Questões de Concurso
Sobre tipologia textual em português
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Leia o texto a seguir para responder às próximas quatro questões.
Música: (Armário da Criação).
Enquanto uma música toca, o ouvinte é surpreendido por crianças batendo na janela do carro e pedindo ajuda!
_ Tio, dá um dinheiro aí? Por favor, eu tô com fome. Vai, tio... Por favor!
_ Tio, tem uma moedinha aí? É pra comprar comida, tio. Por favor...
_ Tio, dá um dinheiro aí? É pra leite da minha irmãzinha...
No final da música, ouvimos a locução:
_ Não é porque você houve música com a janela do carro fechada que as crianças de rua deixam de existir.
Faça a sua parte. Ligue [...] e ajude a Casa do Zezinho a mudar esta situação.
Leia os itens e, quanto à interpretação do texto, assinale a alternativa correta.
1. Tio é um tratamento usado por crianças para se referir a adultos, sobretudo os mais privilegiados econômica e socialmente.
2. O termo tio marca a diferença das crianças de parecerem carinhosas e respeitosas, o que acaba por ressaltar a fragilidade delas.
3. A música e a janela fechada são os elementos materiais usados no anúncio para marcar a separação entre o “tio” e as crianças.
4. A música e a janela simbolizam no contexto uma atitude individualista, de atenção ao próprio conforto.
5. O termo tio aparece isolado por vírgula, porque é um vocativo.
Leia com atenção o texto a seguir para responder às questões de 01 a 08.
Texto I - Desperdício de Água
Hoje, no Dia Mundial da Água, os brasileiros precisam refletir sobre uma triste realidade: o desperdício de água potável em todos os setores, desde as empresas de saneamento até o cotidiano das famílias e das indústrias. O número é alarmante, mas 35,7% de toda água tratada se perdem em virtude de vazamentos, ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo. A pesquisa “Perdas de Água: Entraves ao Avanço do Saneamento Básico e Riscos de Agravamento à Escassez Hídrica no Brasil”, realizada pelo Instituto Trata Brasil, aponta que a simples economia de 10% da água perdida geraria uma receita extra anual de R$ 1,3 bilhão, valor equivalente a 42% do investimento realizado em abastecimento de água em todo o Brasil em 2010.
O mapa do desperdício revela que na Região Norte 51,55% de toda água tratada acaba se perdendo, enquanto na Região Nordeste o índice fica em 44,93%, na Região Centro-Oeste está em 32,59% e no Sudeste é de 35,19%. O menor desperdício está na Região Sul, com 32,29% de toda água tratada se perdendo. O fato é que o planeta não tem muito o que comemorar no Dia Mundial da Água, data criada em 1993, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), como forma de dar vida à proposta apresentada um ano antes, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu no Rio de Janeiro e culminou com a elaboração da Agenda 21.
Lamentavelmente, desde o dia 22 de março de 1993, pouca coisa tem mudado em relação ao desperdício de água no planeta e, mais grave, os governantes têm feito muito pouco para preservar os mananciais hídricos, tanto que até mesmo em regiões bem abastecidas já começam a ocorrer ações de racionamento em virtude do uso indevido da água potável. A iniciativa da ONU é louvável, mas não gera resultados práticos por falta de vontade e, sobretudo, de comprometimento governamental com as políticas públicas de preservação das riquezas naturais.
(Em: <http://www.progresso.com.br/editorial/desperdicio-de-agua-21-03-2013-17, com adaptações.> Acesso em: 14/05/13.)
Por ter como principal função social discutir um fato e, consequentemente, expressar a opinião do canal de comunicação (versão digital de um jornal) no qual foi publicado, é correto dizer que o texto lido pertence ao gênero:
Leia a tirinha para responder à questão 9
I. Para convencer Miguelito de que não se deve matar abelhas, Mafalda ressalta as qualidades das abelhas que as tornam seres especiais.
II. Miguelito entende que as abelhas têm seu valor pelo que produzem, e não pelo que são, isto é, pela sua utilidade para o homem.
III. A conclusão de Miguelito remete ironicamente à ideia de que os trabalhadores, em um sistema capitalista, têm seu valor enquanto geram lucro com sua força de trabalho, ou enquanto têm utilidade.
IV. Mafalda e Miguelito têm o mesmo entendimento sobre a utilidade das abelhas.
Está(ão) CORRETA(S) apenas:
TEXTO 3
PROFESSORES REAGEM AO “CALA A BOCA” DO ESCOLA SEM PARTIDO
Ilustração: Guilherme Peters. Fonte: Agência Pública
O programa Escola Sem Partido, também conhecido como Lei da Mordaça, é uma proposta de lei que pretende impedir os professores do ensino fundamental e médio de expor e discutir, em sala de aula, suas opiniões e convicções a respeito de temas como religião, sexualidade e política.
Ele prevê a fixação, em todas as salas, de um cartaz intitulado “Deveres do Professor”, entre os quais figura o de “não fazer propaganda político-partidária nem incitar seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas”.
