Questões de Concurso
Sobre preposições em português
Foram encontradas 2.864 questões
De quem é a inteligência artificial?
Por Bruna Lombardi
01 Grandes mestres ultrapassam fronteiras, usos e costumes, linguagem, as mais diversas
02 culturas, crenças e superstições. Porque o sentido da humanidade está acima disso tudo. Vai
03 além de raças, gêneros e posição social. Trata do que nos une e não do que nos separa.
04 A arte dos grandes mestres toca aquele ponto do sentimento universal. Grandes mentes nos
05 elevam ao mais alto patamar do humanismo.
06 E agora, para onde vamos se as grandes mentes se tornam artificiais? Se a inteligência
07 suprema será a de megacomputadores que acumulam todo o conhecimento do mundo? Atônitos,
08 nos perguntamos e tentamos imaginar a cara desse futuro próximo.
09 Tenho participado de palestras, debates e mesas redondas com muita gente discutindo
10 sua visão futurista, para alguns, otimista, para outros, apocalíptica.
11 Todo bom autor de ficção científica já escreveu alguma coisa sobre as máquinas
12 dominarem o mundo. A criatura mata o criador, como numa das cenas mais poderosas e icônicas
13 do cinema, no Blade Runner original, quando o androide finalmente consegue encontrar quem o
14 fabricou e, entre amor e ódio, discute sua finitude, como um humano falando com Deus.
15 Sem levar em conta esse olhar fantasioso, máquinas são máquinas. E ninguém pode
16 acusar uma máquina ___ nada, exceto talvez as impressoras, que realmente parecem ter
17 vontade própria e só imprimem quando querem. Tudo o que usamos são ferramentas, criadas
18 por pessoas e usadas por pessoas.
19 Muita gente discute as possibilidades alarmantes com as quais a inteligência artificial (IA)
20 nos surpreenderia. Muitos questionam se ela vem para o bem ou para o mal. Estuda-se a história
21 da humanidade através de suas guerras, de suas conquistas e de sua arte para compreender o
22 indivíduo e sua evolução. A arte traduz cada momento histórico e com certeza nos ensina mais
23 do que as guerras.
24 Assim como os grandes mestres, a IA atingirá a todos em maior ou menor escala. Para
25 analisar o efeito da IA, é preciso entender por quem serão programadas as máquinas. Com que
26 versão do pensamento humano serão alimentadas? Qual será a somatória de princípios éticos e
27 morais? Qual a escala de valores? De quem elas serão a verdadeira tradução? A quem elas
28 servirão?
29 Para Krishnamurti, não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente.
30 Para ele, a verdadeira revolução não é violenta, ela vem através do despertar da inteligência e
31 pela união de pessoas que podem influenciar e promover, aos poucos, gradualmente,
32 transformações radicais na sociedade.
33 O futuro desse mundo polarizado vai refletir quais correntes de pensamento? Que ideias
34 e ideologias vão ser programadas na grande rede neural da inteligência artificial? Assim como
35 em qualquer família, o que é ensinado aos filhos vai definir o que eles se tornarão, as máquinas
36 podem se transformar nas poderosas mentoras da guerra, do ódio, do domínio e da segregação.
37 Ou podem seguir os grandes mestres e compreender o mundo através da arte, do conhecimento
38 e inovação.
39 A tecnologia traz avanços gigantes na nossa caminhada, mas quem a programa e usa é
40 que vai definir nosso rumo.
(Disponível em: gauchazh.clicrbs.com.br – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna tracejada da linha 16.
TEXTO:
CADA VEZ MENOS INSETOS ESTÃO ATINGINDO O PARA-BRISA DO SEU CARRO
Todo verão, quase nos últimos 20 anos, voluntários da Kent Wildlife Trust y Buglife e da Buglife, ambas no Reino Unido, têm rastreado as placas dos carros. Mas não da maneira que você imagina. O objetivo das inspeções é registrar o número de insetos voadores atingidos por veículos.
Embora isso possa parecer insignificante, a escala desse projeto de ciência cidadã o torna importante. Com quase 700 participantes, a campanha Bugs Matter de 2023 coletou dados de 6.358 viagens, o que pode ajudar a tirar conclusões muito mais amplas.
Os resultados da campanha de 2022 mostraram uma redução, em menos de 20 anos, de 64% no número de insetos atropelados por carros. Esses resultados reforçam uma tese que está preocupando os cientistas: essa perda maciça de vida de insetos demonstra que estamos nos aproximando cada vez mais da sexta extinção em massa.
Infelizmente, estudos mostram que o Reino Unido não é o único lugar onde as populações de insetos estão diminuindo; foram realizados estudos em toda a Europa que chegaram a conclusões semelhantes. Para obter medições realistas, a pesquisa mais rigorosa utiliza estudos históricos que rastreiam as populações de insetos ao longo de décadas.
Na Alemanha, um estudo de 27 anos foi publicado em 2017, mostrando que 76% da biomassa de insetos voadores foi perdida em uma ampla rede de espaços naturais.
Na Dinamarca, uma redução no número de insetos foi documentada juntamente com a diminuição do número de pássaros, como a andorinha-das-chaminés, que se alimentam deles.
As sociedades científicas de entomologistas da Espanha e de Portugal se reuniram em junho deste ano em Alicante para o XX Congresso Ibérico de Entomologia.
Alarmados com o declínio das populações de insetos, eles publicaram um manifesto com o objetivo de aumentar a conscientização social sobre essa situação sem precedentes e pôr um fim a ela.
Entretanto, a situação não está causando alarme apenas na Europa, que é densamente povoada e exposta às pressões da atividade humana. Estudos realizados em florestas tropicais de Porto Rico compararam os números atuais de insetos com os de 36 anos atrás, com resultados igualmente catastróficos: uma redução de mais de 78% na biomassa de insetos que vivem no solo. Esse estudo também mostrou um declínio paralelo em animais que comem insetos, como lagartos, sapos e pássaros.
Adaptado de: https://super.abril.com.br/ciencia/cada-vez-menos-insetos-estao-atingindo-o-para-brisa-do-seu-carro-entenda-por-que/.
Analise o trecho “a pesquisa mais rigorosa utiliza estudos históricos que rastreiam as populações de insetos ao longo de décadas” e assinale a alternativa errada sobre a morfologia das palavras destacadas.
A evolução da representação da Arquitetura
Por Santiago Baraya
- De acordo com Howard Gardner, a inteligência humana pode ser dividida em oito categorias,
- sendo uma delas, a inteligência espacial. Gardner define este tipo de inteligência como a
- capacidade do ser humano de imaginar e dar forma a modelos tridimensionais da realidade. A
- Arquitetura, assim como a escultura, é uma das disciplinas que mais se beneficiam dessa
- faculdade. Considerando isso, neste artigo, procuramos explorar como a representação da
- Arquitetura evoluiu ao longo do tempo e como ela está se tornando cada dia mais fiel ___
- imagem idealizada por quem a projetou.
- A representação de um projeto de Arquitetura, como objetivo principal, deve ser capaz de
- comunicar a essência da ideia concebida por seu projetista, permitindo que outras pessoas
- também possam visualizar ou acessar esta outra realidade. E embora essas projeções e imagens
- estejam se tornando cada dia mais “reais” — e até banais em nossa vida cotidiana —, é
- importante ressaltar que a representação da Arquitetura foi sendo desenvolvida lentamente
- através dos séculos para alcançar o seu atual estado da arte.
- Filippo Brunelleschi, arquiteto italiano do século XV, foi quem utilizou, pela primeira vez, a
- matemática para dar voz ___ inteligência espacial mencionada anteriormente, forjando uma
- técnica de representação da Arquitetura e do espaço que viria a ser conhecida como “perspectiva
- linear.” Essa descoberta causou tamanha revolução no campo da representação que ainda hoje,
- mais de sei...entos anos depois, o desenho em perspectiva segue sendo estudado e ensinado nas
- escolas de Arquitetura, arte e design do mundo todo.
- Embora noções de perspectiva ainda hoje sejam a base da representação na Arquitetura,
- tais regras também podem ser bastante restritivas, minando a nossa capacidade de imaginação,
- a qual vai muito além de qualquer cânone.
