Questões de Concurso Público INES 2014 para Assistente em Administração

Foram encontradas 50 questões

Q721060 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
Considerando o tema e a sua abordagem nos dois textos acima, chega-se à seguinte conclusão:
Alternativas
Q721061 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
Tendo em vista o desenvolvimento do tema, o recurso da citação é empregado, logo no início do texto I, para:
Alternativas
Q721062 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
Segundo dados transmitidos pelo primeiro texto, colhidos em pesquisas e entrevistas, a exposição excessiva da vida pessoal nas redes sociais revela:
Alternativas
Q721063 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 

Os dados abaixo fazem parte do texto I, publicado pela revista Isto é:

Imagem associada para resolução da questão

Conforme é possível concluir apenas por meio da análise do texto acima:

Alternativas
Q721064 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
Segundo o terceiro parágrafo do texto II, está havendo uma inversão entre:
Alternativas
Q721065 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
Dos trechos abaixo, o que resume com melhor propriedade as principais ideias defendidas ao longo do texto é:
Alternativas
Q721066 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
A opção em que as palavras apresentadas possuem o mesmo fonema consonantal é:
Alternativas
Q721067 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
» Já que os professores não se manifestaram contra, a rede Wi-Fi continuará aberta. » Segundo informou a revista, o exibicionismo digital tem causado problemas na vida das pessoas. » Encerrada a reunião, iremos diretamente para a colação de grau. » Sem me consultar, você não está autorizado a sair de casa.


As circunstâncias expressas pelas orações destacadas acima são, na seqüência:  
Alternativas
Q721068 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum. A opção em que a oração destacada exerce a mesma função sintática que o destacado acima é:
Alternativas
Q721069 Português
Texto I
A era do exibicionismo digital
O que leva cada vez mais pessoas a abrir mão de sua privacidade e divulgar detalhes da sua intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos

        "Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"
        O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos.
            [...]
Tudo o que é postado na rede deixa uma espécie de rastro virtual e pode colocar em risco a privacidade do usuário. “As redes sociais montam um banco de dados de tudo o que fazemos e as empresas vêm se aperfeiçoando nas tecnologias de monitoramento, por isso é fundamental pensar em formas de se proteger durante a navegação”, diz Silveira. Existem diversos riscos implícitos no simples ato de publicar uma informação pessoal na rede. Sem perceber, os usuários acabam divulgando detalhes importantes acerca de sua rotina. “Não é recomendável publicar que estamos saindo de férias, que a casa ou o apartamento ficará sem ninguém”, afirma a especialista na área digital Fernanda Leonardi. “Também não é aconselhável postar fotos com crianças com roupas de praia. As imagens podem ser facilmente usadas por sites de pornografia infantil.” Além disso, o retrato ou o comentário considerado engraçado hoje pode se tornar um problema amanhã. Várias empresas olham o conteúdo do que os aspirantes a um emprego colocam na internet e, dependendo do que está exposto, eles podem perder a vaga. Outro componente importante é o cyberbullying. “As pessoas que publicam fotos com frequência tornam a sua imagem pública e ficam vulneráveis”, alerta a psicóloga Ana Luiza. “Muitos usuários perdem o controle sobre a sua imagem e não estão preparados para administrar as consequências de uma agressão que pode vir de um anônimo ou não.”
            [...]
Revista Isto é, dez. 2013, p.61-65. 


Texto II
Medialidade: império e religião dos meios
internet surge não só como revolução, mas como nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio
        Uma das características fundamentais de nossa época é o triunfo do que podemos chamar de medialidade sobre o todo da experiência vivida. Dos circuitos especializados ao senso comum, o que chamam de “mídia” nada mais é do que a instituição que administra a medialidade, instituindo o que podemos chamar de império dos meios. Esse império, contudo, não é apenas político e econômico, mas também religioso. Nesse caso, não é de espantar que donos de igrejas sejam donos de redes de televisão. Mais assustador, no entanto, é que qualquer imagem bem colocada, com a retórica e o teatro convenientes, tenha o poder de ser o ídolo como “o caminho, a verdade e a vida” para tantas pessoas. Há uma afinidade radical entre estes meios: da igreja à publicidade, as vítimas da medialidade inconsciente são crentes mesmo quando parecem pagãos.
          Medialidade, em um sentido muito básico, é a categoria que serve para explicar nosso convívio com os meios que são o lugar da linguagem: imagem, palavra ou tudo o que, estando entre nós, permite nossas relações uns com os outros e com o mundo. Ela inclui a comunicação e seus meios, considerando que não há comunicação sem meio de comunicação. Seja a palavra falada, que se articula pelo meio da voz, ou a palavra escrita, por meio do texto, ambas são “meios” quase naturais, mais do que apenas “formas” de comunicação. Estando entre nós, meio é, ao mesmo tempo, forma e conteúdo. É tanto o que se diz quando o como se diz. Assim, por exemplo, como a expressão de amor que precisa ser dita de uma forma amorosa para que não surja a contradição entre a forma e o conteúdo. Não posso dizer “eu te amo” fazendo violência à pessoa que digo amar. A pergunta que devemos nos fazer hoje diz respeito ao estatuto dos meios que organizam nossas vidas. Precisamos compreender os meios: desde o livro que lemos à televisão que assistimos. Mas não apenas do ponto de vista do conteúdo. É importante que haja uma compreensão sobre a forma desse meio. Assim, qual a diferença entre ler um livro e ver televisão?


