Questões de Concurso Sobre português

Foram encontradas 196.516 questões

Q2762462 Português

Leia o texto a seguir para responder às próximas sete questões.


“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso – o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito – por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava”


(ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: veredas. 1994. P. 449).

De acordo com a fonética e seus estudos sobre fonema, assinale a alternativa incorreta:

Alternativas
Q2762461 Português

Leia o texto a seguir para responder às próximas sete questões.


“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso – o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito – por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava”


(ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: veredas. 1994. P. 449).

A respeito das classes de palavras, sabemos que a análise morfológica deve também levar em conta o uso dessas unidades no texto, haja vista que algumas delas, com mesma grafia, ocupam classes diferentes por vezes. Nesse sentido, analise as alternativas, que trazem palavras mencionadas no texto de Guimarães Rosa, e assinale a correta:

Alternativas
Q2762460 Português

Leia o texto a seguir para responder às próximas sete questões.


“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso – o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito – por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava”


(ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: veredas. 1994. P. 449).

Ainda sobre a obra Grande Sertão: veredas, considere seus conhecimentos textuais e, a partir da leitura do excerto apresentado, assinale a alternativa correta:

Alternativas
Q2762459 Português

Leia o texto a seguir para responder às próximas sete questões.


“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso – o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito – por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava”


(ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: veredas. 1994. P. 449).

Grande Sertão: veredas é um clássico da literatura brasileira e lusófona. Contando a história de Riobaldo, narra estórias que se passam no sertão com elementos universais, mostrando, sobretudo, a genialidade e a inventividade do autor. Sobre o trecho apresentado acima, assinale a alternativa correta:

Alternativas
Q2762373 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
A expressão sublinhada deve sua flexão ao verbo em negrito em:
Alternativas
Q2762372 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
Pode ser transposto para a voz passiva o seguinte trecho da crônica:
Alternativas
Q2762371 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)

- Viu o que você fez? - perguntou o seu Justinho [...] para o Alaor. (23º parágrafo)


Ao se transpor o trecho acima para o discurso indireto, o verbo sublinhado assume a seguinte forma:

Alternativas
Q2762370 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
Estabelece relação de condição o termo sublinhado em:
Alternativas
Q2762369 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
Segundo o gramático Evanildo Bechara (Moderma gramática portuguesa, 2009), expressão expletiva ou de realce é uma expressão que não exerce função sintática. Constitui exemplo de expressão expletiva o segmento sublinhado em:
Alternativas
Q2762368 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada em:
Alternativas
Q2762367 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
Em Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo (16º parágrafo), a locução sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por: 
Alternativas
Q2762366 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
Observa-se a ocorrência da figura de linguagem conhecida como antítese no seguinte trecho:
Alternativas
Q2762365 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
A voz do personagem mescla-se à voz do narrador, configurando o chamado discurso indireto livre, no seguinte trecho:
Alternativas
Q2762364 Português
1. Existem muitas histórias do seu Justinho.

2. Uma vez o Alaor, que era um grande gozador, recebeu o seu Justinho no escritório, de manhã, com uma pergunta.

3. — Seu Justinho, o senhor abotoa a camisa de cima para baixo ou de baixo para cima?

4. - O seu Justinho pensou um pouco. depois respondeu: .

5. — De baixo para cima, como todo mundo.

6. — Epa - protestou o Simas. — Como todo mundo não. Eu abotõo de cima para baixo.

7. O Alaor propôs um plebiscito no escritório. .

8. — Quantos abotoam a camisa de cima para baixo e quantos abotoam de baixo para cima?

9. Curiosamente, fora o seu Justinho e o Simas, ninguém se lembrava como abotoava a camisa. Alguns começaram a tirar a camisa ali mesmo, para ver como as recolocariam. já que nunca tinham reparado naquilo. Mas o seu Justinho os deteve. Tirar a camisa no escritório, onde já se vira? Todos ao trabalho antes que aparecesse o chefe.

10. Mas durante todo o dia o seu Justinho ficou preocupado. No fim do expediente, dirigiu-se ao Alaor.

11. — Não gostei disso que você começou.

12. — Que foi que eu comecei?

13. — Essa história das camisas.

14. — Por que, seu Justinho?

15. — É desagregadora. Vai criar confusão.

