Questões de Vestibular Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

Foram encontradas 6.357 questões

Ano: 2010 Banca: FUVEST Órgão: FUVEST
Q1268022 Português

Texto para a questão


 

Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.  


*Glossário:

estremunhado: mal acordado.

chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados

(regionalismo: Sul do Brasil).  



No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos” (L. 11 e 12 ) constitui
Alternativas
Ano: 2010 Banca: FUVEST Órgão: FUVEST
Q1268020 Português

Texto para a questão


 

Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.  


*Glossário:

estremunhado: mal acordado.

chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados

(regionalismo: Sul do Brasil).  



A caracterização ambivalente da “coletividade democrática” (L. 20 e 21), feita com humor pelo cronista, ocorre também na seguinte frase relativa à democracia:
Alternativas
Ano: 2010 Banca: FUVEST Órgão: FUVEST
Q1268019 Português

Texto para a questão


 

Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.  


*Glossário:

estremunhado: mal acordado.

chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados

(regionalismo: Sul do Brasil).  



No início do texto, o autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal tendência se manifesta na personificação dos seguintes elementos:
Alternativas
Ano: 2010 Banca: FUVEST Órgão: FUVEST
Q1267998 Português
“Pela primeira vez na história da humanidade, mais de um bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de subnutrição em todo o mundo. O aumento da insegurança alimentar que aconteceu em 2009 mostra a urgência de encarar as causas profundas da fome com rapidez e eficácia.”
Relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação [FAO], primeiro semestre de 2009.
Tendo em vista as questões levantadas pelo texto, é correto afirmar que
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267819 Português
Texto 8

Meu pai

meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem

quando lhe levei
os óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardou-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro

(Ferreira Gullar) 

Texto 9

O mapa

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

(Mário Quintana)

Texto 10

Impressionista

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

(Adélia Prado)




Considerando os Textos 8, 9, 10 e 11 bem como os autores e seus respectivos contextos históricos e literários, analise as proposições a seguir.
I. O Texto 8 apresenta um eu lírico ligado ao cotidiano, pois Ferreira Gullar, poeta também neoconcretista, tem como um de seus temas a realidade social. II. No Texto 9, encontra-se um eu lírico que tematiza o cotidiano, situações corriqueiras, com uma percepção aguda das coisas simples da vida; no entanto, há um certo pessimismo em relação à cidade que o faz evadir-se, criando, em sonho, outra cidade. III. Adélia Prado é dona de uma linguagem simples, e preocupada com uma temática feminina, ligada à família e à religiosidade. No Texto 10, percebe-se um eu lírico que se mostra incompatível com o clima da imagem da casa desejada, a ponto de não se sentir bem com a cor alaranjada de suas paredes. IV. Pignatari possui uma linguagem que valoriza os esquemas e diagramas, fazendo de seus versos um projeto de designer. No poema, há um texto duplo, uma fusão de imagens, cujos significados se revelam por essa duplicidade, como um espelho que projeta uma imagem invertida.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267818 Português
Texto 5

Mapa de anatomia: O Olho

O Olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas,
naufrágios e peixes de ouro.

Mas por dentro há outras pinturas,
que não se veem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.

O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
(Cecília Meireles)

Texto 6

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
(Carlos Drummond de Andrade)

Texto 7

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de
me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer
coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e
em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria
terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos
desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do
passado.

Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em
outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu
desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da
noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da
névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do
teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos
silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque
poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do
céu, das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a
tua voz ausente, a
tua voz serenizada.
(Vinícius de Moraes) 
Após a leitura dos poemas, analise as proposições a seguir.
I. O Texto 5 é um poema, cujo eu lírico trata das ausências, recorrendo aos sentidos, e fala de seus sentimentos, valendo-se da forma e da cor que as imagens poéticas sugerem. II. Os três poemas falam de ausência ou de saudade na mesma proporção, como também de relações amorosas frustradas. III. No Texto 6, o eu lírico questiona a ausência de quem partiu, sem sequer anunciar sua partida. Percebe-se que a morte foi o motivo da ausência da amizade sugerida pelas imagens poéticas. IV. Vinícius de Moraes é dono de um lirismo de caráter confidencial, com uma visão familiar do mundo; é um poeta singular. No Texto 7, percebe-se um eu lírico carregado de sentimentos de afeto por uma amada, entre o universo espiritual e físico.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267817 Português
Texto 3

Retrato de Novembro

I
Os trabalhadores protestam na rua,
Excelência.
Não me incomodam!
Como?!
Não vou sair para essas bandas!
Querem avistar-se com Vossa Excelência.
Não os conheço!
Já estão a fazer barulho.
Manda-os embora!
Não abalam.
Manda-os calar!

Não nos escutam, Excelência.
Bom, somos um país livre!
Mas a gritaria vai-nos incomodar.
Fecha as portas e as janelas!
Mesmo assim os ouviremos.
Tapa os ouvidos!
Também não resulta, Excelência.
Então, ignora-os!
Como?!
Finge que não existem!
Vai ser difícil, Excelência.
Mas não impossível!
II
E os massacres no Alentejo, Excelência?
Oh nada de extraordinário a assinalar
Senão os coveiros já teriam reclamado
Horas suplementares!

(Mário de Andrade)


Texto 4

Alerta

Lá vem o lança-chamas
Pega a garrafa de gasolina
Atira
Eles querem matar todo amor
Corromper o polo
Estancar a sede que eu tenho doutro ser
Vem de flanco, de lado
Por cima, por trás
Atira
Atira
Resiste
Defende
De pé
De pé
De pé
O futuro será de toda a humanidade
(Oswald de Andrade)
Acerca dos Textos 3 e 4, bem como dos seus autores e do contexto histórico e literário em que estão inscritos, analise as seguintes proposições.
I. O Texto 3 é um poema em que o autor se revela comprometido com as causas sociais de seu tempo, e em que um eu lírico questionador faz vir à tona imagens da indiferença de quem está no poder, subjugando o oprimido. II. Mário de Andrade foi o autor de Macunaíma, cujo protagonista é um “herói sem nenhum caráter”, uma espécie de mito grego, nascido na selva amazônica que vai até São Paulo, em busca de um valioso talismã. Sobre o nascimento desse mito, confira o seguinte trecho: “No fundo do matovirgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite”. III. O Texto 4 é um poema, cujo eu lírico é um revolucionário, em luta por sua liberdade. A sua causa, isto é, o seu ideal, é a humanidade. IV.Para Oswald de Andrade, no seu Manifesto da Poesia Pau-brasil, “a poesia existe nos fatos”. Isso faz entender que ele conseguiu reunir, na sua poesia e na sua prosa, elementos para um olhar crítico sobre a realidade brasileira.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267816 Português
O início do século XX, compreendido entre 1902 a 1922, foi muito significativo para a fase de transição da literatura brasileira. As Vanguardas Europeias e a Semana de 1922 representaram mudanças importantíssimas no fazer artístico e literário, no Brasil. Acerca desse período, analise as proposições a seguir e assinale com V as Verdadeiras e com F as Falsas.
( ) O ano de 1902, marcado pela publicação de Os Sertões, de Euclides da Cunha, foi decisivo para a liberdade intelectual brasileira. Essa obra foi importante porque lançou, de um só golpe, a realidade brasileira até então disfarçada. Isso mantinha os escritores da época presos à visão europeia, em razão de sentimentos de inferioridade, motivados pelo status colonial vivenciado. ( ) O Futurismo, um dos movimentos de vanguarda, foi lançado por Marinetti. Tal movimento estético caracterizou-se mais por manifestos que por obras; assim, os futuristas exaltavam a vida moderna, cultuavam a máquina e a velocidade. ( ) Os romances de Lima Barreto têm muito de crônica, pois neles se encontram cenas do cotidiano, de jornal, sobre a vida burocrática, tudo numa linguagem fluente e sem muitas ambições. Isso pode ser percebido no seguinte trecho de sua obra Recordações do Escrivão Isaías Caminha: “Almocei, saí até à cidade próxima para fazer as minhas despedidas, jantei e, sempre, aquela visão doutoral que me não deixava”. ( ) Augusto dos Anjos é um poeta eloquente; assim, encontram-se, em sua obra, palavras do jargão científico e termos técnicos, que não podem ser ignorados, porque tais palavras fazem parte do contexto de produção do poeta. Pode-se conferir isso no seguinte trecho de seu poema A ideia: “Vem do encéfalo absconso que a constringe, / Chega em seguida às cordas do laringe, / Tísica, tênue, mínima, raquítica ...” ( ) A Semana de 22 ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. A ideia da Semana era a de destruir, escandalizar e, especialmente, criticar. Acerca dessa postura, Aníbal Machado diz a seguinte frase: “Não sabemos definir o que queremos, mas sabemos discernir o que não queremos”.
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267815 Português
Dentre os valores e/ou opiniões veiculados pelo Texto 2, encontra-se a defesa de que
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267812 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
Acerca das relações lógico-discursivas que se identificam no Texto 1, assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267810 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
No Texto 1, o autor emprega diferentes recursos para argumentar a favor de seus pontos de vista. Analise, nas proposições abaixo, a correspondência entre o recurso empregado e o efeito obtido.
I. Aspas – marca discordância e ironia, como em: “método” (2º parágrafo); “cuidar do indígena” e “benevolência” (4º parágrafo). II. Iniciar vários parágrafos com a mesma forma (“Advém daí...”) – indica persistência para convencer o leitor. III. Aportar vozes socialmente reconhecidas ao texto (Como as de Bosi e Castro, no 4º parágrafo) – aufere prestígio e autoridade ao discurso. IV. Seleção vocabular erudita (como em ‘truísmo’, no 1º parágrafo; e em ‘nietzschiana’, no 4º parágrafo) – delimita o público leitor a intelectuais e especialistas.
Estão CORRETAS, apenas:
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267809 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
O autor do Texto 1 traz vários argumentos para a defesa de seus pontos de vista. Assinale a alternativa que sintetiza CORRETAMENTE um desses argumentos.
Alternativas
Ano: 2016 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2016 - UPE - Vestibular - 1º Dia |
Q1267808 Português
Texto 1

COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

     Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
     Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela, recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
     Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
     Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
     Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino, estando apto desde sempre a servi-lo.
     Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem consente porque se cala.
     Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado, tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status.
     Resumo da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.

Victor Martins. Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel. Acesso em: 14/07/16. Adaptado.
Do ponto de vista temático, o Texto 1 se constrói tendo como foco a abordagem
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Ano: 2015 Banca: FATEC Órgão: FATEC Prova: FATEC - 2015 - FATEC - Vestibular |
Q1267753 Português

O fragmento a seguir pertence à obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.


E vejam agora com que destreza; com que arte faço eu a maior transição deste livro. Vejam: o meu delírio começou em presença de Virgília; Virgília foi o meu grão pecado da juventude; não há juventude sem meninice; meninice supõe nascimento; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de outubro de 1805, em que nasci. Viram? Nenhuma juntura aparente, nada que divirta a atenção pausada do leitor: nada. De modo que o livro fica assim com todas as vantagens do método, sem a rigidez do método.

<http://tinyurl.com/lnpaee9>Acesso em: 09.04.2015. Adaptado.


Sobre esse escritor é correto afirmar que se trata de um autor
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Ano: 2015 Banca: FATEC Órgão: FATEC Prova: FATEC - 2015 - FATEC - Vestibular |
Q1267751 Português

Nova geração

Ivan Angelo


      O rapaz chegou para a entrevista. O executivo de vendas on-line da grande empresa levantou-se para apertar sua mão (...) e aproveitou para dar uma geral no rapaz.

      Arrumado, mas nada formal, de sapato novo, jeans, camisa de manga comprida enrolada até a metade do antebraço. O detalhe que o incomodou um pouco foi um brinquinho prateado de argola mínima na orelha esquerda. “Nisso dá-se um jeito depois, se valer a pena”, pensou o executivo.

      Ele sabia que não estava fácil atrair novos talentos e reter os melhores. Empresas aparelhavam-se para o crescimento projetado do país, contratavam jovens promissores, mesmo os muito jovens, como era o caso do rapaz à sua frente, 21 anos. (...)