Para os apoiadores dessa ideia, como pastores evangélicos e políticos e organizações conservadores, o ensino estaria contaminado por “ideologias de esquerda e de gênero”.
Maria Cristina Miranda da Silva, diretora e professora de Artes Visuais do Colégio de Aplicação (CAp) da UFRJ e participante ativa da “Frente Nacional Escola sem Mordaça”, classifica o programa como um retrocesso.
“Na UFRJ, consideramos inadmissível a postura do MEC e do governo, que, antes de receber as entidades acadêmicas e sindicais da educação, recebeu um pretenso ator junto com um grupo que propugna o cerceamento da liberdade de cátedra e difunde valores de ódio na sociedade. É preciso que os educadores e educadoras se posicionem publicamente sobre tamanho retrocesso” afirma.
Texto adaptado de Professores reagem ao “cala a boca” do Escola sem Partido, publicado no Boletim CONEXÃO UFRJ, Edição 2 | setembro de 2016. https://conexao.ufrj.br/node/34
“O programa Escola Sem Partido, também conhecido como Lei da Mordaça, é uma proposta de lei que pretende impedir os professores do ensino fundamental e médio de expor e discutir, em sala de aula, suas opiniões e convicções a respeito de temas como religião, sexualidade e política.”
Quanto à tipologia textual que caracteriza esse primeiro parágrafo do TEXTO 3, é correto afirmar que:
O texto a seguir será utilizado para responder as questões 5 a 9.
São Paulo, de tão obscura, nasceu até escondida. O espaço onde se assentaria mantinha-se não só invisível, aos olhos dos que chegavam do mar, como protegido por essa muralha compacta, impressionante, que é a serra do Mar. Euclides da Cunha, em Os sertões, descreveu-a como "dilatado muro de arrimo, sustentando as formações sedimentárias do interior". Não se compreenderá a história de São Paulo sem antes atentar para a serra do Mar. Vista de baixo, ela como que veda o horizonte, ou tranca a paisagem. Põe um ponto final à terra, como a querer esconder algum outro mundo, protegê-lo, proibi-lo. Os paulistas estão hoje tão acostumados a ela que mal se importam com sua silhueta majestosa, guardiã entre o mar e a terra, degrau de acesso ao Planalto de onde se desenvolverão as lonjuras do interior do Brasil. Galgá-la, hoje, pelo menos quando não é fim de feriado, e retornar a São Paulo resulta nos maiores congestionamentos do Brasil, se não do Hemisfério Sul, é tão simples quanto subir o lance de escada de um sobrado para ganhar o andar de cima. Servem a esse propósito duas das melhores estradas brasileiras, as vias Anchieta e Imigrantes, significativamente apelidadas com nomes evocativos de dois momentos cruciais do fluxo entre os dois lados - o primitivo, da época dos primeiros povoamentos do Planalto, e aquele que, na passagem do século XIX para o XX, transformou a região num aglomerado de gente vinda de diferentes partes do mundo.
Trecho do livro "A Capital da Solidão", Roberto Pompeu de Toledo, Editora Objetiva.
As opções linguísticas e textuais escolhidas para a construção do texto nos permitem concluir que ele:
Leia o texto para responder as questões de 1 a 3.
Novo aplicativo da Tesla permitirá dirigir e estacionar pelo smartphone
De acordo com CEO da empresa, Elon Musk, software estará disponível em seis semanas.
O CEO da Tesla, Elon Musk, divulgou nesta quintafeira (1) que a nova versão do aplicativo da empresa permitirá aos usuários conduzirem os veículos através dos seus smartphones. A ferramenta também permitirá aos veículos identificarem vagas e estacionarem de forma autônoma. A previsão é disponibilizar o software em seis semanas.
Em uma série de notas publicadas no Twitter, Musk explicou como o sistema Summon funcionará. “O carro vai dirigir até o local do seu telefone e seguir você como um animal de estimação se você segurar o botão no aplicativo da Tesla”, disse.
O sistema será aberto aos carros produzidos nos últimos dois anos, além do Model 3 sedan, Model S e X. Segundo o CEO da Tesla, uma nova versão já está sendo desenvolvida para ser lançada durante o próximo ano.
Apesar da euforia provocada pelo avanço tecnológico, o novo sistema pode esbarrar na legislação. De acordo com o site NBC News, o Congresso norteamericano ainda discute as diretrizes normativas para veículos autônomos. Atualmente, a maioria das leis estaduais obriga que um motorista permaneça ao volante sempre que um veículo estiver em movimento.
Agora, mais da metade dos Estados permitem alguns testes de veículos autônomos em vias públicas. No entanto, em praticamente todos os casos, um motorista licenciado deve permanecer ao volante pronto para assumir o controle em uma emergência.
(Disponível em https://www.istoedinheiro.com.br/novo-aplicativo-da-teslapermitira-dirigir-e-estacionar-pelo-smartphone/ acesso em 05/11/2018. Texto adaptado)
Assinale a alternativa CORRETA quanto a tipologia do texto acima:
O texto servirá de base para as questões 06 e 07:
Pelas características o gênero textual é:
O texto servirá de base para as questões 04 e 05:
Maneira de amar
O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem.
“Você o tratava mal, agora está arrependido?” ”Não, respondeu, estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião. Ele sabia disso, e gostava”.
Carlos Drummond de Andrade
Quanto à tipologia, a sequência que predomina no texto é:
Observe a charge a seguir e responda às questões de 1 a 6:
Fonte:http://www.querodesenho.com/category/charg es/page/8/.
A palavra “avô” é acentuada por ser uma:
Observe a charge a seguir e responda às questões de 1 a 6:
Fonte:http://www.querodesenho.com/category/charg es/page/8/.
A frase: “Ele é criado pelo avô. ”, sugere que:
Leia o texto a seguir, a fim de resolver as questões de 1 a 4:
DIGA NÃO AOS LIVROS
Tenho saudades do tempo em que ainda não havia aprendido a ler. A vida era tão mais leve, entre brincadeiras à sombra dos laranjais. Não precisava ficar debruçado sobre cartilhas e cadernos, horas sem conta, espremendo o cérebro (é verdade que ainda bem pequeno) para descobrir o que aquela professora meio megera, meio bruxa, queria que eu fizesse com letras e números.
Mal sabia eu o quanto ainda era um paraíso aquele conjunto de palavras meio desordenado e sem sentido! O Ivo que via a uva, o macaco matuto comendo mamão e o papai que passava pomada na panela eram companheiros numa amizade sem conflitos nas páginas coloridas da cartilha, com uma graça forçada, igual ao sorriso amarelo que damos após uma gafe monumental. Mas o Ivo, o macaco e o papai se davam muito bem, porque não precisavam ter coesão nem coerência, palavrinhas infernais que aprendi a pronunciar mais tarde nas aulas de redação. E que nunca soube muito bem para que serviam...
Hoje, após muita reflexão e experiência, concluo que as atividades de ler e escrever deveriam ser banidas do currículo das escolas. Afinal, se as estatísticas sobre o assunto e todas as provas de leitura e língua a que se submetem os alunos brasileiros sempre acabam em números mínimos e vergonhosos, por que insistir nisso? Veja bem: os governantes não ignoram as pesquisas sobre os problemas da cidade ou sobre o valor do salário mínimo quando elas dão resultados irrisórios? Então... Vamos fazer o mesmo com a leitura e a escrita. Ah, e também com a matemática (por sinal, dispensável depois que inventaram a calculadora!).
Acho que os estudantes ficariam muito mais contentes se não precisassem ler. Principalmente se fosse para adquirir o tal de conhecimento sobre o mundo. Acho desnecessário saber sobre o mundo. Acho que nunca vou sair da minha cidade: para que me serviria o mundo? Se for para saber sobre a história, também dispenso a leitura. Nada tenho a ver com gente antiga e com acontecimentos já terminados. A vida começa hoje, e toda a história começa e termina comigo.
Se for para aprender sobre mim mesmo, como os professores insistem em dizer quando falam da leitura da literatura, continua dispensando. Já me conheço o suficiente: todos os meus gostos e preferências eu já conheço. Se tenho alguma dúvida, ela é resolvida no meu grupo. Porque o que meus amigos e eu decidimos, todos adotamos. Não tenho nada a esconder. Afinal, querer um carrão, uma casa bonita, férias na praia e um carrinho cheio no supermercado todos querem. E não precisam de estudo para isso. Podem conseguir com um pouco de sorte na loteria. Claro que fica mais fácil se o sujeito dá a sorte de virar cantor, ou se aprender a jogar futebol com alguma qualidade. Aí, então, analfabetismo vira charme, diferencial, pitoresco.
Dizem que devo ler para, ao menos, saber do que se passa na cidade, pertinho de mim. Para que me serve saber das notícias? Elas acontecem sem minha participação. E vão continuar acontecendo. Só me interessa o resultado do futebol. O resto é preocupação que não preciso ter.
Nem sei por que continuo indo à escola. Meus pais dizem que é para que eu tenha uma vida melhor que a deles. De que adianta? Eles estudaram mais que eu e, no entanto, dão um duro danado para sustentar a família. Se estudar é tão importante, por quê é que os outros desvalorizam o trabalho dos que passaram vários anos estudando e lendo um monte de textos?
Outro dia fiquei sabendo que um ex-colega de escola conseguiu emprego numa livraria. É esquisito como tem gente que põe dinheiro nesse tipo de comércio. Passei lá nessa loja por acaso e entrei para falar com o cara. É verdade que tinha uns livros bonitos nas prateleiras... Parecia coisa de muito luxo e importância. Abri um deles e li um pedaço de uma página. Não entendi nada: algumas palavras eu conhecia, mas as frases não faziam sentido para mim. Achei um desperdício de papel e tinta: de que serve um livro se as pessoas não conseguem entender o que lêem? O colega falou que isso era porque eu não sabia ler. “Como não?”, respondi. “Tenho até diploma que diz que fui alfabetizado!” Aí ele me disse uma coisa que me deixou muito impressionado. “Pior analfabeto é o que aprendeu a ler e não lê!” Me senti ofendido. Mas, dentro de mim, reconheci que ele estava certo. Mas eu não estava ali para dar a ele o gostinho do acerto. Saí da livraria de cabeça erguida, dizendo que livro que não se entende é coisa mais que inútil. E livraria é lugar de gente que não tem, ou que não sabe, o que fazer na vida. Melhor que livro são os games. Melhor que os games, só o rock. Melhor que eles é a azaração. Ler para quê?
A experiência acumulada sobre os malefícios da leitura em meus anos de vida me deram a idéia de criar um movimento de alerta para meus amigos, e até para os inimigos. Eles estão indo na conversa dos mais velhos. Ficam na dúvida e começam a pensar que a leitura e o estudo podem lhes trazer benefícios futuros. Vou criar uma associação dos inimigos da leitura que terá como palavra de ordem “Abaixo os livros!” Tenho certeza de que muitos virão se unir a mim. Penso que só assim acabaremos com essa farsa de civilização, história e cultura.
O que vale mesmo é a azaração. O resto é silêncio. Palha.
(COSTA, Marta Morais da. Mapa do mundo: crônicas sobre leitura. Belo Horizonte: Leitura, 2006.)
Com saudosismo, a cronista diz que, no tempo em que aprendia a ler, não se preocupava com duas palavrinhas “infernais”: coesão e coerência. E, com ênfase, confirma a necessidade que teve de lidar com esses recursos em aulas de redação no seu estudo posterior. Essa reflexão pode levar o leitor a pensar na importância do domínio da coesão e da coerência na produção de qualquer texto.
Quais explicações, a seguir, são VERDADEIRAS (V) ou FALSAS (F) em respeito a esses recursos linguísticos?
( ) A cronista usa um tema que desaconselha a leitura inquestionavelmente. Todo o texto é construído com frases de sentido literal. Por isso que essa crônica não faz sentido para os leitores do século XXI, pois vivemos em uma época exclusivamente letrada;
( ) Apesar de todo o discurso parecer desaconselhar a leitura, há, pelos menos, uma passagem no texto que conecta o pensamento da cronista ao mundo significativo da leitura;
( ) A cronista mantém um discurso forçosamente radical quanto aos prejuízos da leitura. Mas, dependendo do leitor, é possível identificar ironias em várias partes do texto. Nesse caso, a crônica deixa de ser um discurso contraditório ao mundo da leitura e se transforma numa crítica;
( ) O penúltimo parágrafo da crônica está bem estruturado, porque, principalmente, responde, com boa coesão, a pergunta feita no parágrafo anterior: “Ler para quê?”;
( ) As reticências incluídas nos parágrafos segundo e terceiro deixam as frases incompletas. Isso significa erros de coesão.
Escolha, agora, a opção adequada de cima para baixo:
Leia o texto a seguir, a fim de resolver as questões de 1 a 4:
DIGA NÃO AOS LIVROS
Tenho saudades do tempo em que ainda não havia aprendido a ler. A vida era tão mais leve, entre brincadeiras à sombra dos laranjais. Não precisava ficar debruçado sobre cartilhas e cadernos, horas sem conta, espremendo o cérebro (é verdade que ainda bem pequeno) para descobrir o que aquela professora meio megera, meio bruxa, queria que eu fizesse com letras e números.
Mal sabia eu o quanto ainda era um paraíso aquele conjunto de palavras meio desordenado e sem sentido! O Ivo que via a uva, o macaco matuto comendo mamão e o papai que passava pomada na panela eram companheiros numa amizade sem conflitos nas páginas coloridas da cartilha, com uma graça forçada, igual ao sorriso amarelo que damos após uma gafe monumental. Mas o Ivo, o macaco e o papai se davam muito bem, porque não precisavam ter coesão nem coerência, palavrinhas infernais que aprendi a pronunciar mais tarde nas aulas de redação. E que nunca soube muito bem para que serviam...
Hoje, após muita reflexão e experiência, concluo que as atividades de ler e escrever deveriam ser banidas do currículo das escolas. Afinal, se as estatísticas sobre o assunto e todas as provas de leitura e língua a que se submetem os alunos brasileiros sempre acabam em números mínimos e vergonhosos, por que insistir nisso? Veja bem: os governantes não ignoram as pesquisas sobre os problemas da cidade ou sobre o valor do salário mínimo quando elas dão resultados irrisórios? Então... Vamos fazer o mesmo com a leitura e a escrita. Ah, e também com a matemática (por sinal, dispensável depois que inventaram a calculadora!).
Acho que os estudantes ficariam muito mais contentes se não precisassem ler. Principalmente se fosse para adquirir o tal de conhecimento sobre o mundo. Acho desnecessário saber sobre o mundo. Acho que nunca vou sair da minha cidade: para que me serviria o mundo? Se for para saber sobre a história, também dispenso a leitura. Nada tenho a ver com gente antiga e com acontecimentos já terminados. A vida começa hoje, e toda a história começa e termina comigo.
Se for para aprender sobre mim mesmo, como os professores insistem em dizer quando falam da leitura da literatura, continua dispensando. Já me conheço o suficiente: todos os meus gostos e preferências eu já conheço. Se tenho alguma dúvida, ela é resolvida no meu grupo. Porque o que meus amigos e eu decidimos, todos adotamos. Não tenho nada a esconder. Afinal, querer um carrão, uma casa bonita, férias na praia e um carrinho cheio no supermercado todos querem. E não precisam de estudo para isso. Podem conseguir com um pouco de sorte na loteria. Claro que fica mais fácil se o sujeito dá a sorte de virar cantor, ou se aprender a jogar futebol com alguma qualidade. Aí, então, analfabetismo vira charme, diferencial, pitoresco.
Dizem que devo ler para, ao menos, saber do que se passa na cidade, pertinho de mim. Para que me serve saber das notícias? Elas acontecem sem minha participação. E vão continuar acontecendo. Só me interessa o resultado do futebol. O resto é preocupação que não preciso ter.
Nem sei por que continuo indo à escola. Meus pais dizem que é para que eu tenha uma vida melhor que a deles. De que adianta? Eles estudaram mais que eu e, no entanto, dão um duro danado para sustentar a família. Se estudar é tão importante, por quê é que os outros desvalorizam o trabalho dos que passaram vários anos estudando e lendo um monte de textos?
Outro dia fiquei sabendo que um ex-colega de escola conseguiu emprego numa livraria. É esquisito como tem gente que põe dinheiro nesse tipo de comércio. Passei lá nessa loja por acaso e entrei para falar com o cara. É verdade que tinha uns livros bonitos nas prateleiras... Parecia coisa de muito luxo e importância. Abri um deles e li um pedaço de uma página. Não entendi nada: algumas palavras eu conhecia, mas as frases não faziam sentido para mim. Achei um desperdício de papel e tinta: de que serve um livro se as pessoas não conseguem entender o que lêem? O colega falou que isso era porque eu não sabia ler. “Como não?”, respondi. “Tenho até diploma que diz que fui alfabetizado!” Aí ele me disse uma coisa que me deixou muito impressionado. “Pior analfabeto é o que aprendeu a ler e não lê!” Me senti ofendido. Mas, dentro de mim, reconheci que ele estava certo. Mas eu não estava ali para dar a ele o gostinho do acerto. Saí da livraria de cabeça erguida, dizendo que livro que não se entende é coisa mais que inútil. E livraria é lugar de gente que não tem, ou que não sabe, o que fazer na vida. Melhor que livro são os games. Melhor que os games, só o rock. Melhor que eles é a azaração. Ler para quê?
A experiência acumulada sobre os malefícios da leitura em meus anos de vida me deram a idéia de criar um movimento de alerta para meus amigos, e até para os inimigos. Eles estão indo na conversa dos mais velhos. Ficam na dúvida e começam a pensar que a leitura e o estudo podem lhes trazer benefícios futuros. Vou criar uma associação dos inimigos da leitura que terá como palavra de ordem “Abaixo os livros!” Tenho certeza de que muitos virão se unir a mim. Penso que só assim acabaremos com essa farsa de civilização, história e cultura.
O que vale mesmo é a azaração. O resto é silêncio. Palha.
(COSTA, Marta Morais da. Mapa do mundo: crônicas sobre leitura. Belo Horizonte: Leitura, 2006.)
Uma crônica pode ser, também, um texto de opinião: expressar a posição do autor/cronista diante dos fatos do cotidiano. Para essa construção, usa-se o argumento e/ou o contra-argumento.
Em alguns dos trechos seguintes, há marcas argumentativas. Observe-as:
I) “O Ivo que via a uva, o macaco matuto comendo mamão e o papai que passava pomada na panela eram companheiros numa amizade sem conflitos nas páginas coloridas da cartilha, com uma graça forçada, igual ao sorriso amarelo que damos após uma gafe monumental. ”
II) “Mas o Ivo, o macaco e o papai se davam muito bem, porque não precisavam ter coesão nem coerência, palavrinhas infernais que aprendi a pronunciar mais tarde nas aulas de redação. E que nunca soube muito bem para que serviam...”
