Questões de Concurso
Comentadas sobre sintaxe em português
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Com base nas idéias desenvolvidas no texto, julgue os itens a seguir.
O segmento “nos faz rejeitar” (L.5) poderia corretamente ser expresso de duas outras formas: faz-nos rejeitar e faz rejeitar-nos.
O crítico José Onofre disse uma vez que a frase “não se
faz uma omelete sem quebrar ovos” é muito repetida por gente
que não gosta de omelete, gosta do barulhinho dos ovos sendo
quebrados. Extrema esquerda e extrema direita se parecem não
porque amam seus ideais, mas porque amam os extremos, têm
o gosto pelo crec-crec.
A metáfora da omelete é “o fim justifica os meios”, em
linguagem de cozinha. O fim justificaria todos os meios extre-
mos de catequização e purificação, já que o fim é uma humani-
dade melhor – só variando de extremo para extremo o conceito
de “melhor”.
Todos os fins são nobres para quem os justifica, seja
uma sociedade sem descrentes, sem classes ou sem raças
impuras. O próprio sacrifício de ovos pelo sacrifício de ovos tem
uma genealogia respeitável, a ideia de regeneração (dos outros)
pelo sofrimento e pelo sangue acompanha a humanidade desde
as primeiras cavernas. Ou seja, até os sádicos têm bons
argumentos. Mas o fim das ideologias teria decretado o fim do
horror terapêutico, do mito da salvação pela purgação que o
século passado estatizou e transformou no seu mito mais
destrutivo.
O fracasso do comunismo na prática acabou com a des-
culpa, racional ou irracional, para o stalinismo. O tempo não
redimiu o horror, o fim foi só a última condenação dos meios.
(Adaptado de: Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro)
Tristeza de Cronista
A moça viera da cidade para os lados de Botafogo. No ônibus repleto, dois rapazes de pé conversavam, e
sua conversa era ouvida por todos os passageiros. (Inconveniente dos hábitos atuais). Eram dois rapazes modernos,
bem vestidos, bem nutridos. (Ah! Este excesso de vitaminas e de esportes!). Um não conhecia quase nada da
cidade e outro servia-lhe de cicerone. Mostrava-lhe, pois, a avenida e os seus principais edifícios, a Cinelândia, o
Obelisco, o Monumento dos Pracinhas, o Museu de Arte Moderna, o Aterro, o mar...
O outro interessava-se logo pelas minúcias: qual o melhor cinema? Quantos pracinhas estão ali? que se
pode ver no museu? Mas os ônibus andam tão depressa e caprichosamente que as perguntas e respostas se
desencontravam. (Que fôlego humano pode competir com o de um ônibus?).
Quanto ao Pão de Açúcar, o moço não manifestou grande surpresa: já o conhecia de cartões-postais;
apenas exprimiu o seu receio de vir o carrinho a enguiçar. Mas o outro combateu com energia tal receio, como se
ele mesmo fosse o engenheiro da empresa ou, pelo menos, agente turístico.
Assim chegaram a Botafogo, e a atenção de ambos voltou-se para o Corcovado, porque um dizia: “Quando
você vir o Cristo mudar de posição, e ficar de lado e não de frente, como agora, deve tocar a campainha, porque é
o lugar de saltar”. O companheiro prestou atenção.
Mas, enquanto não saltava, o cicerone explicou ao companheiro: “Nesta rua há uma casa muito importante.
É a casa de Rui Barbosa. Você já ouviu falar nele?” O outro respondeu que sim, porém sem grande convicção.
Mais adiante, o outro insistiu: “É uma casa formidável. Imagine que tudo lá dentro está conforme ele
deixou!” O segundo aprovou, balançando a cabeça com muita seriedade e respeito. Mas o primeiro estava
empolgado pelo assunto e tornou a perguntar: “Você sabe quem foi Rui Barbosa, não sabe?” O segundo atendeu
ao interesse do amigo: “Foi um sambista, não foi?” O primeiro ficou um pouco sem jeito, principalmente porque uns
dois passageiros levantaram a cabeça para aquela conversa. Diminuiu um pouco a voz: ”Sambista, não”. E tentou
explicar. Mas as palavras não lhe ocorriam e ficou por aqui: “Foi... foi uma pessoa muito falada”. O outro não
respondeu.
E foi assim que o Cristo do Corcovado mudou de posição sem eles perceberem, e saltaram fora do ponto.
Ora, a moça disse-me; “Você com isso pode fazer uma crônica”. Respondi-lhe: “A crônica já está feita por
si mesma. É o retrato deste mundo confuso, destas cabeças desajustadas. Poderão elas ser consertadas? Haverá
maneira de se pôr ordem nessa confusão? Há crônicas e crônicas mostrando o caos a que fomos lançados.
Adianta alguma coisa escrever para os que não querem resolver?”
A moça ficou triste e suspirou. (Ai, nós todos andamos tristes e suspirando!).
Meireles, Cecília. Escolha o seu sonho. São Paulo: Círculo do livro, s/d.
Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
Assinale a alternativa em que, alterando-se o trecho acima, manteve-se adequação à norma culta.
I. O período é composto por quatro orações.
II. Há três orações reduzidas.
III. Há uma oração coordenada.
Assinale:


Em relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto acima,
julgue os itens de 46 a 55.


