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Q2590537 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

Passando a frase “Eu ouço essas histórias” (5º parágrafo), para a voz verbal passiva analítica, a nova escrita será:

Alternativas
Q2590536 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

Sobre a passagem “Vivo em descompasso com meu tempo” (1º parágrafo), o termo destacado só não pode ser substituído por:

Alternativas
Q2590535 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

Em uma das opções abaixo há um vocábulo com erro ortográfico, assinale-a:

Alternativas
Q2590534 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

O autor do texto se compadece com o sofrimento de outro escritor, Lima Barreto, por que:

Alternativas
Q2590533 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

Segundo o autor, uma das primeiras razões apontadas como causa para o seu descompasso foi:

Alternativas
Q2590532 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

O autor confessa o temor de que a loucura estivesse nele quando:

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Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

O que mais incomodou o autor em relação à série assistida foi:

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Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

Já a expressão “desenho disforme” (1º parágrafo), se relaciona no texto com:

Alternativas
Q2590529 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

De acordo com o texto a expressão “desenho incompleto” (1º parágrafo), está relacionada a:

Alternativas
Q2590528 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

Segundo o texto, o sentido da expressão “se lhe usurpam uma letra” (1º parágrafo) é:

Alternativas
Q2590527 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

O autor aponta como a causa para viver em descompasso com o seu tempo:

Alternativas
Q2564098 Legislação dos Municípios do Estado do Pará
Soraia, servidora pública do Município de Santarém-PA, foi sujeita a processo administrativo instaurado para apuração de possível falta cometida pela servidora. A autoridade competente ordenou o afastamento preventivo de Soraia, mesmo não sendo considerado necessário tal afastamento para a apuração pretendida. Acerca da situação narrada, à luz do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Municipais de Santarém (Lei Municipal nº 14.899/94), assinale a alternativa correta:
Alternativas
Q2564096 Legislação dos Municípios do Estado do Pará
Acerca da responsabilidade do servidor público de acordo com as regras do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Municipais de Santarém (Lei Municipal nº 14.899/94), assinale a alternativa correta:
Alternativas
Q2564095 Direito Constitucional
Ao tratar da educação em apenas dez artigos (arts. 205-214), a Constituição Federal de 1988 o faz de modo genérico e abrangente. No entanto, o primeiro artigo dessa sequência de dispositivos, que parece servir de fundamento para os demais, apresenta avanços significativos em relação ao ordenamento jurídico anterior.
Dentre esses avanços, relacionados abaixo, um NÃO condiz inteiramente com o teor da Carta Magna. Assinale-o:
Alternativas
Q2564094 Direito da Criança e do Adolescente - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei nº 8.069 de 1990
Tomando como parâmetro o que está disposto no art. 53, do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8.069/1990), analise o conjunto de direitos educativos citados abaixo, julgando-os como verdadeiros (V) ou falsos (F):

( ) Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola pública, privada ou comunitária.

( ) Direito de ser respeitado por seus educadores.

( ) Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores.

( ) Acesso à escola pública e gratuita, próxima da residência, garantido apenas para o primeiro filho.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
Alternativas
Q2564093 Pedagogia
Segundo a versão atualizada dos doze incisos que compõem o art. 12 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (Lei nº 9.394/1996), todos os estabelecimentos de ensino brasileiros devem dar cumprimento às seguintes incumbências, exceto: 
Alternativas
Q2564091 Pedagogia
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), documento que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais a serem desenvolvidas por todos os alunos ao longo das etapas e modalidades da educação básica, podemos afirmar:

I. Os fundamentos pedagógicos desse documento de caráter sugestivo são dois: foco no desenvolvimento de competências e compromisso com a educação integral.

II. O sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se planejar com um claro foco na equidade, que pressupõe reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes.

III. Como parte integrante da política nacional para a educação básica e a superior, a BNCC vai contribuir para o alinhamento de outras políticas no tocante à formação de professores, à avaliação, a elaboração de conteúdos educacionais e os critérios para o oferta de infraestrutura adequada.

Assinale:
Alternativas
Q2564090 Física
As fibras ópticas revolucionaram as comunicações modernas ao permitirem a transmissão eficiente de dados em forma de sinais luminosos através de cabos flexíveis e finos. Essas fibras são compostas por um núcleo interno, geralmente feito de vidro ou plástico transparente, cercado por uma camada de revestimento também transparente, o que confere propriedades de guia de luz ao longo de sua extensão. O funcionamento das fibras ópticas está intrinsecamente ligado à refração da luz.
Como a refração é aplicada no funcionamento das fibras ópticas para a transmissão de sinais luminosos?
Alternativas
Q2564089 Física
O princípio da propagação retilínea da luz é uma das bases fundamentais da óptica geométrica. Ele estabelece que a luz se propaga em linha reta quando se movimenta através de um meio homogêneo e transparente, a menos que sofra interferência por obstáculos ou interaja com diferentes meios.
Um exemplo que ilustra o princípio da propagação retilínea da luz é:
Alternativas
Q2564088 Biologia
“Em parasitologia é comum a utilização do termo DOENÇA METAXÊNICA, quando parte do ciclo vital de um parasita se realiza no vetor, isto é, o vetor não só transporta o agente etiológico, mas é um elemento obrigatório para maturação e/ou multiplicação desse agente.”

NEVES, D. P. Parasitologia humana. 14 ed. São Paulo: Atheneu, 2022.

Assinale a alternativa que contenha uma doença metaxênica:
Alternativas
Respostas
1961: A
1962: E
1963: B
1964: B
1965: E
1966: D
1967: A
1968: B
1969: C
1970: C
1971: D
1972: A
1973: E
1974: B
1975: E
1976: C
1977: A
1978: A
1979: C
1980: E