III) “Então... Vamos fazer o mesmo com a leitura e a escrita. Ah, e também com a matemática (por sinal, dispensável depois que inventaram a calculadora!). ”
IV) “Acho que os estudantes ficariam muito mais contentes se não precisassem ler. Principalmente se fosse para adquirir o tal de conhecimento sobre o mundo. Acho desnecessário saber sobre o mundo. Acho que nunca vou sair da minha cidade: para que me serviria o mundo? ”
V) “Outro dia fiquei sabendo que um ex-colega de escola conseguiu emprego numa livraria. (...) Passei lá nessa loja por acaso e entrei para falar com o cara. ”
Agora, escolha a opção que apresenta a indicação CORRETA sobre essas marcas argumentativas:
LÍNGUA PORTUGUESA
Comida: não deixe estragar
1---- Para evitar o desperdício de alimentos ou uma possível contaminação que afetaria a sua saúde, é preciso colocar em prática atitudes que começam na hora da compra e se estendem à forma como você armazena e prepara em casa. Aprenda!
2 ---- Restos de comida no lixo prejudicam o bolso e o meio ambiente. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são jogados fora por ano. No Brasil, cada habitante produz 1 kg de lixo por dia, sendo 58% deste orgânico.
3 ---- Para acabar com o desperdício, é preciso adotar certas medidas. Entre elas, planejar as compras com listas adequadas ao número de moradores da casa, cozinhar a quantidade certa e guardar as sobras na geladeira ou no freezer - organizando tudo de maneira correta, a fim de aumentar a conservação e a durabilidade dos produtos, além de prevenir doenças devido ao consumo de comidas estragadas.
4 ---- O bom senso é excelente conselheiro para saber se os alimentos se apresentam em bom estado: olhe, cheire e prove. Mas cuidado: algumas alterações estão fora do alcance dos sentidos. A contaminação microbiana é a mais conhecida e perigosa. Muitas vezes invisível, não tem cheiro, nem sabor. É causada por bactérias, bolores e outros microrganismos que se desenvolvem nos alimentos e podem originar doenças. Os principais culpados são Salmonella, Listeria e Campylobacter. Todos afetam o funcionamento do aparelho digestivo e podem provocar vômitos e diarreias, entre outros sintomas.
5 ---- Quando os microrganismos, como o Clostridium botulinum e o estafilococos, produzem toxinas, podem surgir intoxicações alimentares com consequências mais graves: morte dos tecidos atingidos e paralisia dos músculos são exemplos. Porém vale destacar que nem sempre uma comida contaminada causa doenças: depende da quantidade de germes e da resistência da pessoa que está comendo.
6 ---- Saiba, ainda, que as alterações físicas e químicas reduzem a qualidade do alimento: afetam o aspecto, a textura, o paladar e, às vezes, o valor nutritivo. Mas, em geral, não desencadeiam problemas de saúde. Essas alterações são provocadas, por exemplo, pela temperatura, pelo ar ou por enzimas, deixando, por exemplo, o mel cristalizado, a alface murcha ou a manteiga rançosa.
7 ---- O bom é que essa degradação dos alimentos pode ser abreviada com boas práticas e temperaturas de conservação adequadas. Na cozinha, siga à risca as regras de higiene. Manipule os alimentos com as mãos e os utensílios limpos e não corte, por exemplo, o frango e os legumes sem lavar a faca, para evitar contaminação cruzada.
8 ---- Cozinhe bem todos os pratos, para eliminar os microrganismos. As toxinas produzidas por alguns deles resistem ao calor e não há como eliminá-las. Caso a comida preparada sobre, espere esfriar e guarde na geladeira. Saiba que a temperatura sempre sobe quando colocamos novos alimentos dentro dela, mesmo que estejam à temperatura ambiente. Porém com comida quente a elevação é maior. Assim, além de pôr em risco a conservação do alimento, pode danificar o aparelho.
9---- Na geladeira ou na despensa, uma boa dica é colocar os produtos com validade mais próxima na parte da frente. Dessa maneira, serão os primeiros a serem pegos na hora em que você quiser consumilos. Já o período de conservação depende do tipo de alimento. Em geral, os mais ácidos e secos resistem mais e, em muitos casos, não precisam de refrigeração. Os perecíveis - como carne, peixe, frutos do mar e bolos com recheio - devem ser guardados na geladeira e consumidos entre um e três dias. As sobras de refeições aguentam alguns dias, se forem bem cozidas e guardadas, no máximo a 4oC.
Texto adaptado de Revista Proteste Saúde, número 61, março 2017, p. 10-12.
O texto "Comida: não deixe estragar" é uma
Leia a charge a seguir para responder às questões 14 e 15.
...
Observando a expressão facial do personagem à direita e o uso das exclamações no enunciado, (“Isso quer dizer que serei reeleito nas próximas eleições!!!”), marque, abaixo, a relação semântica expressa pelas exclamações.
Leia a charge a seguir para responder às questões 14 e 15.
...
I - O texto não verbal apresenta aspectos que se opõem entre si e partilham da construção do texto, como um todo.
II - O leitor deve atribuir um único sentido para o enunciado “Vejo que em 2016 você terá mais êxito nos seus roubos e ações criminosas...”
III - Atemática sugere ao leitor um posicionamento crítico sobre a política no Brasil.
Está CORRETO o que se afirma em:
Leia o texto a seguir para responder às questões de 8 a 13.
Texto 02
Por que, com o tempo, os pães endurecem e os biscoitos amolecem?
1-------Alguns alimentos têm as características modificadas quando entram em contato com o ar
2--porque ocorre uma troca de umidade. Os pães ficam duros porque têm muita água, e os biscoitos
3--amolecem devido ao fato de quase não levarem água.
4-------"Isso decorre da própria diferença na composição desses produtos", afirma a química Cláudia
5--Moraes de Rezende, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O biscoito que fica exposto
6--ao ar absorve a umidade e perde a crocância. Em comparação, o pão francês tende a perder água e
7--ficar duro. A quantidade de açúcar, existente na composição de pães e biscoitos, também faz
8--diferença. "Os biscoitos têm bastante, o que favorece a absorção de água. Já o pãozinho tem pouco
9--açúcar e bastante amido. Este último sofre modificações na sua organização estrutural, que
10--estimulam o endurecimento", diz. Para não perder o apetite na hora do lanche, nada melhor do que
11--devorar o pão francês bem quentinho, assim que ele chegar da padaria. Quanto aos biscoitos, a dica
12--é mantê-los guardados na embalagem, em pote de vidro ou dentro da geladeira à espera de serem
13--consumidos.
Galileu, São Paulo, n. 214, p. 30, maio 2009.
Julgue os itens a seguir, de acordo com o Texto 02.
I - O uso de aspas em “Isso decorre da própria diferença na composição desses produtos” (linha 4), denota o uso da linguagem não-padrão.
II - Por ser do tipo narrativo, o texto dispensa o uso de objetividade e clareza.
III - A palavra “crocância” (linha 6), sem prejuízo de sentido para o contexto, poderia ser substituída pela expressão “que faz barulho”.
IV - “... nada melhor do que devorar o pão francês bem quentinho...” (linhas 10-11), a palavra destacada, foi usada em sentido conotativo.
Está(ão) CORRETA(S), apenas:
Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 6.
Texto 01
Baleia
1---------A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as
2--costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de
3--moscas. As chagas da boca e a inchação dos lábios dificultavam-lhe a comida e a bebida
4---------Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe
5--no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava
6--se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as
7--orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a
8--uma cauda de cascavel.
9---------Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com
10--o saca-trapo e fez menção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.
11---------Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam
12--desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:
13---------- Vão bulir com a Baleia?
14---------Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a
15--suspeita de que Baleia corria perigo.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 85. (Fragmento)
Em relação ao tipo de discurso utilizado no trecho:
..
“Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:
- Vão bulir com a Baleia?” (linhas 11-13), podemos classifica-lo corretamente como:
Leia o texto abaixo e responda às questões que se seguem.
O que constrói o elo social, o que faz existirem tantos vínculos? Está ficando cada vez mais difícil viver em sociedade, bem sabemos. Nossos tempos privatizaram muito do que era público. “A praça é do povo, como o céu é do condor”: o verso de Castro Alves parece, hoje, estranho. Quem vai à praça? A praça, aliás, era já uma herdeira pobre da ágora, da praça ateniense, que não foi lugar do footing ou da conversa mole, mas da decisão política. A ágora era praça no sentido forte, onde as questões cruciais da coletividade eram debatidas e decididas.
Mas mesmo a praça, na acepção de espaço em que as pessoas se socializam, se enfraqueceu. É significativo que Roberto DaMatta, ao analisar a oposição entre o mundo doméstico e o público na sociedade brasileira, oponha à casa a rua, e não a praça. A praça favorece a circulação, no sentido quase etimológico, do círculo, da ida e vinda, do encontro e reencontro: quem se lembra do que se chamava footing nas cidades do interior (os rapazes e moças dando voltas na praça, uns no sentido do relógio e outros no contrário, de modo a se cruzarem seguidas vezes) sabe do que falo. Já a rua é caminho de ida sem volta. Fica-se na praça, anda-se na rua. Vai-se, sai-se.
Ou tomemos outro lado da mesma questão. Como puxamos assunto com um estranho? Alfred Jarry, o autor de Ubu rei, dizia que um dia encontrou uma moça linda, na sala de espera de um médico. Não sabia como abordá-la – como iniciar a conversa. Sacou então de um revólver, deu um tiro no espelho que havia ali, voltou-se para ela e disse: Mademoiselle, agora que quebramos la glace(palavra que quer dizer tanto o gelo quanto o espelho)... É óbvio que era uma brincadeira; a piada valia mais para ele do que a conquista amorosa; imagino a moça gritando, fugindo; mas a questão fica: como quebrar o gelo, como criar um elo?
