Questões de Concurso
Sobre tipologia textual em português
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ANS ANUNCIA NOVOS PROCEDIMENTOS QUE PLANOS DE SAÚDE DEVERÃO COBRIR
A Agência Nacional de Saúde (ANS) divulgou nesta terça-feira (7) uma nova lista de procedimentos que deverão ter cobertura obrigatória pelos planos de saúde a partir do dia 2 de janeiro de 2018. Foram acrescentados 18 procedimentos à lista, entre exames, terapias e cirurgias.
Também será ampliada a cobertura para outros sete procedimentos, incluindo medicamentos orais contra o câncer e um remédio para tratamento de esclerose múltipla, algo inédito no Rol de Procedimentos, segundo a ANS.
Fonte: g1.globo.com (com adaptações).
Com base no texto 'ANS ANUNCIA NOVOS PROCEDIMENTOS QUE PLANOS DE SAÙDE DEVERÂO COBRIR', leia as afirmativas a seguir:
I. Por tratar-se de um relato de acontecimentos e fatos do cotidiano, o texto apresentado pode ser classificado como uma crônica. O autor, com o uso de metáforas e regionalismos, desenvolve uma sequência de narrativas que possuem marcas subjetivas do seu próprio estilo literário.
II. A notícia apresentada caracteriza-se por ter caráter informativo e ser escrita de maneira pessoal, sem comentários nem interpretação, com o uso de uma linguagem indireta e informal.
Marque a alternativa CORRETA:
ANS ANUNCIA NOVOS PROCEDIMENTOS QUE PLANOS DE SAÚDE DEVERÃO COBRIR
A Agência Nacional de Saúde (ANS) divulgou nesta terça-feira (7) uma nova lista de procedimentos que deverão ter cobertura obrigatória pelos planos de saúde a partir do dia 2 de janeiro de 2018. Foram acrescentados 18 procedimentos à lista, entre exames, terapias e cirurgias.
Também será ampliada a cobertura para outros sete procedimentos, incluindo medicamentos orais contra o câncer e um remédio para tratamento de esclerose múltipla, algo inédito no Rol de Procedimentos, segundo a ANS.
Fonte: g1.globo.com (com adaptações).
Com base no texto 'ANS ANUNCIA NOVOS PROCEDIMENTOS QUE PLANOS DE SAÙDE DEVERÂO COBRIR', leia as afirmativas a seguir:
I. O texto que se apresenta é denominado “notícia” e possui caráter informativo. Nele, o autor busca informar o público sobre um tema atual e relevante para os leitores a que se destina.
II. O texto em análise demonstra um rebuscamento e um virtuosismo característicos do gênero jornalístico. O autor utiliza o jogo sutil de palavras e ideias, ousadia de metáforas e associações para apresentar ao leitor seu ponto de vista sobre um tema socialmente relevante.
Marque a alternativa CORRETA:
Leia o texto abaixo para responder às questões de número 1 e 2
Exercício: faça o que puder, mas faça
EUA lançaram nova edição de recomendações contra o sedentarismo que valem para todas as idades
Por Mariza Tavares —
Rio de Janeiro 04/12/2018 06h01
O governo norte-americano divulgou, em meados de novembro, a segunda edição de recomendações para combater o sedentarismo. Com o título de ―Physical Activities Guidelines for Americans‖, essas diretrizes vêm substituir a versão anterior, de 2008, e são resultado de dois anos de estudos que não deixam dúvidas sobre a relação entre atividade física e o quadro geral de saúde. A primeira constatação das pesquisas foi a de que ficar sentado representa um problema maior do que simplesmente não se exercitar. Ainda não há como quantificar o limite de tempo para o sedentarismo, mas, como esse blog já noticiou, há uma espécie de reação em cadeia provocada pela inatividade que conduz ao risco aumentado para doenças crônicas, como diabetes, demências e acidentes vasculares encefálicos (popularmente conhecidos como derrames).
