Questões de Concurso
Sobre preposições em português
Foram encontradas 2.849 questões
Para responder às questões de 1 a 5, leia o texto abaixo.
A crise política no Brasil
interfere nas decisões das empresas e organizações?
Todas as mudanças que ocorrem, nos ambientes internos ou externos de uma empresa, podem influenciar suas decisões e seu futuro. Podemos apontar como fatores internos a estrutura organizacional, o setor pessoal do RH, o setor financeiro, o setor de produção. Já no ambiente externo, podem- se apontar os concorrentes, os fornecedores, os consumidores, o mercado dos produtos e serviços, as instituições financeiras, entre outros.
O ambiente externo, podemos chamá-lo de Ambiente de Tarefa. Esse é o espaço no qual a empresa atua e está inserida. Dessa maneira, dentro do Ambiente de Tarefa encontramos: clientes, fornecedores, órgãos reguladores, parceiros estratégicos, distribuidores e concessionários e os sindicatos de empregados.
Além disso, destacam-se as forças tecnológicas, os fatores econômicos, legais e socioculturais. O ambiente geral da organização é constituído de forças externas sobre as quais a organização não tem poder de decisão. A empresa não tem poder de decidir ou de escolher como os agentes e as situações externas irão influenciar suas atividades ou interagir com elas.
No caso brasileiro, principalmente desde as grandes manifestações pelo Passe Livre em 2013, percebe-se uma mudança no quadro econômico brasileiro. Em comparação com janeiro de 2015, a baixa do IBC-Br na série observada foi de 8,12%. O IBC é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central. Esse declínio causou um saldo negativo na geração de empregos, tanto em 2015 quanto em 2016. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, até novembro de 2015, já tinham sido fechados 945.363 postos de trabalho com carteira assinada. Em meio a essa situação, encontra-se um clima em que é incerto investir e as empresas acabam não arriscando neste momento.
Encontramos, assim, como externos a essas empresas, os fatores políticos e econômicos, influenciando a contratação, a demissão, as vendas, os produtos e os serviços. Também se percebe a retração nas atividades dos investidores internacionais, que se preocupam com o mercado incerto brasileiro.
A política brasileira está em um momento de crise e instabilidade. A força desse fator externo é tão grande que impacta a vida das pessoas, tanto em relação a seus empregos quanto a suas vidas.
Dessa maneira, podemos afirmar haver indícios que comprovam que a crise política interfere na decisão das empresas e das organizações. A dimensão de seu impacto está na compra de matérias-primas, na produção de produtos e serviços, nas contratações, nas demissões e na oferta de produtos e serviços.
( www.portaleducacao.com.br)
No quarto parágrafo, aparece a palavra "Segundo", em destaque no texto. A que classe gramatical ela pertence, no contexto em que aparece?
A frase abaixo em que a preposição DE não mostra valor de finalidade é:
Relacione o uso da preposição com e a circunstância sintático-semântica expressa. Em seguida assinale a alternativa que indica a sequência correta.
1 - Estaremos com eles, caso se sinta preocupado.
2 - Saiu com olhos vidrados pelas lágrimas.
3 - Com muito medo, saiu a esconder-se perto da mãe.
4 - Veio com aquele carro em estado lastimável.
( ) Causa
( ) Modo
( ) Companhia
( ) Meio
Texto 1
DOMÍCIO DA GAMA
Domício da Gama (Domício Afonso Forneiro,
adotou do padrinho o Gama), jornalista, diplomata,
contista e cronista, nasceu em Maricá, RJ, em 23 de
outubro de 1862 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ,
5 em 8 de novembro de 1925. Foi um dos dez
acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897,
para completar o quadro de fundadores da Academia.
Escolheu Raul Pompeia como patrono, ocupando a
cadeira no 33. Foi recebido na sessão de 1º de julho de
10 1900, por Lúcio de Mendonça.
Fez estudos preparatórios no Rio de Janeiro e
ingressou na Escola Politécnica, mas não chegou a
terminar o curso. Seguiu para o estrangeiro em missões
diplomáticas. A sua primeira missão foi a de secretário
15 do Serviço de Imigração, e o contato, nessa época, com
o Barão do Rio Branco, valeu-lhe ser nomeado
secretário da missão Rio Branco para a questão de
limites Brasil-Argentina (1893-1895), com a Guiana
Francesa (1895-1900) e com a Guiana Inglesa
20 (1900-1901). Foi secretário de Legação na Santa Sé,
em 1900, e ministro em Lima, em 1906. Embaixador em
missão especial, em 1910, representou o Brasil no
centenário da independência da Argentina e nas festas
centenárias do Chile. Embaixador do Brasil em
25 Washington, de 1911 a 1918, foi o digno sucessor de
Joaquim Nabuco, por escolha do próprio Barão do Rio
Branco. Ao celebrar-se a paz europeia de Versalhes,
Domício, como ministro das Relações Exteriores,
pretendeu representar o Brasil naquela conferência,
30 propósito que suscitou divergências na imprensa
brasileira. Convidado para a mesma embaixada, Rui
Barbosa recusou, e o chefe da representação brasileira
foi, afinal, Epitácio Pessoa, eleito pouco depois, em
seguida à morte de Rodrigues Alves, presidente da
35 República. Domício foi substituído na Chancelaria por
Azevedo Marques, seguindo como embaixador em
Londres, em 1920-21. Foi posto em disponibilidade
durante a Presidência Bernardes.
Em 1919 foi Presidente da Academia Brasileira
40 de Letras, em substituição a Rui Barbosa.
Domício da Gama era colaborador da Gazeta de
Notícias ao tempo de Ferreira de Araújo e, ainda no
início da carreira, escreveu contos, crônicas e críticas
literárias.
Texto editado. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/ domicio-da-gama/biografia. Acesso em: 10 jul.2018.
Considerando os fragmentos “Foi um dos dez acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897, para completar o quadro de fundadores da Academia” (linhas 5-7) e “Seguiu para o estrangeiro em missões diplomáticas” (linhas 13-14), pode-se afirmar que, em cada ocorrência, a preposição “para” significa, respectivamente:
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas de 01 a 20.
