar imagens distorcidas
Cores, viagens, mãos desconhecidas
Trazem a lua, a rua às minhas mãos,
Mas hoje,
As minhas mãos enfraquecidas e vazias
Procuram nuas pelas luas, pelas ruas...
Na solidão das noites frias por você.
Hoje
Homens sem medo aportam no futuro
Eu tenho medo acordo e te procuro
Meu quarto escuro é inerte como a morte
Hoje
Homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência
Que é o que me resta, vivo em minha sorte
Ah, Sorte...
Eu não queria a juventude assim perdida
Eu não queria andar morrendo pela vida
Eu não queria amar assim como eu te amei.
Taiguara Chalar da Silva
O Texto III é uma letra de música que possui marcas linguísticas, através das quais se pode observar a presença do seu locutor.
O verso que contém essas marcas é o seguinte:
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
As máquinas inteligentes e suas regras
01---------Em 1950, o cientista Alan Turing (1912-1954) criava um experimento que entraria para a
02--história. No famoso Teste de Turing, descrito no artigo Computing Machinery and Intelligence, o
03--britânico propunha que um computador e um humano respondessem ____ mesmas perguntas.
04--Caso o interrogador não conseguisse diferenciá-los, a máquina passava no teste, provando a sua
05--inteligência. Com sua validade questionada pela comunidade científica de hoje, o experimento
06--trouxe ____ tona uma indagação perturbadora: a máquina superará o ser humano? Passadas
07--mais de cinco décadas, a questão ainda ressoa na esfera pública, principalmente devido à
08--automação de atividades cotidianas, do transporte ao cuidado de idosos e crianças.
09---------Entu__iasta dos avanços tecnológicos, o docente do Instituto de Informática da
10--Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Edson Prestes, defende que a revolução robótica em
11--curso trará muitos benefícios. Porém, a sociedade civil precisa estar atenta, zelando pela
12--manutenção dos direitos humanos. “É consenso que robôs coe__istirão com os homens nos mais
13--variados ambientes, com as mais variadas funções. Eles impactarão certamente as nossas vidas.
14--A questão que é necessária responder é: de que forma? Se desenvolvermos robôs sem qualquer
15noção ética, certamente o impacto será negativo”, ressalta.
16---------O pesquisador integra a Global Initiative for Ethical Considerations in Artificial Intelligence
17--and Autonomous Systems, iniciativa que reúne especialistas de todo o globo para debater os
18--desafios da inteligência artificial. Essa discussão já toma forma com o desenvolvimento dos carros
19--autônomos, que não necessitam de motorista. Nos últimos dez anos, empresas de tecnologia,
20--como o Google e a Apple, e as tradicionais montadoras têm investido no setor, em uma corrida
21--para chegar ao mercado. Mais do que um benefício para quem não gosta de guiar, a promessa é
22--que esses veículos sejam mais seguros. Segundo estudo da consultoria McKinsey & Company, os
23--carros autônomos poderiam reduzir em 90% o número de acidentes, os quais são causados nos
24--dias de hoje principalmente por falhas humanas como e__esso de velocidade, consumo de álcool
25--e fadiga.
26---------Imune _____ distrações, os novos automóveis trariam benefícios inegáveis. No entanto, há
27--um fator que torna a equação um pouco mais complexa: o acaso. Como o veículo agirá se, por
28--exemplo, um pedestre aparecer de repente em seu percurso? Atropelará ____ pessoa ou desviará
29--para outro local pondo a vida do passageiro em risco? Segundo o gerente de estratégia da Ford,
30--Luciano Driemeier, situações como essas exigiriam a criação de normas de conduta. “O código de
31--ética é uma questão de toda a indústria. Precisamos de abordagens e discussões consistentes, e
32--de todas as partes interessadas – incluindo governo, indústria automobilística, suprimentos,
33--companhias de seguros e grupos de defesa dos consumidores”, afirma.
34---------O físico, astrônomo e docente da universidade norte-americana Dartmouth College,
35--Marcelo Gleiser, concorda que o padrão de conduta dos veículos autônomos deve ser discutido por
36--grupos multidisciplinares, incluindo filósofos especializados em ética. “A boa notícia é que, dada a
37--imparcialidade da máquina, muito provavelmente a melhor decisão será salvar o maior número de
38--vidas possível”, comenta. Esse fator também é ressaltado pelo gerente de projetos da BMW,
39--Henrique Miranda. Ele argumenta que, ao contrário do motorista, a máquina não age “por instinto
40--de sobrevivência”. “O objetivo da tecnologia não é escolher entre vidas, mas proteger todas as
41--vidas”, afirma.
42---------Para que esses carros possam ser inseridos no mercado, também será necessário criar
43--novas leis. Atualmente, por exemplo, ainda não há uma definição clara de quem seria
44--responsabilizado – a empresa ou o passageiro – caso o veículo provoque um acidente.
45--Recentemente, o governo alemão deu o primeiro passo nesse sentido, anunciando uma série de
46--diretrizes relacionadas ao uso de carros autônomos. Outras nações devem seguir o exemplo,
47--e__pandindo a regulamentação para outras áreas. “Diversos grupos em universidades já estão
48--discutindo que regras deveriam guiar o trabalho dos robôs. Afinal, se conseguirmos de fato
49--construir máquinas inteligentes, como garantir que elas seguirão nossas regras e não as delas?”,
50--indaga Gleiser.
(Fonte: Mariana Tessitore – Revista da Cultura – Disponível em:
https://www.livrariacultura.com.br/revistadacultura/reportagens/etica-e-tecnologia - adaptação)
Considerando a correta ortografia das palavras em Língua Portuguesa, assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas presentes nas linhas 09, 12, 24 e 47.
Leia o texto para responder às questões de 01 a 10:
Para criar filhos mais saudáveis e felizes
Na tentativa de serem “bons pais”, muitos erram apesar das boas intenções: investem em uma rotina cheia de compromissos escolares e extracurriculares para a criança, envolvem-se nas dificuldades dos filhos a ponto de querer resolvê-las ou, ainda, deixam de cuidar de si com a justificativa de que é preciso cuidar do outro. Especialistas apontam atitudes que podem prejudicar o desenvolvimento de habilidades necessárias para uma vida adulta mais feliz e autônoma
1. Permitir momentos de ócio e tédio.
Escola, esporte, cursos extracurriculares. Muitas crianças têm agendas dignas de adultos muito atarefados, com poucas horas livres ao longo do dia. Até mesmo nos fins de semana e férias, que não raro são pré-programados com passeios e viagens. Efeito da nossa cultura, que não vê com bons olhos “não ter o que fazer”. No entanto, estudos sugerem que seguir rotina cheia de compromissos desde cedo pode prejudicar a criança. Um deles, publicado na Frontiers of Psychology em 2014, relaciona a quantidade de atividades estruturadas, como aulas de futebol ou dança, no dia a dia de crianças de 6 anos ao menor desenvolvimento de uma “função executiva autodirigida”. Basicamente, esse processo mental ajuda os pequenos a regular emoções e definir e atingir metas por conta própria, além de ser associado a maior estabilidade emocional e profissional na vida adulta. O que os pais podem fazer então? “Deixe que seus filhos caiam na monotonia e descubram algo para fazer por conta própria”, sugere o psicólogo Michael Ungar, codiretor do Centro de Pesquisa de Resiliência da Universidade Dalhousie, em Nova Escócia. “O tédio num contexto hiperestimulado pode permitir exercer a criatividade e desenvolver a iniciativa, a persistência e a sensação de que podem influenciar o mundo”, explica.
2. Deixar que resolvam problemas.
Não são poucos os pais excessivamente protetores, que se envolvem nas dificuldades cotidianas dos filhos além da conta. A superproteção não favorece o desenvolvimento de habilidades que serão necessárias na vida adulta, como autonomia e resiliência. Pesquisas no campo da autodeterminação relacionam a superproteção a níveis mais elevados de ansiedade e depressão, notas mais baixas na escola e menor satisfação com a vida quando adultos. “Pouco comprometimento dos pais não é positivo. Mas o envolvimento em demasia também não”, afirma a psicóloga do desenvolvimento Holly H. Schiffrin, professora associada da Universidade de Mary Washington, na Virginia. “Percebo esse comportamento em sala de aula. Há pais que me procuram para ajustar o horário de aula dos filhos ou ligam para conversar sobre as notas deles. Costumo responder que os próprios alunos podem marcar uma reunião comigo para discutir o assunto”, diz.
3. “Colocar a máscara de oxigênio primeiro”.
A instrução dada antes das viagens de avião é uma boa metáfora da parentalidade – é preciso cuidar de si mesmo para poder cuidar bem de outra pessoa. Mães com diagnóstico de depressão, por exemplo, são mais propensas a ignorar ou a exagerar comportamentos inadequados dos filhos, segundo um estudo longitudinal de dois anos publicado na Psychological Science. Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia constataram que adultos com TDAH também se tornam pais atenciosos depois de receber tratamento para o distúrbio. Todas as outras atividades cotidianas relacionadas com a saúde também importam. Um estudo de 2015 sobre os dados nacionais de saúde do Reino Unido sugere que o modo de vida dos pais pode ser tão decisivo como a genética na “transmissão” da obesidade. Outra evidência: crianças que participaram de uma pesquisa de 2014 da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres e com pais biológicos com excesso de peso tinham probabilidade 27% maior do que outras de apresentar sobrepeso. Filhos adotados também demonstraram susceptibilidade similar, de 21%. Seguindo essa linha de raciocínio, adotar uma dieta mais saudável e colocar atividades físicas na rotina vai além do autocuidado: é um gesto de amor por aqueles que dependem de nós. Um bom motivo para começar, não?
Esta matéria foi publicada originalmente na edição de abril de Mente e Cérebro, disponível na Loja Segmento: http://bit.ly/1WusOOZ. Coletada no site:http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/par a_criar_filhos_mais_saudaveis_e_felizes.htmlacesso 28 de abril de 2016
Analise:
Seguindo essa linha de raciocínio, adotar uma dieta mais saudável e colocar atividades físicas na rotina vai além do autocuidado[...] |
A palavra marcada está grafada, adequadamente, de acordo com o Acordo ortográfico vigente nos países que adotam a Língua portuguesa. Também estão grafados, adequadamente, no que respeita ao uso do hífen, os dois pares de vocábulos que se encontram selecionados na alternativa
O sino de ouro
Contaram-me que, no fundo do sertão de Goiás, numa localidade de cujo nome não estou certo, mas acho que é Porangatu, que fica perto do rio de Ouro e da serra de Santa Luzia, ao sul da serra Azul – mas também pode ser Uruaçu, junto do rio das Almas e da serra do Passa Três ( minha memória é traiçoeira e fraca; eu esqueço os nomes das vilas e a fisionomia dos irmãos; esqueço os mandamentos e as cartas e até a amada que amei com paixão) – mas me contaram em Goiás, nessa povoação de poucas almas, as casas são pobres e os homens pobres, e muitos são parados e doentes e indolentes, e mesmo a igreja pequena, me contaram que aí tem – coisa bela e espantosa – um grande sino de ouro.
Lembrança de antigo esplendor, gesto de gratidão, dádiva ao Senhor de um grã-senhor – nem Chartres, nem Colônia, nem São Pedro ou Ruão, nenhuma catedral imensa com seus enormes carrilhões tem nada capaz de um som tão lindo e puro como esse sino de ouro, de ouro catado e fundido na própria terra goiana nos tempos de antigamente.
É apenas um sino, mas é de ouro. De tarde seu som vai voando em ondas mansas sobre as matas e os cerrados, e as veredas de buritis, e a melancolia do chapadão, e chega ao distante e deserto carrascal, e avança em ondas mansas sobre os campos imensos, o som do sino de ouro. E a cada um daqueles homens pobres ele dá cada dia sua ração de alegria. Eles sabem que de todos os ruídos e sons que fogem do mundo em procura de Deus – gemidos, gritos, blasfêmias, batuques, sinos, orações, e o murmúrio temeroso e agônico das grandes cidades que esperam a explosão atômica e no seu próprio ventre negro parecem conter o germe de todas as explosões – eles sabem que Deus, com especial delícia e alegria ouve o som alegre do sino de ouro perdido no fundo do sertão. E então é como se cada homem, o mais pobre, o mais doente e humilde, o mais mesquinho e triste, tivesse dentro da alma um pequeno sino de ouro.
Quando vem o forasteiro de olhar aceso de ambição e propõe negócios, fala em estradas, bancos, dinheiro, obras, progresso, corrução – dizem que esses goianos olham o forasteiro com um olhar lento e indefinível sorriso e guardam um modesto silêncio. O forasteiro de voz alta e fácil não compreende; fica, diante daquele silêncio, sem saber que o goiano está quieto, ouvindo bater dentro de si, com um som de extrema pureza e alegria, seu particular sino de ouro. E o forasteiro parte, e a povoação continua pequena, humilde e mansa, mas louvando a Deus com sino de ouro. Ouro que não serve para perverter, nem o homem nem a mulher, mas para louvar a Deus.
E se Deus não existe não faz mal. O ouro do sino de ouro é neste mundo o único ouro de alma pura, o ouro no ar, o ouro da alegria. Não sei se isso acontece em Porangatu, Uruaçu ou outra cidade do sertão. Mas quem me contou foi um homem velho que esteve lá; contou dizendo: “eles têm um sino de ouro e acham que vivem disso, não se importam com mais nada, nem querem mais trabalhar; fazem apenas o essencial para comer e continuar a viver, pois acham maravilhoso ter um sino de ouro”.
O homem velho me contou isso com espanto e desprezo. Mas eu contei a uma criança e nos seus olhos se lia seu pensamento: que a coisa mais bonita do mundo deve ser ouvir um sino de ouro. Com certeza é esta mesma a opinião de Deus, pois ainda que Deus não exista ele só pode ter a mesma opinião de uma criança. Pois cada um de nós quando criança tem dentro da alma seu sino de ouro que depois, por nossa culpa e miséria e pecado e corrução, vai virando ferro e chumbo, vai virando pedra e terra, e lama e podridão.
(BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas – 31ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010.)
Assinale a alternativa em que todas as palavras foram acentuadas pela mesma razão.
Eu sei, mas não devia
Marina Colassanti
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma ___ não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, ___ medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez vai pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir ____ comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma ____ poluição. ____ salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter _________ uma planta.
A gente se acostuma ____ coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e ____ no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não ____ muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar ____ pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Assinale a alternativa CORRETA: