Questões de Concurso
Sobre funções da linguagem: emotiva, apelativa, referencial, metalinguística, fática e poética. em português
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Sonhos rasgados
O canto rimado
vive contido
sofrido e rompido
da boca da vida
O seu criador
das páginas doiradas
com a voz embargada
cala no peito
os frutos do amor.
E os sonhos premiram-se
na íris do tempo
que o livro pousou fatigado
na majestosa cadeira da vida.
Texto 3
A carta
Na voz de cara enrugada
o texto não dito chocou.
A expressão refletida
amarelou os moldes
dos fortes pilares.
Os sons coxos
em tons marcados
sumiram das bocas vazadas.
Na voz de cara enrugada
chocou o texto não dito.

internacional sobre segurança nuclear, que ocorreu nesta semana em
Washington, dá-nos a oportunidade de refletir sobre as causas dessa
terrível situação. Considerando que nosso futuro será, em grande
parte, determinado por nossa atitude perante a questão nuclear, é
bom nos perguntarmos como chegamos até aqui, com o poder de
destruir a civilização. O que isso nos diz sobre quem somos como
espécie?
Talvez seja útil retornar a um tópico que, à primeira vista, pouco
tem a ver com essa discussão ética: a existência de civilizações
extraterrestres. No início da década de 1950, enquanto almoçava na
lanchonete do laboratório de Los Alamos - o mesmo onde, alguns
anos antes, a primeira bomba atômica foi construída -, o grande físico
Enrico Fermi parou de comer e perguntou aos seus companheiros:
"Onde está todo mundo?".
Seus amigos olharam em torno, procurando quem estava atrasado.
"Não, estou falando dos alienígenas. Onde estão eles?"
Com um guardanapo e caneta, Fermi mostrou que, se nossa galáxia
tem 10 bilhões de anos e um diâmetro de 100 mil anos-luz, uma
civilização que houvesse aparecido, digamos, um milhão de anos
antes da nossa teria tido tempo de sobra para colonizar a galáxia por
inteiro. Sendo assim, insistiu, onde está todo mundo?
Existem várias respostas para essa questão, conhecida como
"Paradoxo de Fermi". A que importa para a nossa discussão de hoje
argumenta que os alienígenas não estão aqui porque toda civilização
que é capaz de fabricar bombas nucleares se autodestrói. Sem dúvida,
uma visão extremamente pessimista da história das civilizações.
Dado isso, devemos nos perguntar se nossa história sob o jugo
das armas nucleares nos últimos 65 anos é exceção ou regra. Somos
como esses alienígenas suicidas ou mais espertos?
Nossa aniquilação é inevitável ou será que seremos capazes de
garantir nossa sobrevivência mesmo tendo em mãos armas de
destruição em massa? Infelizmente, armas nucleares são monstros
que jamais desaparecerão.
Nenhuma descoberta científica "desaparece". Uma vez revelada,
permanece viva, mesmo se condenada como imoral por uma maioria.
A barganha faustiana que acabamos por realizar com o poder tem um
preço muito alto. É irreversível. Não podemos mais contemplar um
mundo sem armas nucleares. Sendo assim, será que podemos
contemplar um mundo com um futuro?
O medo e a ganância - uma combinação letal - trouxeram-nos até
aqui. Por milhares de anos, cientistas e engenheiros serviram o Estado
em troca de dinheiro e proteção. Cercamo-nos de inimigos reais ou
virtuais e precisamos proteger nosso país e nossos lares a qualquer
preço. O patriotismo é o maior responsável pela guerra. Não é à toa
que Einstein queria ver as fronteiras abolidas.