Stendhal, no seu ensaio “A comédia é impossível em 1836”, diz que os cortesãos, reunidos em Versalhes por Luís XIV, obrigados a ficar lá o dia todo, ou achavam assunto – ou morreriam de tédio. Assim, diz ele, nasceu a arte da conversa. Temas pequenos, leves, mas sobretudo agradáveis começaram a constituir um ponto de encontro de seus desejos e interesses. É nesse mesmo século XVII, segundo Peter Burke [...], que franceses, ingleses e italianos reivindicam a invenção da conversa como arte. Regra suprema: não falar de negócios ou trabalho. Regra suplementar: agradar às mulheres. A arte da conversa é uma retórica do dia a dia. Ela se abre até mesmo para uma dimensão segunda, que é a arte da sedução. Casanova era grande conversador e sedutor renomado.
Eis a questão: uma sociedade que se civiliza precisa de assuntos que sirvam de ponto de encontro para as pessoas, e sobretudo para os estranhos que assim entram em contato. No campo, conheço quase todos os vizinhos; na cidade grande, porém, a maioria é de estranhos. Sai-se do mundo rural quando se começa a conhecer o diferente, o outro – e a aceitá-lo. Isso se dá mediante a oferta de assuntos que abram uma conversa.
Daí a importância de expressões que minimizam ou mesmo aparentemente humilham essa conversa mole, como o small talk, o papo furado ou a bela expressão “jogar conversa fora”, que é muitíssimo sutil, porque dilapidamos palavras justamente para construir amizades, isto é, dissipamos nosso tempo, como num potlatch indígena, precisamente para criar o que há de melhor na vida.
(RIBEIRO, Renato J. )
Após fazer concessão a comentário que tende a conduzir a outra conclusão, o autor retoma a linha de orientação argumentativa do texto com as seguintes palavras:
Instrução: As questões 01 a 05 referem-se ao texto abaixo.
Videiras de Cristal
- ____Bem mais tarde, quando o dormitório coletivo
- envolvia-se nas sombras e ________ apenas os roncos
- e os espaçados gemidos dos enfermos permeando o
- calor rançoso das respirações, Jacobina e Ana Maria
- Hofstäter estavam à janela, olhando as luzes da cidade:
- pouco a pouco se apagavam, e a fímbria de pontos
- luminosos às margens do rio ________ num cordão
- móvel, de uma sinuosidade ágil, como se alguém
- inconstante traçasse sucessivas linhas de um contorno.
- ____Haviam dividido o pão da avó Müller e o mastigavam
- sem fome.
- ____– Nunca aceite nenhuma violência – disse Jacobina,
- despertando de uma longa mudez. Aceitar a violência
- é negar a própria vida. Aqueles homens que violaram
- você ao lado da cruz, eles um dia pagarão.
- ____Ana Maria estremeceu. Desde o acontecimento do
- arroio nunca mais falaram no assunto.
- ____– A senhora acha que um dia eu vou casar?
- ____Ana Maria sentiu logo que não deveria perguntar isso.
- ____– Por que não? Irá casar, igual a Maria Sehn. –
- Jacobina voltou os olhos para Ana Maria. – Sei o que
- você está pensando. Mas uma coisa eu lhe asseguro:
- você é tão virgem como Maria Sehn era antes do
- casamento.
- ____Só, em sua cama, enrolada no exíguo cobertor
- que ________ os pés de fora e batendo o queixo de
- frio, Ana Maria pensava no jovem Haubert. Sempre
- acompanhando o tutor Robinson o Ruivo, Haubert
- foi ocupando um lugar no Ferrabrás, e não apenas nos
- corações dos chefes. Jovem como uma figueira de um
- ano, tinha o olhar caído e triste de um homem de
- quarenta. Gostaria que ele estivesse ali, junto com
- elas. Ele as protegeria. E adormeceu pensando: a
- saudade é a verdadeira medida do amor.
Adaptado de ASSIS BRASIL, L. A. Videiras de Cristal. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1997. 5ª edição. Páginas 211-212.
Considere as seguintes afirmações.
I - Se a frase Nunca aceite nenhuma violência (l. 12) estivesse em discurso indireto, seria escrita como Jacobina disse a Ana Maria que nunca aceitasse nenhuma violência.
II - Se a frase A senhora acha que um dia eu vou casar? (l. 18) estivesse em discurso direto, seria escrita como Ana Maria perguntou se Jacobina achava que um dia eu casaria.
III - Se a frase Irá casar, igual a Maria Sehn (l. 20) estivesse em discurso indireto, seria escrita como Jacobina disse a Ana Maria que ela iria casar, igual a Maria Sehn.
Quais estão corretas?
Leia a tira para responder às questões de números 01 a 03.
(Quino, Toda Mafalda. São Pulo: Martins Fontes, 2010)
Na fala do segundo quadrinho “Como alguém pode ficar impassível diante disso?”, o termo “como”, em destaque, expressa o mesmo sentido com que foi empregado em: