Questões de Concurso Para auxiliar administrativo

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Q2300798 Conhecimentos Gerais
“Sistema de governo caracterizado pelo predomínio de poder na figura de um governante eleito democraticamente. Neste sistema, o comandante acumula as posições de chefe de governo, de Estado e do Executivo.” Trata-se do sistema de governo conhecido como:
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Q2300797 Conhecimentos Gerais
A energia hidrelétrica é a principal fonte de geração do sistema elétrico brasileiro e se destaca por sua competitividade econômica e abundância em nosso território. Conhecida por ter uma tecnologia madura e extremamente confiável, a fonte de energia hidrelétrica tem um potencial estimado de 172 GW em nosso país e responde por mais de 60% de toda a eletricidade que consumimos. A privilegiada topografia nos permite ter bacias hidrográficas com um formidável potencial energético, abrigando quase 15% de toda a água doce do planeta. Isso demonstra como a energia hidrelétrica no Brasil é estratégica para nossa economia e deve continuar se destacando em nosso sistema elétrico com barragens de todos os portes, desde grandes usinas até pequenas Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs). Podemos afirmar que a energia hidrelétrica é considerada
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Q2300796 Conhecimentos Gerais
O Brasil é uma democracia representativa, cujo povo escolhe seus representantes através do voto. A cada quatro anos acontecem eleições para presidente, deputados federais, deputados estaduais, senadores, vereadores e prefeitos. Mas elas se alternam de dois em dois anos; em 2006, aconteceram as últimas eleições gerais para presidente, deputados e senadores. Antes das eleições, durante um período determinado por lei, os candidatos fazem suas campanhas. É a chance que eles têm de dizer o que pretendem fazer se forem eleitos. O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos, poderão 
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Q2300795 Conhecimentos Gerais
A Constituição Cidadã, promulgada em 5 de outubro de 1988, tornou-se o principal símbolo do processo de redemocratização nacional. Após 21 anos de regime militar, a sociedade brasileira recebia uma Constituição que assegurava a liberdade de pensamento. Foram criados mecanismos para evitar abusos de poder do Estado. A Assembleia Nacional Constituinte, convocada em 1985 pelo presidente José Sarney, trabalhou durante 20 meses. Participaram 559 parlamentares (72 senadores e 487 deputados federais), com intensa participação da sociedade. Considerando a Constituição brasileira, as funções do Estado são exercidas por três Poderes distintos e independentes; assinale-os.
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Q2300794 Matemática
Para fazer uma festa junina, determinada igreja comprou, em uma loja de artigos para festas, 600 cumbucas de isopor e 200 potes para doces pelo valor de R$ 38,00. No decorrer da festividade, observou-se a necessidade de comprar mais descartáveis e, então, mais 150 cumbucas e 50 potes para doces foram adquiridos pela igreja. Se as duas compras foram feitas na mesma loja, com os preços unitários das cumbucas e dos potes inalterados, qual foi o custo dessa última compra?
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Q2300793 Matemática
Uma sala de cinema possui 750 poltronas, dispostas em M filas e N colunas. Considere que cada fila possui X poltronas e cada coluna possui Y poltronas. Sabendo-se que o número de poltronas em uma fileira somado com o número de poltronas em uma coluna equivale a 55 unidades, qual é a diferença entre o número de colunas e o número de fileiras no cinema?
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Q2300792 Matemática
Um professor de matemática deu a seguinte explicação em sua aula:

“Se dobrar um pedaço de papel ao meio e o abrir novamente é comum que se tenha uma marcação proveniente da dobra separando o papel em duas partes iguais. Se, ao invés de uma única dobra, fizer duas dobras ao meio, ao abrir, haverá marcas de dobra dividindo o papel em 4 partes iguais.”
Em seguida, ele fez o seguinte questionamento aos alunos:
“Se dobrar o papel ao meio 7 vezes, tem-se as marcas de dobra dividindo o papel em quantas partes?”
João, um aluno muito aplicado em matemática, respondeu corretamente:
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Q2300791 Raciocínio Lógico
Juliana criou uma senha de três dígitos distintos para o cofre de seu guarda-roupa e, para não esquecê-la, falou um dos algarismos para cada um de seus três filhos. Seu marido Rafael queria descobrir a senha e prometeu dar um videogame novo para que os filhos lhe contassem os algarismos. Após concluir a negociação com os filhos, Rafael descobriu que os algarismos da senha de Juliana eram 3; 5; e, 7. De acordo com tais informações, a probabilidade de Rafael acertar a combinação do cofre de Juliana na primeira tentativa pertence ao seguinte intervalo: 
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Q2300790 Matemática
Uma indústria que fabrica batata palha utiliza, em todas as etapas do processo, o esquema de linha de produção, em que alguns funcionários lavam, descascam, outros fritam e outros embalam as batatas. Sabe-se que três funcionários são contratados apenas para descascar as batatas e eles conseguem descascar 4 kg a cada 20 minutos. Se nesta linha de produção tivessem 6 funcionários, quanto tempo eles levariam para descascar 30 kg de batatas?
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Q2300789 Raciocínio Lógico
Gustavo e o seu filho são professores de matemática; eles gostam de se comunicar um com o outro com bilhetes criptografados. Um dia Gustavo deixou uma mensagem criptografada para o seu filho colada na porta da geladeira:

40-50-90-42-50-90-00-91-51-81-22-50-01-50-00-61-10-81-10-00-22-51-30-50

Ela significa: “Deixei sorvete para você”.

Considerando que o filho respondeu a mensagem com: “Obrigado”, qual é a mensagem criptografada, conforme as regras da mensagem do seu pai?
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Q2300788 Matemática
Três empreiteiras – X, Y e Z – foram contratadas para dividir o serviço de uma obra estipulada em R$ 3.000.000,00. A empreiteira X realizou 30% de todo o trabalho da obra e encerrou sua atuação, deixando o restante para as outras duas empreiteiras. A empreiteira Y realizou 40% do trabalho deixado pela empreiteira X e pediu que a empreiteira Z terminasse o restante da obra. Sabe-se que cada uma das empreiteiras recebeu um valor proporcional à porcentagem da obra realizada por elas. A empreiteira que obteve o maior valor pela obra recebeu um total de:
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Q2300787 Raciocínio Lógico
Adalberto pensou em um número de 3 algarismos e desafiou os seus amigos a fazerem apenas três perguntas para tentar descobrir o número refletido. Bernardo perguntou se o número era par e obteve uma resposta positiva. Carlos perguntou se o número era divisível por 3 e também obteve uma resposta positiva. Diogo questionou se o número era múltiplo de 5 e Adalberto, mais uma vez, deu uma resposta positiva. Sabendo-se que Adalberto não mentiu em nenhum momento, o total de possibilidades para os possíveis números pensados é de:
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Q2300786 Matemática
Jorge quer saber o volume de uma determinada pasta plástica transparente para colocar todo o seu material escolar. A pasta plástica é guardada na papelaria desmontada e tem as seguintes dimensões:

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Como Jorge é um excelente aluno de matemática, ele utiliza as dimensões da pasta para determinar seu volume e encontra um volume de: 
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Q2300785 Matemática
Maria adora novela e uma amiga lhe indicou uma para que ela pudesse assistir. No dia em que Maria começou assistir à novela indicada, o 76º episódio foi lançado, tendo em vista que todos os dias um novo episódio é lançado. Sabendo-se que a novela contará com um total de 90 episódios e que Maria começará a assistir a partir do primeiro episódio, quantos episódios por dia ela precisará ver, no mínimo, para assistir ao último episódio no dia do seu lançamento?
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Q2300784 Português
Eis tudo


         Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
        Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
          Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel. Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho, para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
            – Já vooouuu!
            – Mas você não vê que está chovendo?!
            – Ah, aqui está tão bonzinho!
      Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
          É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram. Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu irmão.
       Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos. Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
        Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele grito interior da alegria?
            O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.


(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185. Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
Considere os vocábulos “reminiscentemente” e “jardim” (10º§). Quanto ao número de sílabas e à disposição da sílaba tônica, é correto classificá-las, respectivamente, como
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Q2300783 Português
Eis tudo


         Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
        Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
          Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel. Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho, para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
            – Já vooouuu!
            – Mas você não vê que está chovendo?!
            – Ah, aqui está tão bonzinho!
      Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
          É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram. Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu irmão.
       Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos. Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
        Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele grito interior da alegria?
            O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.


(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185. Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
Considere a fala que constitui o 4º§ “– Já vooouuu!”. A partir de sua interpretação, pode-se afirmar que são afirmações verdadeiras, EXCETO:
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Q2300782 Português
Eis tudo


         Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
        Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
          Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel. Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho, para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
            – Já vooouuu!
            – Mas você não vê que está chovendo?!
            – Ah, aqui está tão bonzinho!
      Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
          É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram. Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu irmão.
       Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos. Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
        Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele grito interior da alegria?
            O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.


(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185. Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
Considere a frase “Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo.” (9º§) Nela, dispõem-se duas orações, as quais podem ter seus sujeitos classificados, respectivamente, como
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Q2300781 Português
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         Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
        Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
          Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel. Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho, para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
            – Já vooouuu!
            – Mas você não vê que está chovendo?!
            – Ah, aqui está tão bonzinho!
      Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
          É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram. Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu irmão.
       Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos. Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
        Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele grito interior da alegria?
            O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.


(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185. Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
Quanto às regras de acentuação da Gramática Normativa da Língua Portuguesa, considere os vocábulos “mistério”, “paciência” e “águas” (9º§). É correto afirmar que a acentuação dessas palavras se dá porque constituem:
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Q2300780 Português
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         Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
        Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
          Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel. Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho, para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
            – Já vooouuu!
            – Mas você não vê que está chovendo?!
            – Ah, aqui está tão bonzinho!
      Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
          É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram. Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu irmão.
       Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos. Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
        Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele grito interior da alegria?
            O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.


(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185. Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
A prosopopeia, também chamada de personificação, constitui uma figura de linguagem na qual o autor confere sentimentos e ações humanas a seres inanimados, os quais naturalmente não poderiam dispor dessas características em contexto real. No texto, este recurso se demonstra no 8º§, em trechos nos quais o autor se refere à “morte” e à “vida” dos brinquedos, pois se tratam de processos naturais a seres vivos e, portanto, alheios àquilo que se espera de objetos. Com isso, é possível inferir que, ao citar a “morte” nesse contexto, o autor se refere
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Q2300779 Português
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         Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
        Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
          Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel. Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho, para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
            – Já vooouuu!
            – Mas você não vê que está chovendo?!
            – Ah, aqui está tão bonzinho!
      Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
          É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram. Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu irmão.
       Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos. Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
        Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele grito interior da alegria?
            O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.


(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185. Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
Sabe-se que a perífrase é uma figura de linguagem que se caracteriza pelo uso de uma expressão ou frase que substitui um nome ou palavra que poderia ser dito de forma mais sucinta. Um exemplo retirado do texto é “dia dos anos” (8º§) – expressão utilizada pelo autor para se referir
Alternativas
Respostas
4621: D
4622: A
4623: A
4624: A
4625: B
4626: A
4627: C
4628: A
4629: D
4630: D
4631: B
4632: B
4633: C
4634: B
4635: A
4636: D
4637: A
4638: D
4639: A
4640: C