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Q1826621 Português
    É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser estabelecidos no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos. E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade, que nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo — incessante e infinito: nosso vir a ser e o vir a ser do nosso “mundo da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estreita e inseparavelmente, entrançados e entrelaçados, e compartilhando nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para o melhor e para o pior, desde o momento de nossa concepção simultânea até que a morte nos separe.
    O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em um ânimofilosófico, ou “os fatos da questão” quando seguimos obedientemente as instâncias da doxa, é tecido de palavras. Nenhuma outra realidade nos é acessível: não acessamos o passado “como ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke celebremente conclamou (instruiu) seus colegas historiadores do século XIX a recuperar. Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kundera salienta que a biografia — qualquer biografia que tente ser o que seu nome sugere — é, e não poderia deixar de ser, uma lógica artificial inventada, imposta retrospectivamente a uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memória de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição às presunções do senso comum, o passado compartilha com o futuro a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/evadindo-se obstinadamente, como ambos o fazem, das redes tecidas de palavras movidas pela lógica. Não obstante, essa irrealidade é a única realidade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”. 

Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da
literatura. Zahar. Edição do Kindle (com adaptações).

Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguísticos do texto precedente.
No trecho “É o discurso que nos liberta” (primeiro parágrafo), o termo “nos” desempenha a função de complemento indireto de “liberta”. 
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Acredito que o "nos" seja OD, pois quem liberta, liberta alguém

Liberta ➞ VTD | Nos ➞ OD

E não objeto indireto, portanto gabarito errado.

NOS - OB. DIR

"LIBERTA NÓS"

Gab-- ERRADO

GABARITO: ERRADO.

➥ Pessoal, quem liberta, liberta alguém. Veja que o verbo é transitivo DIRETO. Só por isso a gente sabe que ele exige um complemento direto, e não INdireto, como diz a assertiva, logo gabarito errado.

Para perceber isso, faça a troca:

“É o discurso que nos liberta” → “É o discurso que liberta a gente

➥ Fazendo esta troca, você perceberá se o complemento é DIRETO ou INDIRETO.

Outros exemplos:

  • "Eu me amo, por isso não posso viver sem mim" → Veja que você pode falar: "Eu amo eu". Quem ama, ama alguém. O "me" exerce função sintática de objeto direto, nesta frase.
  • "Você só nos ajuda por interesse" → Veja que você pode falar: "Você só ajuda a gente por interesse". Quem ajuda, ajuda alguém. O "nos" exerce função sintática de objeto direto, nesta frase.
  • "Ofereceram-nos vinho e comida → "Eles oferecem comida e vinho a nós." → Aqui o "nos" exerce função de objeto INdireto, pois quem oferece, oferece algo (vinho e comida) A alguém (a nós).

➥ Lembrando que não estamos olhando se a frase é correta do ponto de vista gramatical. Dizer "eu amo eu", por exemplo, é errado, visto que pronomes do caso reto não podem ser objeto direto. A gente só faz isso para perceber que o "me" exerce função sintática de objeto direto na frase.

 

➥ É legal você ter esta sacada, pois bancas como a FCC (principalmente), a VUNESP e a FGV jogam frases como: "Muitas coisas irrelevantes influem na relação do casal e a prejudica" e pedem para você analisar se a concordância está correta.

Veja que você pode falar: ""Muitas coisas irrelevantes influem na relação do casal e [muitas coisas irrelevantes] prejudicam ela (a relação)".

➥ O verbo, aqui, se refere ao sujeito "muitas coisas irrelevantes" e, por isso, deve ficar no plural, para concordar com o sujeito, logo esta concordância que o examinador fez na primeira frase está errada.

➥ Lembrando que o pronome "a", nesta frase, possui função sintática de objeto direto.

 

Espero ter ajudado.

Bons estudos! :)

❌Errada.

O verbo libertar estar sendo utilizado com OBJETO DIRETO.

Exercem função de O.D e O.I = Me, te, nos, vos...

Exercem função de O.D = o, a os, as.

Exercem função de O.I = Lhes, lhe.

Fonte: Baseada nas aulas do prof: Elias Santana, Gran Cursos.

CONTINUAR NO TREINO ESTÁ VALENDO A PENA!!❤️✍

Complemento :

Os pronomes oblíquos átomos : me ,te , nos , vos ( podem exercer funções de objeto direto e indireto )

Neste caso ,ele esta exercendo função de objeto direto .

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