A internet como meio
        Nosso tempo é o de um elogio radical a um meio bastante novo: a internet. Afora suas vantagens como meio, ela se parece hoje com a igreja na qual quem não entra é tratado como ateu, ou seja, como pária ou herege, alguém que não entendeu “a verdade”. Porque a ideia de sociedade como lugar ao qual a internet pertence tem perdido lugar na experiência concreta dos crentes para a ideia de que a sociedade pertence à internet. É uma inversão tipicamente religiosa. Tendo transformado a vida das pessoas a ponto de determiná-las, ela surge não apenas como uma revolução, mas como a nova religião com o autoritarismo que lhe é próprio: quem não acredita no mesmo que eu é herege e, como tal, é o inimigo que deve ser convertido ou eliminado. A internet aparece como transcendência total. A própria vida após a morte, no sentido de uma inversão, pois é na internet que nos tornamos espectros em cuja vida acreditamos hoje muito mais do que em nossa vida concreta, corporal, atual e real.
            Como meio, a internet é boa para todo mundo. Permite pagar uma conta sem sair de casa, acelera a comunicação, transmite dados. Como fim, ela é deturpação da experiência vivida, caminho direto para o céu da comunicação sem fim e sem fronteira. 
Verdade é que ela libera os crentes das dores desse mundo, ou seja, deles mesmos e sua consciência. Permite realizar desejos no campo virtual que nunca seriam no campo do real.
            Usuários despreparados são consumidos por ela no esquecimento do seu caráter de medialidade. É o mesmo problema que temos com os outros meio de comunicação: esquecemos que são meios e começamos a experimentá-los como se fossem fins em si mesmos, mais importantes do que a própria vida concreta neles recalcada.
           Comunicamo-nos uns com os outros, vivemos dos meios. A comunicação resta intocada, bastando-se a si mesma. Nós, os pólos da comunicação, já não temos valor nenhum.
TIBURI, Márcia, in. Revista CULT, ago. 2012. 
A concordância verbal pode ser realizada de duas formas diferentes em:
Alternativas
Q721070 Pedagogia
Nas instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a Língua Brasileira de Sinais deve ser inserida como disciplina curricular:
Alternativas
Q721071 Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei nº 13.146 de 2015
Para efeitos do Decreto n. 5.296 de 02.12.04, considera-se deficiência auditiva:
Alternativas
Q721072 Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei nº 13.146 de 2015
O Programa Nacional de Acessibilidade, sob a coordenação _________________________________, por intermédio ___________________________, integrará os planos plurianuais, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais. Preenche corretamente as lacunas:
Alternativas
Q721073 Administração Financeira e Orçamentária
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: A autonomia _______________________________ dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público que tenha por objeto________________________ para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: o prazo de duração do contrato; ______________________________________, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; a remuneração de pessoal.
Alternativas
Q721074 Direito da Criança e do Adolescente - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei nº 8.069 de 1990
Nos termos da Constituição Federal/88, o dever do Estado com a educação será efetivado mediante as seguintes garantias, exceto:
Alternativas
Q721075 Direito Constitucional
As afirmativas a seguir estão corretas, exceto:
Alternativas
Q721076 Atendimento ao Público
Sobre atendimento ao cidadão, analise as afirmativas a seguir: I - No atendimento aos os cidadãos, as ações deverão ser orientadas por práticas como a de evitar informações conflitantes; a maximização da burocracia, a análise de reclamações. II - Várias são as ações que imprimem qualidade ao atendimento ao cidadão, dentre as quais podemos citar: identificar as necessidades dos usuários; cuidar da comunicação; imprimir qualidade à relação atendente/usuário, acatar as boas sugestões. III - Dentre o conjunto de ações referente ao atendimento podemos ressaltar a empatia como um fator crucial para a excelência no atendimento ao público. IV - Arrogância, desonestidade, impaciência, desrespeito, exibição de poder tornam o atendente intolerável, na percepção do usuário. Estão corretas apenas as afirmativas:
Alternativas
Q721077 Ética na Administração Pública
De acordo com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, é vedado ao servidor público, exceto:
Alternativas
Q721078 Direito Administrativo
Sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é incorreto afirmar:
Alternativas
Q721079 Direito Administrativo
Sobre os direitos dos Servidores Públicos Federais é incorreto afirmar:
Alternativas
Respostas
1: D
2: E
3: B
4: D
5: A
6: C
7: E
8: B
9: A
10: C
11: A
12: C
13: B
14: B
15: E
16: D
17: A
18: E
19: C
20: B