Leia o texto para responder à questão.
Sentado no coletivo, observo a roupa que cada um está
usando e fico imaginando como escolheu aquele modelito
pra sair de casa.
Tem de tudo. Gente bem vestida, gente de qualquer jeito,
bom gosto, mau gosto, roupa limpa, roupa suja.
Toda vez que penso nisso, lembro-me do poeta Paulo Leminski, com quem trabalhei no final dos anos 1980. Leminski era o que chamamos de “figuraça”. Fazíamos o Jornal de Vanguarda juntos na TV Bandeirantes.
Lema, como o chamávamos, ia trabalhar de qualquer jeito. Uma calça Lee surrada, sem cinto, caindo, camiseta branca encardida e muitas vezes aparecia na redação de chinelo
franciscano.
Um dia, foi surpreendido no corredor da Band pelo comentarista de economia Celso Ming.
– Paulo Leminski, você percebeu que está usando uma
meia de cada cor?
Lema levantou ligeiramente sua calça Lee e constatou
que Ming – que ele chamava de Dinastia Ming – estava certo.
Não pensou duas vezes e respondeu na lata.
– Dinastia Ming, eu estou me lixando! Acordo, me visto no
escuro e só vejo como estou quando chego na rua.
(Alberto Villas. Vou assim mesmo!. 07.12.2017.
www.cartacapital.com.br. Adaptado)