Questões de Concurso
Sobre variação linguística em português
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I. O texto apresenta, concomitantemente, registros de linguagem formal e informal.
II. Não se verificam marcas de oralidade na narrativa.
III. Há ironia em pelo menos uma passagem do texto.
IV. Um dos personagens reporta-se ao seu interlocutor, na segunda pessoa, como “tu”.
Estão corretas as afirmativas
Observe o fragmento abaixo de uma carta pessoal:
“Rosa: esta é a última carta que te escrevo. Brevemente embarcarei num navio que me levará a um país distante de onde não sei se voltarei. Antes de separar-nos, escrevo-te esta carta como despedida.”
O nível de linguagem utilizado nesta carta pode ser classificado
como
"Na penumbra da noite, os silêncios se entrelaçavam como fios de uma trama intricada, sussurrando segredos que se perdiam nos recantos sombrios da consciência. A lua, testemunha silente, lançava seus raios pálidos sobre os contornos obscuros da realidade."
Com base nesse contexto, assinale a alternativa correta.
I. É correto afirmar que o desencadeamento do Burnout em um docente está diretamente ligado a circunstâncias que estão dentro e fora do controle desse profissional.
II. É correto afirmar que as dificuldades de lidar com a síndrome de Burnout advém da dificuldade de identificar os motivos que levaram o docente a esse estado.
III. É correto afirmar que melhorias escolares nos âmbitos político, econômico e social poderiam impedir ou atenuar a possibilidade de desenvolvimento do Burnout em docentes.
Marque a alternativa correta:
FONTE: https://minhalinguaeeu.blogspot.com/2010/03/lingua-eidioma.html.
Texto 2
Doutor Félix
Para o pensamento geral, bom advogado é aquele que participa do Tribunal do Júri Popular. Advogado bom de tribuna logo cai na graça do povo. “Viu como ele fala? Tem medo não. O promotor se levantou também e, se o juiz não entra no meio! Sei não, a coisa ficaria feia.” [...]
O público ouvia com atenção e não se ouvia um pio na assistência, mesmo porque não era galinheiro. Ninguém duvidava da condenação, mas a curiosidade era grande. O que iria fazer doutor Félix? Como iria sair daquela? Ele, sempre competente, acostumado a ganhar, na certa iria perder aquela batalha.
[...]
ISAIAS, Davi. Crônicas da Goiabeira – volume I. Goiânia: 2008. Editora
América.

Nesse comunicado há uma palavra mal-empregada, que é:
Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio
O poema não utiliza a gramática normativa. Assim, assinale a alternativa que utilize um conceito da sociolinguística para explica a linguagem utilizada no poema.
Leia o Texto 2 para responder às questões 03 e 04.
Texto 2
A variação linguística é uma realidade que, embora razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela linguística histórica, provoca, em geral, reações sociais muito negativas. O senso comum tem escassa percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo que alberga grande variação e está em mudança contínua. Por isso, costuma folclorizar a variação regional, demoniza a variação social e tende a interpretar as mudanças como sinais de deterioração da língua.
O senso comum não se dá bem com a variação linguística e chega, muitas vezes, a explosões de ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de variação. Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver precisamente com o ensino de língua – um ensino que garanta o domínio das práticas socioculturais de leitura, da escrita e da fala nos espaços públicos.
E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente identificadas como as mais próprias a essas práticas – isto é, as variedades escritas e faladas que devem ser identificadas como constitutivas da chamada norma culta. Isso pressupõe, inclusive, uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas características no Brasil contemporâneo.
ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In: ZILLES, A. M; FARACO, C.
A. (org.). Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino.
São Paulo: Parábola, 2015. [Adaptado].
De acordo com o texto, a variação linguística
TEXTO III
Leia este capítulo de Machado de Assis na íntegra e responda ao que se pede:
“Capítulo LXXI
O senão do livro
Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...
E caem! - Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Antofágica,2022.
Observe a seguinte situação hipotética:
“Em uma aula sobre variabilidade linguística, o professor de Língua Portuguesa aproveita o texto acima para comparar os usos de linguagem de hoje com o uso da época de Machado de Assis, fazendo com que os alunos percebam e identifiquem algumas diferenças de emprego.” Essa diferença de uso deve ser apresentada aos alunos como uma variante, eminentemente:
Papos
- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”?
- O quê?
- Digo-te que você...
- O “te” e o “você” não combinam.
- Lhe digo?
- Também não. O que você ia me dizer?
- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
- Partir-te a cara.
- Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
- É para o seu bem.
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
- Eu só estava querendo…
- Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
- Se você prefere falar errado...
- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?
- No caso... não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
- Esquece.
- Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou “esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-loias se o soubesses, mas não sabes-o.
- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que me dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
- Por quê?
- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
Luis Fernando Verissimo. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
A situação retratada no texto, de correções sobre a fala de uma das personagens, demonstra uma atribuição de valores à forma culta da linguagem, em detrimento da forma coloquial. Tal atribuição é evidenciada no trecho:

https://www.diarionline.com.br/?s=noticia&id=134679
A fala do personagem Chico Bento (último balão) reproduz uma variante linguística recorrente na fala de brasileiros, pertencentes a determinadas regiões do país. Essa estrutura caracteriza-se por variantes:
I. O texto se encontra redigido de acordo com a variedade formal da língua.
II. O autor emprega, em várias situações, vocábulos pertinentes à variedade coloquial.
III. A abordagem do autor estigmatiza a inteligência artificial, uma vez que ele demonstra ter ojeriza a tal tipo de inteligência.
IV. Um alerta é evidente, no texto, para que as pessoas não se deixem dominar pela inteligência artificial, embora ela traga benefícios à humanidade.
V. Essa tecnologia deverá ser usada para um possível controle dos fins dos tempos.
Estão corretos apenas os itens: