Questões de Português - Variação Linguística para Concurso
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Numa negociação de umas quintas em Portugal, poderia ocorrer a seguinte frase na língua falada portuguesa: - Tu queres que eu tas venda?
Em linguagem falada contemporânea brasileira não regional, essa
mesma frase deveria ser expressa do seguinte modo:
Observe com atenção o excerto do nono parágrafo a seguir.
“Não saber se comunicar de forma correta e coerente pode prejudicar a mente e as relações sociais de um indivíduo. Afinal, quem consegue ficar perto de alguém que não sabe se comunicar? A habilidade de usar a linguagem com precisão é essencial para sermos compreendidos e nos comunicarmos melhor. É preciso ter muito cuidado com a forma com que usamos algumas palavras.”
Assinale a opção de reescrita contraria a variedade padrão da língua.
"Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."
(CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2013.)
De acordo com o texto, não é exemplo passível de coerção da variedade padrão da língua
Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no português extremamente culto e correto que é falado pelos personagens da novela. Com frases que parecem retiradas de um romance antigo, mesmo nos momentos mais banais, os personagens se expressam de maneira correta e erudita.
Ao UOL, o autor da novela, Alcides Nogueira, diz que o linguajar de seus personagens é um ponto que leva a novela a se destacar. “Não tenho nada contra a linguagem coloquial, ao contrário. Acho que a língua deve ser viva e usada em sintonia com o nosso tempo. Mas colocar um português bastante culto torna a narrativa mais coerente com a época da trama. Fora isso, é uma oportunidade de o público conhecer um pouco mais dessa sintaxe poucas vezes usada atualmente”.
O escritor, que assina o texto da novela das 18h ao lado de Bia Corrêa do Lago, conta que a decisão de imprimir um português erudito à trama foi tomada por ele e apoiada pelo diretor artístico, Jayme Monjardim. Ele revela que toma diversos cuidados na hora de escrever o texto, utilizando, inclusive, o dicionário. “Muitas vezes é preciso recorrer às gramáticas. No início, o uso do coloquial era tentador. Aos poucos, a escrita foi ficando mais fácil”, afirma Nogueira, que também diz se inspirar em grandes escritores da literatura brasileira e portuguesa, como Machado de Assis e Eça de Queiroz.
Para o autor, escutar os personagens falando dessa forma ajuda o público a mergulhar na época da trama de modo profundo e agradável. Compartilhou-lhe o sentimento Jayme Monjardim, que também explica que a estética delicada da novela foi pensada para casar com o texto. “É uma novela que se passa no fim dos anos 1920, então tudo foi pensado para que o público entrasse junto com a gente nesse túnel do tempo. Acho que isso é importante para que o telespectador consiga se sentir em outra época”, diz.
(Guilherme Machado. UOL. https://tvefamosos.uol.com.br. 15.11.2017. Adaptado)