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Q1826628 Português
    É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser estabelecidos no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos. E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade, que nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo — incessante e infinito: nosso vir a ser e o vir a ser do nosso “mundo da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estreita e inseparavelmente, entrançados e entrelaçados, e compartilhando nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para o melhor e para o pior, desde o momento de nossa concepção simultânea até que a morte nos separe.
    O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em um ânimofilosófico, ou “os fatos da questão” quando seguimos obedientemente as instâncias da doxa, é tecido de palavras. Nenhuma outra realidade nos é acessível: não acessamos o passado “como ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke celebremente conclamou (instruiu) seus colegas historiadores do século XIX a recuperar. Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kundera salienta que a biografia — qualquer biografia que tente ser o que seu nome sugere — é, e não poderia deixar de ser, uma lógica artificial inventada, imposta retrospectivamente a uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memória de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição às presunções do senso comum, o passado compartilha com o futuro a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/evadindo-se obstinadamente, como ambos o fazem, das redes tecidas de palavras movidas pela lógica. Não obstante, essa irrealidade é a única realidade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”. 

Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da
literatura. Zahar. Edição do Kindle (com adaptações).

Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguísticos do texto precedente.


No trecho “Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos” (primeiro parágrafo), é obrigatório o emprego da forma pronominal “nos” antes da forma verbal “faz”.

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Gab: C

Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos

Fator atrativo: próclise obrigatória

GABARITO CERTO

PRÓCLISE (pronome ANTES do verbo)

É obrigatória quando houver palavra que atraia o pronome para antes do verbo. As palavras que atraem o pronome são:

1) Palavras de sentido negativo. Ex.: Nunca me deixaram falar.

2) Advérbios. Ex.: Sempre me lembro deles.

3) Pronomes indefinidos e demonstrativos neutros. Ex.: Tudo se acaba / Isso te pertence.

4) Conjunções subordinativas. Ex.: Quando nos viu, chorou.

5) Pronomes relativos. Ex.: Há certas pessoas que nos querem bem.

6)locução conjuntiva: Moral é aquilo que te faz sentir bem depois de ter o feito.

''que'' pronome relativo, ou seja é um atrativo para próclise

pronome fica antes.

bora venceeeer

Leia-se o fragmento textual:

"Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos."

Salvo em casos excepcionais, como diante de infinitivos, a partícula "que" sempre requererá o pronome oblíquo átono (me, te, se, lhe, o, a, etc.) para perto de si, em posição proclítica. No caso em análise, é-nos imperioso assegurar que o pronome oblíquo "nos" só poderá alojar-se antes do verbo. Se for posto após, haverá um solecismo de colocação pronominal.

Certo.

PRÓCLISE (pronome ANTES do verbo)

Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos

Fator atrativo próclise obrigatória.

É obrigatória quando houver palavra que atraia o pronome para antes do verbo. As palavras que atraem o pronome são:

1) Palavras de sentido negativo. Ex.: Nunca me deixaram falar.

2) Advérbios. Ex.: Sempre me lembro deles.

3) Pronomes indefinidos e demonstrativos neutros. Ex.: Tudo se acaba / Isso te pertence.

4) Conjunções subordinativas. Ex.: Quando nos viu, chorou.

5) Pronomes relativos. Ex.: Há certas pessoas que nos querem bem.

6)locução conjuntiva: Moral é aquilo que te faz sentir bem depois de ter o feito.

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