Olhamos para o Brasil, os Estados Unidos e a Comunidade Europeia,
onde fronteiras são cada vez mais invisíveis, e temos evidência
empírica de que a união de Estados sem fronteiras leva à estabilidade
e à sobrevivência. A menos que as coisas mudem profundamente
(por exemplo, se São Paulo resolver se separar do resto do país...), é
difícil ver essa estabilidade ameaçada. Será, então, que a solução -
admito, extremamente remota - é um mundo sem fronteiras, uma
sociedade de fato globalizada e economicamente integrada? Ou será
que existe outro modo de garantir nossa sobrevivência a longo prazo
com mísseis carregando armas nucleares apontados uns para os outros,
prontos a serem detonados? O que você diz?

Acesso em 25 de abril de 2010.
No texto acima,
Os incentivos existem em três tipos de sabores básicos: econômico, social e moral. É muito comum que um único esquema de incentivos inclua as três variedades. Tomemos a campanha antitabagista dos últimos anos. O acréscimo da "taxa do pecado" de $ 3 em cada maço é um forte incentivo econômico contra a compra de cigarros. A proibição do fumo em restaurantes e bares é um poderoso incentivo social. E a afirmação do governo americano de que os terroristas angariam fundos com a venda de cigarros no mercado negro atua como um incentivo moral bastante estridente.
LEVITT, Steven D., DUBNER, Stephen J. Freakonomics. O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta. Tradução Regina Lyra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, p. 23.
A estação Júlio Prestes, marco histórico e turístico de São Paulo, completou 70 anos nesta semana. Atualmente, o local abriga a Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado, além de ser o ponto de partida da atual Linha 8 (Júlio Prestes-Itapevi) da CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos].
aos Correios são expressivos, dos milhares de páginas de texto
e documentos aos mais de cem acusados. É o tempo do
espanto. Um oceano nos separa, contudo, do resultado
concreto, o das absolvições e o das punições. Os dois
momentos do mar imenso entre relatório e resultado estão no
julgamento final, cuja tendência é pessimista, a contar de
exemplos recentes. Não deveria ser.
Não deveria ser pela natureza mesma das comissões
parlamentares de inquérito, cujo nome é raramente objeto de
meditação até pelos operários do direito. "Comissão", além do
significado mercantil (depreciativo, no caso do Parlamento), do
dinheiro pago em remuneração de serviço, é também o do
grupamento encarregado de realizar tarefa de interesse comum.
Interesse comum? Não. De interesses conflituosos pela própria
natureza política de seu trabalho, pois o vocábulo
"parlamentares" as afirma integradas por componentes de uma
das casas do Congresso ou mistas, funcionando segundo seus
regimentos internos. (...)
"As comissões são úteis ou necessárias?", perguntará
o leitor. Sem a menor dúvida e vigorosamente, respondo sim.
Há abusos. São lamentáveis, mas inerentes à vida parlamentar,
no Brasil e em qualquer país onde haja comissões
parlamentares. Se os legisladores devem ser a expressão
média de seu povo, fica manifesto que os parlamentos sejam
compostos por homens e mulheres de bem, dedicados e
honestos, mas também por pilantras, patifes, cachaceiros,
delinqüentes e assim por diante. (...) Seria ideal que o povo
escolhesse melhor seus representantes, dizem as elites, mas
sem razão. O povo vota sob influência do poder econômico,
após seleção dos favoritos de chefes partidários, para exclusão
dos que assumam linha independente da adotada pelas
lideranças e assim por diante.
Voltando à CPI dos Correios, cabe esclarecer por que
há um oceano entre o relatório e o resultado. "Inquérito" é
trabalho de apuração. Se bem feito, propicia bom material aos
julgadores. Se malfeito, facilita a "pizza", essa maravilhosa
invenção atribuída aos italianos em geral, mas que vem do sul
da Itália. "Pizza" transformada em cambalacho e tapeação? Não
necessariamente. Muitas vezes o defeito da distância entre a
apuração e o julgamento está naquela, e não neste,
principalmente se for judicial. O mal do julgamento político está
em que não considera seu efeito paralelo do desprestígio para o
Parlamento como um todo. No caso atual, porém, não se pode
negar que já houve resultados apreciáveis. Para o relatório lido
nesta semana cabe esperar pela travessia do oceano e torcer
para que chegue a bom porto.
(W. Ceneviva. Folha de S. Paulo. 01/04/2006, C2)
Prospera pouco no Pantanal o andarilho. Seis meses, durante
a seca, anda. Remói caminhos e descaminhos. Abastece de perna
as distâncias. E, quando as estradas somem, cobertas por águas,
arrancha.
O andarilho é um antipiqueteiro por vocação. Ninguém o
embuçala. Não tem nome nem relógio. Vagabundear é virtude
atuante para ele. Nem é um idiota programado, como nós. O próprio
esmo é que o erra.
Chega em geral com escuro. Não salva os moradores do
lugar. Menos por deseducado. Senão por alheamento e fastio.
Abeira-se do galpão, mais dois cachorros, magros, pede
comida, e se recolhe em sua vasilha de dormir armada no tempo.
Cedo, pela magrez dos cachorros que estão medindo o pátio,
toda a fazenda sabe que Bernardão chegou. "Venho do oco do
mundo. Vou para o oco do mundo." É a única coisa que ele adianta.
O que não adianta.
(...)
Enquanto as águas não descem e as estradas não se
mostram, Bernardo trabalha pela bóia. Claro que resmunga. Está
com raiva de quem inventou a enxada. E vai assustando o mato
como um feiticeiro.
Os hippies o imitam por todo o mundo. Não faz entretanto
brasão de seu pioneirismo. Isso de entortar pente no cabelo intratável
ele pratica de velho. A adesão pura à natureza e a inocência
nasceram com ele. Sabe plantas e peixes mais que os santos.
Não sei se os jovens de hoje, adeptos da natureza,
conseguirão restaurar dentro deles essa inocência. Não sei se
conseguirão matar dentro deles a centopéia do consumismo.
Porque, já desde nada, o grande luxo de Bernardo é ser
ninguém. Por fora é galalau. Por dentro não arredou de criança. É ser
que não conhece ter. Tanto que inveja não se acopla nele.
Manoel de Barros. Livro de pré-coisas: roteiro para uma excursão
poética no Pantanal. 2.a ed. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 47-8.

Analisando a relação entre as informações veiculadas pelo
texto VII e a articulação dos elementos textuais, julgue (C ou E)
os itens a seguir.


Julgue os itens a seguir, que se referem às idéias e às estruturas do
texto acima.
O narrador recorreu à função metalinguística da linguagem para formular, ao final da crônica, sua máxima, carregada de arbitrariedade.
No texto 5, narrativa de cunho histórico acerca de tema da economia brasileira, o autor emprega predominantemente linguagem referencial e objetiva.
Questões de 01 a 05
Texto para as questões 01 a 05
Era uma vez, uma Agulha, que disse a um novelo de Linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa, neste mundo?
— Deixe-me, Senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, Senhora? A Senhora não é alfinete, é Agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas, por quê?
— É boa! Porque coso. Então, os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a Costureira chegou à casa da Baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma Baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a Costureira, pegou do pano, pegou da Agulha, pegou da Linha, enfiou a Linha na Agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da Costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a Agulha:
— Então, Senhora Linha, ainda teima no que dizia, há pouco? Não repara que esta distinta Costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
A Linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela Agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A Agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a Costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a Baronesa vestiu-se. A Costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a Agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a Linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da Baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com Ministros e Diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. Parece que a Agulha não disse nada; mas um Alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre Agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
—Também eu tenho servido de Agulha a muita linha Ordinária!
(Assis, Machado de.
www.releituras.com/machadodeassis_apólogo.asp)
Assinale a alternativa em que aparecem, respectivamente, as seguintes funções: “Metalinguística” e “Emotiva”:
Sobre as funções da linguagem, associe a coluna B pela coluna A.
Marque a opção que apresenta a sequência CORRETA.