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Q1826626 Português
    É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser estabelecidos no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos. E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade, que nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo — incessante e infinito: nosso vir a ser e o vir a ser do nosso “mundo da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estreita e inseparavelmente, entrançados e entrelaçados, e compartilhando nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para o melhor e para o pior, desde o momento de nossa concepção simultânea até que a morte nos separe.
    O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em um ânimofilosófico, ou “os fatos da questão” quando seguimos obedientemente as instâncias da doxa, é tecido de palavras. Nenhuma outra realidade nos é acessível: não acessamos o passado “como ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke celebremente conclamou (instruiu) seus colegas historiadores do século XIX a recuperar. Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kundera salienta que a biografia — qualquer biografia que tente ser o que seu nome sugere — é, e não poderia deixar de ser, uma lógica artificial inventada, imposta retrospectivamente a uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memória de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição às presunções do senso comum, o passado compartilha com o futuro a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/evadindo-se obstinadamente, como ambos o fazem, das redes tecidas de palavras movidas pela lógica. Não obstante, essa irrealidade é a única realidade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”. 

Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da
literatura. Zahar. Edição do Kindle (com adaptações).

Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguísticos do texto precedente.


No terceiro período do segundo parágrafo, o termo “Milan Kundera” funciona como aposto, uma vez que especifica o termo “um velho”. 

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Comentários

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Milan Kundera é sujeito do verbo salienta

Pergunte sempre ao verbo: quem salienta?

Gab: E

Milan Kundera salienta que a biografia

quem salienta ? Milan

ou seja, essa mulher é o sujeito e não aposto

que Deus te abençoe e nos guarde

Aprovado em ACS 2021

Leia-se o fragmento textual:

"Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kundera salienta que a biografia."

Não é tarefa laboriosa notar que o substantivo próprio Milan Kundera exerce a função sintática de sujeito da forma verbal "salienta", e não de aposto. De mais a mais, para que fosse aposto, especialmente o explicativo, deveria estar absolutamente isolado por vírgula ou travessão. Note que Milan Kundera não se encontra de todo isolado, de modo que jamais poderia ser aposto explicativo.

Errado.

Para Analista Cespe cobra troca de palavras sinônimas que nem o pessoal da Academia Brasileira de Letras saberiam,

já para concurso de Promotor cai questões assim... Legal né?

Gabarito E

Milan Kundera funciona como sujeito ativo da oração, podendo ser confirmado pelo próprio trecho

(...)Milan Kundera salienta que a biografia (...).

Logo, não funciona como aposto.

Portanto, gabarito E.

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