- Séculos mais tarde, o domínio do desenho em perspectiva foi a porta de entrada de Frank
- Lloyd Wright na Arquitetura. O mais famoso arquiteto norte-americano era conhecido por sua
- destreza sobre a prancheta, um personagem capaz de ilustrar com altíssimo grau de refinamento
- e precisão as suas mais incríveis ideias, imagens que ainda hoje impressionam pela proximidade
- com a realidade da obra construída.
- Em virtude do rápido avanço tecnológico e da incorporação de novas ferramentas a partir da
- segunda metade do século XX, a representação na Arquitetura evoluiu não apenas em termos
- técnicos, passando por uma profunda transformação em matéria de conteúdo.
- Muitos anos se passaram até que a representação na Arquitetura passasse a incorporar
- novas ferramentas, as quais já estavam sendo utilizadas amplamente em outras áreas, como a
- fotografia, o cinema e o design. Atualmente, fora algumas exceções, a visualização na
- Arquitetura está se tornando cada dia mais dependente de imagens geradas por computadores,
- uma espécie de resignação, como se já não houvesse mais alternativas ao hiper-realismo.
- As principais tendências apontam para uma completa fusão entre as técnicas de visualização
- na Arquitetura e a realidade virtual e aumentada. E embora essas ferramentas, ainda hoje,
- demandem a utilização de uma série de dispositivos multissensoriais, podemos dizer que nunca
- antes a visualização esteve tão próxima da realidade.No entanto, técnicas mais simples como o
- desenho ___ mão e a colagem, quando combinadas com tudo aquilo que os modelos 3D podem
- nos oferecer, ainda podem ser muito úteis e seguem sendo utilizadas por arquitetos e arquitetas
- ao redor do mundo. Pode ser que as técnicas artesanais nunca deixem de existir, mas é inegável
- que elas ainda têm muito a contribuir para o futuro da representação e da visualização da
- Arquitetura.
(Disponível em: www.archdaily.com.br/br/942582/a-evolucao-da-representacao-na-Arquitetura-e-qual-e-o-seu-futuro – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que indica o número correto de preposições presentes no trecho a seguir, considerando-se, inclusive, as que ocorram combinadas ou contraídas a outros termos:
“As principais tendências apontam para uma completa fusão entre as técnicas de visualização na Arquitetura e a realidade virtual e aumentada”.
Leia o texto a seguir para responder às questões de 10 a 14:
Nuances
Euforia: alegria barulhenta. Felicidade: alegria silenciosa.
Gravar: quando o ator é de televisão. Filmar: quando ele quer deixar claro que não é de televisão.
Grávida: em qualquer ocasião. Gestante: em filas e assentos preferenciais.
Guardar: na gaveta. Salvar: no computador. Salvaguardar: no Exército.
Menta: no sorvete, na bala ou no xarope. Hortelã: na horta ou no suco de abacaxi.
Peça: quando você vai assistir. Espetáculo: quando você está em cartaz com ele.
DUVIVIER, G. Nuances (adaptado). Folha de São Paulo, 2014.
As palavras gravar, filmar, guardar, salvar e salvaguardar pertencem à classe gramatical:
Assinale a alternativa em que a preposição, utilizada para a união de substantivos, foi empregada de forma inadequada:
Algumas dúvidas sobre o chip implantado no cérebro
Por Aluizio Falcão Filho
- Talvez a maior notícia científica dos últimos anos foi divulgada ontem (30/01/2024) – o
- onipresente Elon Musk anunciou que uma de suas empresas, a Neuralink, realizou o implante de
- um chip em cérebro humano que permite ao usuário utilizar telefones e computadores, por
- exemplo, apenas pela ação do pensamento (nesta fase, apenas indivíduos sem membros do
- corpo, como braços e pernas, poderão experimentar a nova tecnologia).
- É importante ressaltar que outros chips já foram acoplados .... mente humana, mas com
- finalidades diferentes da “Telepathy”, o sugestivo nome criado pela empresa de Musk.
- Isso, evidentemente, é só o começo. Musk pretende estender o uso do chip para outros
- equipamentos e, mais à frente, usar essa ferramenta para aumentar a inteligência humana.
- “Imagine se Stephen Hawking pudesse se comunicar mais rápido que um datilógrafo ou leiloeiro.
- Esse é o objetivo”, afirmou Musk em rede social (leiloeiros americanos, especialmente os de
- gado, falam muito rápido quando estão anunciando os produtos .... plateias).
- Aumentar a inteligência dos seres humanos é um objetivo de vários cientistas – e
- preocupação de alguns teóricos, como o autor israelense Yuval Harari. Ele acredita que os chips
- vão criar duas castas na sociedade: aqueles que são superdotados pela tecnologia e aqueles que
- não são. Isso, para ele, terá impactos terríveis na sociedade por conta do desequilíbrio que será
- causado por essa diferença.
- Ocorre que o sistema capitalista sempre busca baratear e popularizar um determinado
- produto tecnológico – especialmente um chip com esse apelo, o de melhorar a inteligência. Dessa
- forma, se duas castas forem formadas, a tendência é a de que o chip se popularize rapidamente
- e iguale a sociedade, exatamente o que aconteceu com a disseminação dos telefones celulares.
- Mas aumentar a inteligência talvez não seja suficiente para que nos tornemos uma espécie
- mais evoluída. É possível ver pessoas inteligentes e com preconceitos pré-históricos. Um chip
- melhoraria o discernimento desses indivíduos, .... ponto de diminuir a intolerância? Ou
- simplesmente vai fornecer novos argumentos para fortalecer posições retrógradas?
- Outro ponto importante é a capacidade de analisar um processo antes de dar início a um
- trabalho. Como o próprio Musk diz, “possivelmente o erro mais comum de um engenheiro
- inteligente é otimizar algo que não deveria existir”. Para isso, no entanto, não é preciso
- inteligência – e sim bom senso.
- Tenho três dúvidas sobre o funcionamento desse chip:
- SONHOS – O chip continua funcionando durante o sono? Que comandos ele pode acionar
- se o usuário estiver, por exemplo, sonhando? A Neuralink informou que o aparelho foi instalado
- em uma área do cérebro que coordena os movimentos e, assim, não estaria sujeito aos efeitos
- do inconsciente. Mesmo assim, é bom efetuar testes neste sentido. Prevenir é melhor que
- remediar.
- ROMPANTES – Várias vezes temos o impulso de fazer alguma coisa e nos arrependemos
- segundos depois. Como vai se comportar o chip nessa hora?
- HACKERS – Nosso cérebro, uma vez abrigando um chip, pode ser acessado por alguém de
- fora? Ou seja, é possível hackear o cérebro de quem instalou um chip? Obrigar alguém a seguir
- ordens?
- Essas e outras perguntas vão surgir com o tempo. Mesmo que a ideia pareça assustadora,
- precisamos nos acostumar com ela. A alternativa ao chip é uma vida muito mais limitada e sem
- nenhuma competitividade.
(Disponível em: www.exame.com/colunistas/money-report-aluizio-falcao-filho/algumas-duvidas-sobre-o-chip-implantado-no-cerebro/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
O termo “nos” (l. 42) é classificado morfologicamente como:
“Ainda não se acostumou, mãe?”
Por Martha Medeiros
- Parece que foi ontem. Ela estava sentada à mesa conosco, nossa versão de “éramos seis”:
- eu, ela, o pai dela, a avó, a irmã e o namorado da irmã. Pedi para a Clair, minha funcionária
- ____ 32 anos, que ___________ uma lasanha inesquecível para o almoço de despedida. Depois
- de três semanas visitando a família, minha filha mais velha voltaria para sua própria casa. Menos
- de 24 horas depois, já tinha aterrissado na França, onde vive. Que invenção, o avião. Perdi a
- conta de quantas vezes os preparativos para sua estada se repetiram: fazer uma fa...ina
- capri...ada em seu antigo quarto, abastecer a despensa com feijão, doce de leite, guaraná e pão
- de queijo, buscá-la no aeroporto, levá-la ao aeroporto. Mas, recorrente mesmo, é o nosso diálogo
- antes de ela desaparecer por trás do portão de embarque. Trocamos um longo abraço e ao me
- ver meio desen...abida, sempre pergunta: “Ainda não se acostumou, mãe?”. Não sou de
- lamúrias: me acostumei, sim. Já são muitos anos de distância geográfica – e viva a tecnologia.