RECICLAGEM DE POLUIÇÃO
Cientistas avançam na busca para converter CO2 em combustível de forma eficaz e barata
1 ___ Um dos principais gases causadores do efeito estufa, o dióxido de carbono (CO2), é alvo de diversas estratégias que procuram reduzir sua concentração na atmosfera para combater o aquecimento global. Uma delas é justamente convertê-lo de volta nos combustíveis de cuja queima ele se originou, como a gasolina e o óleo diesel, numa espécie de “reciclagem”. Este processo, no entanto, enfrenta dois grandes obstáculos: o alto custo e a baixa eficiência; isto é, normalmente se gasta muito mais energia para completá-lo do que a que será fornecida pelo combustível resultante. Assim, nos últimos anos, grupos de cientistas espalhados pelo mundo têm buscado formas de tornar esta reação mais eficiente e barata, como mostram dois estudos publicados recentemente nas revistas científicas “Nature” e “Science”.
2 ___ No primeiro deles, pesquisadores liderados por Ted Sargent, professor da Faculdade de Ciências e Engenharia Aplicadas da Universidade de Toronto, no Canadá, lançaram mão da nanotecnologia para aumentar a concentração de CO2 junto às superfícies catalisadoras que transformam o gás em monóxido de carbono (CO), primeiro passo para sua conversão em combustíveis, num tipo de reação química conhecida como redução. A solução adotada pelos cientistas foi fabricar redes com agulhas de ouro extremamente pequenas, com pontas dez mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo, de forma que, quando submetidas a uma pequena corrente elétrica, elas criassem um campo que atraísse o CO2, acelerando sua redução em CO.
3 ___ — A redução do CO2 é um grande desafio devido à inatividade da molécula — lembra Min Liu, pesquisador da Universidade de Toronto e um dos coautores do artigo que relata o desenho e uso das nanoagulhas de ouro nos conversores do gás, publicado pela “Nature” — E as nanoagulhas funcionam como para-raios para catalisar essa reação.
4 ___ Já outra equipe de cientistas, da Universidade de Illinois, em Chicago, nos EUA, foi buscar inspiração nas plantas por um processo mais eficiente para esta conversão de CO2 em combustível. E a escolha não é por menos, já que há milhões de anos os vegetais fazem isso, transformando o dióxido de carbono que tiram do ar e a água que sugam do solo em açúcares com ajuda da luz do Sol, na conhecida fotossíntese. Assim, eles criaram o que apelidaram de “folhas artificiais”, um modelo de células solares que agem de forma integrada na captação de energia, CO2 e água para novamente reduzir o gás do efeito estufa em monóxido de carbono e fornecer o chamado syngas (sigla em inglês para “gás de síntese”), uma inflamável mistura de CO e hidrogênio que pode ser queimada diretamente ou transformada nos combustíveis propriamente ditos, como metano, etanol e diesel, por meio de processos químicos adicionais com água.
5 ___ — A nova célula solar não é fotovoltaica, é fotossintética — resume Amin Salehi-Khojin, professor da universidade americana e autor sênior do estudo publicado pela revista “Science” — No lugar de produzirmos energia em uma via de mão única insustentável, de combustíveis fósseis para um gás do efeito estufa, podemos agora reverter este processo e reciclar o carbono da atmosfera em combustível usando a luz do Sol.
6 ___ Para tanto, Salehi-Khojin e seus colegas desenvolveram e analisaram novos compostos catalisadores para converter o CO2 em CO. No lugar de usarem metais preciosos e caros como ouro, platina e prata, que têm sido a base dos catalisadores mais efi cientes na redução do dióxido de carbono, eles se focaram em uma família de compostos nanoestruturados chamados metais de transição dicalcogenetos (TMDCs, também na sigla em inglês), que uniram a um incomum líquido iônico como eletrólito na célula da “folha artificial” montada em dois compartimentos com três eletrodos.
7 ___ Entre esses compostos, os que mais se destacaram foram nanoflocos de disseleneto de tungstênio que, segundo os pesquisadores, promoveu a redução do CO2 mil vezes mais rápido que os catalisadores feitos com metais nobres, com um custo cerca de 20 vezes menor.
8 ___ — O novo catalisador é mais ativo e mais capaz de quebrar as ligações químicas do dióxido de carbono — diz Mohammad Asadi, primeiro autor do artigo na “Science”.
9 ___ Professor de química da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, Antônio Otávio de Toledo Patrocínio está otimista com os avanços na área. Segundo ele, a fotossíntese natural, mesmo que não tenha uma eficiência gigantesca, é prova de que usar o CO2 para produzir combustíveis é algo perfeitamente viável, tanto que ela garante a sustentação de toda a biomassa do planeta.
10 ___ — Do ponto de vista ambiental, é crítico o desenvolvimento de tecnologias de reaproveitamento de CO2 — justifica. — Primeiramente, o mundo precisa reduzir as emissões, mas, em segundo lugar, o que nós estamos tentando fazer agora é recapturar o CO2 gerado pela ação antropogênica, que desbalanceou o ciclo natural do carbono. Mas não adianta só ter um processo eficiente, é preciso que ele se encaixe nos processos industriais existentes. Senão, não existe viabilidade econômica — finaliza.
(BAIMA, Cesar & MATSUURA, Sergio. O Globo, 22/08/16, p. 20.)
“A solução adotada pelos cientistas foi fabricar redes COM agulhas de ouro extremamente pequenas, COM pontas dez mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo” (2º §).
No fragmento transcrito acima, a preposição “com” foi destacada duas vezes. Considerando-se os valores sintáticos e semânticos das preposições, as duas ocorrências da preposição “com”, no fragmento acima, estão corretamente analisadas em:
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas de 01 a 20.
RECICLAGEM DE POLUIÇÃO
Cientistas avançam na busca para converter CO2 em combustível de forma eficaz e barata
1 ___ Um dos principais gases causadores do efeito estufa, o dióxido de carbono (CO2), é alvo de diversas estratégias que procuram reduzir sua concentração na atmosfera para combater o aquecimento global. Uma delas é justamente convertê-lo de volta nos combustíveis de cuja queima ele se originou, como a gasolina e o óleo diesel, numa espécie de “reciclagem”. Este processo, no entanto, enfrenta dois grandes obstáculos: o alto custo e a baixa eficiência; isto é, normalmente se gasta muito mais energia para completá-lo do que a que será fornecida pelo combustível resultante. Assim, nos últimos anos, grupos de cientistas espalhados pelo mundo têm buscado formas de tornar esta reação mais eficiente e barata, como mostram dois estudos publicados recentemente nas revistas científicas “Nature” e “Science”.
2 ___ No primeiro deles, pesquisadores liderados por Ted Sargent, professor da Faculdade de Ciências e Engenharia Aplicadas da Universidade de Toronto, no Canadá, lançaram mão da nanotecnologia para aumentar a concentração de CO2 junto às superfícies catalisadoras que transformam o gás em monóxido de carbono (CO), primeiro passo para sua conversão em combustíveis, num tipo de reação química conhecida como redução. A solução adotada pelos cientistas foi fabricar redes com agulhas de ouro extremamente pequenas, com pontas dez mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo, de forma que, quando submetidas a uma pequena corrente elétrica, elas criassem um campo que atraísse o CO2, acelerando sua redução em CO.
3 ___ — A redução do CO2 é um grande desafio devido à inatividade da molécula — lembra Min Liu, pesquisador da Universidade de Toronto e um dos coautores do artigo que relata o desenho e uso das nanoagulhas de ouro nos conversores do gás, publicado pela “Nature” — E as nanoagulhas funcionam como para-raios para catalisar essa reação.
4 ___ Já outra equipe de cientistas, da Universidade de Illinois, em Chicago, nos EUA, foi buscar inspiração nas plantas por um processo mais eficiente para esta conversão de CO2 em combustível. E a escolha não é por menos, já que há milhões de anos os vegetais fazem isso, transformando o dióxido de carbono que tiram do ar e a água que sugam do solo em açúcares com ajuda da luz do Sol, na conhecida fotossíntese. Assim, eles criaram o que apelidaram de “folhas artificiais”, um modelo de células solares que agem de forma integrada na captação de energia, CO2 e água para novamente reduzir o gás do efeito estufa em monóxido de carbono e fornecer o chamado syngas (sigla em inglês para “gás de síntese”), uma inflamável mistura de CO e hidrogênio que pode ser queimada diretamente ou transformada nos combustíveis propriamente ditos, como metano, etanol e diesel, por meio de processos químicos adicionais com água.
5 ___ — A nova célula solar não é fotovoltaica, é fotossintética — resume Amin Salehi-Khojin, professor da universidade americana e autor sênior do estudo publicado pela revista “Science” — No lugar de produzirmos energia em uma via de mão única insustentável, de combustíveis fósseis para um gás do efeito estufa, podemos agora reverter este processo e reciclar o carbono da atmosfera em combustível usando a luz do Sol.
6 ___ Para tanto, Salehi-Khojin e seus colegas desenvolveram e analisaram novos compostos catalisadores para converter o CO2 em CO. No lugar de usarem metais preciosos e caros como ouro, platina e prata, que têm sido a base dos catalisadores mais efi cientes na redução do dióxido de carbono, eles se focaram em uma família de compostos nanoestruturados chamados metais de transição dicalcogenetos (TMDCs, também na sigla em inglês), que uniram a um incomum líquido iônico como eletrólito na célula da “folha artificial” montada em dois compartimentos com três eletrodos.
7 ___ Entre esses compostos, os que mais se destacaram foram nanoflocos de disseleneto de tungstênio que, segundo os pesquisadores, promoveu a redução do CO2 mil vezes mais rápido que os catalisadores feitos com metais nobres, com um custo cerca de 20 vezes menor.
8 ___ — O novo catalisador é mais ativo e mais capaz de quebrar as ligações químicas do dióxido de carbono — diz Mohammad Asadi, primeiro autor do artigo na “Science”.
9 ___ Professor de química da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, Antônio Otávio de Toledo Patrocínio está otimista com os avanços na área. Segundo ele, a fotossíntese natural, mesmo que não tenha uma eficiência gigantesca, é prova de que usar o CO2 para produzir combustíveis é algo perfeitamente viável, tanto que ela garante a sustentação de toda a biomassa do planeta.
10 ___ — Do ponto de vista ambiental, é crítico o desenvolvimento de tecnologias de reaproveitamento de CO2 — justifica. — Primeiramente, o mundo precisa reduzir as emissões, mas, em segundo lugar, o que nós estamos tentando fazer agora é recapturar o CO2 gerado pela ação antropogênica, que desbalanceou o ciclo natural do carbono. Mas não adianta só ter um processo eficiente, é preciso que ele se encaixe nos processos industriais existentes. Senão, não existe viabilidade econômica — finaliza.
(BAIMA, Cesar & MATSUURA, Sergio. O Globo, 22/08/16, p. 20.)
“E a escolha não é por menos, já que HÁ milhões de anos os vegetais fazem isso” (4º §)
No fragmento acima, foi empregado o verbo “haver”, e não a preposição “a”, por se tratar de construção que, pelo sentido, remete a tempo decorrido.
Das frases abaixo, está INCORRETA, por se ter empregado o verbo “haver” no lugar da preposição “a”, ou vice-versa, a seguinte:
AS QUESTÕES 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
1__Estou voltando de um fim de semana em Friburgo. Mas poderia estar regressando de qualquer cidade
2 brasileira, que a situação seria a mesma. É que às vezes uma melhor compreensão do Brasil a gente encontra
3 não nos tratados, mas num simples incidente cotidiano.
4 __Por isto estou ali na estrada. O trânsito vai fluindo normalmente. De repente, na altura de Itaboraí
5 (como acontece frequentemente), o fluxo dos veículos vai ficando mais lento. Descobre-se a causa: lá está um
6 policial de trânsito fazendo com que os automóveis entrem em fila única. Isto é uma técnica que costumam
7 usar para evitar engarrafamentos, sobretudo quando vai chegando o verão. Tal técnica, acredito, deve dar
8 certo na Escandinávia, nunca aqui nos trópicos. A polícia rodoviária deve ter pensado que usando este
9 processo evitaria que na altura de Magé o trânsito virasse um pandemônio. Ela sabe que, se deixar, os
10 motoristas vão começar a ultrapassagem pela contramão, uma vez que não há praticamente movimento aí. É
11 uma forma de evitar desastres.
12 __Este é o problema. A polícia rodoviária é brasileira, mas não conhece os brasileiros. Porque ela
13 apenas armou o cenário para a dramatização de mais uma cena representativa do caráter nacional. Vamos
14 começar a assistir ao rito do "brasileiro esperto" que "leva vantagem em tudo".
15 __Ali estou com a família tentando ser bom brasileiro.
16 ________________________________(...)
17 __Em breve já não somos uma fila única, mas uma fila dupla está se formando sem que surja qualquer
18 guarda alemão ou sueco para controlar o que quer que seja. E a coisa não para aí. Está, ao contrário, apenas
19 começando.
20 ________________________________(...)
21 __Nisto percebo que já não somos três filas apenas, mas quatro e cinco filas indo em direção ao caos.
