Questões de Português - Variação Linguística para Concurso

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Ano: 2023 Banca: CEFET-MG Órgão: CEFET-MG Prova: CEFET-MG - 2023 - CEFET-MG - Odontólogo |
Q2198780 Português
O texto “Gauchês, mineirês, carioquês, cearês e outras maravilhas nacionais” a seguir refere-se à questão.

Gauchês, mineirês, carioquês, cearês e outras maravilhas nacionais

Ana Elisa Ribeiro

Outro dia me disseram que eu falo diferente. É que eu estava entre gaúchos e paulistas, então fiquei sendo a diferentona da rodada. Mas aos meus ouvidos, eles pareciam todos diferentes em seus falares. É que tudo depende do referencial, não é isso? Não matei essa aula de Física.

Sempre amei sotaques. Qualquer um e todos. Sempre me intrigou a valoração social que damos a eles, assim sem pensar. É um sentir, um repetir, uma questão social e econômica ali misturada, produzindo às vezes um preconceito, às vezes um deslumbramento meio bobo. Ficava pau da vida quando um colega ou uma amiga passavam duas semanas de férias no Rio de Janeiro e voltavam falando carioquês advanced. “Precisa disso?”, pensava eu irritadinha. E às vezes falavam e explicavam: ah, é que tenho facilidade de pegar sotaque. Hum, sei.

Lembro-me bem da rodinha de discussões de amigos: o sotaque mais bonito é o gaúcho. E depois aqueles clichês engraçados: o português mais perfeito é o de São Luís. Aí alguém corrigia: não, é o de Belém do Pará. Ah, meus sais. O mineiro é o que não é: engolindo as metades das palavras. Um amigo paulista, recentemente, contou da história do gringo que lhe fez a pergunta do século: o que é isso que vocês dizem quando querem passar? Nem sei reproduzir aqui a dúvida do fulano. É que a gente aprende desde cedo, na escolinha, a pedir “licença”, não é mesmo? Mas, na real, o que a gente diz uns aos outros, bem sussurrado e surrado, é um “ss ss” ou no máximo um “cenççç”, que nada tem a ver com as aulinhas de português que o gringo teve na vida, lá no país dele. Como faz? Vai passando assim, meio empurradinho, e dizendo “cenççç”.

Sotaque é lindo. Poeticamente, fico pensando em como é bonito trazer sua terra no seu falar. Não pode haver coisa mais visceral, pode? Abro a boca e em segundos, juro, alguém manda esta: cê é mineira, né? Nem tento negar. Melhor: nem quero. Oh, Minas Gerais. Comendo sílabas, engolindo os pronomes reflexivos, emendando palavras umas nas outras, fazendo cordões de lexemas, anulando consoantes. Até a piadinha do cara falando com o mineiro me faz rir:

—- Diz que mineiro só fala vogal, né?
—- Uai, é? ó!

Eu de cá, reconheço paulistano de longe, carioca a quilômetros, gaúcho até debaixo d'água e baiano até fingindo de morto. O sotaque do interior de São Paulo se parece com o do interior de Minas, então pode ser que eu confunda um pouco. Mas, fico ali naquela área entre o norte de São Paulo, o sul e o triângulo mineiros e Goiás. Tenho grandes chances de acertar. Como Minas são muitas, é preciso considerar as fatias de variados sotaques, na parecença com baianos, paulistas interioranos, cariocas forçados e o tipiquíssimo sotaque da região metropolitana da capital, Belzonte. Bom, isso é lenda, falamos mesmo é Beagá.

O Nordeste é que sofre com a ignorância do resto do país. Até eu, que não sou de nenhum de seus maravilhosos estados, me arrepio quando ouço aquela do “sotaque nordestino”. Coisa de quem nunca andou por aquelas bandas imensas. Geralmente, o Sicrano que diz isso quer se referir ao sotaque da Bahia (que também não é único nem uno). Não sei assim certinho discernir, mas bem que identifico um pernambucano, uma paraibana, um cearense, em suas pujanças vocálicas, em seus usos do imperativo (coisa que a um mineiro parece o fim do mundo!) e em sua majestosa pronúncia consonantal. Na segunda sílaba de “bom dia” uma plateia inteira de paraibanos e paraibanas já sabe que venho de longe, geralmente das plagas de baixo. Meu “d” africado (djia) soa bem diferente lá, onde eles dizem “d” como “d” mesmo. Foi minha tristeza em duas gravações diferentes de uma canção pelo músico Lenine, recifense de nascença. Na primeira ele cantava “no toque da platinela” com esse “t” todo “t”; na segunda, anos depois, ele cantou “platchinela”, como nós aqui falamos. Entristeci, embora a canção tivesse continuado bonita.