- Trocamos WhatsApp regulares e, através de chamadas de vídeo, percebo pelo seu olhar se está
- alegre ou preocupada. É quase como estar junto. Sou madura. Não faço drama.
- Quem dera ___________ mais beijos e abraços entre nós, mas as demandas pessoais dela
- são prioridade. Se viver fora do Brasil atende suas necessidades de expansão e conhecimento,
- vou eu fazer chantagem emocional? Quero que avance, que cresça, que se divirta e que, quando
- as tristezas surgirem (surgem em qualquer lugar do mundo), ela me ligue para a gente segurar
- a onda juntas. É possível ficar perto de quem está longe, distância não é um conceito exato.
- A conexão que importa é a da sintonia. Não posso desconsiderar seus desejos e
- menosprezar sua coragem de enfrentar a vida em outro idioma e mantendo outras relações.
- Parentes são abrigos, cais, plataformas de lançamento e recepção, mas crescemos mesmo
- através do que nos é estranho. Infelizmente, ninguém estimula pais e mães a pensarem assim.
- Aprendemos que, quanto maior o sofrimento pela ausência deles, maior é o amor. Então as
- queixas de saudade se acumulam e os filhos lá fora, coitados, que se virem com a culpa por
- terem partido.
- Se defendo minha liberdade, tenho que defender a liberdade da minha prole também – e
- apoiá-la. Não sofro, não me escabelo, sei que ela está bem, e quando está mal, não é por viver
- em um país estrangeiro, mas por questões emocionais que atingem a todos, onde quer que se
- esteja. Confio no amor que demonstro através da minha confiança e torcida. E os aviões estão
- aí para recuperar os abraços e beijos quando essa maturidade toda começa a fraquejar.
- Embarco depois de amanhã. É a vez dela de botar a mesa para mim.
(Disponível em: www.gauchazh.clicrbs.com.br/donna/colunistas/martha-medeiros/noticia/2024/02/ainda-nao-se-acostumou-mae-cls3dvasz001z012b2y6wgcvn.html – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que indica a correta classe gramatical da palavra sublinhada na frase “Parece que foi ontem”.
A misteriosa caverna britânica com desenhos que intrigam historiadores há 3 séculos
O administrador da caverna, Nicky Paton, indicou para mim as figuras, uma a uma. “Aquela é Santa Catarina, na roda de execução. […] “E aquele é São Lourenço. Ele foi queimado até a morte sobre uma grelha.” Em meio a essas aterradoras cenas cristãs, havia também imagens pagãs - um grande cavalo entalhado e um símbolo de fertilidade conhecido como sheela na gig - uma mulher com órgãos sexuais exagerados. Outra imagem retratava uma pessoa segurando um crânio na mão direita e uma vela na esquerda, teoricamente representando uma cerimônia de iniciação. […] E, para tornar os entalhes ainda mais assustadores, havia sua execução rudimentar, quase infantil. Imagine qual terá sido a surpresa das pessoas que redescobriram por acaso a caverna de Royston, no verão de 1742. Escavando as fundações para uma nova bancada no mercado de manteiga da cidade, um trabalhador encontrou uma pedra de moinho enterrada e descobriu que ela escondia a entrada de um poço profundo na terra. Como ainda não havia normas de saúde e segurança, um garoto que passava recebeu rapidamente uma vela e foi baixado ao poço em uma corda para investigar. […] O que se descobriu no poço foi menos lucrativo, mas muito mais misterioso: uma xícara quebrada e algumas joias, um crânio, ossos humanos e paredes gravadas, de cima a baixo, com estranhas figuras sem expressão facial. Três séculos depois, a caverna de Royston continua sendo um dos lugares mais misteriosos do Reino Unido. Cada vez surgem mais teorias sobre o seu propósito, sem sequer chegar perto de uma resposta.
O mistério das origens
“O que torna a caverna tão curiosa para os visitantes e historiadores é que ela ainda é um enigma” […] afirma Paton. “Principalmente porque não existe documentação sobre a sua existência antes daquela descoberta acidental. […] Mas existem muitas teorias. Pessoas com tendências esotéricas afirmam que a caverna fica na interseção de duas linhas de ley - caminhos antigos que, segundo se acredita, conectam lugares com poder espiritual. Uma dessas linhas, a chamada Linha de Michael, também atravessa os círculos de pedra de Stonehenge e Avebury. O que se pode verificar com mais facilidade é que a caverna fica exatamente abaixo do entroncamento de duas estradas antigas muito importantes. […] Hoje, uma grande lápide é tudo o que resta de uma cruz que ficava na junção das duas estradas. […] O antiquário William Stukeley […] escreveu um estudo inicial sobre o seu propósito. Ele observou que essas cruzes [...] tinham dois propósitos naquela era de alta religiosidade e baixos índices de alfabetização: “relembrar as pessoas de fazer suas orações e guiá-las para o caminho a que elas queriam ir”. As pessoas religiosas, segundo ele, construíam “celas e grutas em rochas, cavernas e ao lado das estradas” […]. Existe na caverna um grande entalhe ilustrando São Cristóvão, o santo padroeiro dos viajantes, o que dá credibilidade à teoria de que a caverna servia a este tipo de função. Mas a teoria que capturou a imaginação do público, mais do que qualquer outra, é que a caverna de Royston foi um esconderijo subterrâneo dos cavaleiros templários - […] ordem de monges guerreiros que acumulou vasta riqueza e influência em toda a Europa, até ser violentamente eliminada em 1307. Os templários fundaram a cidade próxima de Baldock nos anos 1140 e existem documentos que comprovam que eles faziam comércio semanalmente no mercado de manteiga de Royston entre 1149 e 1254. A historiadora local Sylvia Beamon acredita que [...] “Uma capela templária provavelmente se tornou uma necessidade maior do que qualquer outra coisa […] “Ela fornecia um refúgio noturno para os comerciantes templários e... um armazém para os produtos do mercado.”
Como datar as gravuras?
Beamon interpreta o formato circular da caverna como referência à Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém e sugeriu que os entalhes contêm símbolos da arte templária […]. Embora se acredite que a caverna tenha sido pintada com cores brilhantes, muito pouco pigmento ainda permanece […]. Não existe outro material orgânico na caverna que possa ser datado. Os restos humanos […] foram perdidos há muito tempo. De forma que a maneira mais confiável de datar os entalhes é um exame estilístico, que foi conduzido em 2012 pelo Museu Real de Armas de Leeds, no Reino Unido. A análise concluiu que as roupas curtas dos homens e os penteados e chapéus das mulheres indicam uma época entre 1360 e 1390 e a imagem de São Cristóvão foi datada da mesma época. O relatório concluiu ser improvável que algum dos entalhes tenha sido feito antes de cerca de 1350 - um século depois da atividade dos templários em Royston […]. Além disso, os entalhes apresentam iconografia cristã, sem o simbolismo tipicamente associado aos templários […]. Os cavaleiros templários eram conhecidos pela construção de igrejas redondas, mas a forma circular da caverna não é necessariamente uma ligação com os templários. […] Nem a presença de símbolos pagãos, como a sheela na gig, é tão misteriosa. A mesma imagem aparece em igrejas medievais no Reino Unido e no continente europeu. Então, por que essa suposta conexão com os templários? [...] “O risco é que as pessoas tenham tentado contar histórias desde o primeiro dia” […] afirma Tobit Curteis, responsável pela conservação da caverna. [...] A professora Helen Nicholson, historiadora medieval […] concorda. “As pessoas na Inglaterra são fascinadas pelos templários desde que eles foram proibidos, no século 14”, afirma ela. Os julgamentos dos templários incluíram acusações de que eles conduziam cerimônias ocultas em lugares secretos subterrâneos. “Na verdade, são histórias de terror góticas”, segundo Nicholson. [...]
