“(...) Ora, não será necessário, para alcançar
esse desígnio, provar que todas elas são
falsas, o que talvez nunca levasse a cabo; mas,
uma vez que a razão já me persuade de que não
devo menos cuidadosamente impedir-me de
dar crédito às coisas que não são inteiramente
certas e indubitáveis, do que às que nos
parecem manifestamente ser falsas, o menor
motivo de dúvida que eu nelas encontrar
bastará para me levar a rejeitar todas. E, para
isso, não é necessário que examine cada uma
em particular, o que seria um trabalho infinito;
mas, visto que a ruína dos alicerces carrega
necessariamente consigo todo o resto do
edifício, dedicar-me-ei inicialmente aos
princípios sobre os quais todas as minhas
antigas opiniões estavam apoiadas. Tudo o
que recebi, até presentemente, como o mais
verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou
pelos sentidos: ora, experimentei algumas
vezes que esses sentidos eram enganosos, e é
de prudência nunca se fiar inteiramente em
quem já nos enganou uma vez."
(Descartes, R. Meditações metafísicas. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2011).
Sobre este trecho da primeira meditação
cartesiana, analise as afirmativas abaixo:
I. O procedimento da dúvida tem como
fundamento a experiência.
II. Não se trata de uma dúvida vulgar, fundada na
experiência, mas de uma decisão racional.
III. A dúvida é sistemática e generalizada.
IV. Considerar como falso o que é apenas
duvidoso se justifica pela experiência, portanto,
a dúvida se funda na experiência.
Estão corretas as afirmativas: