Questões de Português - Coesão e coerência para Concurso

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Q2499819 Português

INSTRUÇÃO: A questão refere-se ao texto seguinte. 


Se a ciência é feita por humanos e eles falham, como confiar nela?


    Em agosto de 2021, a Agência Federal de Saúde dos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration), postou um tuíte inusitado, mesclando humor e desespero: “Você não é um cavalo. Você não é uma vaca. Sério, pessoal. Parem com isso”. O tuíte trazia o link para uma página da FDA explicando por que não se devia usar ivermectina para o tratamento da COVID-19.
    A razão do apelo era simples: muita gente estava tomando o medicamento de uso veterinário, mesmo com as dezenas de alertas sobre efeitos colaterais em humanos e falta de eficácia comprovada. Verdadeira febre em diversos países, a corrida por esse remédio começou a partir de estudos cheios de vieses e erros metodológicos, tendo sido agravada pelo modo como a ciência é transmitida para a sociedade.
    O caso da ivermectina é apenas um exemplo da pandemia de desinformação que confunde as pessoas e desafia a credibilidade da ciência. O modo como o processo científico opera não costuma ser ensinado nas escolas nem divulgado amplamente nas mídias. Longe da visão clássica do cientista fazendo uma única descoberta que mudará o mundo, os pesquisadores trabalham em equipes que desenvolvem hipóteses, e essas hipóteses são testadas em experimentos que não raro chegam a resultados contraditórios.
    Muitas vezes, só a repetição dos experimentos em contextos diferentes ajuda a formar um consenso científico sobre determinado tema. Além disso, se a hipótese não for corretamente formulada, se os experimentos não forem bem conduzidos, e se as análises forem enviesadas, teremos resultados que não refletem a realidade. Infelizmente, parte da produção científica se constitui de artigos desenvolvidos nesses moldes, o que só aumenta a confusão.
    Cientistas são seres humanos passíveis de cometer erros – algo que é compreendido e analisado no processo científico. E é justamente por isso que resultados submetidos a revistas científicas são primeiramente avaliados por outros cientistas da área. Isso não impede a ocorrência de erros, já que os avaliadores também não são imunes a eles, mas pode funcionar como uma peneira, em maior ou menor grau.
    E aí entra outro complicador: existem revistas científicas que não são motivadas pela qualidade e impacto dos achados, mas pelos lucros financeiros, com pouco ou nenhum escrutínio dos resultados – é a chamada revista predatória. Pesquisadores podem acabar escrevendo para essas revistas por desconhecimento ou de forma proposital, já que as métricas tradicionais de desempenho acadêmico levam em conta a produtividade: quanto mais artigos publicados, mais chances de evolução na carreira.
    Se a avalição do grau de confiabilidade de artigos e revistas científicas já é uma tarefa difícil mesmo para equipes de cientistas íntegros e bem treinados, como garantir que pessoas alheias ao ambiente acadêmico consigam diferenciar artigos bons e ruins? E mais: como garantir que uma questão complexa ou uma decisão de saúde pública não se fundamente em apenas um único artigo?
    Enquanto a ciência é dinâmica e movida pela contestação, as pessoas querem respostas rápidas e simples para perguntas complicadas: ovo faz bem ou faz mal? Qual o melhor remédio para COVID-19? É fácil encontrar respostas pontuais em meio aos milhares de artigos científicos publicados todos os anos, mas o que de fato importa é chegar às explicações mais adequadas com base na análise das melhores evidências disponíveis.
    Não é incomum, porém, que se use a ciência para reforçar um ou outro lado de interesse. É o que chamamos de cherry picking, uma alusão ao ato de colher as cerejas maiores e mais vermelhas, na tentativa de afirmar que todas as cerejas existentes são assim.
    Mostrar apenas as pesquisas que nos interessam e descaracterizar estudos promove pseudociências e fortalece o negacionismo e determinadas agendas políticas, confundindo ainda mais a população. O uso distorcido de evidências interfere em tomadas de decisões governamentais e põe em risco o bem-estar mundial, uma vez que constitui uma ameaça à saúde pública.
    A ciência é a mais eficiente estratégia humana para conhecer o mundo e deve seguir projetando confiança, mesmo reconhecendo que opera num certo grau de incerteza e com inúmeros desafios. Tornar as nuances acadêmicas cada vez mais conhecidas da sociedade ajudará a entender que conclusões definitivas não são simples e que, muito além do apego a um artigo de forma isolada, o apoio e a confiança nos processos científicos nos ajudarão a chegar às melhores respostas e soluções para a humanidade.