      Havia mais de duas horas que o rapaz estava em avaliação na empresa. Passara pela entrevista inicial com o chefe do setor, resolvera os probleminhas técnicos de internet e programação visual que lhe apresentaram, com rapidez e certa superioridade irônica, lera os princípios, valores e perfil da empresa (...). Alguns itens, como “comprometimento”, foram apresentados como pré-requisitos. Afinal o encaminharam para o diretor da área de e-comerce, vendas pela internet. O executivo tinha em mãos a avaliação do candidato: excelente.

      Descreveu o trabalho de que a empresa necessitava: desenvolvimento de um site interativo no qual o cliente internauta pudesse fazer simulações de medidas, cores, ajustes, acessórios, preços, formas de pagamento e programação de entrega de cerca de 200 produtos. Durante sua fala, o rapaz mexeu as pernas, levantou um pé, depois o outro, incomodado. O executivo perguntou se ele se sentia apto.

      — Dá para fazer — respondeu o rapaz, movendo a perna, como se buscasse alívio. 

      — Posso te ajudar em alguma coisa?

      — Vou te falar a verdade. Eu comprei este sapato para vir aqui e ele está me apertando e incomodando. Eu só uso tênis.

      O executivo sorriu e pensou: “Esses meninos...”.

      — Quem falou para eu vir fazer esta entrevista, e vir de sapato, foi minha namorada. Porque eu não vinha. Ela falou para eu comprar sapato, e o sapato está me apertando aqui, me atrapalhando.

      Nos últimos anos, o executivo vinha percebendo que os desafios pessoais para a novíssima geração eram diferentes, e que havia limites para o que eles estavam dispostos a ceder antes de se comprometer com um trabalho formal.

      — Não tem problema. Pode vir de tênis. O emprego é seu. 

      — Não, obrigado. Eu não quero emprego.

      O executivo parou estupefato. O menino continuou:

      — Todo mundo foi muito gentil, mas não vai dar. Esta camisa é do meu pai, eu tenho tatuagem, trabalho ouvindo música.

      — Então por que se candidatou, se não queria trabalhar?

      — Desculpe, eu não falei que não queria trabalhar.

      Novo espanto do executivo. Sentia nas falas dele e do rapaz uma dissintonia curiosa. Como ficou calado, esperando, o rapaz prosseguiu:

      — É muito arrumado aqui. E eu não quero ficar ouvindo falar de identidade corporativa, marco regulatório, desenvolvimento organizacional, demanda de mercado, sinergia, estratégia, parâmetros, metas, foco, valores... Desculpe, eu não sabia que era assim. Achava que era só fazer o trabalho direito e ver funcionar legal.

      O executivo ficou olhando a figura, contando até dez, olhos fixados naquele brinco. O garoto queria ter a liberdade dele, a camiseta colorida dele, o tênis furado dele, ouvir a música dele nos fones de ouvido, talvez trabalhar de madrugada e dormir de manhã. Não queria aquele mundo em que ele mesmo estava metido havia vinte anos. Conferiu de novo as qualificações do rapaz, aquele “excelente”. Ousou:

      — Trabalhar em casa você aceita?

      — Aceito.

      Queria o trabalho, não o emprego. Acertaram os detalhes. Assim caminha a humanidade.

<http://tinyurl.com/n66pnvs>Acesso em: 15.03.2015. Adaptado.

Segundo o texto, a empresa estava recrutando um funcionário para desenvolver
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Ano: 2015 Banca: FATEC Órgão: FATEC Prova: FATEC - 2015 - FATEC - Vestibular |
Q1267750 Português

Nova geração

Ivan Angelo


      O rapaz chegou para a entrevista. O executivo de vendas on-line da grande empresa levantou-se para apertar sua mão (...) e aproveitou para dar uma geral no rapaz.

      Arrumado, mas nada formal, de sapato novo, jeans, camisa de manga comprida enrolada até a metade do antebraço. O detalhe que o incomodou um pouco foi um brinquinho prateado de argola mínima na orelha esquerda. “Nisso dá-se um jeito depois, se valer a pena”, pensou o executivo.