'Incrivelmente especial'
O fascínio real da caverna, segundo Curteis, é sua sobrevivência e redescoberta. “Nós perdemos 99% das outras obras de arte daquele período, de forma que a caverna é incrivelmente especial”, afirma ele. [...] Alguém, provavelmente em meados ou no final dos anos 1300, fez aquelas inscrições e a mais impressionante delas - a figura que segura um crânio em uma mão e uma vela na outra - permanece sem explicação. Poderíamos facilmente reduzi-la a um grafite mistificador acrescentado pouco depois da descoberta da caverna para atrair turistas, não fosse pela forma como ela se harmoniza com o crânio humano, a cerâmica cerimonial e as joias também encontradas no local. Em uma era em que a maioria dos mistérios é resolvida, a caverna de Royston continua a trazer mais perguntas do que respostas. Isso inclui a questão mais fascinante de todas: o que mais permanece abaixo dos nossos pés, esperando para ser encontrado?
BBC News
Considere o seguinte excerto: “E, para tornar os entalhes ainda mais assustadores, havia sua execução rudimentar, quase infantil.” Em relação às categorias gramaticais, as palavras “para”, “entalhes”, “ainda”, “sua” e “quase” no excerto dado são classificadas, respectivamente, como:
O funileiro
O funileiro que se instalou à sombra de uma árvore, na minha rua, é um italiano do sul. “Nós somos quase todos italianos – diz ele. Mas tem de tudo. Tem muito cigano. Aí para Engenho de Dentro tem cigano que faz até tacho de cobre.”
– O senhor não faz?
Abana a cabeça. Trabalha entre Copacabana e Ipanema, onde ninguém quer tacho de cobre. Sinto, por um instante, a tentação de lhe encomendar um tacho de cobre. Mas percebo que é um desejo pueril, um eco da infância.
O grande e belo tacho de cobre que eu desejo, ele não poderia fazê-lo; ninguém o poderia. Não é apenas um objeto de metal, é o centro de muitas cenas perdidas, e a distância no tempo o faz quase sagrado, como se o fogo vermelho e grosso em que se faziam as goiabadas cheirosas fossem as chamas da pira de um rito esquecido. Em volta desse tacho há sombras queridas que sumiram, e vozes que se apagaram. As mãos diligentes que areavam o metal belo também já secaram, mortas.
Inútil enfeitar uma sala com vasilhame de cobre; a lembrança dos grandes tachos vermelhos da infância é incorruptível, e seria transformar uma parte da própria vida em motivo de decoração. Que emigrado da roça não sentiu uma indefinível estranheza e talvez um secreto mal-estar a primeira vez que viu, pregada na parede de um apartamento de luxo, um estribo de caçamba? É como se algo de sólido, de belo, de antigo, fosse corrompido; a caçamba sustenta, no lugar da bota viril de algum alto e rude tio da lavoura, um ramalhete de flores cor-de-rosa...
A beleza, suprema bênção das coisas e das criaturas, é também um pecado, punido pelo desvirtuamento que desliga o que é belo de sua própria função para apresentá-lo apenas em sua forma. O antique tem sempre um certo ar corrupto e vazio; é como se a sua beleza viesse de sua função e utilidade; e desligada destas assume um ar equívoco... O antique é sempre falso; é uma coisa antiga que deixa de ser coisa para ser apenas antiga. A caçamba de teu apartamento jamais é autêntica. Pode tê-lo sido, não é mais: é apenas um vaso de metal, para flores.
A tua caçamba, homem do apartamento, pode estar perfeita e brilhante; falta-lhe a lama dos humildes caminhos noturnos por onde teu cavalo não marchou; nunca terás por ela a amizade inconsciente mas profunda do homem que a usou longamente como estribo, que a teve na sua função, e não como vaso de flores.
O velho italiano conversa comigo enquanto bate, sabiamente, contra o ferro do cabeceiro, com um martelo grosso, o fundo de uma panela de alumínio. Mas são longas as conversas do funileiro; são longas como as ruas em que ele anda, longas como os caminhos da recordação.
(BRAGA, Rubem. In: 200 Crônicas Escolhidas – Círculo do Livro S.A.)
Quanto à classe gramatical das palavras sublinhadas, tem-se a correspondência INDEVIDA em:
As três bonecas
Ju morava numa rua tranquila com nome de heroína: Anita Garibaldi. Dali, das amigas da mãe, guarda boas lembranças: colos, cafunés, filhos, mimos, conselhos e broncas. Uma, ao ver Ju lavando alface como quem esfrega roupa, havia lhe ensinado a delicadeza das folhas. Outra, Marieta, lhe deixou uma lição. Numa visita, aproximou-se de Ju, que brincava de bonecas. E disse:
– Tenho uma boneca pra você!
Um forte desejo se acendeu na menina.
– Grande, como um bebê! Cabelos claros e curtos. Enroladinhos.
A menina sorriu. Mais tarde, folheando uma revista, adivinhou a boneca.
– É assim! – disse, abraçada à revista.
Deu-lhe o nome de Cecília. Chamaria as amigas, cada uma traria sua filha e fariam um lanche. Brincariam no jardim e ririam um bocado, até tarde. Cansadas, iriam cedo pra cama. Adormecer com Cecília seria melhor que mil mundos.
Foi uma espera em vão. Ainda lidava com a frustração, quando a mulher retornou. A claridade, que vinha do corredor, marcava a comprida silhueta que entrou falando:
– Tua boneca está lá guardada, esperando.
“Esperando o quê?”.
– Podia ter trazido. Comprei outra.
“Agora são duas bonecas!”, empolgou-se.
A mulher continuava:
– É moreninha, bem escura, cabelos compridos, arrumados em trança até a cintura. “Seria cor de jabuticaba?” Ju amava. Imaginou a boneca. “Será de pano? Fofa? Tem pano que tem cheiro bom, fino e macio, gostoso de pegar. Tem pano que é mais duro e pinica… Carmela!” Agora, numa só festa, apresentaria Cecília e Carmela às amigas. Já as via juntas, duas irmãs, cada uma de uma cor.
“Mas por que ela não trouxe logo as bonecas?”; “Vai ver que ela não sabia que ia passar aqui.”; “Vai ver que, outro dia, traz as duas.”; “Vai ver que…”; “vai ver…” Pensou durante a aula, em casa e antes de dormir.
Sonhou com Cecília e Carmela. Andaram de roda gigante, tão alto… Tocando as nuvens, Ju pegou um pedaço e experimentou. Azeda demais! Torceu o nariz, as outras riram. Ao acordar, procurou as bonecas e não achou. Onde estavam? Embaixo da cama? Dentro do armário? Na gaveta? Ou na casa de Marieta? Será que ela entregou para depois sequestrá-las? Se ela ia tirar, pra quê iria dar? Além de tudo, era amiga da mãe, por que faria isso? Só se a mãe não soubesse quem era a verdadeira Marieta…
Meses depois, ela chegou. A boneca não, Marieta! E falou pela terceira vez:
– Tenho outra boneca pra você. Podia ter trazido.
“Três? Sério?”
Daqui a pouco, só um reboque pra tanta promessa. Ju não se deixou enrolar. Um dia, fantasiou com Anita. Com nome de guerreira, lutaria, salvaria todas do cativeiro. A essa altura, era o que pensava: cativeiro.
Volta e meia, acontecia de sonhar com as três. Faziam estripulias, criavam brincadeiras e danças malucas e rolavam de rir. Um dia, Ju rolou pro chão mesmo. Doeu cotovelo, doeu bumbum, doeu tudo! Até a alma.
O tempo passou, tanto e mais um tico. Ju cresceu e se mudou da Rua Anita Garibaldi. De Marieta, ficou a lição: heroína mesmo era a criança que sobrevivia a certos adultos…
(Crônicas da infância: lembranças, afetos e reflexões [livro eletrônico] / organização Rosana Rios, Flávia Côrtes, Severino Rodrigues; ilustração Sandra Ronca. 1. ed. São Paulo: Edições AEILIJ: RR Literatura, 2021. PDF. Vários autores.)
Quando se tem a redução de duas ou mais sílabas a uma só, ou de duas vogais a uma, tem-se o fenômeno denominado contração, presente no texto em trechos como “Tenho uma boneca pra você!” (2º§), “Agora, numa só festa, apresentaria Cecília e Carmela às amigas.” (14º§) e “Um dia, Ju rolou pro chão mesmo.” (21º§). É correto afirmar que, nos termos sublinhados, houve a contração de:
Leia o texto para responder às questões de 1 a 7.
