João Carvalho, respeitado neurocirurgião, opera a cabeça de ...

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Ano: 2009 Banca: FGV Órgão: TJ-PA Prova: FGV - 2009 - TJ-PA - Juiz |
Q30865 Direito Penal
João Carvalho, respeitado neurocirurgião, opera a cabeça de José Pinheiro. Terminada a operação, com o paciente já estabilizado e colocado na Unidade de Tratamento Intensivo para observação, João Carvalho deixa o hospital e vai para casa assistir ao último capítulo da novela.

Ocorre que, pelas regras do hospital, João Carvalho deveria permanecer acompanhando José Pinheiro pelas doze horas seguintes à operação. Como é um fanático noveleiro, João desrespeita essa regra e pede à Margarida, médica da sua equipe, que acompanhe o pós-operatório. Margarida é uma médica muito preparada e tão respeitada e competente quanto João.

Margarida, ao ver José Pinheiro, o reconhece como sendo o assassino de seu pai. Tomada por uma intensa revolta e um sentimento incontrolável de vingança, Margarida decide matar aquele assassino cruel que nunca fora punido pela Justiça, porque é afilhado de um influente político. Margarida determina à enfermeira Hortência que troque o frasco de soro que alimenta José, tomando o cuidado de misturar, sem o conhecimento de Hortência, uma dose excessiva de anti-coagulante no soro. José morre de hemorragia devido ao efeito do anti-coagulante.

Assinale a alternativa que indique o crime praticado por cada envolvido.
Alternativas

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Interpretação do Enunciado:

A questão aborda crimes contra a vida, com foco em homicídio doloso e culposo. Analisa a responsabilidade penal de cada envolvido em um cenário onde ocorre a morte de um paciente devido à ação dolosa de uma médica e à omissão de um neurocirurgião.

Legislação Aplicável:

Para resolver a questão, é essencial considerar o Código Penal Brasileiro, especialmente os artigos relacionados ao homicídio:

  • Art. 121: Homicídio doloso (quando há intenção de matar).
  • Art. 121, §3º: Homicídio culposo (quando não há intenção, mas ocorre por imprudência, negligência ou imperícia).
  • Art. 13: Relevante para a omissão penalmente relevante.

Tema Central da Questão:

A questão central é identificar a responsabilidade penal de cada pessoa envolvida no falecimento de José Pinheiro, considerando ações e omissões. Exige conhecimento sobre homicídio doloso (intenção de matar) e culposo (falta de intenção), além da análise da omissão de dever.

Exemplo Prático:

Imagine um médico que, por negligência, deixa de realizar um procedimento necessário, resultando na morte do paciente. Se a morte decorre diretamente dessa omissão, e o médico tinha o dever de agir, ele pode responder por homicídio culposo.

Justificativa da Alternativa Correta (D):

João Carvalho: Não cometeu crime algum. Embora tenha deixado de cumprir sua obrigação de acompanhar o paciente, essa omissão não foi a causa direta da morte de José Pinheiro, que ocorreu por ação dolosa de Margarida.

Margarida: Praticou homicídio doloso, pois agiu com intenção de matar ao adulterar o soro do paciente.

Hortênsia: Não cometeu crime algum porque agiu sem conhecimento da adulteração do soro. Sua ação foi sem dolo ou culpa.

Análise das Alternativas Incorretas:

  • A: Incorretamente imputa homicídio culposo a João e Hortênsia. João não teve culpa direta na morte, e Hortênsia não agiu com dolo ou culpa.
  • B: Correto sobre Margarida, mas erra ao atribuir homicídio culposo a João, que não foi responsável direto pela morte.
  • C: Equivoca-se ao classificar o crime de Margarida como culposo e ao atribuir responsabilidade criminal a Hortênsia.
  • E: Erra ao classificar o crime de Margarida como preterdoloso, que é uma figura inexistente neste contexto, e ao atribuir culpa a João.

Dica para Evitar Pegadinhas:

Preste atenção à intenção (dolo) versus falta de intenção (culpa) nas ações dos personagens. Identifique claramente quem realizou uma ação dolosa e quem agiu de forma omissiva ou sem conhecimento do ato criminoso.

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Comentários

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João Carvalho cometeu infração às regras do hospital, podendo responder civilmente e administrativamente, inclusive em face do Código de Ética Média;Margarida cometeu homicído doloso, pois tinha a vontade livre e consciente em matar a José Pinheiro;Hortênsia não cometeu crime algum, pois desconhecia haver a mistura de substância perigosa capaz de causar a morte de José Pinheiro.Todo o exercício pode ser resolvido aplicando-se a Teoria da Causalidade Adequada.Teoria da causalidade adequada - É a teoria segundo a qual para que um fato seja considerado como causador, no sentido de responsável de outro, é mister não só que realmente haja sido o motivo da verificação do segundo como que normalmente assim suceda.
Art. 121 - Matar alguém:Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
João Carvalho não atuou com imperícia, nem com imprudência. O ponto nodal daquestão é avaliar se João agiu com negligência, ao deixar um doente recém operado aoscuidados de outra médica, violando regras internas do hospital. A banca entende que não sepode falar em comportamento negligente ou penalmente relevante na hipótese. João Carvalhodelegou a continuidade do tratamento a uma médica especializada e competente (como constaexpressamente no enunciado). É hipótese, pois, de conduta orientada pelo princípio daconfiança, critério excludente do crime culposo, consistente na impossibilidade de atribuição deresultados a quem tivesse a justa expectativa de condutas adequadas por parte de terceiros,pois não havia qualquer fato concreto que o pudesse levar a crer que Margarida não atuariacom o devido cuidado ou que ela viria a praticar crime de natureza dolosa.Margarida praticou homicídio doloso, comissivo, ao misturar uma droga que sabia serfatal nas circunstâncias médicas em que se encontrava José.Hortênsia não praticou crime algum, em razão do defeito de conhecimento dascircunstancias fáticas formadoras do tipo legal, tal como disposto no artigo 20 do Código Penal.No caso em exame, revela-se patente o erro de tipo inevitável, decorrente da ausência derepresentação concreta acerca da natureza da substância que lhe foi entregue pela autoramediata.
Joao nao teve com a morte do paciente, pois a conduta dele de inobservância de técnica nao teve nenhum nexo causal  e assim afasta o fato típico. Joao deveria responder adiminstrativamente por descumprimir regras trabalhistas.
Margarida mataria mesmo Joao estando presente e assim como Hortência nao iria ter ciência da troca do soro , pois como a questão afrma ,Margarida é competente e nao teria motivos para seus colegas desconfiarem de sua conduta.
Se Hortência tivesse ciência da troca do soro e mesmo assim fizesse a troca ela tb respondeira por hom doloso.
A FGV ate se esforça para fazer uma questao de raciocinio ou mais elaborada mas nao consegue; quando nao sao fáceis, sao literalidade ou mesmo confusas...

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