(SOLETTI, Rossana. Se a ciência é feita por humanos e eles falham, como confiar nela? Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 jun. 2023. Blog Ciência Fundamental. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/ciencia-fundamental/2023/06/se-a-ciencia-e-feita-por-humanos-e-eles-falham-como-confiarnela.shtml).

Considere estas orações:

I. Os avaliadores não estão imunes a equívocos. II. Os trabalhos científicos são submetidos a uma revista. III. Os avaliadores não são capazes de apontar todos os erros. IV. Os cientistas são seres humanos passíveis de cometer erros. V. Os trabalhos científicos são avaliados por cientistas da área.

Assinale a alternativa em que essas orações se articulam num período cuja redação é clara, correta e coesa.
Alternativas
Q2499257 Português
Tatuapé. O caminho do Tatu

Daniel Munduruku
07 de agosto de 2023

          Uma das mais intrigantes invenções humanas é o metrô. Não digo que seja intrigante para o homem comum, acostumado com os avanços tecnológicos. Penso no homem da floresta, acostumado com o silêncio da mata, com o canto dos pássaros ou com a paciência constante do rio que segue seu fluxo rumo ao mar. Penso nos povos da floresta.
       Os índios sempre ficam encantados com a agilidade do grande tatu metálico. Lembro de mim mesmo quando cheguei a São Paulo. Ficava muito tempo atrás desse tatu, apenas para observar o caminho que ele fazia.
         O tatu da floresta tem uma característica muito interessante: ele corre para sua toca quando se vê acuado pelos seus predadores. É uma forma de escapar ao ataque deles. Mas isso é o instinto de sobrevivência. Quem vive na floresta sabe, bem lá dentro de si, que não pode se permitir andar desatento, pois corre um sério perigo de não ter amanhã.
       O tatu metálico da cidade não tem esse medo. É ele que faz o seu caminho, mostra a direção, rasga os trilhos como quem desbrava. É ele que segue levando pessoas para os seus destinos. Alguns sofrem com a sua chegada, outros sofrem com a sua partida.
        Voltei a pensar no tatu da floresta, que desconhece o próprio destino mas sabe aonde quer chegar.
       Pensei também no tempo de antigamente, quando o Tatuapé era um lugar de caça ao tatu. Índios caçadores entravam em sua mata apenas para saber onde estavam as pegadas do animal. Depois eles ficavam à espreita daquele parente, aguardando pacientemente sua manifestação. Nessa hora — quando o tatu saía da toca — eles o pegavam e faziam um suculento assado que iria alimentar os famintos caçadores.
      Voltei a pensar no tatu da cidade, que não pode servir de alimento, mas é usado como transporte, para a maioria das pessoas poder encontrar o seu próprio alimento. Andando no metrô que seguia rumo ao Tatuapé, fiquei mirando os prédios que ele cortava como se fossem árvores gigantes de concreto. Naquele itinerário eu ia buscando algum resquício das antigas civilizações que habitaram aquele vale. Encontrei apenas urubus que sobrevoavam o trem que, por sua vez, cortava o coração da Mãe Terra como uma lâmina afiada. Vi pombos e pombas voando livremente entre as estações. Vi um gavião que voava indiferente por entre os prédios. Não vi nenhum tatu e isso me fez sentir saudades de um tempo em que a natureza imperava nesse pedaço de São Paulo habitado por índios Puris. Senti saudades de um ontem impossível de se tornar hoje novamente.
       Pensando nisso deixei o trem me levar entre Itaquera e o Anhangabaú. Precisava levar minha alma ao princípio de tudo.

In: Crônicas de São Paulo: um olhar indígena. Callis Editora, 2ª
edição, 2010, pp,15-17.
“algum resquício das antigas civilizações” (7º parágrafo)
Qual das seguintes palavras não poderia substituir, sem alteração de sentido, a palavra destacada?
Alternativas
Q2498958 Português
Consumo sustentável é aquele que utiliza serviços e produtos que respondam às necessidades básicas de toda a população, trazendo melhoria na qualidade de vida, reduzindo o uso de recursos naturais, materiais tóxicos, produção de lixo e a emissão de poluição em todo o ciclo de vida, sem comprometer as gerações futuras (CDS/ONU, 1995). O tratamento dado ao consumo sustentável tem um sentido de prevenção em que é assegurada a garantia de consumo, mas, com modificações importantes nos padrões deste, objetivando minimizar os impactos ambientais de descarte e do uso exagerado dos recursos naturais (CORTEZ e ORTIGOZA, 2007, p. 13).


Uma revisão no estilo de vida se faz necessária, somada à necessidade de se repensar num padrão condizente com o mundo sustentável onde cada ação deve ser efetivada de forma coerente (NALINI, 2004, p. 61-63). O consumo é essencial para a vida humana, visto que cada um de nós é consumidor, não estando o problema no consumo, mas nos padrões e efeitos referente às pressões sobre o meio ambiente. De um lado, o consumo abre oportunidades para o atendimento das necessidades individuais de alimentação, habitação e desenvolvimento humano, mas, necessário se faz uma análise constante da capacidade de suporte do planeta em contrapartida ao consumo contemporâneo (FELDMANN, 2007, p. 78).


Torna-se perceptível que os atuais padrões de consumo estão nas raízes da crise ambiental, em que a crítica ao consumismo passou a ser vista como uma contribuição para a construção de uma sociedade sustentável (PORTILHO, 2005, p. 67) Assim, se a produção deve ser sustentável, o consumo também deve ser, produzindo apenas o que se consome, sem desperdício ou criação de necessidades artificiais de consumo, na afirmativa de que não se pode consumir o que não se produz (MILARÉ, 2004, p. 150). As bases do princípio do desenvolvimento sustentável, conceito consolidado por meio da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente, foram lançadas em 1987, concebidas como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer, contudo, a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades (MILARÉ, 2004, p. 149-150). 



(Disponível em: https://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistaepeqfafibe. Acesso em 27 de fevereiro de 2024.)
No que se refere às relações de sentido estabelecidas pelos elementos coesivos, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Em O consumo é essencial para a vida humana, visto que cada um de nós é consumidor, o elemento coesivo destacado estabelece relação de causa e efeito entre as ideias que compõem esse período.
( ) Se no trecho De um lado, o consumo abre oportunidades para o atendimento das necessidades individuais de alimentação, habitação e desenvolvimento humano, mas, necessário se faz uma análise constante da capacidade de suporte do planeta em contrapartida ao consumo contemporâneo (FELDMANN, 2007, p. 78) o conectivo em destaque fosse substituído por todavia não ocorreria prejuízo de sentido.

( ) Em Assim, se a produção deve ser sustentável, o consumo também deve ser, produzindo apenas o que se consome, o elemento coesivo destacado expressa ideia de conclusão.

( ) Em Consumo sustentável é aquele que utiliza serviços e produtos que respondam às necessidades básicas de toda a população, a substituição dos conectivos sublinhados por em que não comprometeria a construção de sentido.

Assinale a sequência correta.
Alternativas
Q2498834 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão.

TEXTO 01:

Manicômios foram instrumentos de repressão e mercantilização durante a ditadura militar brasileira

Por que, décadas depois, a lógica manicomial ainda é usada como aparato de punição?

Por Lucio Costa

    Durante a ditadura militar brasileira, que se estendeu de 1964 a 1985, o Estado não hesitou em utilizar instituições psiquiátricas como ferramentas de opressão, tortura e até mesmo de ocultação dos rastros de seus opositores. Os presos políticos, nesse período, enfrentaram uma série de horrores dentro dessas instituições.

    Submetidos a violências desumanas, como a eletroconvulsoterapia e o uso de medicamentos à base de escopolamina, também conhecidos como "soro da verdade", eles eram forçados a suportar uma série de torturas dentro desses espaços. Essas práticas, disfarçadas de tratamento terapêutico eram, na verdade, formas de punição.

    Investigações realizadas pela Comissão Estadual da Verdade, no Rio de Janeiro, revelaram que o Hospital Central do Exército foi cenário de inúmeras atrocidades contra aqueles que se opunham ao regime militar. Além das sessões de tortura, o hospital era usado para encobrir as verdadeiras circunstâncias das mortes dos presos políticos, muitas vezes fabricando laudos falsos. 

    O horror não se limitava apenas aos hospitais militares. Em alguns casos, os próprios torturadores estavam inseridos no corpo clínico, como no caso do coronel-médico do exército Carlos Victor Mondaine Maia, conhecido como "Dr. José", responsável por liderar equipes de tortura.

    Denúncias também apontaram para a ocultação de documentos, superlotação, condições insalubres e indivíduos submetidos a castigos físicos e químicos. Muitos eram internados cronicamente, passando o resto de suas vidas em manicômios.

    No Complexo do Juquery, em Franco da Rocha (SP), por exemplo, um levantamento interno revelou mais de 12 mil óbitos entre 1965 e 1989, muitos com paradeiro desconhecido. Incêndios que atingiram parte dos arquivos do hospital tornaram a investigação ainda mais complexa.
    
     Alguns corpos foram enterrados no próprio Juquery, enquanto outros foram encontrados em valas clandestinas, como a de Perus, no Cemitério Dom Bosco, destinada a populações tidas como indigentes. Em investigações recentes, ossadas de desaparecidos políticos foram descobertas.


(Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2024/04/06/manicomiosforam-instrumentos-de-repressao-e-mercantilizacao-durante-aditadura-militar-brasileira)
Os pronomes são importantes elementos de coesão textual, uma vez que permitem ao autor a manutenção temática sem recorrer à repetição desnecessária de palavras ou expressões.
Assinale a alternativa em que o referente do pronome destacado está INCORRETAMENTE sinalizado entre parênteses. 
Alternativas
Q2497649 Português

Texto 1


Em São Paulo, um telefone celular é roubado a cada cinco minutos. Em Londres, o mesmo acontece a cada seis minutos. Foi pensando nisso que o GOOGLE anunciou que o sistema Android terá o “modo ladrão”, que bloqueia o celular no momento em que o aparelho é roubado.

O anúncio foi feito por Dave Burke, vice-presidente de engenharia do Android, durante o evento google i/o 2024, que acontece na Califórnia, nos Estados Unidos.

Segundo Burke, o google estudou o comportamento do crime em vários vídeos de roubos de telefones em bicicletas para desenvolver a nova função.

O modo theft detection lock (bloqueio de detecção de roubo) usa inteligência artificial (ia) para bloquear o celular no momento em que um telefone é arrancado da mão do dono.

A tela do celular fica bloqueada automaticamente e impede que criminosos acessem o dispositivo. A função identifica “movimentos comuns associados ao roubo”, como um solavanco de um telefone sendo arrancado da mão de alguém em movimento.

O “modo ladrão” estará disponível em dispositivos a partir do Android 10 ainda este ano.


(https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/tecnologia/pensando-em-sao-pauloe-londres-google-anuncia-modo-ladrao-para-celulares-android)

A expressão ‘o mesmo’, refere-se a:
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