Questões de Concurso Público Colégio Pedro II 2019 para Psicólogo
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O tema do fracasso escolar, entendido como repetência, evasão escolar ou distúrbio de aprendizagem, vem sendo amplamente debatido nos campos da Psicologia e da Educação. O fracasso escolar, na contingência de nossa temporalidade, desafia tanto psicólogos quanto educadores que tentam dizer algo sobre o seu funcionamento. A psicanalista Ruth Cohen publicou diversos trabalhos sobre o tema, a fim de elucidar a lógica do fracasso escolar em uma perspectiva multidisciplinar.
Para a pesquisadora, o fracasso escolar deve ser entendido como
Para Harper et al. (2000), a escola não pode ser pensada como uma categoria abstrata, portadora de uma natureza imutável. A escola não pode ser lograda fora da compreensão de algo mais abrangente que ela: a sociedade mesma na qual está inserida. Desse modo, a escola não pode ser concebida desagarrada do contexto histórico-social, econômico e político da sociedade.
HARPER, B. et al. Cuidado, escola!: desigualdade, domesticação e algumas saídas. São Paulo: Brasiliense, 2000.
Assinale a alternativa que está em DESACORDO com a concepção de escola defendida pelos autores.
Atualmente, verifica-se um aumento do número de diagnósticos médicos e de subsequente ingestão de medicação por crianças e jovens em idade escolar. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno desafiador opositivo, transtorno obsessivo compulsivo e mesmo obesidade e dislexia constituem uma parte substancial das patologias ou distúrbios que ocupam as salas de aula das nossas escolas. A emergência desses diagnósticos de significado expressivo no universo da saúde pública – que, em certos casos, podem considerar-se mais ou menos nebulosos, pois, não raras vezes, revelam desinformação generalizada, quer do ponto de vista dos discursos, quer do ponto de vista das práticas a eles associada – tende a estar, efetivamente, relacionada com a ideia de uma crescente medicalização da educação e da sociedade.
PAIS, S. C.; MENEZES, I.; NUNES, J. A. Saúde e escola: reflexões em torno da medicalização da educação, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 15 jul. 2019.
Pensando na problemática da medicalização, tratada no fragmento acima, analise as afirmativas a seguir:
I. O campo da educação se configura como um primeiro lugar em que emerge um olhar mais atento
para potenciais problemas que as crianças e jovens possam estar enfrentando. Por isso, os
profissionais da educação precisam estar familiarizados com o discurso médico, já que, com base
em um diagnóstico bem estabelecido, qualquer comportamento inesperado da criança é justificado
pela doença que ela apresenta. A localização de um problema na criança não é capaz de produzir
efeitos excludentes no seu processo de ensino e aprendizagem.
II. A educação produz uma atuação inclusiva e de remediação dos problemas de aprendizagem, ao acionar o saber médico ali onde o ensino fracassou.
III. O fenômeno da medicalização no discurso escolar acaba por reforçar potenciais fragilidades vivenciadas pelas crianças e suas famílias, aumentando a dimensão segregadora do espaço escolar, além de provocar uma desresponsabilização da instituição escolar.
Assinale a alternativa que indica a(s) afirmativa(s) que corresponde(m) à visão dos autores sobre a questão.
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) é considerado referência para a prática clínica no campo da saúde mental e da psicologia. Assim, é fundamental acompanhar as modificações e evoluções dos critérios diagnósticos apresentados por esse manual.
Analise as afirmativas a seguir no que diz respeito às modificações ocorridas do DSM-IV para o DSM-5:
I. Os transtornos da comunicação, que foram denominados no DSM-IV de transtorno fonológico e
tartamudez, não incluem o transtorno da linguagem; foi excluído também o transtorno da
comunicação social (pragmática).
II. O transtorno de Asperger e o transtorno autista (autismo), descritos no DSM-IV, são agora no DSM5 englobados no transtorno do espectro autista.
III. O transtorno específico da aprendizagem combina os diagnósticos do DSM-IV de transtorno da leitura, transtorno da matemática, transtorno da expressão escrita e transtorno da aprendizagem sem outra especificação.
Estão corretas
Jean Oury, médico psiquiatra e psicanalista francês, trouxe importantes contribuições para a prática nas instituições psiquiátricas por meio da psicanálise. Dentre essas, elaborou a noção de coletivo, que implica uma lógica que permite preservar uma dimensão singular dos sujeitos, mesmo estando estes inseridos em uma organização. Segundo Geoffroy e Alberti (2015), tal conceito é essencial para a prática da psicologia na escola, podendo facilitar a emergência do sujeito, resistindo à lógica frequentemente observada nas instituições escolares de normatização e consequente produção de crianças desadaptadas. O coletivo, portanto, “implica na função de colocar em funcionamento alguma coisa que, num meio amorfo, praticamente inerte e muito misturado, possibilite algum tipo de distinção” (Cavalcanti, 1992, p. 197).
GEOFFROY, R.; ALBERTI, S. Contribuições de Jean Oury para verificar uma possível emergência do sujeito na escola. Estilos da Clínica, v. 20, n. 2, 2015.
CAVALCANTI, M. T. O tear das cinzas. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Rio de Janeiro: UFRJ, 1992.
A função mencionada no texto, concernida ao coletivo, a qual possibilita a distinção entre diferentes registros e patamares, é compreendida por Oury como