Omelete
Pior foi Jacinta, que perdeu o marido para uma omelete. Quando alguém — desinformado ou desalmado — perguntava perto da Jacinta se “omelete” era masculino ou feminino, ela respondia “feminino, feminino”. Depois suspirava e dizia: “Eu é que sei”. As amigas tentaram convencer Jacinta de que o Luiz Augusto não merecia um suspiro. O que se poderia dizer de um homem que tinha abandonado a mulher de dez anos de casamento, para não falar em cotas num condomínio horizontal da zona Sul, por uma omelete bem-feita? Mas Jacinta não se conformava. Foi procurar um curso de culinária. Pediu aulas particulares e específicas. Queria aprender a fazer omelete. A professora começou com um histórico da omelete e sua força metafórica. Uma omelete justificava a violência feita aos ovos. Uma omelete... Mas Jacinta não queria saber da história da omelete. Queria aprender a fazer.
— Bem — disse a professora —, a omelete perfeita...
— Eu sei, eu sei — interrompeu Jacinta.
Sabia como era a omelete perfeita. Durante todos os seus anos de casada tinha ouvido a descrição da omelete perfeita. Luiz Augusto não se cansava de repetir que a omelete perfeita devia ser tostada por fora e úmida por dentro. Que seu interior devia se desmanchar, e espalhar-se pelo prato como baba. “Baveuse, entende? Baveuse.”
Durante dez anos, Jacinta ouvira críticas à sua omelete. Quando Luiz Augusto anunciara que encontrara uma mulher que fazia omeletes perfeitas — melhores, inclusive, que as do Caio Ribeiro — e que ira morar com ela, acrescentou: — Você não pode dizer que não lhe dei todas as chances, Cintinha.
Jacinta sabia a teoria da omelete perfeita. Queria a prática. Precisava aprender. O curso intensivo durou duas semanas. No fim do curso, a professora recomendou que Jacinta comprasse uma frigideira especial, de ferro, para garantir a omelete perfeita. Não havia como errar. Jacinta telefonou para a casa de Beatriz e pediu para falar com Luiz Augusto.
— Precisamos conversar.
— Está bem.
— Aqui.
— Certo.
— Outra coisa.
— O quê?
— Não coma nada antes.
Quando Luiz Augusto chegou, Jacinta não disse uma palavra. Apontou para a mesa, onde estava posto um lugar. Luiz Augusto sentou-se. Jacinta desapareceu na cozinha. Reapareceu quinze minutos depois com uma omelete dentro de uma frigideira nova. Serviu a omelete e ficou esperando, de pé, enquanto Luiz Augusto dava a primeira garfada. Luiz Augusto disse: — Você chama isto de baveuse?
— Não — disse Jacinta —, eu chamo isto de baveuse.
E acertou com a frigideira a cabeça de Luiz Augusto, que caiu morto com a cara na omelete.
VERISSIMO, L. F. (Adaptado). Verissimo antológico — meio século de crônicas, ou coisa parecida. São Paulo: Objetiva, 2020.
Considere o excerto a seguir para responder às questões 5, 6 e 7:
Durante dez anos, Jacinta ouvira críticas à sua omelete. Quando Luiz Augusto anunciara que encontrara uma mulher que fazia omeletes perfeitas — melhores, inclusive, que as do Caio Ribeiro — e que ira morar com ela, acrescentou: — Você não pode dizer que não lhe dei todas as chances, Cintinha.
Dentre todas as palavras que ocorrem no excerto apresentado, pertencem à classe gramatical das preposições:
“Ser professora é um estilo de vida”
(Wallace Cardozo, Rede Galápagos, Salvador)
No Recife, professora diz ter encontrado propósito de vida depois de começar a atuar com educação infantil: “Vou alfabetizar quantas crianças eu puder”
O período de isolamento acabou sendo uma oportunidade para que nós, educadores, buscássemos novas soluções para a sala de aula. Na Internet, encontrei o Polo e resolvi fazer a formação Experiência e Protagonismo: a BNCC na Educação Infantil. Entendi que é preciso envolver a família para garantir o direito à aprendizagem das crianças pequenas. Pensando nisso, desenvolvi um podcast, o Educação & Família. Eu gravava em casa e enviava aos pais e responsáveis. Dessa forma, por menor que fosse seu nível de alfabetização, era possível estimular as crianças em casa.
Enquanto estive fazendo o podcast, ainda não havia conhecido a minha turma pessoalmente. Quando finalmente retornamos à modalidade presencial, fiquei surpresa ao perceber que algumas das crianças já liam. O comprometimento da família é fundamental para a aprendizagem, e eu pude perceber isso também dentro de casa. Durante a pandemia, investi muito no incentivo à leitura para os meus dois filhos. Comprei livros e li com eles, que também voltaram à escola lendo.
Além de professora sou gestora do Instituto Mucambo, cuja sede fica no quintal de minha casa. A organização surgiu para formalizar um projeto que outros educadores e eu já realizávamos, chamado Leituras Brincantes. Com crianças em situação de vulnerabilidade, realizamos atividades como mediação de leitura, contação de histórias e distribuição de livros, além de arrecadação e doação de alimentos. No mesmo intuito de envolver as famílias, fazemos periodicamente rodas de leitura com as mães.
Inscrevemos o Instituto Mucambo no programa Leia com uma criança e recebemos caixas de livros. Nesse processo, fiz mais uma formação no Polo, dessa vez voltada à mediação de leitura para o público infantil. Gosto dos cursos da plataforma porque são objetivos e práticos. Esse tipo de abordagem é muito importante para professores porque geralmente temos muita vontade de aprender, mas pouco tempo. Usei os livros na escola, no instituto e também em casa. Por aqui, o maior sucesso foi o Meu crespo é de rainha. Ao final da leitura, meus filhos perguntaram se o cabelo deles é crespo. Quando eu disse que não, disseram que queriam ter o cabelo crespo.
Alfabetizar é o meu propósito. Em minha trajetória, pretendo ensinar a leitura e a escrita a quantas crianças conseguir. Esse é um direito delas. Fico pensando como seria a minha vida se eu não soubesse ler e escrever. Que perspectiva de vida têm aquelas pessoas que não são alfabetizadas? Foi por meio desse propósito que me encontrei ao começar a trabalhar com a educação infantil.
Antes disso, atuei com o Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Formada em letras, dava aulas de inglês e de língua portuguesa, até começar a lecionar na rede municipal, em 2016. Eu já entendia que a alfabetização era uma questão delicada, mesmo sem saber como funciona esse processo. Tive alunos do terceiro ano do ensino médio que não tinham autonomia para escrever.
A educação infantil me fez entender vulnerabilidades, como a pobreza e outras violações de direito. Esses contextos também existiam na realidade dos outros públicos com quem eu trabalhava antes, mas as crianças não mentem. Elas me dizem que estão com fome, ou que passaram a noite trabalhando, ou mesmo que sofreram algum tipo de abuso. Alfabetizar crianças expostas a situações de vulnerabilidade ocasionadas pela pobreza é um desafio enorme.
Desde que tive esse choque de realidade pela primeira vez, busco entender o impacto da pobreza no desenvolvimento cognitivo da criança. Durante a pandemia, por exemplo, enviamos fichas de atividades. Não funcionavam muito bem porque as fichas devem ser a finalização de todo um processo lúdico de ensino e aprendizagem, e os pais não são (nem têm que ocupar o papel de) professores. Uma parcela relevante deles tem um grau de escolaridade muito básico, o que aumentava o desafio.
Ser professora é mais do que uma profissão. É um estilo de vida. Nós pensamos e falamos em educação 24 horas por dia, 7 dias por semana. O Instituto Mucambo, espaço onde posso experimentar, tem me ajudado muito nesse processo. Levo para a escola o que aprendo lá, e vice-versa. Trabalhar com crianças em vulnerabilidade é aprender todos os dias que não dá pra atuar só com um livro na mão numa realidade de insegurança alimentar. Como diz a letra da canção, “a gente quer comida, diversão e arte”.
Disponível em: https://www.itausocial.org.br/noticias/ser-
professora-e-um-estilo-de-
vida/?gad_source=1&gclid=CjwKCAiAp5qsBhAPEiwAP0qeJjaA Tmxip8Xd_91FihDufStbSH1dmUZORUMHWGygoZiMKDVDyE6
bdBoCQvUQAvD_BwE. Acesso em 23 dez.2023.
A preposição “com” pode indicar companhia, ajuntamento, simultaneidade, modo, meio, instrumento, etc. Em um dos fragmentos a seguir essa preposição indica companhia. Aponte-o.
“Ser professora é um estilo de vida”
(Wallace Cardozo, Rede Galápagos, Salvador)
No Recife, professora diz ter encontrado propósito de vida depois de começar a atuar com educação infantil: “Vou alfabetizar quantas crianças eu puder”
O período de isolamento acabou sendo uma oportunidade para que nós, educadores, buscássemos novas soluções para a sala de aula. Na Internet, encontrei o Polo e resolvi fazer a formação Experiência e Protagonismo: a BNCC na Educação Infantil. Entendi que é preciso envolver a família para garantir o direito à aprendizagem das crianças pequenas. Pensando nisso, desenvolvi um podcast, o Educação & Família. Eu gravava em casa e enviava aos pais e responsáveis. Dessa forma, por menor que fosse seu nível de alfabetização, era possível estimular as crianças em casa.
Enquanto estive fazendo o podcast, ainda não havia conhecido a minha turma pessoalmente. Quando finalmente retornamos à modalidade presencial, fiquei surpresa ao perceber que algumas das crianças já liam. O comprometimento da família é fundamental para a aprendizagem, e eu pude perceber isso também dentro de casa. Durante a pandemia, investi muito no incentivo à leitura para os meus dois filhos. Comprei livros e li com eles, que também voltaram à escola lendo.
Além de professora sou gestora do Instituto Mucambo, cuja sede fica no quintal de minha casa. A organização surgiu para formalizar um projeto que outros educadores e eu já realizávamos, chamado Leituras Brincantes. Com crianças em situação de vulnerabilidade, realizamos atividades como mediação de leitura, contação de histórias e distribuição de livros, além de arrecadação e doação de alimentos. No mesmo intuito de envolver as famílias, fazemos periodicamente rodas de leitura com as mães.
Inscrevemos o Instituto Mucambo no programa Leia com uma criança e recebemos caixas de livros. Nesse processo, fiz mais uma formação no Polo, dessa vez voltada à mediação de leitura para o público infantil. Gosto dos cursos da plataforma porque são objetivos e práticos. Esse tipo de abordagem é muito importante para professores porque geralmente temos muita vontade de aprender, mas pouco tempo. Usei os livros na escola, no instituto e também em casa. Por aqui, o maior sucesso foi o Meu crespo é de rainha. Ao final da leitura, meus filhos perguntaram se o cabelo deles é crespo. Quando eu disse que não, disseram que queriam ter o cabelo crespo.
Alfabetizar é o meu propósito. Em minha trajetória, pretendo ensinar a leitura e a escrita a quantas crianças conseguir. Esse é um direito delas. Fico pensando como seria a minha vida se eu não soubesse ler e escrever. Que perspectiva de vida têm aquelas pessoas que não são alfabetizadas? Foi por meio desse propósito que me encontrei ao começar a trabalhar com a educação infantil.
Antes disso, atuei com o Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Formada em letras, dava aulas de inglês e de língua portuguesa, até começar a lecionar na rede municipal, em 2016. Eu já entendia que a alfabetização era uma questão delicada, mesmo sem saber como funciona esse processo. Tive alunos do terceiro ano do ensino médio que não tinham autonomia para escrever.
A educação infantil me fez entender vulnerabilidades, como a pobreza e outras violações de direito. Esses contextos também existiam na realidade dos outros públicos com quem eu trabalhava antes, mas as crianças não mentem. Elas me dizem que estão com fome, ou que passaram a noite trabalhando, ou mesmo que sofreram algum tipo de abuso. Alfabetizar crianças expostas a situações de vulnerabilidade ocasionadas pela pobreza é um desafio enorme.
Desde que tive esse choque de realidade pela primeira vez, busco entender o impacto da pobreza no desenvolvimento cognitivo da criança. Durante a pandemia, por exemplo, enviamos fichas de atividades. Não funcionavam muito bem porque as fichas devem ser a finalização de todo um processo lúdico de ensino e aprendizagem, e os pais não são (nem têm que ocupar o papel de) professores. Uma parcela relevante deles tem um grau de escolaridade muito básico, o que aumentava o desafio.
Ser professora é mais do que uma profissão. É um estilo de vida. Nós pensamos e falamos em educação 24 horas por dia, 7 dias por semana. O Instituto Mucambo, espaço onde posso experimentar, tem me ajudado muito nesse processo. Levo para a escola o que aprendo lá, e vice-versa. Trabalhar com crianças em vulnerabilidade é aprender todos os dias que não dá pra atuar só com um livro na mão numa realidade de insegurança alimentar. Como diz a letra da canção, “a gente quer comida, diversão e arte”.
Disponível em: https://www.itausocial.org.br/noticias/ser-
professora-e-um-estilo-de-
vida/?gad_source=1&gclid=CjwKCAiAp5qsBhAPEiwAP0qeJjaA Tmxip8Xd_91FihDufStbSH1dmUZORUMHWGygoZiMKDVDyE6
bdBoCQvUQAvD_BwE. Acesso em 23 dez.2023.
Considerando que o “a”, como palavra, pode ser classificada como artigo definido, preposição ou pronome pessoal, observe as seis ocorrências que se encontram no parágrafo “Alfabetizar é o meu propósito. Em minha trajetória, pretendo ensinar a leitura e a escrita a quantas crianças conseguir. Esse é um direito delas. Fico pensando como seria a minha vida se eu não soubesse ler e escrever. Que perspectiva de vida têm aquelas pessoas que não são alfabetizadas? Foi por meio desse propósito que me encontrei ao começar a trabalhar com a educação infantil”. É correto afirmar que trata-se de
Conforme Basílio (2003) e Silva e Silva (2008), a divisão de palavras em classes gramaticais, ou classe de palavras, pode levar em consideração diferentes critérios conforme a perspectiva linguística adotada, sobretudo critérios morfológicos, sintáticos e semânticos. Considerando essa afirmação, qual das alternativas a seguir contém um trecho de definição de alguma classe gramatical abaixo contemplando apenas critérios semânticos?
Fontes: BRASÍLIO, M. Teoria lexical. São Paulo: Editora Ática S.A, 2003.
CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione, 2008.
SILVA, M. L. C.; SILVA, L. L. C. Os diferentes critérios utilizados para classificação de palavras em gramáticas escolares. Anais do V CONEDU – Congresso Nacional de Educação. 2018. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2018/TRABALHO_EV117_MD4_ SA8_ID4438_10092018101127.pdf. Acesso em: 1 fev. 2023.
Leia o Texto I para responder às questões de 21 a 29.
TEXTO I
OS IDIOTAS DA OBJETIVIDADE
(Nelson Rodrigues)
Sou da imprensa anterior ao copy desk. Tinha treze anos quando me iniciei no jornal, como repórter de polícia. Na redação não havia nada da aridez atual e pelo contrário: — era uma cova de delícias. O sujeito ganhava mal ou simplesmente não ganhava. Para comer, dependia de um vale utópico de cinco ou dez mil-réis. Mas tinha a compensação da glória. Quem redigia um atropelamento julgava-se um estilista. E a própria vaidade o remunerava. Cada qual era um pavão enfático. Escrevia na véspera e no dia seguinte via-se impresso, sem o retoque de uma vírgula. Havia uma volúpia autoral inenarrável. E nenhum estilo era profanado por uma emenda, jamais.
Durante várias gerações foi assim e sempre assim. De repente, explodiu o copy desk. Houve um impacto medonho. Qualquer um na redação, seja repórter de setor ou editorialista, tem uma sagrada vaidade estilística. E o copy desk não respeitava ninguém. Se lá aparecesse um Proust, seria reescrito do mesmo jeito. Sim, o copy desk instalou-se como a figura demoníaca da redação.
