Analise o emprego dos parênteses nos seguintes períodos: • ...
Texto I
O apocalipse digital
O problema não são os equipamentos eletrônicos. O problema é que criamos
diante da correspondência digital uma atitude ansiosa e passiva.
Deu no jornal que o primeiro‐ministro da Bélgica, Elio Di Rupo, interrompeu um discurso que fazia no Parlamento para atender e responder a uma mensagem pelo celular. A discussão na imprensa (e entre as pessoas que leram a notícia) acabou tendendo na direção do “apocalipse digital”. É algo mais previsto e mais anunciado do que o fim do mundo pelo Calendário Maia. O apocalipse digital, segundo os seus profetas, é um processo acelerado de despersonalização das relações humanas face a face, que serão substituídas pelas engenhocas eletrônicas: computadores, notebooks, palmtops, smartphones, tablets etc. As pessoas só falarão umas com as outras por meio desses aparelhos.
Ninguém vai mais sair de casa para visitar os amigos: ficarão conversando pelo Messenger ou pelo Skype. E um dos primeiros sinais disso é que qualquer conversa face a face é interrompida se o aparelho de alguém tocar. O aparelho tem sempre prioridade, como comprovou o ministro belga.
Eu detestaria viver num mundo onde as pessoas não saíssem mais juntas, não conversassem olhando para o rosto da outra, e tudo o mais. Sinto falta (por exemplo) do tempo em que alguns amigos passeavam juntos, conversando. Lembram‐se disso? É excêntrico, mas se praticava bastante. As pessoas se encontravam e saíam andando pela calçada, conversando sobre qualquer assunto, e percorrendo cinco, dez, 15 ou 20 quarteirões até chegarem ao lugar para onde se dirigiam, ou então até avistarem por acaso um café simpático ou uma praça acolhedora e fazerem ali uma parada. Hoje ninguém caminha mais.
Todo mundo vai de carro até para uma distância de dois quarteirões. Se você disser que quer caminhar de uma ponta à outra da Avenida Paulista ou da Rio Branco, vão dizer que você não está regulando bem. Quem vai dizer isso são pessoas que andam 50 minutos de carro até uma academia, onde pagam uma nota preta para ficar andando numa esteira que não sai do lugar.
O ministro belga calaria os críticos se provasse que o torpedo recebido durante o discurso era de um assessor ou secretário enviando‐lhe uma informação essencial para aquele pronunciamento público. Só isso (no meu entender) o redimiria; mas é bem capaz de ter sido a mulher dele perguntando: “Vai dar tempo de irmos à ópera hoje?”, ou algo assim.
O problema não são os equipamentos eletrônicos. O problema é que criamos diante da correspondência digital uma atitude ansiosa (“preciso urgentemente saber que recado é este”) e passiva (“se a mensagem chegou, tenho de obedecer, tenho de olhar”).
(Braulio Tavares. Disponível em: http://www.cartafundamental.com.br/single/show/80. Publicado em: Nov./2013. Adaptado.)
Analise o emprego dos parênteses nos seguintes períodos:
• “A discussão na imprensa (e entre as pessoas que leram a notícia) acabou tendendo na direção do ‘apocalipse digital’.” (1º§)
• “Sinto falta (por exemplo) do tempo em que alguns amigos passeavam juntos, conversando.” (3º§)
• “Só isso (no meu entender) o redimiria [...]” (5º§)
É correto afirmar que os parênteses
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Gabarito comentado
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Alternativa correta: C
Vamos entender por que a alternativa correta é a letra C.
Os parênteses são utilizados no texto para adicionar informações suplementares que poderiam ser omitidas sem comprometer o entendimento da frase. Essas informações podem ser substituídas por vírgulas ou travessões sem alterar o sentido original da frase.
Veja os exemplos do texto:
• “A discussão na imprensa (e entre as pessoas que leram a notícia) acabou tendendo na direção do ‘apocalipse digital’.”
• “Sinto falta (por exemplo) do tempo em que alguns amigos passeavam juntos, conversando.”
• “Só isso (no meu entender) o redimiria [...].”
Em todos os casos, a informação dentro dos parênteses pode ser substituída por vírgulas ou travessões:
• “A discussão na imprensa, e entre as pessoas que leram a notícia, acabou tendendo na direção do ‘apocalipse digital’.”
• “Sinto falta, por exemplo, do tempo em que alguns amigos passeavam juntos, conversando.”
• “Só isso, no meu entender, o redimiria [...].”
Agora, vejamos por que as outras alternativas estão incorretas:
Alternativa A - separam apostos: Um aposto é uma expressão que explica ou especifica um substantivo. Embora os parênteses possam conter informações adicionais, eles não estão sendo usados especificamente para separar apostos no texto.
Alternativa B - separam expressões retificativas: Expressões retificativas são usadas para corrigir ou retificar o que foi dito anteriormente. No texto, os parênteses não estão sendo usados para corrigir informações, mas sim para adicionar informações adicionais.
Alternativa D - não podem ser substituídos por nenhum outro sinal de pontuação: Como vimos, as informações entre parênteses podem ser substituídas por vírgulas ou travessões sem alterar o sentido da frase, o que torna essa alternativa incorreta.
Portanto, a alternativa correta é a C, pois os parênteses podem ser substituídos por vírgulas ou travessões.
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Comentários
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“Sinto falta (por exemplo) do tempo em que alguns amigos passeavam juntos, conversando.” (3º§)
No caso seria: “Sinto falta, por exemplo,do tempo em que alguns amigos passeavam juntos, conversando.” (3º§) ?
A e B estão incorretas porque apostos e expressões retificativas SEMPRE serão separadas por vírgulas e não por parênteses.
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