22 ________________________________(...)
23 __Meu rádio, por acaso, capta a voz de um policial comentando o engarrafamento: "Câmbio / confusão
24 geral / danou tudo / não tem mais jeito / câmbio". Agora, sim, estamos todos ali perfeitamente brasileiros e
25 infelizes, enquanto a raiva raia sanguínea e fresca em nossos nervos. Ali estamos, achando que íamos iludir o
26 FMI, que o capitalismo selvagem não nos prejudicaria. Ali estamos como o "deputado pianista" e o que vota
27 seu desonesto jeton. Ali estamos como o militar, o ministro e o alto funcionário iludindo o imposto de renda.
28 Ali estamos, posseiros e grileiros, governantes e governados, todos apalermados porque não sabíamos que a
29 história do país pode engarrafar.
SANTANNA, Affonso Romano de. - ADAPTADO
No texto, a relação estabelecida pela preposição transcrita está corretamente indicada em
Texto para responder às questões de 01 a 15.
Muribeca
Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão.
É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho?
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer? E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?
Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira [...]? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?
O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho [...] aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor.
Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? [...] Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro?
[...] Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro – o moço tá servido? A moça?
Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta – roupa nova, véu, grinalda. [...]
Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho.
Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dizem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.
FREIRE, Marcelino. Angu de sangue. Cotia:Ateliê, 2000. p. 23-5.
Sobre o valor semântico da preposição destacada em “Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. ATÉ televisão.”, pode-se afirmar corretamente que:
Leia o texto que se segue e responda às questões de 1 a 10.
Degraus da ilusão
01 Fala-se muito na ascensão das classes menos favorecidas, formando uma “nova classe média”,
02 realizada por degraus que levam a outro patamar social e econômico (cultural, não ouço falar). Em teoria, seria
03 um grande passo para reduzir a catastrófica desigualdade que aqui reina.
04 Porém receio que, do modo como está se realizando, seja uma ilusão que pode acabar em sérios
05 problemas para quem mereceria coisa melhor. Todos desejam uma vida digna para os despossuídos, boa
06 escolaridade para os iletrados, serviços públicos ótimos para a população inteira, isto é, educação, saúde,
07 transporte, energia elétrica, segurança, água, e tudo de que precisam cidadãos decentes.
08 Porém, o que vejo são multidões consumindo, estimuladas a consumir como se isso constituísse um bem
09 em si e promovesse real crescimento do país. Compramos com os juros mais altos do mundo, pagamos os
10 impostos mais altos do mundo e temos os serviços (saúde, comunicação, energia, transportes e outros) entre
11 os piores do mundo. Mas palavras de ordem nos impelem a comprar, autoridades nos pedem para consumir,
12 somos convocados a adquirir o supérfluo, até o danoso, como botar mais carros em nossas ruas atravancadas
13 ou em nossas péssimas estradas.
14 Além disso, a inadimplência cresce de maneira preocupante, levando famílias que compraram seu carrinho
15 a não ter como pagar a gasolina para tirar seu novo tesouro do pátio no fim de semana. Tesouro esse que logo
16 vão perder, pois há meses não conseguem pagar as prestações, que ainda se estendem por anos.
17 Estamos enforcados em dívidas impagáveis, mas nos convidam a gastar ainda mais, de maneira
18 impiedosa, até cruel. Em lugar de instruírem, esclarecerem, formarem uma opinião sensata e positiva, tomam
19 novas medidas para que esse consumo insensato continue crescendo – e, como somos alienados e pouco
20 informados, tocamos a comprar.
21 Sou de uma classe média em que a gente crescia com quatro ensinamentos básicos: ter seu diploma, ter
22 sua casinha, ter sua poupança e trabalhar firme para manter e, quem sabe, expandir isso. Para garantir uma
23 velhice independentemente de ajuda de filhos ou de estranhos; para deixar aos filhos algo com que pudessem
24 começar a própria vida com dignidade.
25 Tais ensinamentos parecem abolidos, ultrapassadas a prudência e a cautela, pouco estimulados o desejo
26 de crescimento firme e a construção de uma vida mais segura. Pois tudo é uma construção: a vida pessoal, a
27 profissão, os ganhos, as relações de amor e amizade, a família, a velhice (naturalmente tudo isso sujeito a
28 fatalidades como doença e outras, que ninguém controla). Mas, mesmo em tempos de fatalidade, ter um pouco
29 de economia, ter uma casinha, ter um diploma, ter objetivos certamente ajuda a enfrentar seja o que for.
30 Podemos ser derrotados, mas não estaremos jogados na cova dos leões do destino, totalmente desarmados.
31 Somos uma sociedade alçada na maré do consumo compulsivo, interessada em “aproveitar a vida”, seja o
32 que isso for, e em adquirir mais e mais coisas, mesmo que inúteis, quando deveríamos estar cuidando, com
33 muito afinco e seriedade, de melhores escolas e universidades, tecnologia mais avançada, transportes muito
34 mais eficientes, saúde excelente, e verdadeiro crescimento do país. Mas corremos atrás de tanta conversa vã,
35 não protegidos, mas embaixo de peneiras com grandes furos, que só um cego ou um grande tolo não vê.
36 A mais forte raiz de tantos dos nossos males é a falta de informação e orientação, isto é, de educação. E o
37 melhor remédio é investir fortemente, abundantemente, decididamente, em educação: impossível repetir isso
38 em demasia. Mas não vejo isso como nossa prioridade.
39 Fosse o contrário, estaríamos atentos aos nossos gastos e aquisições, mais interessados num crescimento
40 real e sensato do que em itens desnecessários em tempos de crise. Isso não é subir de classe social: é
41 saracotear diante de uma perigosa ladeira. Não tenho ilusão de que algo mude, mas deixo aqui meu quase
42 solitário (e antiquado) protesto.
LUFT, Lya. Degraus da ilusão. Disponível em http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/lya-luft-vejo-multidoes-consumindo-estimuladas-a-consumircomo-se-isso-constituisse-um-bem-em-si-e-promovesse-real-crescimento-do-pais-isso-nao-e-subir-de-classe-social/. Acesso em 01 de setembro de 2013.
Quanto à regência verbal, pode-se afirmar, a partir do trecho “tudo de que precisam cidadãos decentes” (linha 07), que
Um ambiente arrumado traz grandes mudanças às vidas das pessoas, o que pode incluir relacionamentos e âmbito profissional.
