Questões de Português - Advérbios para Concurso
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O olhar de mil jardas do gaúcho é de quem não acredita em tudo o que foi obrigado a enfrentar
Por Fabrício Carpinejar
- O olhar do gaúcho mudou depois de maio. Pois ______ um outro olhar antes de maio. Não
- se nota mais aquela nossa confiança do inesperado, aquela nossa esperança curiosa, aquele
- nosso brilho da atenção, aquele nosso humor implicante.
- Talvez seja o que o escritor Salman Rushdie concluiu a respeito de Nova York, com o
- ataque terrorista .... torres gêmeas em 11 de setembro de 2001: todo mundo, na cidade, tentava
- lembrar como era a sua vida em 10 de setembro.
- Ao falar com as pessoas no meu Rio Grande, parecia que elas me escutavam e não me
- registravam. Tampouco eu .... registrava. Fazíamos uma conversa sem memória presente. Como
- se toda a memória já estivesse abarrotada, ocupada de cenas violentas, de enchente e despejo,
- de gritos e resgates, de socorros e sustos. Como se não ______ mais espaço na memória para
- acrescentar novos fatos, novos acontecimentos. Você está ali, mas não consegue estar
- inteiramente ali. Existe uma dispersão estranha, fixa, fantasmagórica.
- Não diria que é um olhar vazio, mas um olhar cheio, nublado, turvo. Um olhar
- traumatizado pelos impactos e consequências do maior desastre ambiental da história do país.
- Procurava definir o olhar. Recordava algo que tinha folheado nos livros de arte.
- E o promotor de Justiça Diego Pessi me deu a senha: disse que experimentamos um ângulo
- de visão de “mil jardas”. Veio-me à mente de imediato o quadro de Thomas Lea, de 1944, That
- 2,000-Yard Stare (O Olhar de Duas Mil Jardas), que retrata um fuzileiro naval atônito, na Batalha
- de Peleliu, durante a Segunda Guerra Mundial.
- O combatente ______ um olhar arregalado, desligado do que vem ocorrendo ao seu lado,
- em meio a caças atirando e canhões respondendo, em meio a explosões e colegas feridos. Ele
- fica temporariamente insensível para se proteger do horror.
- A pintura icônica, que foi capa da revista Life, cunhou a expressão “olhar de mil jardas”.
- A jarda corresponde a noventa e um centímetros. A Inglaterra e os Estados Unidos,
- diferentemente do Brasil, utilizam-na como medida de comprimento. Essa aferição consiste na
- distância entre o nariz e a ponta do polegar, com o braço esticado. Nos jogos de futebol
- americano, a jarda serve para o juiz marcar a distância entre a bola e a barreira, a partir da sua
- contagem por passos.
- O olhar de mil jardas ou de quase mil metros é, portanto, uma mirada distante, com um
- traço de dissociação que costuma atingir vítimas de acidentes, conflitos armados e catástrofes.
- A tragédia no Rio Grande do Sul, que afetou 458 dos 497 municípios, produziu um lastro
- de destruição sem precedentes, com meio milhão de desabrigados, mais de 150 mortes e
- dezenas de desaparecidos. Estamos anestesiados. Sabemos a gravidade da fatalidade, mas ainda
- não podemos calcular os danos.
- O olhar de mil jardas do gaúcho é de quem não acredita em tudo o que foi obrigado ....
- enfrentar nas últimas semanas. O cérebro congelou, não aguenta mais tanta tristeza.
(Disponível em: gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2024/05/o-olhar-de-mil-jardas-do-gaucho-e-de-quem-nao-acredita-em-tudo-o-que-foi-obrigado-a-enfrentar.html – texto adaptado especialmente para esta prova).
Considerando o fragmento “Não diria que é um olhar vazio”, retirado do texto, assinale a alternativa que classifica corretamente o vocábulo sublinhado.
Disponível em: <http://amazoniaprotege.mpf.mp.br/campanha/>. Acesso em: 22 abr. 2024.
Assinale a alternativa que classifica morfologicamente os termos “Quem”, “ilegalmente” e “Amazônia”, nessa ordem.
Em "O gato pulou rapidamente sobre a mesa.", a palavra "rapidamente" é um:
Leia o texto para responder às questões de 1 a 6.
Daqui a 25 anos
Perguntaram-me uma vez se eu saberia calcular o Brasil daqui a vinte e cinco anos. Nem daqui a vinte e cinco minutos, quanto mais vinte e cinco anos. Mas a impressão-desejo é a de que num futuro não muito remoto talvez compreendamos que os movimentos caóticos atuais já eram os primeiros passos afinando-se e orquestrando-se para uma situação econômica mais digna de um homem, de uma mulher, de uma criança. E isso porque o povo já tem dado mostras de ter maior maturidade política do que a grande maioria dos políticos, e é quem um dia terminará liderando os líderes. Daqui a vinte e cinco anos o povo terá falado muito mais.
Mas se não sei prever, posso pelo menos desejar. Posso intensamente desejar que o problema mais urgente se resolva: o da fome. Muitíssimo mais depressa, porém, do que em vinte e cinco anos, porque não há mais tempo de esperar: milhares de homens, mulheres e crianças são verdadeiros moribundos ambulantes que tecnicamente deviam estar internados em hospitais para subnutridos. Tal é a miséria, que se justificaria ser decretado estado de prontidão, como diante de calamidade pública. Só que é pior: a fome é a nossa endemia, já está fazendo parte orgânica do corpo e da alma. E, na maioria das vezes, quando se descrevem as características físicas, morais e mentais de um brasileiro, não se nota que na verdade se estão descrevendo os sintomas físicos, morais e mentais da fome. Os líderes que tiverem como meta a solução econômica do problema da comida serão tão abençoados por nós como, em comparação, o mundo abençoará os que descobrirem a cura do câncer.
LISPECTOR, C. 4 descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Considere o excerto a seguir para responder às questões 5 e 6:
“Muitíssimo mais depressa, porém, do que em vinte e cinco anos, porque não há mais tempo de esperar...”
Analise os conjuntos de palavras a seguir, que ocorrem no excerto dado. Assinale a alternativa em que todas as palavras indicadas são advérbios.
Escolas do futuro são escolas 'low tech'
Materiais físicos impulsionam habilidades motoras, criatividade e imaginação
2. mai. 2024 | José Ruy Lozano
Chamou a atenção da imprensa, no ano passado, o fato de que o sistema público1 de educação da Suécia decidiu voltar a usar livros e cadernos físicos2, como material didático obrigatório, no lugar de tablets e lap tops. As razões apresentadas pelos suecos3 são várias, mas passam pela aprendizagem da leitura e pela manutenção da capacidade de concentração dos estudantes4. Em ambos os casos, os materiais físicos apresentam resultados muito melhores.
Os escandinavos não estão sozinhos. Já forma uma longa fileira a lista de países desenvolvidos que ________ [vem/vêm] progressivamente abandonando equipamentos digitais e retornando ao papel e à caneta. As autoridades educacionais desses países baseiam-se em pesquisas científicas recorrentes, que apontam não só a melhoria do rendimento acadêmico como também o desenvolvimento mais adequado de habilidades motoras e o impulso à criatividade e à imaginação, sempre mais bem estimuladas pelo uso de materiais físicos nas escolas.
Não há que se imaginar a escola contemporânea totalmente desconectada do mundo digital. Evidentemente, salas de aulas com computador e conexão à internet, que permitam a exibição de materiais visuais diversos, além de espaços com equipamentos digitais para pesquisa online, mostram-se indispensáveis no mundo de hoje. A tecnologia digital, no entanto, não é fetiche ou panaceia. Ela não só não é capaz de solucionar problemas, como, por vezes, termina por ampliá-los.
Jonathan Haidt, professor da Universidade de Nova York, publicou dados alarmantes em seu novo livro, "The Anxious Generation" (A Geração Ansiosa”), que aborda a deterioração da saúde mental de crianças e adolescentes a partir de 2010. Quadros de depressão, ansiedade, automutilação e suicídio ________ [tem/têm] aumentado dramaticamente desde então. Não à toa, é justamente a partir de 2010 que se dá a generalização do uso das redes sociais, notadamente o Instagram, difundindo-se entre os mais jovens.
Ao largo das pressões negativas do mundo virtual, que captura a atenção dos mais jovens, corrói sua capacidade de concentração e os transforma em objetos manipulados por algoritmos, educadores_________ [tem/têm] reiterado a necessidade da redescoberta das relações de proximidade e do mundo físico. Nas mais renomadas escolas do Vale do Silício, na Califórnia, onde estudam os filhos dos executivos das grandes corporações mundiais de tecnologia, há poucas telas de LED e muitas ferramentas. No lugar do computador, lápis e caneta, mas também martelo, chave de fenda, pincel. A educação "mão na massa", com objetos e materiais físicos, predomina em relação a dispositivos eletrônicos.
Diante da revolução representada pelo Big Data e pelas inteligências artificiais, devemos nos manter firmes como educadores que visam produzir conhecimento, não apenas reproduzir o que está armazenado nas bases de dados de governos e de empresas. Afinal, a educação não é apenas dar acesso a informações, mas principalmente fazer refletir e questionar a partir das informações que acessamos.
José Ruy Lozano - Sociólogo e educador, é autor de livros didáticos e membro da Comunidade Reinventando a Educação (Core).
LOZANO, José Ruy. Escolas do futuro são escolas "low tech”. Folha de São Paulo, 02 de maio de 2024. Disponível em: htips://wwwT folha.uol.com.br/opiniao/2024/05/escolasdo-futuro-sao-escolas-low-tech.shtml. Acesso em: 05 mai. 2024. Adaptado.
No excerto "Não à toa, é justamente a partir de 2010 que se dá a generalização do uso das redes sociais, notadamente o Instagram, difundindo-se entre os mais jovens.”, o advérbio destacado indica que o Instagram.