A Escola ABC solicitou o trabalho de uma psicóloga, pois
a instituição passa por algumas dificuldades relativas à resistência
às mudanças necessárias à melhoria institucional, pois os
empregados estão pouco estimulados para o trabalho, sem
iniciativa, com dificuldades de relacionamento com a
coordenação, havendo nítido distanciamento, diferentemente do
que se espera em um ambiente pequeno e familiar de uma creche.
A ABC é, desde 1974, uma entidade sem fins lucrativos,
assistindo 150 filhos de trabalhadoras, na faixa de dois meses a
seis anos de idade, em regime de semi-internato. Com 15
empregados efetivos, as atividades inteiramente voluntárias são
administradas por uma diretoria nomeada pelo prefeito da cidade.
Os empregados reconhecem a importância que a escola tem para
a cidade e para as mães, que trabalham fora e não têm com quem
deixar os filhos. Relatam a dificuldade de relacionamento com a
atual coordenadora da instituição, que faz uso de um tipo de poder
persecutório, com postura diretiva e autoritária, centralizadora,
apenas raramente compartilhando as decisões com alguns
colaboradores. Para a maioria, o clima entre as pessoas pode ser
bem descontraído em alguns momentos e bastante tenso em
outros, devido às influências externas, como a mudança de
diretoria a cada nova candidatura, alterando inclusive as diretrizes
da escola. Os empregados se dizem totalmente desestimulados,
principalmente pela forma de interação, muito superficial e fria,
nessa instituição onde deveria imperar um ambiente mais familiar,
em que os empregados estão em contato direto e intenso. Além
disso, acham que a instituição não investe no desenvolvimento
profissional e pessoal dos colaboradores ou na melhoria das
relações, ocorrendo, atualmente, rixas entre eles, boatos e falta de
organização no trabalho. Segundo a coordenação, os empregados
boicotam as alterações em prol da melhoria do ensino e do
cuidado infantil na instituição.