A recomendação para se exercitar não tem como objetivo apenas fortalecer o corpo, mas também garantir que o cérebro continue funcionando bem em todo o curso de vida. Para todas as idades, a atividade física traz benefícios para o aprendizado, a qualidade de sono e a redução da ansiedade. Na edição anterior das diretrizes, ainda havia a compreensão de que a atividade física deveria ter pelo menos dez minutos de duração para produzir algum efeito no organismo: era a ―regra dos dez minutos‖. Embora os especialistas continuem recomendando 150 minutos de exercícios por semana, sugerem que pequenas quantidades de movimento – como subir escadas, por exemplo – devem ser somadas para atingir esse objetivo. É uma mudança significativa de abordagem, com o propósito de não desencorajar quem não consegue atingir esse patamar. Faça o que puder, mas faça – é o recado.
Um outro aspecto relevante é que as diretrizes valem para todas as idades, dando o recado de que as pessoas não devem abrir mão da atividade física porque envelhecem. É claro que doentes crônicos precisam fazer os ajustes necessários de acordo com suas condições de saúde, mas a recomendação, para jovens e velhos, inclui musculação, exercícios aeróbicos e de equilíbrio. A soma dessas ações também previne osteoartrites e sarcopenia, que é a perda de massa e de força muscular. O resumo da ópera é claro e serve para todos: o nível de atividade é uma questão de saúde, e não de idade, lembrando que sete das dez doenças crônicas mais comuns teriam um desfecho mais favorável com a prática de atividade física.
(Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2018/12/04/exercicio-faca-o-que-puder-mas-faca.ghtml)
O texto acima se trata de uma coluna jornalística. O objetivo principal dessa coluna é:
Considere o texto 3, a seguir, para responder às questões 11 a 15.
Texto 3
Ciência e o sentido da vida
Marcelo Gleiser
[1º§]Outro dia, estava dando uma palestra, quando alguém me fez "aquela" pergunta: professor, por que o senhor é cientista? Respondi que não podia ser outra coisa, que considerava um privilégio poder dedicar minha vida ao ensino e à pesquisa. Mas o que de fato está por trás dessa profissão, ao menos para mim, é uma oportunidade única para criarmos algo de novo, algo que nos diferencie do resto.
[2º§]A ciência oferece uma oportunidade para que possamos nos engajar com o "mistério", como Einstein chamava nossa atração pelo desconhecido: "A emoção mais significativa que podemos sentir é o mistério. Ela é o berço da verdadeira arte e da ciência. Quem não a conhece e não é mais capaz de se maravilhar, está mais morto do que vivo, como uma vela que se apagou".
[3º§]Einstein pôs as artes e as ciências sobre o mesmo patamar, frutos que são da criatividade humana. Para ele, nossas criações são produto desse questionamento incessante sobre quem somos e sobre o mundo à nossa volta.
[4º§]A ciência abre portas para o desconhecido, para o que nos foge aos sentidos. Aquilo que não vemos ou ouvimos é tão real quanto o que percebemos. Usamos instrumentos variados para amplificar nossa percepção da realidade, mesmo sabendo que nossa visão será sempre limitada: qualquer microscópio, telescópio ou detector tem alcance e precisão determinados pelo estado da tecnologia.
[5º§]É claro que um telescópio do século 19 não pode competir com os telescópios mais avançados de hoje. Com isso, o que captamos da realidade depende de forma essencial daquilo que nossos instrumentos nos permitem ver. Esse fato tem uma consequência importante: o que captamos do mundo depende das tecnologias que usamos. Ou seja, com o avanço delas, muda, muitas vezes, nossa visão de mundo.
[6º§]Um exemplo que já usei aqui é o microscópio. A visão da vida antes e depois da invenção do microscópio mudou completamente. O instrumento, inventado ao fim do século 17, permitiu que víssemos criaturas invisíveis aos olhos. Com isso, novas perguntas sobre a natureza da vida puderam ser feitas – perguntas que, antes da invenção do microscópio, não eram nem vislumbradas.
[7º§]Esta é uma lição importante, que elaboro no livro "Ilha do Conhecimento": o conhecimento não evolui linearmente; cresce de forma imprevisível, interagindo com as tecnologias que temos ao nosso dispor. Portanto, o mistério que nos cerca, e que tanto fascinava Einstein, estará sempre à nossa volta: não há como decifrá-lo por completo. Isso dá uma conotação única à ciência. Sendo um caminho para o conhecimento, ela nos oferece uma oportunidade de estar sempre buscando, e crescendo com a busca.