Então, sotaque não é coisa simples. Sotaque é pronúncia, é melodia, é ginga, é palavra menos e mais usada, é como dizer nos mínimos detalhes, é cantando, é modo verbal, é como soa cada vogal ou consoante, é um jeito, é uma origem, é como aprendemos a falar com as nossas mães, em nossos lugares de convivência. Depois pode ser que mude, se misture, se altere, se alterne. Pode ser que até suma, seja substituído por outro. Sotaque é aquilo que volta quando a gente faz uma visitinha. É aquilo que a gente evita quando tem trauma. Conheço gente que mora fora do local natal faz tempo e tem um sotaque misturado. A Renata e o Nathan, por exemplo, que são cearenses, já misturam um pouco das bolas. Em Minas, são logo reconhecidos como estrangeiros; mas quando voltam a Fortaleza, são logo acusados de se terem “amineirado”. Nem cá, nem lá, todos, tudo. Um emaranhado no outro. Sotaque é o chão na voz, o gesto no jeito. Sotaque, estrangeiro ou dentro do Brasil, é lindo. Se não for, pode saber que é valoração de outra ordem.

Fonte: RIBEIRO, Ana Elisa. Nossa Língua e outras encrencas. Crônicas. V1. Editora Parábola. 2023.

O texto de Ana Elisa Ribeiro retrata um fenômeno natural denominado variação linguística.

A variação linguística exemplificada pela autora é a

Alternativas
Q2198626 Português

A questão refere-se ao texto abaixo: 



Maurício de Souza. Produções Ltda. Todos os direitos reservados. Fonte: Disponível em:br.pinterest.com. Acesso em: 09 abr. 2023.

No diálogo entre Chico Bento e sua mãe, as expressões “ocê”, ”tá”, “cortá”, “falô”, “qui”, “di” são exemplos de variação linguística
Alternativas
Q2196688 Português
Mesmo depois do Ensino Fundamental concluído, muitas crianças e adolescentes não dominam o sistema de escrita da língua, por diversas razões. Assinale V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma nos itens abaixo para explicar essa situação.
( ) As relações entre grafemas e fonemas são numerosas e um mesmo fonema pode ser representado por diversos grafemas, como também, um mesmo grafema pode representar diversos fonemas.
( ) A relação existente entre as variações linguísticas de que os alunos participam e o pouco ou baixo contato com o universo escrito e as práticas de letramento diversificadas demandam poucas práticas escritas.
( ) A solução encontrada pela unificação de ortografia entre países de Língua Portuguesa resolveu os problemas advindos da língua, pois o Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa de 1990 unificou e, em breve prazo, solucionaram-se todos os problemas.
( ) O processo de ensino da escrita requer o esforço da criança para aplicar uma relação entre letra e som, que nem é unívoca, nem previsível, mas que também não é aleatória, pois a língua também apresenta suas regularidades que são percebidas ao longo do processo de aprendizagem.

Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: 
Alternativas
Q2196687 Português

                                       

A presença de termos como “a gente” (linhas 13 e 26), que significa nós e contrações de para “pra” (linhas 01, 07, 09, 18 e 28) são exemplos de variações que ocorrem não somente em textos literários. Sobre esse tema e sua presença na sala de aula, é correto afirmar que 
Alternativas
Q2196683 Português
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituíram, durante o período de 1996 a 2018, a base para as transformações das práticas pedagógicas em relação às concepções que subsidiaram as diretrizes do ensino no Brasil. Nesse sentido, é correto afirmar que os PCN
I. inseriram a concepção de gêneros formais como eventos discursivos que procedem de um controle mais consciente do comportamento linguístico, por serem regidos por convenções preestabelecidas, exigindo, assim, uma antecipação e um planejamento pedagógico direcionado e sistemático.
II. apresentaram a noção de gêneros textuais e tipos textuais e de como defini-los a partir das especificidades das situações de comunicação. Assim, gêneros são possíveis conhecimentos compartilhados e não compartilhados pelos interlocutores e os tipos são os que organizam a discursividade, conforme a variedade linguística.
III. afirmaram que a concepção de linguagem se intercambia com a participação social para o domínio da língua, pois o acesso às informações encontra outros caminhos para expressar e defender ponto de vista, partilhar e/ou construir visões de mundo, produzir conhecimento.
IV. defenderam que o trabalho com a leitura em sala de aula pode ser feito de forma silenciosa e em voz alta, ressaltando que alguns cuidados devem ser tomados, tais como a realização de uma análise prévia e resolução de possíveis dúvidas. Discussões devem ser feitas, entre os alunos, até chegarem a uma interpretação coerente do texto, devendo o professor, apenas, mediar a discussão.

Estão corretas somente as complementações contidas em
Alternativas
Respostas
291: E
292: C
293: A
294: A
295: C