      Ele sabia que não estava fácil atrair novos talentos e reter os melhores. Empresas aparelhavam-se para o crescimento projetado do país, contratavam jovens promissores, mesmo os muito jovens, como era o caso do rapaz à sua frente, 21 anos. (...)

      Havia mais de duas horas que o rapaz estava em avaliação na empresa. Passara pela entrevista inicial com o chefe do setor, resolvera os probleminhas técnicos de internet e programação visual que lhe apresentaram, com rapidez e certa superioridade irônica, lera os princípios, valores e perfil da empresa (...). Alguns itens, como “comprometimento”, foram apresentados como pré-requisitos. Afinal o encaminharam para o diretor da área de e-comerce, vendas pela internet. O executivo tinha em mãos a avaliação do candidato: excelente.

      Descreveu o trabalho de que a empresa necessitava: desenvolvimento de um site interativo no qual o cliente internauta pudesse fazer simulações de medidas, cores, ajustes, acessórios, preços, formas de pagamento e programação de entrega de cerca de 200 produtos. Durante sua fala, o rapaz mexeu as pernas, levantou um pé, depois o outro, incomodado. O executivo perguntou se ele se sentia apto.

      — Dá para fazer — respondeu o rapaz, movendo a perna, como se buscasse alívio. 

      — Posso te ajudar em alguma coisa?

      — Vou te falar a verdade. Eu comprei este sapato para vir aqui e ele está me apertando e incomodando. Eu só uso tênis.

      O executivo sorriu e pensou: “Esses meninos...”.

      — Quem falou para eu vir fazer esta entrevista, e vir de sapato, foi minha namorada. Porque eu não vinha. Ela falou para eu comprar sapato, e o sapato está me apertando aqui, me atrapalhando.

      Nos últimos anos, o executivo vinha percebendo que os desafios pessoais para a novíssima geração eram diferentes, e que havia limites para o que eles estavam dispostos a ceder antes de se comprometer com um trabalho formal.

      — Não tem problema. Pode vir de tênis. O emprego é seu. 

      — Não, obrigado. Eu não quero emprego.

      O executivo parou estupefato. O menino continuou:

      — Todo mundo foi muito gentil, mas não vai dar. Esta camisa é do meu pai, eu tenho tatuagem, trabalho ouvindo música.

      — Então por que se candidatou, se não queria trabalhar?

      — Desculpe, eu não falei que não queria trabalhar.

      Novo espanto do executivo. Sentia nas falas dele e do rapaz uma dissintonia curiosa. Como ficou calado, esperando, o rapaz prosseguiu:

      — É muito arrumado aqui. E eu não quero ficar ouvindo falar de identidade corporativa, marco regulatório, desenvolvimento organizacional, demanda de mercado, sinergia, estratégia, parâmetros, metas, foco, valores... Desculpe, eu não sabia que era assim. Achava que era só fazer o trabalho direito e ver funcionar legal.

      O executivo ficou olhando a figura, contando até dez, olhos fixados naquele brinco. O garoto queria ter a liberdade dele, a camiseta colorida dele, o tênis furado dele, ouvir a música dele nos fones de ouvido, talvez trabalhar de madrugada e dormir de manhã. Não queria aquele mundo em que ele mesmo estava metido havia vinte anos. Conferiu de novo as qualificações do rapaz, aquele “excelente”. Ousou:

      — Trabalhar em casa você aceita?

      — Aceito.

      Queria o trabalho, não o emprego. Acertaram os detalhes. Assim caminha a humanidade.

<http://tinyurl.com/n66pnvs>Acesso em: 15.03.2015. Adaptado.

Considerando o texto, podemos afirmar que o candidato, no primeiro momento, recusou o emprego naquela empresa porque
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Ano: 2015 Banca: FATEC Órgão: FATEC Prova: FATEC - 2015 - FATEC - Vestibular |
Q1267749 Português

Nova geração

Ivan Angelo


      O rapaz chegou para a entrevista. O executivo de vendas on-line da grande empresa levantou-se para apertar sua mão (...) e aproveitou para dar uma geral no rapaz.

      Arrumado, mas nada formal, de sapato novo, jeans, camisa de manga comprida enrolada até a metade do antebraço. O detalhe que o incomodou um pouco foi um brinquinho prateado de argola mínima na orelha esquerda. “Nisso dá-se um jeito depois, se valer a pena”, pensou o executivo.

      Ele sabia que não estava fácil atrair novos talentos e reter os melhores. Empresas aparelhavam-se para o crescimento projetado do país, contratavam jovens promissores, mesmo os muito jovens, como era o caso do rapaz à sua frente, 21 anos. (...)

      Havia mais de duas horas que o rapaz estava em avaliação na empresa. Passara pela entrevista inicial com o chefe do setor, resolvera os probleminhas técnicos de internet e programação visual que lhe apresentaram, com rapidez e certa superioridade irônica, lera os princípios, valores e perfil da empresa (...). Alguns itens, como “comprometimento”, foram apresentados como pré-requisitos. Afinal o encaminharam para o diretor da área de e-comerce, vendas pela internet. O executivo tinha em mãos a avaliação do candidato: excelente.

      Descreveu o trabalho de que a empresa necessitava: desenvolvimento de um site interativo no qual o cliente internauta pudesse fazer simulações de medidas, cores, ajustes, acessórios, preços, formas de pagamento e programação de entrega de cerca de 200 produtos. Durante sua fala, o rapaz mexeu as pernas, levantou um pé, depois o outro, incomodado. O executivo perguntou se ele se sentia apto.

      — Dá para fazer — respondeu o rapaz, movendo a perna, como se buscasse alívio. 

      — Posso te ajudar em alguma coisa?

      — Vou te falar a verdade. Eu comprei este sapato para vir aqui e ele está me apertando e incomodando. Eu só uso tênis.

      O executivo sorriu e pensou: “Esses meninos...”.

      — Quem falou para eu vir fazer esta entrevista, e vir de sapato, foi minha namorada. Porque eu não vinha. Ela falou para eu comprar sapato, e o sapato está me apertando aqui, me atrapalhando.

      Nos últimos anos, o executivo vinha percebendo que os desafios pessoais para a novíssima geração eram diferentes, e que havia limites para o que eles estavam dispostos a ceder antes de se comprometer com um trabalho formal.

      — Não tem problema. Pode vir de tênis. O emprego é seu. 

      — Não, obrigado. Eu não quero emprego.

      O executivo parou estupefato. O menino continuou:

      — Todo mundo foi muito gentil, mas não vai dar. Esta camisa é do meu pai, eu tenho tatuagem, trabalho ouvindo música.

      — Então por que se candidatou, se não queria trabalhar?

      — Desculpe, eu não falei que não queria trabalhar.

      Novo espanto do executivo. Sentia nas falas dele e do rapaz uma dissintonia curiosa. Como ficou calado, esperando, o rapaz prosseguiu:

      — É muito arrumado aqui. E eu não quero ficar ouvindo falar de identidade corporativa, marco regulatório, desenvolvimento organizacional, demanda de mercado, sinergia, estratégia, parâmetros, metas, foco, valores... Desculpe, eu não sabia que era assim. Achava que era só fazer o trabalho direito e ver funcionar legal.

      O executivo ficou olhando a figura, contando até dez, olhos fixados naquele brinco. O garoto queria ter a liberdade dele, a camiseta colorida dele, o tênis furado dele, ouvir a música dele nos fones de ouvido, talvez trabalhar de madrugada e dormir de manhã. Não queria aquele mundo em que ele mesmo estava metido havia vinte anos. Conferiu de novo as qualificações do rapaz, aquele “excelente”. Ousou:

      — Trabalhar em casa você aceita?

      — Aceito.

      Queria o trabalho, não o emprego. Acertaram os detalhes. Assim caminha a humanidade.

<http://tinyurl.com/n66pnvs>Acesso em: 15.03.2015. Adaptado.

Assinale a alternativa que traz uma afirmação correta sobre o texto.
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Ano: 2015 Banca: FATEC Órgão: FATEC Prova: FATEC - 2015 - FATEC - Vestibular |
Q1267701 Português

Karoshi é uma palavra japonesa que significa morte por excesso de trabalho. O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão supervisionou 4 561 empresas em novembro de 2014 e descobriu que, em 2 300 delas, havia registros de horas extras ilegais. Desse total, 715 empresas tinham funcionários realizando individualmente mais de 100 horas extras por mês. Em 153 empresas, o número de horas extras realizado por alguns funcionários havia subido para 150 horas e, em 35, superou as 200 horas extras mensais por funcionário, trazendo, dessa forma, riscos à saúde e consequentemente à vida dos trabalhadores. Segundo dados oficiais, cerca de 200 japoneses morrem por ano por causa do excesso de horas de trabalho.  

O aumento do número de casos de karoshi verificados no Japão se deve, principalmente, 

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Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Vestibular - Técnico Superior |
Q1267499 Português

TEXTO 4

NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

 tinha uma pedra                                   

no meio do caminho tinha uma pedra.


           Nunca me esquecerei desse acontecimento

    na vida de minhas retinas tão fatigadas.

               Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra                                  

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio do caminho. Disponível em: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/ drummond04.htm. Acesso: 12 out. 2017.


TEXTO 5

POEMA DE SETE FACES


Quando nasci, um anjo torto           

  desses que vivem na sombra          

      disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens          

que correm atrás de mulheres.      

A tarde talvez fosse azul,               

  não houvesse tantos desejos.          


O bonde passa cheio de pernas:   

pernas brancas pretas amarelas. 

                       Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu

 coração.                                         

Porém meus olhos                        

não perguntam nada.                   


 O homem atrás do bigode             

é sério, simples e forte.               

Quase não conversa.                  

    Tem poucos, raros amigos              

            o homem atrás dos óculos e do bigode. 


Meu Deus, por que me                

abandonaste                               

 se sabias que eu não era Deus   

     se sabias que eu era fraco.             


Mundo mundo vasto mundo,       

 se eu me chamasse Raimundo    

seria uma rima, não seria uma    

solução.                                      

Mundo mundo vasto mundo,      

mais vasto é meu coração.        


 Eu não devia te dizer                 

 mas essa lua                             

 mas esse conhaque                  

botam a gente comovido como

o diabo.                                    

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poema de sete faces. Disponível em: http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/poema-das-sete-faces-carlos-drummond-de-andrade/. Acesso: 12 out. 2017

O TEXTO 5 é literário e, portanto, possui uma linguagem carregada de significados, possibilitada pelo uso de figuras de linguagem e outras estratégias. Considerando isso, analise as proposições a seguir e, em seguida, assinale a alternativa CORRETA.


I. No terceiro verso da primeira estrofe do TEXTO 5, percebemos a inserção do poeta quando ele dá seu próprio nome ao eu-lírico.

II. A terceira estrofe do TEXTO 5 revela a massificação das pessoas, refletida no transporte que “passa cheio de pernas”. Neste mesmo verso, o poeta faz uso de metonímia ao trocar “pessoas” por “pernas”.

III.A inexistência de pontuação no interior de alguns versos do TEXTO 5 está ligada à liberdade de expressão e à licença poética do Modernismo brasileiro.

IV.As “pernas brancas pretas amarelas”, mencionadas na terceira estrofe do TEXTO 5, ilustram a diversidade de raças que compõem o povo brasileiro.

V. Na penúltima estrofe do TEXTO 5, através de uma metalinguagem, Drummond reflete sobre a composição das rimas do poema.


Estão CORRETAS as proposições

Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Vestibular - Técnico Superior |
Q1267496 Português

Disponível em: http://www.a12.com/redacaoa12/opiniao/doses-de-altruismo. Acesso: 10 out. 2017.

Analisando o diálogo entre as personagens e o contexto da tira que constitui o TEXTO 3, pode-se afirmar que
Alternativas
Respostas
4301: D
4302: B
4303: B
4304: C
4305: A
4306: C
4307: B
4308: C
4309: E
4310: C
4311: B
4312: B
4313: E
4314: B
4315: E
4316: C
4317: D
4318: E
4319: B
4320: E