Questões de Português - Tipologia Textual para Concurso
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O texto a seguir é referência para as questões 31 a 34.
De como não ler um poema
Há tempos me perguntaram umas menininhas, numa dessas pesquisas, quantos diminutivos eu empregara no meu livro A Rua dos Cataventos. Espantadíssimo, disse-lhes que não sabia. Nem tentaria saber, porque poderiam escapar-me alguns na contagem. Que estas estatísticas, aliás, só poderiam ser feitas eficientemente com o auxílio de robôs. Não sei se as menininhas sabiam ao certo o que era um robô. Mas a professora delas, que mandara fazer as perguntas, devia ser um deles.
E mal sabia eu, então, que estava dando um testemunho sobre o estruturalismo – o qual só depois vim a conhecer pelos seus produtos em jornais e revistas. Mas continuo achando que um poema (um verdadeiro poema, quero dizer), sendo algo dramaticamente emocional, não deveria ser entregue à consideração de robôs, que, como todos sabem, são inumanos.
Um robô, quando muito, poderá fazer uma meticulosa autópsia – caso fosse possível autopsiar uma coisa tão viva como é a poesia.
Em todo caso, os estruturalistas não deixam de ter o seu quê de humano...
Nas suas pacientes, afanosas, exaustivas furungações, são exatamente como certas crianças que acabam estripando um boneco para ver onde está a musiquinha.
(Mário Quintana)
A partir da leitura do texto de Mário Quintana, considere as seguintes afirmativas sobre o gênero crônica:
1. Caracteriza-se por textos curtos e narração em primeira pessoa.
2. Caracteriza-se por considerações de caráter geral, a partir de situações específicas, e pelo texto mais curto.
3. Traz sempre o discurso direto para marcar os personagens/sujeitos do diálogo.
4. Elaborado em determinada esfera de atividade discursiva, dá espaço para o cotidiano.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir para responder as questões de língua portuguesa.
O TOLO E SEU DINHEIRO
Juliana Garzon e Jerônimo Teixeira
Em muitas das teorias econômicas fundamentais as pessoas de carne e osso, falíveis e volúveis, não existem.
Essas teorias só funcionam com o "homem estatístico", o somatório de agentes econômicos vistos como
máquinas de calcular que administram com rigor seus recursos limitados. O pai da economia moderna, o
escocês Adam Smith (1723-1790), enxergava um mundo ordenado em que cada indivíduo agia sempre no
5 interesse pessoal e da família e, assim, acabava contribuindo para a prosperidade geral da nação. Disse Smith:
"Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas
sim do empenho deles em promover o próprio autointeresse". Talvez a maioria das pessoas do século XVIII
fossem mesmo seres racionais, donos do próprio destino e empenhados na promoção do seu autointeresse
econômico. Mas é mais comum encontrar gente que gasta mais do que ganha e compra aquilo de que não
10 precisa.
Nas últimas quatro décadas, os teóricos da economia têm tentado contemplar em suas análises pessoas de
carne, osso e sangue quente. Essa escola, a "economia comportamental", nascida na década de 70 com o
trabalho dos psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman, da Universidade Hebraica de Jerusalém, incorporou
as inconstâncias humanas aos seus modelos de previsão. Tversky e Kahneman focaram seus estudos sobre o
15 comportamento das pessoas em situações de incerteza e de alta carga emotiva, consideradas por eles, com
acerto, como predominantes nas grandes decisões econômicas - seja a compra do primeiro apartamento ou a
venda de ações nos momentos de queda das bolsas.
A economia comportamental arejou o pensamento econômico dando lugar a modelos mais sensíveis às
vicissitudes da psicologia humana, com suas falhas de cálculo e percepções enganosas. Talvez seu maior
20 mérito seja entender que os criteriosos padeiros e cervejeiros de Adam Smith existem, são numerosos, mas
convivem com multidões para quem a racionalidade financeira no dia-a-dia é tão estranha quanto o popular
esporte escocês de arremesso de troncos. Kahneman ganhou o prêmio Nobel de economia em 2002, tornando-
se o único psicólogo a conseguir esse feito. No mundo de Kahneman os padeiros e cervejeiros nem sempre
tomam decisões sóbrias e corretas. Eles agem de acordo com os misteriosos mecanismos mentais de aceitação
25 e rejeição do risco. Uma mesma pessoa que só bebe água mineral e morre de medo de bactérias pode ser vista
fazendo bungee jumping, esporte em que o praticante se joga de uma ponte sobre um abismo amarrado por uma
corda elástica. No mundo econômico, atitudes incoerentes como essa são quase a regra.
Aplicadas ao estudo do comportamento dos investidores nas bolsas, as teses de Kahneman e seus colegas
mostram que a convivência de atitudes racionais e irracionais é uma força considerável. Entre o início de 2003 e
30 o máximo de alta em maio de 2008, o Índice Bovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, valorizou-se 350%.
Nesse período, a maioria dos investidores enxergou todos os acontecimentos, os bons e os ruins, com a lente
da euforia. Passaram despercebidos os sinais precoces da crise que viria a se abater sobre a economia mundial
com repercussões fortes no Brasil no fim do ano passado. Mesmo os investidores profissionais não estão
imunes a ilusões. A mais comum é acreditar que projeções baseadas em dados recentes podem ser tomadas
35 como tendências duradouras. [ ... ] Diz Plínio Chap Chap, professor de finanças corporativas da escola de
negócios Brazilian Business School (BBS): "Bastam alguns ganhos para que as pessoas se julguem mais
capazes que as outras para escolher ações."[ ... ]
Nem todos os enganos são originários da autoconfiança. O investidor também pode ser atrapalhado por uma
emoção de natureza bem diversa: a angústia. O investidor novato, sobretudo, tende a entrar no mercado com a
40 sensação de que está atrasado. [ ... ] Essa sensação conduz a escolhas precipitadas. Em vez de traçar uma
estratégia sólida, o novato dá grandes tacadas de uma vez só, para evitar a tensão de analisar e optar - ou não -
por determinada ação. A impaciência custa caro. [ ... ] As frustrações se tornam ainda mais agudas quando as
cotações caem. O investidor que tomou sua decisão de compra sem base sofre por não saber se deve vender as
ações que estão patinando e estancar as perdas ou apostar na recuperação dos papéis e mantê-los em carteira.
45 [ ... ] Mas o investidor que der um passo atrás para observar o cenário com emoções menos exacerbadas poderá
ter uma visão mais realista da economia brasileira e de suas perspectivas: uma boa oportunidade de
investimentos tanto para os padeiros e cervejeiros de Adam Smith quanto para os bungee jumpers de
Kahneman.
Texto adaptado da Revista Veja, edição 2095, ano 42, n. 2, de 14 de jan. 2009. p. 68-70
Assinale a alternativa correta quanto à passagem do discurso direto para o discurso indireto do período: Disse Smith: “Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover o próprio autointeresse”.
Texto para as questões de 1 à 11 .
Texto I
Pela Televisão
(Ruy Castro)
RIO DE JANEIRO - Há '!Penas 70 dias, o treinador Mano Menezes pediu demissão do Flamengo. Ao sair, com um B.O. de nove vitórias - jamais duas seguidas -, seis empates e sete derrotas, deixou o clube às portas do rebaixamento no Brasileiro e sem moral para seguir na luta pela Copa do Brasil. Devido ao adiantado da hora, o Flamengo substituiu-o pelo auxiliar técnico Jayme de Almeida, funcionário fixo de seus quadros.
Para justificar a saída, Mano Menezes alegou que não conseguira transmitir aos jogadores "aquilo que pensava de futebol", Para todos os efeitos, entre dar zero a si próprio por não saber ensinar ou a cada um de seus pupilos por eles não conseguirem aprender, optou pela segunda hipótese. Reprovou a classe inteira, pegou sua beca e seu capei o, e se mandou. Na sequência, seu substituto deu um novo caráter ao Flamengo, livrou-o do fantasma do rebaixamento e levou-o á conquista da Copa do Brasil - e, em consequência, á disputa da Libertadores em 2014.
O Flamengo não foi o primeiro fiasco de Mano Menezes que outro treinador precisou retificar. Há um ano, depois de um currículo pífio á frente da seleção brasileira, Mano Menezes já tinha sido substituído por Luiz Felipe Scolari - que não apenas tem levado a seleção a vencer como devolveu-lhe uma alegria de jogar que contamina até seus torcedores mais recalcitrantes, entre os quais eu.
Cada vez mais me convenço de que a humanidade se divide em duas categorias: as pessoas que fingem que se levam a sério e as que fingem que não se levam a sério. Mano Menezes está, decididamente, no primeiro grupo. Prova disso é a notícia recente, de que, ao pedir demissão em setembro, já tinha um novo emprego garantido.
Foi melhor para todo mundo. Boa sorte para Mano Menezes, e que lhe sobre tempo em 2014 para assistir à Libertadores pela televisão.
(Ruy Castro)
Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2013/1/pelatelevisao-ruy-castro.html
No terceiro parágrafo, a fim de fortalecer sua argumentação, o autor:
Texto para as questões de 1 à 11 .
Texto I
Pela Televisão
(Ruy Castro)
RIO DE JANEIRO - Há '!Penas 70 dias, o treinador Mano Menezes pediu demissão do Flamengo. Ao sair, com um B.O. de nove vitórias - jamais duas seguidas -, seis empates e sete derrotas, deixou o clube às portas do rebaixamento no Brasileiro e sem moral para seguir na luta pela Copa do Brasil. Devido ao adiantado da hora, o Flamengo substituiu-o pelo auxiliar técnico Jayme de Almeida, funcionário fixo de seus quadros.
Para justificar a saída, Mano Menezes alegou que não conseguira transmitir aos jogadores "aquilo que pensava de futebol", Para todos os efeitos, entre dar zero a si próprio por não saber ensinar ou a cada um de seus pupilos por eles não conseguirem aprender, optou pela segunda hipótese. Reprovou a classe inteira, pegou sua beca e seu capei o, e se mandou. Na sequência, seu substituto deu um novo caráter ao Flamengo, livrou-o do fantasma do rebaixamento e levou-o á conquista da Copa do Brasil - e, em consequência, á disputa da Libertadores em 2014.
O Flamengo não foi o primeiro fiasco de Mano Menezes que outro treinador precisou retificar. Há um ano, depois de um currículo pífio á frente da seleção brasileira, Mano Menezes já tinha sido substituído por Luiz Felipe Scolari - que não apenas tem levado a seleção a vencer como devolveu-lhe uma alegria de jogar que contamina até seus torcedores mais recalcitrantes, entre os quais eu.
Cada vez mais me convenço de que a humanidade se divide em duas categorias: as pessoas que fingem que se levam a sério e as que fingem que não se levam a sério. Mano Menezes está, decididamente, no primeiro grupo. Prova disso é a notícia recente, de que, ao pedir demissão em setembro, já tinha um novo emprego garantido.
Foi melhor para todo mundo. Boa sorte para Mano Menezes, e que lhe sobre tempo em 2014 para assistir à Libertadores pela televisão.
(Ruy Castro)
Disponível em: http://arquivoetc.blogspot.com.br/2013/1/pelatelevisao-ruy-castro.html
No segundo parágrafo do texto, o autor utiliza, como recurso argumentativo, uma analogia. Assinale a única opção que não ilustra tal procedimento.