Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguíst...

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Q1826629 Português
    É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser estabelecidos no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos. E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade, que nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo — incessante e infinito: nosso vir a ser e o vir a ser do nosso “mundo da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estreita e inseparavelmente, entrançados e entrelaçados, e compartilhando nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para o melhor e para o pior, desde o momento de nossa concepção simultânea até que a morte nos separe.
    O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em um ânimofilosófico, ou “os fatos da questão” quando seguimos obedientemente as instâncias da doxa, é tecido de palavras. Nenhuma outra realidade nos é acessível: não acessamos o passado “como ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke celebremente conclamou (instruiu) seus colegas historiadores do século XIX a recuperar. Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito de um velho, Milan Kundera salienta que a biografia — qualquer biografia que tente ser o que seu nome sugere — é, e não poderia deixar de ser, uma lógica artificial inventada, imposta retrospectivamente a uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memória de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição às presunções do senso comum, o passado compartilha com o futuro a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/evadindo-se obstinadamente, como ambos o fazem, das redes tecidas de palavras movidas pela lógica. Não obstante, essa irrealidade é a única realidade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”. 

Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da
literatura. Zahar. Edição do Kindle (com adaptações).

Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguísticos do texto precedente.


A locução conjuntiva “Não obstante” (último período do segundo parágrafo) tem valor adversativo no texto.

Alternativas

Gabarito comentado

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A expressão "Não obstante" introduz uma ideia adversativa no texto, funcionando como uma conjunção que contrapõe o que foi dito anteriormente. Em outras palavras, ela é utilizada para apresentar um ponto de vista ou fato que se opõe ou contrasta com uma declaração prévia.

O uso da expressão é semelhante ao de outras conjunções adversativas como "mas", "porém", "contudo", entre outras. Essas palavras ou locuções são empregadas para indicar uma ressalva ou uma restrição ao que foi mencionado.

Portanto, no contexto do texto, "Não obstante" serve para destacar que, apesar da irrealidade do passado e do futuro, esta irrealidade é a única realidade que conseguimos captar e possuir. Assim, confirma-se que a locução conjuntiva tem valor adversativo no texto em questão.

Gabarito: C

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Comentários

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Gab: C

Não obstante pode ser adversativo ou concessivo 

Não obstante, essa irrealidade é a única realidade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso como o peixe na água”.

Quando o verbo se encontra no modo indicativo, o não obstante é considerado adversativo. (mas, porém, contudo...)

Quando é de valor concessivo, o verbo fica no modo subjuntivo. (embora, ainda que, mesmo que. conquanto...)

Assertiva C

A locução conjuntiva “Não obstante” tem valor adversativo no texto.

nao obstante- adversativo ou concessivo

bora vencer meu fi !

a luta so termina depois de vencer !

Gabarito: CERTO

Dica!

  • Não obstante diante de verbos no INDICATIVO - Valor ADVERSATIVO.
  • Não obstante diante de verbos no SUBJUNTIVO - Valor CONCESSIVO.

Canal de Questões Inéditas → https://t.me/qinedita

Dica!

  • Não obstante diante de verbos no INDICATIVO - Valor ADVERSATIVO.
  • Não obstante diante de verbos no SUBJUNTIVO - Valor CONCESSIVO.

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