16. E, realmente, no dia seguinte não foram poucos os que se declararam perplexos com a questão. Naquela manhã, pela primeira vez em suas vidas, tinham prestado atenção na forma como abotoavam a camisa. Era uma coisa banal, uma ação cotidiana e corriqueira, e, no entanto, todos tinham vivido até então sem saber se abotoavam a camisa de baixo para cima ou de cima para baixo. Era como se não se conhecessem. Um funcionário, inclusive, não compareceu ao trabalho e no outro dia deu a razão: simplesmente ficara paralisado no momento de aboioar a camisa, sem saber se começava por baixo ou por cima. À mulher até pensara que ele estivesse tendo alguma coisa.

17. — Que foi?

18. — Eu não consigo vestir a minha camisa. Eu não consigo vestir a minha camisa!

19. — Deixa que eu ajudo.

20. — Não! Você não vê? Eu é que tenho que vestir. E não consigo decidir se começo a abotoar por baixo ou por cima!

21. Como ele resolvera o problema, para vir trabalhar um dia depois? Botara uma camisa sem botão.

22. Seu Justinho não estava gostando nada daquilo. E nos dias seguintes passou a gostar ainda menos. Notou que todos estavam abalados com a experiência. De repente, por causa dos botões de suas camisas, estavam todos às voltas com graves indagações existenciais, sobre a gratuidade de todas as coisas, sobre os limites do livre arbitro e o lugar do homem num universo aleatório. E aquilo estava prejudicando o serviço. 

23. — Viu o que você fez? — perguntou o seu Justinho, brabo, para o Alaor.

24, — Mas era só uma brincadeira!

25. A brincadeira deixara todos angustiados. Até que seu Justinho decidiu tomar uma atitude. Como bom burocrata, baixou uma norma, gue mandou afixar no quadro de avisos.

26. “Neste escritório, todos os homens abotoam a camisa de baixo para cima, revogadas as disposições em contrário.”

27. Houve um certo alívio no ambiente, o que seu Justinho tomou como mais um triunfo da burocracia que afinal não passava de um método para pôr ordem no caos, segundo ele.

28. Mal sabia o seu Justinho que, depois de ler a sua determinação no quadro, todos tinham começado a abotoar a camisa de cima para baixo. A questão não era mais a extensão da liberdade humana num universo indiferente, a questão era contrariar o seu Justinho. Quem ele pensava que era, mandando até nas suas camisas?


(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1996)
Depreende-se da crônica que, em relação à burocracia, seu Justinho tinha um ponto de vista
Alternativas
Q2762317 Português
Considere as frases a seguir.
I. Férias é o periodo do ano que eu mais espero. II. Nem meu irmão nem minha irmã veio para a festa de aniversário. III. Fazem dias que eu trabalho sem qualquer pausa. IV. Mais de um jogador foi expulso da partida. V. Ex-chefes, familiares e amigos, ninguém conseguiu convencê-lo do contrário.
Há erro de concordância verbal APENAS em
Alternativas
Q2762316 Português

Considere a tirinha Bichinhos de jardim.



Imagem associada para resolução da questão



(Disponível em: https:bichinhosdejardim.com)


O futuro do pretérito, no contexto apresentado, foi usado para referir

Alternativas
Q2762315 Português

O texto abaixo é uma resposta produzida por inteligência artificial a uma pergunta.



Imagem associada para resolução da questão



(Disponivel em: https:lfchat.openal.com)


É INCORRETO afirmar que o texto 

Alternativas
Q2762314 Português
Considere as frases a seguir.
I. Apresse-sel Sua reunião vai começar às 8 horas.
II. Uso lapiseira, mas sempre preferi escrever à lápis.
III. Não diga nada à ninguém sobre nossos planos futuros.
IV. Aos domingos, minha família se reúne para saborear um bom filé à parmegiana. 
V. Voltei à casa da minha infância depois de muitos anos.

O sinal indicativo de crase foi usado corretamente APENAS em
Alternativas
Q2762313 Português
A mesma regra justifica a presença de acento em todas as palavras em:
Alternativas
Q2762312 Português

Enterro televisivo


“Uns olham para a televisão. Outros olham pela televisão.“

(Dito de Sicrano)


1.Estranharam quando, no funeral do avô Sicrano, a viúva Entrelua proclamou: 

— Uma televisão!

— Uma televisão o qué, avó?

— Quero que me comprem uma televisão.