O autor empregou “às” de acordo com a seguinte regra:
As palavras: ciente, misericordioso, ansioso, suspeito e paralelamente regem, respectivamente, as preposições:
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio
Estou deitado na margem. Dois barcos, presos a um tronco de salgueiro cortado em remotos tempos, oscilam ao jeito do vento, não da corrente, que é macia, vagarosa, quase invisível. A paisagem em frente, conheço-a. Por uma aberta entre as árvores, vejo as terras lisas da lezíria, ao fundo uma franja de vegetação verde-escura, e depois, inevitavelmente, o céu onde boiam nuvens que só não são brancas porque a tarde chega ao fim e há o tom de pérola que é o dia que se extingue. Entretanto, o rio corre. Mais propriamente se diria: anda, arrasta-se- mas não é costume.
Três metros acima da minha cabeça estão presos nos ramos rolos de palha, canalhas de milho, aglomerados de lodo seco. São os vestígios da cheia. À esquerda, na outra margem, alinham-se os freixos que, a esta distância, por obra do vento que lhes estremece as folhas numa vibração interminável, me fazem lembrar o interior de uma colmeia. É o mesmo fervilhar, numa espécie de zumbido vegetal, uma palpitação (é o que penso agora), como se dez mil aves tivessem brotado dos ramos numa ansiedade de asas que não podem erguer voo.
Entretanto, enquanto vou pensando, o rio continua a passar, em silêncio. Vem agora no vento, da aldeia que não está longe, um lamentoso toque de sinos: alguém morreu, sei quem foi, mas de que serve dizê-lo? Muito alto, duas garças brancas (ou talvez não sejam garças, não importa) desenham um bailado sem princípio nem fim: vieram inscrever-se no meu tempo, irão depois continuar o seu, sem mim.
Olho agora o rio que conheço tão bem. A cor das águas, a maneira como escorregam ao longo das margens, as espadanas verdes, as plataformas de limas onde encontram chão as rãs, onde as libélulas (também chamadas tira-olhos) pousam a extremidade das pequenas garras - este rio é qualquer coisa que me corre no sangue, a que estou preso desde sempre e para sempre. Naveguei nele, aprendi nele a nadar, conheço-lhe os fundões e as locas onde os barbos pairam imóveis. É mais do que um rio, é talvez um segredo.
E, contudo, estas águas já não são as minhas águas. O tempo flui nelas, arrasta-as e vai arrastando na corrente líquida, devagar, à velocidade (aqui, na terra) de sessenta segundos por minuto. Quantos minutos passaram já desde que me deitei na margem, sobre o feno seco e doirado? Quantos metros andou aquele tronco apodrecido que flutua? O sino ainda toca, a tarde teve agora um arrepio, as garças onde estão? Devagar, levanto-me, sacudo as palhas agarradas à roupa, calço-me. Apanho uma pedra, um seixo redondo e denso, lanço-o pelo ar, num gesto do passado. Cai no meio do rio, mergulha (não vejo, mas sei), atravessa as águas opacas, assenta no lodo do fundo, enterra-se um pouco.[ ... ]
Desço até a água, mergulho nela as mãos, e não as reconheço. Vêm-me da memória outras mãos mergulhadas noutro rio. As minhas mãos de há trinta anos, o rio antigo de águas que já se perderam no mar. Vejo passar o tempo. Tem a cor da água e vai carregado de detritos, de pétalas arrancadas de flores, de um toque vagaroso de sinos. Então uma ave cor de fogo passa como um relâmpago. O sino cala-se. E eu sacudo as mãos molhadas de tempo, levando-as até aos olhos - as minhas mãos de hoje, com que prendo a vida e a verdade desta hora.
(SARAMAGO, José. Deste mundo e do outro. Lisboa: Editorial Caminho, 1985. p. 35-37)
Vocabulário:
lezíria - zona agrícola muito fértil, situada na região do Ribatejo, em Portugal.
freixo - árvore das florestas dos climas temperados, de madeira clara, macia e resistente.
espadana - planta herbácea, aquática ou palustre, com folhas agudas.
loca - toca; furna; gruta pequena; esconderijo do peixe, debaixo da água, sob uma laje ou tronco submersos.
barbo-peixe vulgar de água doce.
"E eu sacudo as mãos molhadas de tempo, levando-as até aos olhos - as minhas mãos de hoje, com que prendo a vida e a verdade desta hora."(§ 6)
A respeito do trecho acima, quanto aos aspectos gramatical, sintático e semântico, analise as afirmativas a seguir.
I. A primeira oração tem valor aditivo.
Il. O sujeito da última oração é indeterminado.
IIl. Sem prejuízo algum, poder-se-ia suprimir a preposição A de AOS OLHOS.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
Texto para responder às questões de 1 a 7.
1 Podemos entender cultura como uma dimensão do
processo social e utilizá-la como um instrumento para
compreender as sociedades contemporâneas. O que não
4 podemos fazer é discutir sobre cultura ignorando as relações
de poder dentro de uma sociedade ou entre sociedades.
Notem bem: o estudo da cultura não se reduz a isso, mas
7 essa é uma realidade que sempre se impõe. Assim é porque
as próprias preocupações com cultura nasceram associadas
às relações de poder, e também porque, como dimensão do
10 processo social, a cultura registra as tendências e os
conflitos da história coletiva por cuja transformação e por
cujos benefícios as forças sociais se defrontam.
13 O que quer dizer que as preocupações com a cultura
desenvolveram-se associadas às relações de poder?
Lembrem-se que elas se consolidaram junto com o
16 processo de formação de nações modernas dominadas por
uma classe social. Por outro lado, consolidaram-se
integrando a nova ciência do mundo contemporâneo, que
19 rompia com o domínio da interpretação religiosa,
transformando a vida e a sociedade em esferas que podiam
ser estudadas para que se pudesse agir sobre elas.
22 As preocupações com cultura surgiram associadas
tanto ao progresso da sociedade do conhecimento quanto a
novas formas de dominação. Notem que o conhecimento não
25 é só conteúdo básico das concepções da cultura; as próprias
preocupações com cultura são instrumentos de
conhecimento, respondem a necessidades de conhecimento
28 da sociedade, as quais se desenvolveram claramente
associadas com relações de poder.
Hoje os centros de poder da sociedade se
31 preocupam com a cultura, procuram defini-la, entendê-la,
controlá-la, agir sobre seu desenvolvimento. Há instituições
públicas encarregadas disso; da mesma forma, a cultura é
34 uma esfera de atuação econômica, com empresas
diretamente voltadas para ela. As preocupações com a
cultura são institucionalizadas, fazem parte da própria
37 organização social. Expressam seus conflitos e interesses, e
nelas os interesses dominantes da sociedade manifestam
sua força.