[8º§]O sentido da vida é dar sentido à vida. Não existe, ou deve existir, um fim. Pense num alpinista. Ele se prepara para subir o pico que vê à sua frente e, depois de muito esforço, consegue. De lá de cima, pode fazer duas coisas: se dar por satisfeito e descer, ou olhar em torno e ver todos os picos que ainda não escalou.
[9º§]A busca pelo conhecimento científico é assim: uma escalada por todos os picos que podemos encontrar. E quando conquistarmos todos eles, basta olhar para cima, e continuar nossa busca no espaço.
Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 12/10/2014. Texto adaptado
NÃO é uma estratégia argumentativa utilizada no texto 3 o uso de
A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, deu uma corridinha em direção de seu quarto.
– Meu filho? – gritou ela.
– O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.
– Que é que você está carregando aí?
Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo.
– Eu? Nada…
– Está sim. Você entrou carregando uma coisa.
Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o jeito era procurar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:
– Olha aí, mamãe: é um filhote…
Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?
Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de isso. Insistiu ainda:
– Deve estar com fome, olha só a carinha que ele faz.
– Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
– Ah, mamãe… – já compondo uma cara de choro.
– Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Já disse que não quero animais aqui em casa.
Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda inventar uma amolação dessas.
O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima. Voltou para o quarto, emburrado:
A gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava. Um dia ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado desta maneira!
– Que diabo também, nesta casa tudo é proibido! – gritou, lá do quarto, e ficou esperando a reação da mãe.
– Dez minutos – repetiu ela, com firmeza.
– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
– Você não é todo mundo.
– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não faço mais nada.
– Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a sua costura.
– A senhora é ruim mesmo, não tem coração!
– Sua alma, sua palma.
Conhecia bem a mãe, sabia que não haveria apelo: tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e depois… ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:
– Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.
– Ah, mamãe, deixa! – choramingou ainda: – Meu melhor amigo, não tenho mais ninguém nesta vida.
– E eu? Que bobagem é essa, você não tem sua mãe?
– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.
– Deixa de conversa: obedece sua mãe.
Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou a se preocupar: meninos nessa idade, uma injustiça praticada e eles perdem a cabeça, um recalque, complexos, essa coisa.
– Pronto, mamãe!
E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.
– Eu devia ter pedido cinquenta, tenho certeza que ele dava murmurou, pensativo.
(Fonte: Sabino, Fernando. O melhor amigo. In: A vitória da infância. São Paulo: Ática, 1995.)
São características do gênero do texto de Sabino:
Observe a tirinha e assinale a alternativa em que a crase é empregada corretamente.
(Disponível em http://www.peanuts.com/)
Leia o texto a seguir para responder às próximas sete questões.
“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso – o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito – por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava”
(ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: veredas. 1994. P. 449).
Ainda sobre a obra Grande Sertão: veredas, considere seus conhecimentos textuais e, a partir da leitura do excerto apresentado, assinale a alternativa correta:
Para responder às questões de 6 a 10, leia os quadrinhos a seguir.
(4.bp.blogspot.com)
No que consiste principalmente o humor da tirinha como um todo?
Questões de 01 a 05
Texto para as questões 01 a 05
Era uma vez, uma Agulha, que disse a um novelo de Linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa, neste mundo?
— Deixe-me, Senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, Senhora? A Senhora não é alfinete, é Agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas, por quê?
— É boa! Porque coso. Então, os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a Costureira chegou à casa da Baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma Baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a Costureira, pegou do pano, pegou da Agulha, pegou da Linha, enfiou a Linha na Agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da Costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a Agulha:
— Então, Senhora Linha, ainda teima no que dizia, há pouco? Não repara que esta distinta Costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
A Linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela Agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A Agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a Costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a Baronesa vestiu-se. A Costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a Agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a Linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da Baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com Ministros e Diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. Parece que a Agulha não disse nada; mas um Alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre Agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
—Também eu tenho servido de Agulha a muita linha Ordinária!
(Assis, Machado de.
www.releituras.com/machadodeassis_apólogo.asp)
Em relação ao texto acima, assinale a afirmativa que melhor o descreve em relação ao seu conteúdo semântico e tipologia textual:
Leia o Texto 1 para responder às questões de 01 a 07.
Texto 1
Cem cruzeiros a mais
Ao receber certa quantia num guichê do Ministério, verificou que o funcionário lhe havia dado cem cruzeiros a mais. Quis voltar para devolver, mas outras pessoas protestaram: entrasse na fila.
Esperou pacientemente a vez, para que o funcionário lhe fechasse na cara a janelinha de vidro:
– Tenham paciência, mas está na hora do meu café.
Agora era uma questão de teimosia. Voltou à tarde, para encontrar fila maior – não conseguiu sequer aproximar-se do guichê antes de encerrar-se o expediente.
No dia seguinte era o primeiro da fila:
– Olha aqui: o senhor ontem me deu cem cruzeiros a mais.
– Eu?
Só então reparou que o funcionário era outro.
– Seu colega, então. Um de bigodinho.
– O Mafra.
– Se o nome dele é Mafra, não sei dizer.
– Só pode ter sido o Mafra. Aqui só trabalhamos eu e o Mafra. Não fui eu. Logo...
Ele coçou a cabeça, aborrecido:
– Está bem, foi o Mafra. E daí?
O funcionário lhe explicou com toda urbanidade que não podia responder pela distração do Mafra:
– Isto aqui é uma pagadoria, meu chapa. Não posso receber, só posso pagar. Receber, só na recebedoria. O próximo!
O próximo da fila, já impaciente, empurrou-o com o cotovelo. Amar o próximo como a ti mesmo! Procurou conter-se e se afastou, indeciso. Num súbito impulso de indignação – agora iria até o fim – dirigiu-se à recebedoria.
– O Mafra? Não trabalha aqui, meu amigo, nem nunca trabalhou.
– Eu sei. Ele é da pagadoria. Mas foi quem me deu os cem cruzeiros a mais.
Informaram-lhe que não podiam receber: tratava-se de uma devolução, não era isso mesmo? E não de pagamento. Tinha trazido a guia? Pois então? Onde já se viu pagamento sem guia? Receber mil cruzeiros a troco de quê?
– Mil não: cem. A troco de devolução.
– Troco de devolução. Entenda-se.
– Pois devolvo e acabou-se.
– Só com o chefe. O próximo!
O chefe da seção já tinha saído: só no dia seguinte. No dia seguinte, depois de fazê-lo esperar mais de meia hora, o chefe informou-lhe que deveria redigir um ofício historiando o fato e devolvendo o dinheiro.
– Já que o senhor faz tanta questão de devolver.
– Questão absoluta.
– Louvo o seu escrúpulo.
– Mas o nosso amigo ali do guichê disse que era só entregar ao senhor – suspirou ele. – Quem disse isso?
– Um homem de óculos naquela seção do lado de lá. Recebedoria, parece.
– O Araújo. Ele disse isso, é? Pois olhe: volte lá e diga-lhe para deixar de ser besta. Pode dizer que fui eu que falei. O Araújo sempre se metendo a entendido!
– Mas e o ofício? Não tenho nada com essa briga, vamos fazer logo o ofício.
– Impossível: tem de dar entrada no protocolo.
Saindo dali, em vez de ir ao protocolo, ou ao Araújo para dizer-lhe que deixasse de ser besta, o honesto cidadão dirigiu- se ao guichê onde recebera o dinheiro, fez da nota de cem cruzeiros uma bolinha, atirou-a lá dentro por cima do vidro e foi-se embora.
SABINO, Fernando. Disponível em: < http://www.velhosamigos.com.br/Colaboradores /Diversos/fernandosabino2.html >. Acesso em: 13 abr. 2015.
O Texto 1 é uma crônica e infere-se, a partir do fato do cotidiano narrado, uma crítica à
As questões 5 e 6 devem ser respondidas a partir da charge abaixo.
Disponível em: https://patologiapolitica.wordpress.com/2011/07/08/charge-saber-viver/. Acesso em: 15 ago. 2016.
Considerando a relação entre a linguagem verbal e a linguagem não verbal para a compreensão da charge, não é adequado afirmar que:
Observe a charge abaixo:
O humor dessa charge se estrutura a partir da:
Ao dizer que Tiradentes “deve estar dando voltas no túmulo”, o chargista se refere:
Nessa mesma charge, o chargista escreve ao lado de sua assinatura a seguinte frase: “Nani que colou os membros de Tiradentes”. Essa frase:
Observe a charge abaixo:
A charge critica o aumento exagerado de impostos; para a força da crítica o chargista apela para um conjunto de elementos linguísticos e visuais, EXCETO:
TEXTO I
Ser deficiente é privilégio de ser diferente
___Uma cena usual no dia a dia de um parampa (que é como os paraplégicos paulistas se denominam, melhorzinho que o metálico chumbado, termo preferido pelos cariocas): num estacionamento, esperando o manobrista número um trazer o carro. Se aproxima o manobrista número dois, olha minha cadeira de rodas, o horizonte, e pergunta na lata: Foi acidente? Olho rápido para a rua e devolvo: Onde? Algum ferido? Melhor chamar uma ambulância! Vocês têm telefone?
___Outra cena: numa fila de espera, se aproxima um sujeito, aponta a cadeira de rodas e diz: É duro, né? Minha resposta: Não, é até confortável. Quer experimentar? Mais uma: uma criança brincando pelos corredores de um shopping me vê na cadeira e pergunta: Por que você está na cadeira de rodas? Devolvo: Porque eu quero. E você, por que não está na sua? Já vi crianças me apontando e dizendo para os pais: Quero uma igual àquela! Quando o pai vem se desculpar (e não sei por quê, vem sempre se desculpar), eu logo interrompo: Compre logo uma para ele. Sem contar os incontáveis comentários tipo Tem que se conformar, O que se pode fazer?, A vida tem dessas coisas...
___Peculiar curiosidade essa de saber se um paraplégico é um acidentado ou de nascença. À beira da piscina de um hotel, lá vem o hóspede. Para ao meu lado e solta um Foi acidente?. Antes que eu exibisse minha grosseria e impaciência, ele foi avisando: Sou ortopedista. Costumo operar casos como o seu. Aqui na região há muitos motoqueiros que se acidentam... Entramos numa conversa técnica que até poderia render se ele não dissesse, me olhando nos olhos: Jesus cura isso aí. Antes que eu perguntasse o endereço do consultório desse Jesus, ele continuou: Você pode não acreditar, mas já o vi curando muitos iguais a você. Eu não quero ser curado. Eu estou bem assim costuma ser minha resposta que, se não me engano, é verdadeira.
___Aliás, Paulo Roberto, paraplégico, professor de filosofia de Brasília, anunciou seu novo enunciado: “Nós não devemos ser curados. Seria um trauma maior que o próprio acidente. Não conseguiríamos reconstruir uma terceira identidade. Não saberíamos administrar nossa falta de diferença. O homem cultural, diferente do homem natural, é aquele que constrói a si próprio, pelo respeito ao que possa ter de igual e de diferente.” Foi minha última e definitiva revelação nesses 13 anos de paraplegia. Se alguém me ouvisse, um dia, nas ruas do centro, dizendo a mim mesmo Que sorte ter ficado paraplégico, não acreditaria. Mas eu disse: Conheço um mundo que poucos conhecem. Sou diferente. Sou um privilegiado.
PAIVA, Marcelo Rubens. Crônicas para ler na escola. Seleção
Regina Zilberman. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
As respostas do paraplégico, narrador da crônica, às perguntas que lhe são feitas sobre a causa de estar em uma cadeira de rodas, revelam, de sua parte, o sentimento de
Considere o trecho abaixo e responda:
Cheia de luzes brilhantes estava a cidade. Carros para todos os lados, em duas vias de sentidos opostos. Assim também estavam as pessoas, caminhando aparentemente a esmo, com olhares fixos num horizonte, semelhante a um ímã que as puxava em direção ao nada. Ninguém olha sequer para os lados. Sequer o vento tem direção.