5. Aquilo, assim, de rompante, em plenas orações. Dela se esperava mais ajustado desejo, um ensejo solene de tristeza, um suspiro anunciador do fim. Mas não, ela queria naquele mesmo dia receber um aparelho novo. 

— Mas o aparelho que vocês tinham avariou?

— Não. Já não existe.

— Como é isso, então? Foi roubado?

— Não, foi enterrado.

10. — Enterrado?

— Sim, foi junto com o copo do vosso falecido pai.

Tudo havia sido congeminado junto com o coveiro. À televisão, desmontada nas suas quantas peças, tinha sido embalada no caixão. Era um requisito de quem ficava, selando a vontade de quem estava indo.

Na cerimônia, todos se entreolharam. O pedido era estranho, mas ninguém podia negar. O tio Ricardote ainda teve a lucidez de inquirir:

— E a antena?

15. Esperassem, fez ela com a mão. Tudo estava arquitetado. O coveiro estava instruído para, após a cerimônia, colocar a antena sobre a lápide, amarrada na ponta da cruz, em espreitação dos céus. Aquela mesma antena, feita de tampas de panela, ampliaria as eletrônicas nos sentidos do falecido. O velho Sicrano, lá em baixo, captaria os canais. É um simples risco a diferença entre a alma e a onda magnética. Por razão disso, a viúva Entrelua pediu que não cavassem fundo, deixassem o defunto à superfície.

— Para apanhar bem o sinal — explicou a velha.

O Padre Luciano se esforçou por disciplinar a multidão, ele que representava a ordem de uma só voz divina. Com uns tantos berros E ameaças ele reconduziu a multidão ao silêncio. Mas foi sossego de pouca dura. Logo, Entrelua espreitou em volta, E foi inquirindo os condoidos presentes:

— E o Bibito? onde está?
— O Bibito? — se interrogaram os familiares.

20. Ninguém conhecia. Foi o bisneto que esclareceu: Bibito era O personagem da novela brasileira. A das seis, acrescentou ele, feliz por lustrar conhecimento.

— E a Carmenzita que todas as noites nos visita E agora não comparece!

De novo, o bisneto fez luz: mais uma figura de uma telenovela. Só que mexicana. O filho mais velho tentou apaziguar as visões da avó. Mas qual Bibito, qual Carmen?! Então os filhos de osso e alma estavam ali, lágrima empenhada, e ela só queria saber de personagem noveleira?

— Sim, mas esses ao menos nos visitam. Porque a vocês nunca mais os vimos.

Esses que os demais teimavam em chamar de personagens, eram esses que adormeciam o casal de velhotes, noite após noite. Verdade seja escrita que a tarefa se tornava cada vez mais fácil. Bastava um repassar de cores e sonos para que as pestanas ganhassem peso. Até que era só ligar e já adormeciam.

25. — Quem vai ligar o aparelho hoje?

— É melhor não ser você, marido, porque noutro dia adormeceu de pé.

De novo, o padre invocou a urgência de um silêncio. Que ali havia tanto filho e mais tanto neto e ninguém conseguia apaziguar a viva? Os filhos descansaram o padre. Que sim, que iam conduzia dali para o resguardo da casa. Entrelua bem merecia o reparo de uma solidão. E prometeram à velha que não precisava de um outro aparelho, que eles iriam passar a visitá-la, nunca mais a deixariam só. À avó sorriu, triste. E assim a conduziram para casa.

Aquela noite, ainda viram a avó Entrelua atravessar o escuro da noite para se sentar sobre a campa de Sicrano. Deu um jeito na antena como a orientá-la rumo à lua. Depois passou o dedo pelos olhos a roubar uma lágrima. Passou essa aguinha pela tampa da panela como se repuxasse. De si para si murmurou; é para captar melhor. Ninguém a escutou, porém, quando se inclinou sobre a terra e disse baixinho:

— Hoje é você a ligar, Sicrano. Você ligue que eu já vou adormecendo.


(Adaptado de: COUTO, Mia. O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008)
Na citação de Sicrano Uns olham para a televisão. Outros olham pela televisão..., os termos sublinhados expressam, respectivamente, os seguintes sentidos:
Alternativas
Respostas
15081: A
15082: B
15083: B
15084: D
15085: C
15086: B
15087: D
15088: D
15089: A
15090: E
15091: C
15092: B
15093: E
15094: C
15095: C
15096: A
15097: E
15098: D
15099: C
15100: B