Questões de Concurso Público Prefeitura de Formiga - MG 2020 para Pedagogo
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Para minimizar os problemas de conflito e violência na escola torna-se necessário desenvolver uma educação para a gestão positiva dos conflitos, de modo a fomentar uma cultura de paz e de cidadania, contribuindo para o desenvolvimento do papel da escola como uma “política da vida” (GIDDENS, 1994 apud SARMENTO, 2002). Acerca desse assunto, alguns estudiosos identificam que a mediação do conflito escolar deve ser inserida no meio escolar através de seus gestores, que devem assumir que existem os conflitos e que estão aptos a superá-los de uma maneira que a escola consiga cumprir com os seus objetivos. São algumas vantagens identificadas para a mediação do conflito escolar:
I. O conflito não faz parte da vida pessoal e não está presente nas instituições.
II. Apresenta uma visão negativa do conflito, favorecendo a imagem histórica de que ele é sempre renegado.
III. Cria sistemas mais organizados para enfrentar o problema divergência ➔ antagonismo ➔ conflito ➔ violência.
IV. Desenvolve o autoconhecimento e o pensamento crítico, uma vez que o aluno é chamado a fazer parte da solução do conflito.
V. Consolida a boa convivência entre diferentes e divergentes, permitindo o surgimento e o exercício da tolerância.
VI. Permite que a vivência da tolerância seja um patrimônio individual que se manifestará em outros momentos da vida social.
Estão corretas apenas as afirmativas
Considera-se o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola como um referencial teórico da escola e constitui-se de três marcos: situacional, conceitual e operacional. Considerando esses marcos, analise as afirmativas a seguir.
I. “O marco __________________ explicita objetivamente e estabelece relações entre os fundamentos teóricos.”
II. “O marco __________________ trata da análise da realidade, diagnóstico da escola e suas especificidades.”
III. “O marco __________________ define linhas de ação e a reorganização do trabalho pedagógico escolar na perspectiva pedagógica administrativa, financeira e político-social.”
Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente as afirmativas anteriores.
Com o subtítulo, a reconstrução educacional no Brasil: ao povo e ao governo, o documento foi publicado simultaneamente em vários órgãos da grande imprensa brasileira no dia 19 de março de 1932. A ação pretendia alcançar a maior difusão possível no território nacional. Sobre o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, analise as afirmativas a seguir.
I. A democracia no Brasil era um dos pontos importantes abordados no Manifesto de 1932. A educação era vista como instrumento de reconstrução da democracia, permitindo a integração dos diversos grupos sociais.
II. O documento se encaixa na agenda de discussão de qualquer política pública atual; também pregava a necessidade de se criar uma escola de qualidade no Brasil, em sistema integral e acessível a todos, sem discriminação de classes ou de gênero.
III. Além da laicidade, da gratuidade, da obrigatoriedade e da coeducação, o Manifesto propugnava pela escola única, constituída sobre a base do trabalho produtivo, tido como fundamento das relações sociais, e pela defesa do Estado como responsável pela disseminação da escola brasileira.
IV. Refere-se a um documento escrito por 26 educadores; entre os nomes de vanguarda que o assinaram estavam, além de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, que aplicou a sociologia à educação e reformou o ensino em São Paulo nos anos 1930, o professor Lourenço Filho e a poetisa Cecília Meireles.
Assinale a alternativa correta.
A Amazônia é o centro do mundo
Eu quero começar lembrando onde nós estamos. E quero lembrar que nós estamos no centro do mundo. Essa não é uma frase retórica. Também não é uma tentativa de construir uma frase de efeito. No momento em que o planeta vive o colapso climático, a floresta Amazônica é efetivamente o centro do mundo. Ou, pelo menos, é um dos principais centros do mundo. Se não compreendermos isso, não há como enfrentar o desafio do clima.
Esta é justamente a razão de colocarmos o nosso corpo aqui, nesta cidade, Manaus, capital do Amazonas, estado do Brasil, país que abriga cerca de 60% da Amazônia. Manaus é tanto uma floresta em ruínas como as ruínas de uma ideia de país. Manaus pode ser vista como a escultura viva de um conflito iniciado em 1500, com a invasão europeia que causou a morte de centenas de milhares de homens e mulheres indígenas e a extinção de dezenas de povos. Neste momento, em 2019, testemunhamos o início de um novo e desastroso capítulo.
O Brasil é um grande construtor de ruínas. O Brasil constrói ruínas em dimensões continentais desde que começou a ser inventado pelos europeus no século 16. Para sermos capazes de resistir nós precisamos nos tornar floresta — e resistir como floresta. Como floresta que sabe que carrega consigo as ruínas, que carrega consigo tanto o que é quanto o que deixou de ser. Parece-me que é a esse sentimento afetivo que precisamos dar forma para dar sentido à nossa ação. Para isso temos que deslocar algumas placas tectônicas de nosso próprio pensamento. Temos que descolonizar a nós mesmos.
O fato de a Amazônia ainda ser vista como um longe e também — ou principalmente — como uma periferia dá a dimensão da estupidez da cultura ocidental branca, de matriz primeiro europeia e depois norte-americana, essa estupidez que molda e dá forma às elites políticas e econômicas do mundo e também do Brasil. E, em parte, também às elites intelectuais do Brasil e do planeta. Acreditar que a Amazônia é longe e que a Amazônia é periferia, quando qualquer possibilidade de controle do aquecimento global só é possível com a floresta viva, é uma ignorância de proporções continentais. A floresta é o perto mais perto que todos nós aqui temos. E o fato de muitos de nós nos sentirmos longe quando aqui estamos só mostra o quanto o nosso olhar está contaminado, formatado e distorcido. Colonizado.
Dias atrás eu conversava com procuradores e defensores públicos que chegaram há pouco em cidades do interior amazônico. Era o primeiro posto deles. Porque essa é a lógica. A Amazônia é o epicentro dos conflitos, mas, para fiscalizar o Estado e defender os direitos dos maisdesamparados, as instituições mandam os sem nenhuma experiência. Alguns deles — não todos — interpretam que estão sendo enviados a uma região amazônica como um teste ou mesmo um castigo, um calvário que precisam passar antes de ter um posto “decente”. Parte deles — não todos — não vê a hora de ter o que é chamado de “remoção” e deixar essa bad trip para trás. E não é culpa deles, ou não é só culpa deles, porque essa é a lógica das instituições, este é o olhar para a Amazônia. Felizmente alguns deles percebem à importância do seu papel, aprendem, compreendem, permanecem e se tornam servidores públicos essenciais para a luta pelos direitos em regiões onde os direitos pouco ou nada valem.
Lembrei a eles que, como eu, eram privilegiados. Eles estavam justamente no centro do mundo. Eles estavam no melhor lugar para se estar para quem tinha escolhido aquela profissão. Mas teriam que se esforçar muito para superar a sua ignorância, como eu me esforço todos os dias para superar a minha. Era a população local, eram os povos da floresta que teriam de ter enorme paciência para explicar a eles o que precisam saber, já que pouco ou nada sabem quando aqui chegam. O mesmo princípio vale para jornalistas e também para cientistas.
Somos nós que precisamos da ajuda dos povos da floresta. É deles o conhecimento sobre como viver apesar das ruínas. São eles os que têm experiência sobre como resistir às grandes forças de destruição. Para que tenhamos alguma chance de produzir movimento de resistência precisamos compreender que, nesta luta, nós não somos os protagonistas.
(Texto especialmente adaptado para esta prova. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/09/opinion/1565386635_3112 70.html. Acesso em: 12/12/2019.)