Considerando seu conteúdo, podemos definir o texto acima como sendo um texto:
A violência em Roraima é contra a imagem no espelho
Os venezuelanos encarnam o pesadelo real de que toda estabilidade é provisória e o pertencimento é sempre precário
Eliane Brum
- Não se compreende a violência dos brasileiros
- contra os venezuelanos sem entender o que é
- estar na fronteira e se saber à beira do mapa,
- a borda como o precipício que lembra a quem
- se agarra ao lado de cá que há uma fera
- rosnando no desconhecido. Com exceção dos
- povos indígenas, a população não indígena de
- Roraima é formada por migrantes recentes, a
- maioria da segunda metade do século XX. E
- sempre chegando de um outro lugar em que o
- chão se tornou movediço embaixo dos pés.
- Muitos não desembarcaram em Roraima
- diretamente do lugar em que nasceram, mas
- antes tentaram pertencer a outros pontos do
- mapa e não puderam se fixar por falta de
- trabalho ou outras faltas. Quem alcança um
- estado como Roraima vindo das regiões mais
- pobres do Brasil — ou das porções mais
- pobres dos estados rico s— sabe que alcançou
- uma espécie de território limite. Dali pra
- frente não há mais para onde andar. Talvez o
- que um brasileiro de Roraima vislumbre num
- venezuelano desesperado e sem lugar seja o
- retrato de si mesmo. Uma velha foto bem
- conhecida empurrada para o fundo de uma
- gaveta da qual ninguém quer lembrar, mas
- que nunca pôde ser totalmente esquecida.
- Diante dos venezuelanos famintos, doentes e
- assustados, desejando desesperadamente
- entrar, a imagem se materializa como um
- espelho que é preciso destruir. O que
- destroem no corpo do outro é a imagem de si
- mesmos cujo retorno não podem aceitar.
- A angústia de não pertencer rugia dentro da
- maioria das pessoas que entrevistei em
- Roraima, em diferentes momentos. Mas isso
- jamais era admitido. Ao contrário. Como
- costuma acontecer neste tipo de fenômeno,
- ela se expressava como uma identidade feroz,
- a de ser o único cidadão legítimo, o único com
- o direito de estar ali, o único que trabalha e
- quer progredir. Isso se manifestava em três
- comportamentos clássicos: a hostilidade
- contra estrangeiros de outra língua,
- especialmente americanos, a desconfiança
- com relação a brasileiros não migrantes, o
- desejo de apagar as populações nativas,
- ainda que pela assimilação ou pela supressão
- de direitos. (...)
- A identidade roraimense é fomentada na
- população por velhas e novas elites locais a
- partir da ideia de que o Brasil é contra eles
- (ou os ignora ou só aparece para se meter
- onde não devia, como na atual disputa pelo
- fechamento da fronteira com a Venezuela), os
- “gringos” querem tomar a Amazônia de seus
- legítimos donos e os indígenas impedem o
- progresso do estado e também de cada
- indivíduo que ali chegou com o sonho de fazer
- história, fortuna e, principalmente casa —
- lugar de pertencimento para quem tanto
- peregrinou pelo mapa do Brasil até finalmente
- alcançar a sua borda. Essa é sempre a
- condição de fronteira entre aqueles que as
- disputam. (...) A fronteira é um espaço de
- sobreviventes, que já conheceram o pior de
- vários mundos, sofreram estigmas,
- preconceitos e indignidades, e estão lutando
- por um lugar e sabem muito bem o porquê.
- (...)
- A imagem dos venezuelanos entrando e
- entrando, desesperados, miseráveis e
- famintos, é a imagem que um migrante mais
- teme para si mesmo. É também a prova de
- que a estabilidade é sempre provisória, de
- que é possível perder tudo mais uma vez. É a
- evidência viva, encarnada, de que não há
- lugar seguro, de que o pertencimento é
- sempre precário. De que do outro lado da
- borda, o abismo espreita com olhos injetados
- de sangue. Quem viveu escorregando de
- todos os mapas sente a dor dessa experiência
- no corpo.
Fonte:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/27/opinion.html
Acesso em 06/09/2018. Adaptação.
Considerando a tipologia do texto, é correto afirmar que ele é predominantemente
Leia o texto e responda às questões de 1 a 10
Considerando que o texto é jornalístico, assinale a opção INCORRETA.