José Luiz dos Santos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2007 (com adaptações).
Em “um instrumento para compreender as sociedades contemporâneas” (linhas 2 e 3), a preposição “para”
Leia a tira, para responder à questão.
(Bill Watterson, Tiras do Calvin. Disponível em:<www1.folhauol.com.br>. Acesso em: 26 jan 2016)
A alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto é
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
A liberdade chega aos morros
asdAo fincar a bandeira do Brasil e a do Batalhão de Operações Especiais (Bope) numa laje que servia como QG de traficantes. um grupo de policiais da tropa de elite do Rio de Janeiro marcava, na semana passada, a retomada do poder em um conjunto de sete violentas favelas da Zona Norte - a maior operação dessa natureza já feita em morros cariocas. Ela é parte de um programa para estabelecer bases permanentes da polícia em áreas sob o jugo do tráfico, as chamadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que já devolveram ao estado o controle de territórios em catorze favelas. Nas mãos de criminosos por três décadas e palco de sangrentos confrontos entre policiais e traficantes, o Borel, o maior entre os morros ocupados na última quarta-feira, chamou atenção: enquanto os 280 PMs tomavam as vielas, não se ouviu ali um único tiro. Cena rara, ela é o retrato de uma ação planejada nos últimos seis meses, que envolveu o setor de inteligência da polícia e foi precedida de quatro operações menores, nas quais já haviam sido capturados traficantes como Bill do Borel, o chefão local. Além disso, o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, decidiu tornar pública a operação, com o propósito declarado de provocar a debandada dos bandidos - o que de fato ocorreu. Daí só ter havido uma prisão. Justifica Beltrame: "Se estivessem lá, jamais conseguiríamos retomar o poder sobre territórios sem um banho de sangue".
asdIsso faz refletir sobre a real capacidade de o estado reaver o comando nos morros mais lucrativos para o tráfico que o Borel, de onde os bandidos evidentemente não querem sair. Diz Pedro Strozenberg, especialista em segurança pública: "A ocupação dessas favelas pelo poder público vai requerer muito mais homens e uma verdadeira ~stratégia de guerra, algo que não se viu até aqui". E o caso do Complexo do Alemão, também na Zona Norte, o maior conjunto de favelas do Rio, com 130 000 habitantes (justamente onde estão refugiados agora os traficantes do Borel, segundo a polícia). Estima-se que circulem por ali 300 bandidos armados com mais de uma centena de fuzis de guerra. Outra dificuldade em tomar o complexo das mãos dos traficantes diz respeito à sua intrincada geografia: entrecortado de morros acidentados que atingem quase 200 metros de altura e pontuado por centenas de vielas labirínticas, o Alemão impõe um grau de dificuldade à polícia que não se compara ao do Borel - mas é preciso que ela o ocupe.
asdA decisão do estado de retomar o controle das fave las cariocas rompe com a lógica da complacência e da frouxidão com a bandidagem, que contaminou as políticas de segurança pública do Rio nas últimas décadas. A atual experiência das UPPs reforça a ideia de que com planejamento e uma gestão a salvo de ingerências políticas, é possível, sim, combater a criminalidade. A ocupação das favelas pela polícia também ajuda a desconstruir o mito de que os bandidos ali encastelados compõem um grupo de criminosos tão organizados quanto invencíveis. Eles não o são. Quando o estado se impõe, os resultados se fazem notar - e a cidade como um todo se beneficia disso. Para se ter uma ideia, no entorno das áreas em que as UPPs foram implantadas, os imóveis se valorizaram até 300% em um ano e a frequência escolar subiu 30%. Avanços como esses em lugares tão pobres e violentos não deixam dúvida quanto à necessidade de que essa política seja permanente-e irreversível.
(FRANÇA, Ronaldo. Revista Veja, 05/05/2010.)
0bserve o trecho transcrito do segundo parágrafo: " ... de onde os bandidos evidentemente não quererr sair." Se trocarmos o verbo SAIR pelo verbo VOLTAR que preposição deve ser colocada antes do pronome ONDE?
O texto a seguir é referência para as questões 01 a 06.
O último paradoxo da vida moderna: por que ficamos presos ao celular, mas odiamos falar por telefone?
Para iniciar um texto, Hemingway dizia a si mesmo: “Escreva a frase mais verdadeira que você conhece”. Mas, no nosso caso, a psicóloga Cristina Pérez, do Siquia, respondeu por meio de mensagens de áudio às perguntas que lhe enviamos por email. Essa curiosidade metajornalística não tem importância, não altera a qualidade de suas respostas, só ilustra a variedade e fluidez de opções com as quais podemos nos comunicar hoje. Recebemos um email? Respondemos com um áudio. Chegou um áudio de WhatsApp? Respondemos com um texto. Recebemos um telefonema? Não respondemos. Esperamos. Esperamos. E escrevemos: “Você me ligou? Não posso falar, é melhor me escrever”. O paradoxo do grande vício do século XXI é que estamos presos ao celular, mas temos fobia das ligações telefônicas.
É uma tendência mais presente entre os mais jovens, mas comum em todas as faixas etárias: só na Espanha, o uso diário de aplicativos de mensagens instantâneas como WhatsApp, Telegram e Facebook Messenger é quase o dobro ________ ligações por telefone fixo e celular, segundo o Relatório da Sociedade Digital na Espanha de 2018, da Fundação Telefónica. Não só preferimos as mensagens instantâneas a telefonemas, como também preferimos essas mensagens a interagir com outras pessoas. Ou pelo menos foi o que 95,1% da população espanhola disse preferir (o cara-a-cara só tem 86,6% de popularidade). A ligação telefônica ? que, até não muito tempo atrás, esperávamos com alegria ou tolerávamos com resignação, mas nunca evitávamos com uma rejeição universal - se tornou uma presença intrusiva e incômoda, perturbadora e tirânica, mas por quê? “Uma das razões é que quando recebemos uma ligação, ela interrompe algo que estávamos fazendo, ou simplesmente não temos vontade de falar nesse momento”, explica a psicóloga Cristina Pérez. “Por outro lado, também exige de nós uma resposta imediata, ao contrário do que ocorre na comunicação escrita, que nos permite pensar bem no que queremos dizer. E a terceira razão seria o fato de não poder saber de antemão qual será a duração do telefonema”, acrescenta.
(Adaptado. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/01/tecnologia/1559392400_168692.html)
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna na segunda linha do segundo parágrafo.
Leia o texto, para responder às questões de números 05 a 13.
Paz na escola: é possível
A violência é o fator de maior preocupação da população brasileira, de acordo com pesquisas de opinião pública. Embora não seja um evento novo no país, como mostra nossa trajetória, rica em acontecimentos bárbaros, o que parece inusitado são as maneiras como ela vem acontecendo atualmente no Brasil. As inesperadas ações de violência e suas diversas formas de manifestação reforçam na sociedade a ideia de que ela se tornou incontrolável e, por isso, acabamos nos submetendo à imposição do medo e do terror por não ter o que fazer diante da ineficácia dos poderes públicos.
Ainda que tenhamos muita clareza da proporção e das consequências visíveis e sutis do fenômeno violência, podemos facilmente perceber as modificações que ele vem acarretando na maneira de viver e ser das pessoas, no funcionamento das instituições e nos relacionamentos interpessoais: é como se a epidemia de violência infestasse a teia social, colocando em risco a nossa saúde emocional e física.
Por ser tão aguda no cenário atual, a violência atinge, obviamente, a escola, que é a tradução em si mesma dos processos históricos, culturais e econômicos de uma sociedade. Atitudes violentas acontecem de formas variadas no ambiente escolar: nas manifestações de racismo, nas brincadeiras sobre gênero e religião, nas atitudes de intimidação e isolamento, nas pequenas agressões físicas e, na pior de todas, na morte violenta entre os jovens.
A reversão desse quadro é um árduo caminho a ser percorrido. A sociedade, a escola e os governos precisam, juntos, incluir a Cultura de Paz como política de Estado, estendendo a discussão para a sala de aula e além dela. E sem a participação da maior das instituições, a família, essa reversão é muito mais difícil.
A escola sem violência é possível e muito pode fazer ao incentivar nos alunos valores, livres de qualquer pretensão moralista, capazes de evidenciar razões para não se optar pelo uso da violência e viver em uma sociedade mais humana.
(Simone Cristina Succi. Diário da Região, 21.03.2019. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a substituição das preposições destacadas nos trechos – por não ter o que fazer diante da ineficácia dos poderes públicos / nas brincadeiras sobre gênero e religião – está de acordo com a norma-padrão e com o sentido original.
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo.
A era da indiferença
- Quão valiosos somos para as outras pessoas? Não digo qualquer pessoa, mas para aquelas
- que dizem se importar conosco. Quão importantes de fato somos para elas? Tenho me pegado
- pensando constantemente nisso e por mais que você tenha uma visão esperançosa em relação
- ao homem, parece-me que realmente vivemos na era da indiferença.
- A vida contemporânea exige muito de nós, isso é algo sabido por todos. No entanto, isso
- não justifica o modo como agimos uns com os outros. As relações são meramente questões de
- conveniência, é uma troca de fardos no mercado da personalidade, de tal maneira que apenas
- me aproximo de determinada pessoa e mantenho uma relação com ela se houver algo dela que
- possa usar. Ou seja, as relações humanas seguem lógicas comerciais e, assim, todos nos
- tornamos mercadorias.
- Obviamente, não estou querendo dizer que devemos nos submeter a relações degradantes,
- que apenas usurpam nossas forças ou que não devemos esperar reciprocidade ao se envolver
- com alguém. Mas, ao implementarmos uma lógica comercial às relações humanas, deixamos
- __ considerar totalmente as nuances e complexidades que formam o ser humano.
- Isto é, ninguém está bem o tempo inteiro, tampouco possui uma constante na vida. Todos
- nós temos nossos dias ruins, passamos por problemas e atravessamos os nossos períodos de
- crise, de modo que, ao doutrinar as relações humanas à cartilha comercial, os pontos baixos da
- vida de um indivíduo são desconsiderados, o que implica automaticamente a descartabilidade
- daqueles que sucumbem às suas fraquezas.
- Sendo assim, somos tão somente importantes e amados na medida em que temos um
- sorriso no rosto, uma história engraçada para contar e somos úteis de algum modo. Em outras
- palavras, somos queridos apenas nos nossos bons momentos, quando estamos no auge e tudo
- parece dar certo. Entretanto, como disse, a vida não é uma constante, de maneira que
- inevitavelmente passaremos por momentos ruins, em que tudo dá errado e nós perdemos a
- esperança.
- Nesses instantes, percebemos as fragilidades dos laços humanos e a nossa indiferença, a
- nossa incapacidade de se colocar no lugar do outro e buscar entender o porquê do sofrimento,
- da angústia, da insônia, do medo e da lágrima oculta no olhar, porque quando uma relação é
- construída com laços fortes, lutamos contra o egoísmo para poder sentir a dor que aflige e
- esmaga o peito de quem sofre. Quando uma relação é mais do que uma ação na bolsa de
- valores do amor líquido, temos empatia e esta não é ver uma pessoa triste e fazer coisas para
- que ela finja estar feliz. É ver uma pessoa triste e ser capaz de ajudá-la a chorar.
- Os nossos tempos estão carentes de pessoas corajosas o bastante para abraçar alguém e
- dizer que o ama enquanto as lágrimas se precipitam e anunciam uma torrente de dor em
- forma de choro intercalada com soluços. Por outro lado, o mundo está repleto de pessoas que
- abraçam e riem junto com você, mas, tão somente enquanto você também estiver com um
- sorriso no rosto. Pessoas que descartam as outras com imensa facilidade quando outras
- pessoas acenam com possibilidades melhores e sorrisos mais audaciozos. Tudo isso é uma
- pena, porque, no fim das contas, todos nós precisamos de alguém que nos ajude a chorar, já
- que só lágrimas de compaixão podem limpar a alma da indiferença.
Texto adaptado especialmente para esta prova. Disponível em https://www.contioutra.com/era-daindiferenca/. Acesso em 14 mar. 2019.
Assinale a alternativa que contém a preposição que preenche corretamente a lacuna tracejada do texto (l. 14).
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
Desumanizado mundo novo
- Vivemos em um mundo repleto de ironias, de contradições, de paradoxos, em um mundo
- confuso e confusamente percebido, como escreveu Milton Santos. Vemos, de um lado, a
- tecnologia se desenvolver em uma velocidade cada vez maior, enquanto nós parecemos ir no
- sentido contrário, em um processo contínuo e acelerado de desumanização. É óbvio que o
- desenvolvimento tecnológico em si não é o causador do problema, mas o progresso humano
- está paulatinamente mais distante do progresso da máquina e das grandes cidades. É como se,
- para que um exista, o outro tenha que ceder espaço de si mesmo, adaptar-se, abnegar-se,
- transformar-se no que não é.