Falei no demônio e pode parecer que foi o Príncipe das Trevas que criou a nova moda. Não, o abominável Pai da Mentira não é o autor do copy desk. Quem o lançou e promoveu foi Pompeu de Sousa. Era ainda o Diário Carioca, do Senador, do Danton. Não quero ser injusto, mesmo porque o Pompeu é meu amigo. Ele teve um pretexto, digamos assim, histórico, para tentar a inovação.
Havia na imprensa uma massa de analfabetos. Saíam as coisas mais incríveis. Lembro-me de que alguém, num crime passional, terminou assim a matéria: — “E nem um goivinho ornava a cova dela”. Dirão vocês que esse fecho de ouro é puramente folclórico. Não sei e talvez. Mas saía coisa parecida. E o Pompeu trouxe para cá o que se fazia nos Estados Unidos — o copy desk.
Começava a nova imprensa. Primeiro, foi só o Diário Carioca; pouco depois, os outros, por imitação, o acompanharam.
Rapidamente, os nossos jornais foram atacados de uma doença grave: — a objetividade. Daí para o “idiota da objetividade” seria um passo. Certa vez, encontrei-me com o Moacir Werneck de Castro. Gosto muito dele e o saudei com a mais larga e cálida efusão. E o Moacir, com seu perfil de Lord Byron, disse para mim, risonhamente: — “Eu sou um idiota da objetividade”.
Também Roberto Campos, mais tarde, em discurso, diria: — “Eu sou um idiota da objetividade”. Na verdade, tanto Roberto como Moacir são dois líricos. Eis o que eu queria dizer: — o idiota da objetividade inunda as mesas de redação e seu autor foi, mais uma vez, Pompeu de Sousa. Aliás, devo dizer que o copy desk e o idiota da objetividade são gêmeos e um explica o outro.
E toda a imprensa passou a usar a palavra “objetividade” como um simples brinquedo auditivo. A crônica esportiva via times e jogadores “objetivos”. Equipes e jogadores eram condenados por falta de objetividade. Um exemplo da nova linguagem foi o atentado de Toneleros. Toda a nação tremeu. Era óbvio que o crime trazia, em seu ventre, uma tragédia nacional. Podia ser até a guerra civil. Em menos de 24 horas o Brasil se preparou para matar ou para morrer. E como noticiou o Diário Carioca o acontecimento? Era uma catástrofe. O jornal deu-lhe esse tom de catástrofe? Não e nunca. O Diário Carioca nada concedeu à emoção nem ao espanto. Podia ter posto na manchete, e ao menos na manchete, um ponto de exclamação. Foi de uma casta, exemplar objetividade. Tom estrita e secamente informativo. Tratou o drama histórico como se fosse o atropelamento do Zezinho, ali da esquina.
Era, repito, a implacável objetividade. E, depois, Getúlio deu um tiro no peito. Ali estava o Brasil, novamente, cara a cara com a guerra civil. E que fez o Diário Carioca? A aragem da tragédia soprou nas suas páginas? Jamais. No princípio do século, mataram o rei e o príncipe herdeiro de Portugal. (Segundo me diz o luso Álvaro Nascimento, o rei tinha o olho perdidamente azul). Aqui, o nosso Correio da Manhã abria cinco manchetes. Os tipos enormes eram um soco visual. E rezava a quinta manchete: “HORRÍVEL EMOÇÃO!”. Vejam vocês: — “HORRÍVEL EMOÇÃO!”.
O Diário Carioca não pingou uma lágrima sobre o corpo de Getúlio. Era a monstruosa e alienada objetividade. As duas coisas pareciam não ter nenhuma conexão: — o fato e a sua cobertura.
Estava um povo inteiro a se desgrenhar, a chorar lágrimas de pedra. E a reportagem, sem entranhas, ignorava a pavorosa emoção popular. Outro exemplo seria ainda o assassinato de Kennedy.
Na velha imprensa as manchetes choravam com o leitor. A partir do copy desk, sumiu a emoção dos títulos e subtítulos. E que pobre cadáver foi Kennedy na primeira página, por exemplo, do Jornal do Brasil. A manchete humilhava a catástrofe. O mesmo e impessoal tom informativo. Estava lá o cadáver ainda quente. Uma bala arrancara o seu queixo forte, plástico, vital. Nenhum espanto da manchete. Havia um abismo entre o Jornal do Brasil e a tragédia, entre o Jornal do Brasil e a cara mutilada. Pode-se falar na desumanização da manchete.
O Jornal do Brasil, sob o reinado do copy desk, lembra-me aquela página célebre de ficção. Era uma lavadeira que se viu, de repente, no meio de uma baderna horrorosa. Tiro e bordoada em quantidade. A lavadeira veio espiar a briga. Lá adiante, numa colina, viu um baixinho olhando por um binóculo. Ali estava Napoleão e ali estava Waterloo. Mas a santa mulher ignorou um e outro; e veio para dentro ensaboar a sua roupa suja. Eis o que eu queria dizer: — a primeira página do Jornal do Brasil tem a mesma alienação da lavadeira diante dos napoleões e das batalhas.
E o pior é que, pouco a pouco, o copy desk vem fazendo do leitor um outro idiota da objetividade. A aridez de um se transmite ao outro. Eu me pergunto se, um dia, não seremos nós 80 milhões de copy desks? (...)
Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/os-idiotas-da-objetividade-cronica-de-nelson-rodrigues/ (Adaptado). Acesso em: 8 jan. 2023.
José Carlos de Azeredo (2008, p. 149) afirma: “O sintagma preposicional [SPrep.] é desprovido de um núcleo, já que a unidade que o caracteriza — a preposição — jamais ocorre isolada. O SPrep. é uma construção extremamente versátil do ponto de vista sintático (pode ocupar as posições tanto do SAdj. [sintagma adjetivo] quanto do SAdv. [sintagma adverbial] [...])”.
Considerando a definição de sintagma preposicional acima, identifique entre as alternativas a seguir aquela que NÃO apresenta sublinhado um sintagma preposicional ocupando a posição do sintagma adjetival.
Fonte: AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
Farofa de Tanajura
Por Leonardo Igor de Souza
01 Em 13 de julho de 1553, desembarcou em Salvador o padre jesuíta José de Anchieta,
02considerado hoje um dos primeiros escritores da Literatura Brasileira. Em sua convivência com
03 os povos indígenas no Brasil, um dos hábitos que lhe chamou atenção – e do qual ele provou
04 – foi o de coletar e comer as chamadas içás, conhecidas em parte do Brasil como saúvas e, no
05 Ceará, como tanajuras.
06 Ainda agora, o hábito de comer tanajura, observado nos tempos da colônia, segue
07 preservado no Ceará, na região da Serra da Ibiapaba, onde estão municípios como Ubajara,
08 Tianguá, Ibiapina, São Benedito, Viçosa do Ceará, entre outros.
09 As tanajuras (Atta cephalotes) são uma espécie de formiga com asas e com o abdômen
10 pronunciado. Elas costumam aparecer no período chuvoso, na época chamada de revoada,
11 quando elas deixam o solo _______ da chuva. Nesse período, elas se reproduzem e formam
12 uma nova colônia, um novo lar, em um espaço mais seco.
13 É nesse período que muita gente aproveita para coletar os espécimes e prepará-los para
14 o consumo. Na maior parte das vezes, a iguaria é consumida frita, sendo utilizada como
15 ingrediente principal para o preparo de farofa de tanajura.
16 “Quando tem uma boa chuva com trovão e no dia seguinte faz um sol quente que começa
17 a sair [tanajura], você vê um monte de gente na rua. Quem pode vai para os sítios, quem tem
18 a _______ de entrar nos formigueiros, coloca bota e tudo para poder ir pegar”, conta a
19 nutricionista Lídia Sousa, moradora do município de Ibiapina, na Serra da Ibiapaba.
20 Lídia nasceu no Distrito Federal, mas seus pais são cearenses da região da Ibiapaba. Ela
21 conta que vive em Ibiapina há cerca de 15 anos, mas já tinha o hábito de comer tanajuras desde
22 pequena na capital federal. No Distrito Federal, ela e a família moravam em uma chácara, por
23 isso conseguiam capturar as tanajuras no período de chuvas. “Lá mesmo ninguém consumia,
24 pessoal inclusive achava engraçado, julgava, dizia que a gente tava comendo formiga”, relembra.