Julgue os itens que se seguem, relativos ao texto acima.


Em relação às estruturas linguísticas do texto acima, julgue os
itens de 21 a 26.
CONTRA O BOM SENSO
Há uma espécie de vício de origem na proposta do Ministério do Esporte de criar uma carteirinha para o
orcedor frequentar os estádios. Trata-se, antes de tudo, de desrespeito ao direito de locomoção do cidadão ?
que, por aval da Constituição, é livre para ir a qualquer lugar. Mas, ainda que não esbarrasse nesse pressuposto,
a idéia de burocratizar o saudável hábito de acompanhar o time do coração deveria ser arquivada sob a rubrica de
providências infelizes.
A proposta do ministério é adoçada pela palatável intenção de implantar no país uma política de
segurança e prevenção da violência nos estádios de futebol. A ideia seria cadastrar os torcedores para,
adicionalmente, desenhar o perfil de quem vai aos estádios e, dessa forma, municiar os clubes com informações
que ajudariam na elaboração de políticas para atrair mais público aos jogos.
No entanto, se o intento, por princípio, é correto, a ferramenta fere o bom senso. Garantir a segurança
dos torcedores, e por extensão dos cidadãos, é dever constitucional do estado, seja em estádios ou em qualquer
outro local do país. No caso específico da violência no futebol, é salutar que o poder público se preocupe com as
condições em que o contribuinte vá exercer seu direito ao entretenimento. Mas é inconcebível que o ônus de uma
política de segurança caia sobre quem deve ser preservado de selvagerias, o que, em última análise, aconteceria
com a implantação da carteirinha.
Tal papel cabe às autoridades constituídas. Não há de ser com ações burocráticas ?ademais de
afrontarem direitos constituídos ? que se erradicará a violência nos estádios. Isso se faz, entre outras
providências, com uma política séria de segurança coletiva, com programas que envolvam o torcedor nessa
preocupação comum, com uma legislação que puna exemplarmente os bagunceiros e com outros exemplos que
propugnem pela paz nos campos, em vez de estapafúrdios projetos de controle do cidadão.
Além disso, a proposta ministerial embute um ataque ao bolso do contribuinte: se, como se cogita, o
governo tiver de arcar com o custo das carteiras, eis aí outro exemplo de malversação de idéia. É justo o torcedor
pagar pelo espetáculo do seu time, mas não é correto levá-lo a compulsoriamente financiar a leniência do poder
público e delírios burocráticos.
Estaria gramaticalmente correto o emprego da preposição a antes de “toda a população” (L.6) — a toda a população — visto que a forma verbal “afetam” (L.5) apresenta dupla regência.

Com base nesse texto, julgue os próximos itens.

Marcelo Viana Estevão de Moraes. Internet: https://conteudo.gespublica.gov.br/folder_produtos/pasta.2009-05-15.4365295963seges_artigo_secretario_uma_janela_de_oportunidade_para_a_gestao_publica.
pdf (com adaptações).
Acesso em 3/8/2009