- Por mais que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia seja importante e traga
- benefícios para a vida individual e coletiva, é preciso considerar que um mundo de coisas não é
- um mundo de pessoas. Todo “progresso” conseguido através da tecnologia deve servir como
- instrumento para que haja uma melhora na condição humana. Desse modo, caso não seja
- percebido um progresso similar entre o mundo das máquinas e o mundo dos homens, é
- necessário repensar e reorganizar as bases em que tal “desenvolvimento” tem ocorrido.
- Se analisarmos os altos índices (com projeções ainda maiores) de doenças psicológicas,
- perceberemos que as áreas com maior incidência são as grandes cidades, onde a modernidade,
- com todo o seu “progresso” material, consegue se “desenvolver” com maior êxito. Além disso,
- os jovens são o grupo mais afetado, o que não significa que outras pessoas não possam sofrer
- com os mesmos problemas. Esses dados separados podem não ter muito nexo. Contudo, se
- analisados juntos, fazem todo o sentido, já que há uma pressão muito maior sobre as atuais
- gerações para que elas consigam se afirmar e obter sucesso dentro dos parâmetros
- estabelecidos pela sociedade, pautada, evidentemente, pelo consumismo e espetacularização
- de bens que afirmam a magnificência do mundo líquido moderno.
- Com isso, na medida em que o “sucesso” não é atingido, uma vez que nem todos possuem
- os “pré-requisitos” necessários para adentrar no oásis de prazer da sociedade de consumo, nem
- os “talentos” necessários para agradar à plateia do espetáculo permanente, que é a nossa
- sociedade, passa-se a ter sujeitos frustrados, insatisfeitos e desindividualizados, que ao mesmo
- tempo em que não conseguem se encaixar no mundo, não conseguem reconhecer a si próprios.
- Em outras palavras, não há espaço para todos brilharem e/ou nem todos querem, de fato,
- “brilhar”. Logo, muitos acabam ficando no meio do caminho, entre ser um sujeito individual,
- mas desencaixado; ou ser um sujeito despersonalizado, porém ajustado. O preço cobrado por
- sair __ um lugar, mas não chegar __ outro, é ficar perdido da sociedade e, sobretudo, de si
- mesmo.
- Apesar desses casos serem, aparentemente, mais graves, não se deve entender que
- renunciar à própria individualidade em favor do cumprimento de protocolos sociais seja algo
- saudável ou normal. Pelo contrário, é no enquadramento, na subserviência às regras de uma
- sociedade que se apresenta em um temível estado patológico que reside o âmago do problema,
- pois é por meio da conversão de novas ovelhas que a “igreja” expande o seu rebanho e,
- consequentemente, o seu poder.
- É urgente repensar o nosso mundo e declarar a ironia de uma sociedade que transverte o
- fracasso em uma roupa de sucesso e que, ao criar a ilusão de uma sociedade de indivíduos,
- criou uma sociedade de massa, uniforme e prisioneira em um reino de ignorância, indiferença,
- egoísmo e apatia, em que todos, em alguma medida, vivem de forma mecânica, anônima,
- invisível e solitária, distantes de si, distantes do mundo, chorando as lágrimas escassas de
- quem não acredita mais no choro. Estamos todos doentes e precisamos nos curar. Entretanto, a
- cura não está na sanidade de um mundo aparentemente são, mas completamente adoecido, e
- sim na lou(cura) de ser a si mesmo e permitir que os outros também sejam, pois qualquer
- caminho que tomemos deve ter como destino o nosso ser.
Texto adaptado especialmente para esta prova. Disponível em https://www.contioutra.com/desumanizado-mundo-novo/. Acesso em 14 mar. 2019.
Qual das seguintes alternativas apresenta as preposições que preenchem, correta e respectivamente, as linhas tracejadas do texto (l. 32)?
Leia o texto “Como o conceito tradicional de masculinidade afeta os meninos?” dos escritores Tory Oliveira e Paula Calçade, para responder às questões de 1 a 8 a seguir.
Como o conceito tradicional de masculinidade afeta os meninos? (adaptado)
Deixar de dizer que ama um amigo, não poder abraçar quem se gosta, esconder seus sentimentos e não poder chorar. Para muitos meninos, essas são algumas das regras não escritas das masculinidades. Nascido dos debates sobre gênero, o conceito de masculinidades abarca as regras sociais delimitadas aos homens para que eles construam sua maneira de agir consigo, com o outro e com a sociedade. Muito cedo se aprende que a pena para quem não seguir um código estrito, que define a masculinidade, é ser visto como “menos homem”, associado à feminilidade, e, assim, estar vulnerável à violência e ao bullying dos pares.
Segundo Marcelo Hailer, pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças, da PUC- SP, “A narrativa social valoriza homens brancos, heterossexuais, fortes, com condições econômicas favoráveis”. Para o pesquisador, a escola pode ser um campo de cobranças dessa performance masculina. A ausência de discussões sobre o impacto disso para meninos e meninas pode resultar em violência dentro do ambiente escolar. “Enquanto não houver debate nas escolas, esses valores vão continuar resultando em violência física e psicológica, porque não há outras alternativas para essas crianças lidarem com as angústias e dúvidas em outros lugares também”.
“A maneira como os garotos são criados faz com que aprendam a esconder os sentimentos por trás de uma máscara de masculinidade” afirma o psicólogo americano William Pollack no documentário “A Máscara em Que Você Vive” (2015). Disponível atualmente na Netflix, o filme introduz o debate sobre masculinidades de maneira acessível, mostrando como essa construção rígida do que é ser homem impacta a vida, a educação e a saúde de meninos. “Os homens têm dificuldade de expressar aquilo que sentem. Em geral, isso se dá por meio da violência: quando está triste, com raiva, quando sente medo ou insegurança, em todos esses aspectos, a violência é uma fuga muito grande. Temos uma dificuldade de entender os sentimentos e de lidar com eles de maneira não violenta”, explica Caio César Santos, professor de Geografia, youtuber e pesquisador de masculinidades desde 2015.
(Fonte: Nova Escola)
Assinale a alternativa que indica o sentido correto do conectivo destacado no trecho a seguir: “Para o pesquisador, a escola pode ser um campo de cobranças dessa performance masculina.”