25 Na Serra da Ibiapiaba, se alguém perguntar de onde vem o hábito de comer tanajuras, diferentes
26 versões vão surgir. Hoje, no entanto, especialistas concordam que o hábito é uma herança do
27 povo indígena Tabajara, que habita a região.
28 O professor Paulo Henrique Machado, do curso de Gastronomia da Universidade Federal
29 do Ceará (UFC), integra um grupo na universidade que estuda a entomofagia, que é o consumo
30 de insetos como alimentos. O professor aponta que a prática pode ser encontrada em várias
31 comunidades do Brasil. “E não só o inseto, mas produtos dele, no caso do mel da abelha, da
32 cochonilha que produz corante vermelho, mais para rosado. E tem muitos produtos, mesmo
33 industrializados. Então é um hábito comum que às vezes a gente não sabe”, destaca.
34 Do ponto de vista nutricional, .... tanajura é considerada um alimento com altas
35 concentrações de lipídios e proteínas, de acordo com análise feita em laboratório pelo professor
36 Paulo Henrique Machado e outros dois colegas da UFC. A pesquisa, publicada em 2020, indicou
37 que as tanajuras têm um perfil de ácidos graxos majoritariamente composto de ácidos graxos
38 monoinsaturados, semelhante .... carnes de boi e de porco, “enriquecendo .... dieta daqueles
39 que .... ingerem”.
(Disponível em: www.g1.globo.com/ce/ceara/noticia – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, a classe morfológica das palavras sublinhadas no trecho a seguir: “Lídia nasceu no Distrito Federal, mas seus pais são cearenses da região da Ibiapaba”.
Leia a frase e marque a alternativa que preenche corretamente os espaços em branco.
Saímos de casa ______ o café da manhã e andamos pela praia ________ onde foi possível.
Uma carta ao algoritmo
Por Fabrício Carpinejar
01 Algoritmo, já que você vive registrando nossas ações, onde estamos, onde compramos,
02 em que lugar queremos passar as férias, já que conhece as nossas mentiras e os limites de
03 nossos cartões de crédito, nossos arroubos, nossas vontades, nossas tristezas, nossas playlists,
04 nossas canções melancólicas e eufóricas, já que oferece produtos que mal começamos a
05 pesquisar, já que ______ o dom profético de se antecipar aos nossos desejos, já que tolera as
06 nossas neuroses, já que perdoa a nossa ansiedade, já que cronometra o nosso tempo on-line,
07 já que repassa vídeos emocionais pela enésima vez, já que cria ataques de fofura com vídeos de
08 cachorros e gatos, já que traz depoimentos de resiliência quando estamos prestes .... desistir de
09 tentar, eu rogo que use todas as nossas informações a nosso favor, não mais exclusivamente
10 .... seu benefício, por um breve momento de generosidade.
11 Não sei se você ______ pai, ou mãe, ou irmão, alguma ligação afetiva ou consanguínea
12 com os números, mas pense um pouquinho em nós como parte de sua família.
13 Suspenda por um instante sua ambição de estatísticas e nos ajude em nossas realizações.
14 Afinal, está milionário, não precisa de mais nada, pode diminuir o ritmo frenético de seus
15 negócios e faturamento sem correr nenhum risco de empobrecer de repente. Ofereça-nos a
16 tecnologia para encontros afetivos mais rápidos. Não precisamos nos desgastar tanto se você
17 tudo vê, tudo sabe.
18 Portanto, eu peço:
19 — Não deixe nossos amigos continuarem sofrendo por relacionamentos opressivos,
20 sufocantes. De tanto que quebraram a cara no amor, são vitrais. Ponha-os em contato com
21 pessoas que prestam, que possam estabelecer conexões profundas de respeito e admiração.
22 Facilite a intimidade mais do que a atração. Não permita que eles percam a esperança na vida a
23 dois. Não ______ como aconselhá-los depois que se apaixonam pelo perfil errado. Eles não mais
24 nos escutam. Doemos, impotentes, testemunhando que anulam suas identidades para agradar
25 e corresponder .... expectativas insanas da química. Perderão o emprego, a realidade, a razão,
26 o equilíbrio, sustentando a fantasia de quem não os merece.
27 — Afaste de nossa existência virtual os narcisistas. Poupe-nos do trabalho de bloqueá-los
28 após servirmos de cobaias. Já estaremos exaustos e sequelados. Use seu filtro como nosso
29 escudo. Aproxime-nos daqueles que se preocupam com os outros, que ainda postam o pôr de
30 sol ou a lua cheia, que se emocionam com a nudez do mar ou do rio, que ficam na janela,
31 imóveis, olhando a chuva, que recolhem o lixo da rua que não foi jogado por eles, que entendem
32 o valor de uma xícara de café quente e de um cálice de vinho, que passam adiante uma frase de
33 Clarice Lispector ou de Caio Fernando Abreu, que defendem a importância de embrulhar
34 presentes, que esperam ansiosamente o feriado para visitar os pais no interior, que festejam
35 cada móvel que chega em sua casa, que guardam suas moedas num potinho, que organizam o
36 armário inteiro quando adquirem uma peça nova, que dormem agradecendo e acordam rezando
37 por um mundo melhor.
38 — Cuide de nossa saúde mental porque um dia podemos nos cansar de você.
(Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2024/01/uma-carta-aoalgoritmo-clr6p50dz003201475yj7tmnw.html – texto adaptado especialmente para esta prova).
Tendo em vista o fragmento adaptado “Perderão o emprego, a realidade, a razão, o equilíbrio”, analise as asserções a seguir:
I. O verbo “Perderão” é classificado como verbo transitivo indireto.
PORQUE
II. Tem complementos verbais que iniciam sem preposição.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
Leia atentamente o texto a seguir e responda às questões de 1 a 10.
Calor matou mais que deslizamentos de terra no Brasil, aponta estudo
Nos anos de 2010, o Brasil enfrentou de 3 a 11 ondas
de calor por ano, quase quatro vezes mais do que na década
de 1970, quando de zero a no máximotrês desses eventos
climáticos extremos foram registrados.
5 As consequências são fatais: de 2000 a 2018, em
torno de 48 mil brasileiros morreram por efeito de bruscos
aumentos de temperatura – número superior ao de mortes
por deslizamentos de terra.
Os dados inéditos foram compilados em estudo
10 publicado na quarta-feira (24/1) por 12 pesquisadores de
sete universidades e instituições brasileiras e portuguesas,
como a Universidade de Lisboa e a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), no periódico científico Plos One.
"Os eventos de ondas de calor aumentaram em
15 frequência e intensidade", diz à BBC News Brasil o físico
Djacinto Monteiro dos Santos, que liderou o estudo, como
parte de sua pesquisa no Departamento de Meteorologia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para definir o que são ondas de calor, usou-se um
20 padrão conhecido como Fator de Excesso de Calor (EHF, na
sigla em inglês), que leva em consideração a intensidade,
duração e frequência de aumentos na temperatura para
prever níveis considerados nocivos à saúde humana.
A pesquisa analisou dados das 14 áreas
25 metropolitanas mais populosas do Brasil, onde vivem 35%
da população nacional, um total de 74 milhões de
brasileiros.
Foram assim consideradas as seguintes cidades:
Manaus e Belém, no Norte; Fortaleza, Salvador e Recife, no
30 Nordeste; São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, no
Sudeste; Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, no Sul; e as
regiões metropolitanas de Goiânia, Cuiabá e do Distrito
Federal, no Centro-Oeste.
Além de aumentarem em volume, as ondas de calor
35 também estão cada vez mais prolongadas.
Nas décadas de 1970 e 1980, esses eventos adversos
duravam de três a cinco dias. Entre os anos de 2000 e 2010,
entre quatro e seis dias.
(...)
(Filipe Vilicic. BBC NEWS BRASIL. https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/01/calor-matou-mais-que-deslizamentos-de-terra-no-brasil-aponta-estudo.shtml)
Para definir o que são ondas de calor, usou-se um padrão conhecido como Fator de Excesso de Calor (EHF, na sigla em inglês), que leva em consideração a intensidade, duração e frequência de aumentos na temperatura para prever níveis considerados nocivos à saúde humana. (L.19-23)
No período acima há
Marque a alternativa, onde a preposição traz o significado de limite.