Marcelo Viana Estevão de Moraes. Internet: https://conteudo.gespublica.gov.br/folder_produtos/pasta.2009-05-15.4365295963seges_artigo_secretario_uma_janela_de_oportunidade_para_a_gestao_publica.
pdf (com adaptações).
Acesso em 3/8/2009
Muitos cientistas, talvez a maioria, não acreditam em
Deus,muito menos na vida após amorte.Os argumentos não
são fáceis de contestar. Um professor de matemática me
perguntou o que existia de mágico no número 2. "Por que
você não acredita que teremos três ou quatro vidas, cada uma
num estágio superior?" O que faria sentido, disse ele, seriam
o número zero, 1 e infinito. Zero vida seria a morte; uma vida,
aquela que temos; e infinitas vidas, justamente a visão
hinduísta e espírita.
Outro dia, um amigo biólogo me perguntou se eu
gostaria de conviver bilhões de anos ao lado dos ectoplasmas
de macaco, camundongo, besouro e formiga, trilhões de
trilhões de vidas após a morte. "Você vai passar a eternidade
perguntando: 'É você, mamãe?', até finalmente encontrá-la."
Não somos biologicamente tão superiores aos animais como
imaginávamos 2 000 anos atrás. "É uma arrogância humana",
continuou meu amigo biólogo, "achar que só nós merecemos
uma segunda vida."
O cientista Carl Sagan adverte, como muitos outros,
que vida só se tem uma e que devemos aproveitar ao máximo
a que temos. "Carpe diem", ensinava o ator Robin Williams,
"curtam o sexo e o rock and roll." Sociólogos e cientistas
políticos vão argumentar que o céu é um engenhoso truque
das classes religiosas para manter as massas "bem-
comportadas e responsáveis".
Aonde eu quero chegar é que, dependendo de sua
resposta a essa questão, seu comportamento em terra será
criticamente diferente. Resolver essa dúvida religiosa logo no
início da vida adulta é mais importante do que se imagina.
Obviamente, essa questão tem inúmeros ângulos e
dimensões mais completas do que este curto ponto de vista,
mas existe uma dimensão que poucos discutem, o que me
preocupa. Eu, pessoalmente, acredito na vida após a morte.
Acredito que existem até provas científicas compatíveis com
as escrituras religiosas. A genética mostra que você
continuará vivo, depois de sua morte, no DNA de seus filhos.
Seu DNA poderá ser eterno, ele continuará "vivo" em nossa
progênie, nos netos e bisnetos. "Nossa" vida continua;
geração após geração, teremos infinitas vidas, como pregam
os espíritas e os hindus.
Mais interessante ainda, seus genes serão
lentamente misturados, através do casamento de filhos e
netos, com praticamente os de todos os outros seres
humanos da Terra. Seremos lentamente todos irmãos ou
parentes, uma grande irmandade, como rezam muitos textos
místicos e religiosos. Por isso, precisamos ser mais
solidários, fraternos uns com os outros, e perdoar, como
pregam todas as religiões. A pessoa que hoje você está
ajudando ou perseguindo poderá vir a ser o bisavô daquela
moça que vai umdia se casar comseu bisneto.
Seremos todos um, católicos, anglicanos,
protestantes, negros, árabes e judeus, sem guerras religiosas
nem conflitos raciais. É simplesmente uma questão de tempo.
Por isso, temos de adotar um estilo de vida "bem-comportado
e responsável", seguindo preceitos éticos e morais úteis às
novas gerações.
Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia
a dia, mas nunca à custa de nossos filhos, deixando um
planeta poluído, cheio de dívidas públicas e previdenciárias
para eles pagarem. Estamos deixando um mundo pior para
nós mesmos, são nossos genes que viverão nesse futuro.
Inferno nessa concepção é deixar filhos drogados, sem
valores morais, sem recursos, desempregados, sem uma
profissão útil e social. Se não transmitirmos uma ética robusta
a eles, nosso DNA terá curta duração.
“Estar no céu” significa saber que seus filhos e netos
serão bem-sucedidos, que serão dignos de seu sobrenome,
que carregarão seus genes com orgulho e veneração.
Ninguém precisa ter medo da morte sabendo que seus genes
serão imortais. Assim fica claro qual é um dos principais
objetivos na vida: criar filhos sadios, educá-los antes que
alguém os “eduque” e apoiá-los naquilo que for necessário.
Por isso, as mulheres são psicologicamente mais bem
resolvidas quanto a seu papel no mundo do que os homens,
com exceção das feministas.
Homens que têm mil outros objetivos nunca se
realizam, procurando a imortalidade na academia ou
matando-se uns aos outros. Se você pretende ser imortal,
cuide bem daqueles que continuarão a carregar seu DNA,
com carinho, amor e, principalmente, dedicação.
(Stephen Kanitz, in Veja, 21 de maio de 2008)
_____ 2000 anos, _____ raça humana sentia-se superior _____ outros seres e agia em relação _____ eles de forma arrogante e arbitrária.
Lya Luft - Veja, 15-07-2009
Para mim, escrever é sempre questionar, não importa se
estou escrevendo um romance, um poema, um artigo. Como
ficcionista, meu espaço de trabalho é o drama humano: palco,
cenário, bastidores e os mais variados personagens com os quais
invento histórias de magia ou desespero. Como colunista, observo
e comento a realidade. O quadro não anda muito animador, embora
na crise mundial o Brasil pareça estar se saindo melhor que a
maioria dos países. De tirar o chapéu, se isso se concretizar e
perdurar. Do ponto de vista da moralidade, por outro lado, até em
instituições públicas que julgávamos venerandas, a cada dia há
um novo espanto. Não por obra de todos os que lá foram colocados
(por nós), mas o que ficamos sabendo é difícil de acreditar. Teríamos
de andar feito o velho filósofo grego Diógenes, que percorria as
ruas em dia claro com uma lanterna na mão. Questionado, respondia
procurar um homem honrado.
Vamos ter de sair aos bandos, aos magotes, catando
essa figura, não uma, mas multidões delas, para consertar isso,
que parece não ter arrumação?
A alternativa que informa o valor semântico correto do elemento destacado é: