Questões de Concurso

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Q2510036 Saúde Pública
O Agente Comunitário de Endemias (ACE) desempenha um papel fundamental não apenas na prevenção de doenças transmitidas por vetores, mas também na promoção da saúde do ambiente. A região enfrenta desafios relacionados ao acúmulo de resíduos sólidos, carência de saneamento básico e outras circunstâncias que impactam diretamente a qualidade de vida dos residentes. O ACE, consciente da conexão intrínseca entre a saúde humana e o ambiente, assume uma posição ativa na identificação e intervenção em condições ambientais adversas. Assinale a afirmativa que melhor representa a importância do Agente Comunitário de Endemias (ACE) em promover a saúde ambiental em uma comunidade urbana.
Alternativas
Q2510035 Saúde Pública
Os profissionais de saúde desempenham papéis específicos para garantir o bem-estar da população. Nesse cenário, os Agentes Comunitários de Endemias e os Agentes Comunitários de Saúde são peças-chave. Considerando a importância de entender as funções desses profissionais, qual é a relação correta entre o trabalho do Agente Comunitário de Endemias e os fundamentos do trabalho do Agente Comunitário de Saúde?
Alternativas
Q2510033 Saúde Pública
Durante as atividades do Agente Comunitário de Endemias, é vital estabelecer uma comunicação efetiva com os moradores, garantindo a compreensão completa das informações relevantes à prevenção de doenças, promoção da saúde e implementação de medidas preventivas. Considerando o papel crucial da linguagem e comunicação no exercício das responsabilidades do Agente Comunitário de Endemias no contexto da prevenção de doenças, assinale a afirmativa correta.
Alternativas
Q2510029 Enfermagem
O Planejamento e Programação Local em Saúde (PPLS) é a forma de organizar os resultados do diagnóstico da situação de saúde e das condições de vida, além de sistematizar as ações necessárias para resolver os problemas e as necessidades em saúde. São consideradas partes do PPLS, EXCETO: 
Alternativas
Q2510028 Enfermagem
“O potencial pandêmico faz com que a Influenza seja destaque entre outras doenças infecciosas. Muitos são os estudos que apontam a ocorrência de possíveis e comprovados eventos de influenza na história. A título de comparação, constata-se que a mais grave pandemia de influenza, a Gripe Espanhola, marcou na história um número de óbitos estimado entre 20 a 50 milhões de pessoas no mundo todo – mais que o dobro de mortes em quatro anos da Primeira Guerra Mundial.” Sobre a Influenza, assinale a afirmativa correta. 
Alternativas
Q2510026 Enfermagem
Apesar de se ter como marco de referência da participação social na saúde a Lei nº 8.142/1990, as Conferências Nacionais de Saúde são anteriores ao próprio SUS, tendo ocorrido pela primeira vez em 1941. Porém, somente a partir de 1986, com a VIII Conferência, é que deixaram de ser restritas a uma cúpula da gestão federal e passaram a ter participação ampliada dos diversos segmentos. Assinale a afirmativa correta sobre as Conferências de Saúde.
Alternativas
Q2510024 Enfermagem
“[…] redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. Em relação à saúde, objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. Devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função.” As informações se referem a um dos princípios do SUS, instituído pelas Leis Orgânicas da Saúde; assinale-o.
Alternativas
Q2510023 Enfermagem
Em 2023, o Brasil bateu o recorde de ano com mais mortes causadas pela dengue. Um levantamento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no fim do ano passado, apontou que o Brasil lidera o número de casos de dengue no mundo, com 2,9 dos 5 milhões de casos registrados em 2023.
(Fonte: O Globo.)
Sobre os principais determinantes da expressão epidemiológica das infecções causadas pelo vírus da dengue, assinale a afirmativa INCORRETA.

Alternativas
Q2510022 Enfermagem
O Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica, nas três esferas de governo, para apoiar processos de investigação e de análise das informações sobre doenças de notificação compulsória. Os dois documentos básicos que complementam entre si as informações sobre cada caso notificado são:
Alternativas
Q2510021 Enfermagem
A taxa de mortalidade perinatal reflete a ocorrência de fatores vinculados à gestação e ao parto, entre eles o peso ao nascer, bem como as condições de acesso a serviços de saúde e qualidade da assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. O seu método de cálculo é:
Alternativas
Q2510020 Enfermagem
A taxa de mortalidade infantil reflete, de maneira geral, as condições de desenvolvimento socioeconômico e infraestrutura ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e da população infantil. Ela é definida pelo número de óbitos de menores de ____________ de idade, por __________ nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior.
Alternativas
Q2510018 Enfermagem
Um dos principais objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS) é a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. Visando tal objetivo, é importante a implementação de um conjunto de ações que proporcionam conhecimento, detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. Levando-se em consideração a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, tal definição refere-se diretamente ao conceito de:
Alternativas
Q2510017 Enfermagem
A Resolução nº 01, de 29 de setembro de 2011, estabeleceu as diretrizes gerais para a instituição de Regiões de Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Considerando tal Resolução, analise as afirmativas a seguir.

I. Considera-se Região de Saúde a descrição geográfica da distribuição de recursos humanos, de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada.
II. Cada Município poderá compor apenas uma única Região de Saúde.
III. As Regiões de Saúde interestaduais, compostas por municípios limítrofes de mais de um estado, serão instituídas por ato conjunto dos respectivos estados em articulação com os municípios.

Está correto o que se afirma em
Alternativas
Q2510016 Enfermagem
Conforme normatização vigente do Sistema Único de Saúde (SUS), a Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, definiu a organização na Rede de Atenção à Saúde, como estratégia para um cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da população. De acordo com tal Portaria, recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) tenham seu funcionamento com carga horária mínima de:
Alternativas
Q2510015 Enfermagem
Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coordenação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de seus limites territoriais, considerando as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas. De acordo com a Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, são responsabilidades dos Municípios, EXCETO:
Alternativas
Q2510013 Português

Agosto

Apenas uma rima para desgosto?


    Agosto, desgosto. Rimar, rima. Mas será verdade? Da minha parte, desde menino ouvia dizer em Minas “agosto, mês de desgosto”. Oitavo mês do ano, agosto retirou seu nome do imperador César Augusto. Não podia ter um patrono de mais sorte, em tudo por tudo benéfico. O século de Augusto, o quinto antes de Cristo, foi um brilho só. E ainda teve Mecenas, que passou o seu nome a todos os protetores das artes e das letras.

    A 13 de agosto de 1965, na TV Globo recém-inaugurada, que era então apenas o Canal 4 do Rio de Janeiro, Gláucio Gil abriu o seu programa à noite com as seguintes palavras: “Sexta-feira, 13 de agosto. Até agora, tudo bem”. E, trágica ilustração, caiu morto, fulminado por um infarto. Sua intenção era dizer um texto leve, meio humorístico, sobre o mês que tem fama de aziago. Os estudiosos do folclore colhem na fonte popular a certeza dogmática de que se trata de um mês de mau agouro, impróprio para casamento, mudança de casa ou início de qualquer empreendimento.

    Será assim só no Brasil? Não; na Argentina quem lava a cabeça em agosto, sobretudo se for mulher, está chamando a morte para si ou para alguém de sua família. Na França, agosto também não tem boa reputação. Com o calor e as férias, Paris fica entregue aos turistas e é, para o francês, o mês menos propício do ano. No Brasil, o dito popular se fortaleceu com a Primeira Guerra Mundial, em 1914. A notícia chegou aqui a primeiro de agosto. Mas de fato a guerra começou na Sérvia a 28 de julho. Antes do satélite, do telex e do DDI, o atraso ficou por conta do cabo submarino. Aprofundou-se, porém, a convicção de que agosto é um mês nefasto. Chegou por isso a inspirar uma canção popular. E um pesquisador já em 1925 garantia que se trata de um mês tradicionalmente desmancha- -prazeres da humanidade. A segunda-feira de agosto era apontada naquela altura como o dia mais agourento de todo o ano.

    Hoje, ninguém duvida, e os jornais nunca se esquecem de o dizer, este triste privilégio cabe à sexta-feira, 13. Sexta-feira, 13 e agosto — é um somatório de maus presságios, que a morte súbita de Gláucio Gil diante das câmeras só fez confirmar. Em 1954, onze anos antes, a suprema prova dos maus eflúvios de agosto veio com o suicídio de Getúlio Vargas. Fato singular: um chefe de Estado se matar na sede do governo.    

    Sete anos depois, em 1961, o Brasil era sacudido por outro abalo de dramáticas consequências — a renúncia de Jânio Quadros. Exatamente a 25 de agosto, tinha de ser, como foi, associada ao suicídio de Getúlio. No fundo, foi um suicídio simbólico. A renúncia permanece até hoje encoberta por uma aura de mistério. Jânio nunca deu explicação satisfatória. Se pretendia dar um golpe de Estado para ter plenos poderes, é fora de dúvida que se lembrou de Getúlio, ainda que inconscientemente. Ninguém no Brasil encarnou melhor do que Getúlio a astúcia no poder — e a ditadura.

        E nem sempre agosto é um mês aziago. Em Portugal se diz de maneira positiva que “maio come o trigo e agosto bebe o vinho”. Mas o padre Antônio Delicado, que no século XVII reuniu os Adágios portugueses, registra este: “Queres ver teu marido morto? Dá-lhe couves em agosto”. Que diabo de couves serão estas? Não importa. Para o padre Antônio Vieira, “o último sermão é o agosto dos pregadores, se se colhe algum fruto, neste sermão se colhe”. Aqui está uma visão propícia, portanto, do malfadado agosto.

    No Brasil, gato preto é sinal certo de desgraça. Gato preto na sexta-feira 13 é de meter medo em qualquer um. Se for em agosto, então, é o cúmulo da desdita. Sucede, porém, que as superstições mudam de mão e se entendem às vezes pelo avesso. Em Londres, gato preto é na certa good luck. Um gato preto em casa não só a protege como afasta qualquer misfortune. Igualmente na China um gato preto à noite é anúncio de felicidade. Se for em agosto, melhor ainda. Levado numa gaiola na noite do dia 13 de agosto, um gato preto pode fazer milagre na safra de cereais. O gato chinês chama a chuva e protege a lavoura.

    Muitos ditados que correm mundo ainda hoje tiveram origem rural, a partir do trabalho agrícola. E há por isso os que se ligam à meteorologia. No Brasil como em Portugal, numerosos são os dessa categoria que continuam vivos e válidos. Diz-se, por exemplo, que “gato de luva é sinal de chuva”. Seria o caso de perguntar primeiro o que é um gato de luva. Você sabe? Nem eu. E por que seria sinal de chuva? Mistério.

    Na verdade, o que importa é a rima. Se “luva” e “chuva” rimam, tanto basta. O gato entrou aí como Pilatos no credo. Afinal, o gato é um animal sagrado desde os remotos tempos do Egito. É fora de dúvida que o mês de agosto entre nós deve à rima com “desgosto” boa parte de sua carga negativa. Não há explicação lógica no domínio do esotérico. Lógica também não tem a poesia, a que se pede apenas que seja bela: “April is the cruelest month”, canta T.S. Eliot. Entre nós, seria preciso substituir abril pelo mês de agosto, já que abril aqui nada tem de cruel. E agosto não tem sido politicamente correto.    

    Entre os romanos, havia dias fastos e nefastos. Na Idade Média, havia horas abertas e fechadas, segundo estivessem mais ou menos à mercê do demônio. Ainda hoje, hoje talvez mais do que nunca, de volta a moda esotérica, o tempo e o calendário, em matéria de presságios, continuam sendo divididos por um critério que nada tem a ver com a lógica ou com o sistema solar. De resto, o sol foi um deus na Antiguidade e quem foi deus é sempre... divindade. No interior do Brasil, diz o povo que várias coisas não se devem fazer de dia. Noturnos, preferencialmente noturnos, são o nascimento e a morte.

    Agosto este ano pode nos reservar algumas surpresas. Esperemos que sejam favoráveis. De uma coisa estamos livres: nem o 13, nem o 24 caem numa sexta-feira. 13 é segunda-feira, um dia, desculpem, também considerado de maus bofes. E o 13 é por sua vez o número aziago por excelência, desde a Última Ceia de Cristo. Nos Estados Unidos não há nos hotéis 13º andar. Nos aviões, salta-se a poltrona 13, que ninguém quer. Como lá dizia o Hamlet ao Horácio, há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa filosofia. “Yo no creo en brujerias, pero que las hay”...


(RESENDE, Otto Lara. 1992. Agosto, apenas uma rima para desgosto? Elle, São Paulo. Adaptado.)

    


Considere o trecho “Na França, agosto também não tem boa reputação.” (3º§) É correto afirmar que a disposição da vírgula na oração em comento se deu pela mesma razão que as vírgulas nas orações elencadas nas afirmativas a seguir, EXCETO em:
Alternativas
Q2510009 Português

Agosto

Apenas uma rima para desgosto?


    Agosto, desgosto. Rimar, rima. Mas será verdade? Da minha parte, desde menino ouvia dizer em Minas “agosto, mês de desgosto”. Oitavo mês do ano, agosto retirou seu nome do imperador César Augusto. Não podia ter um patrono de mais sorte, em tudo por tudo benéfico. O século de Augusto, o quinto antes de Cristo, foi um brilho só. E ainda teve Mecenas, que passou o seu nome a todos os protetores das artes e das letras.

    A 13 de agosto de 1965, na TV Globo recém-inaugurada, que era então apenas o Canal 4 do Rio de Janeiro, Gláucio Gil abriu o seu programa à noite com as seguintes palavras: “Sexta-feira, 13 de agosto. Até agora, tudo bem”. E, trágica ilustração, caiu morto, fulminado por um infarto. Sua intenção era dizer um texto leve, meio humorístico, sobre o mês que tem fama de aziago. Os estudiosos do folclore colhem na fonte popular a certeza dogmática de que se trata de um mês de mau agouro, impróprio para casamento, mudança de casa ou início de qualquer empreendimento.

    Será assim só no Brasil? Não; na Argentina quem lava a cabeça em agosto, sobretudo se for mulher, está chamando a morte para si ou para alguém de sua família. Na França, agosto também não tem boa reputação. Com o calor e as férias, Paris fica entregue aos turistas e é, para o francês, o mês menos propício do ano. No Brasil, o dito popular se fortaleceu com a Primeira Guerra Mundial, em 1914. A notícia chegou aqui a primeiro de agosto. Mas de fato a guerra começou na Sérvia a 28 de julho. Antes do satélite, do telex e do DDI, o atraso ficou por conta do cabo submarino. Aprofundou-se, porém, a convicção de que agosto é um mês nefasto. Chegou por isso a inspirar uma canção popular. E um pesquisador já em 1925 garantia que se trata de um mês tradicionalmente desmancha- -prazeres da humanidade. A segunda-feira de agosto era apontada naquela altura como o dia mais agourento de todo o ano.

    Hoje, ninguém duvida, e os jornais nunca se esquecem de o dizer, este triste privilégio cabe à sexta-feira, 13. Sexta-feira, 13 e agosto — é um somatório de maus presságios, que a morte súbita de Gláucio Gil diante das câmeras só fez confirmar. Em 1954, onze anos antes, a suprema prova dos maus eflúvios de agosto veio com o suicídio de Getúlio Vargas. Fato singular: um chefe de Estado se matar na sede do governo.    

    Sete anos depois, em 1961, o Brasil era sacudido por outro abalo de dramáticas consequências — a renúncia de Jânio Quadros. Exatamente a 25 de agosto, tinha de ser, como foi, associada ao suicídio de Getúlio. No fundo, foi um suicídio simbólico. A renúncia permanece até hoje encoberta por uma aura de mistério. Jânio nunca deu explicação satisfatória. Se pretendia dar um golpe de Estado para ter plenos poderes, é fora de dúvida que se lembrou de Getúlio, ainda que inconscientemente. Ninguém no Brasil encarnou melhor do que Getúlio a astúcia no poder — e a ditadura.

        E nem sempre agosto é um mês aziago. Em Portugal se diz de maneira positiva que “maio come o trigo e agosto bebe o vinho”. Mas o padre Antônio Delicado, que no século XVII reuniu os Adágios portugueses, registra este: “Queres ver teu marido morto? Dá-lhe couves em agosto”. Que diabo de couves serão estas? Não importa. Para o padre Antônio Vieira, “o último sermão é o agosto dos pregadores, se se colhe algum fruto, neste sermão se colhe”. Aqui está uma visão propícia, portanto, do malfadado agosto.

    No Brasil, gato preto é sinal certo de desgraça. Gato preto na sexta-feira 13 é de meter medo em qualquer um. Se for em agosto, então, é o cúmulo da desdita. Sucede, porém, que as superstições mudam de mão e se entendem às vezes pelo avesso. Em Londres, gato preto é na certa good luck. Um gato preto em casa não só a protege como afasta qualquer misfortune. Igualmente na China um gato preto à noite é anúncio de felicidade. Se for em agosto, melhor ainda. Levado numa gaiola na noite do dia 13 de agosto, um gato preto pode fazer milagre na safra de cereais. O gato chinês chama a chuva e protege a lavoura.

    Muitos ditados que correm mundo ainda hoje tiveram origem rural, a partir do trabalho agrícola. E há por isso os que se ligam à meteorologia. No Brasil como em Portugal, numerosos são os dessa categoria que continuam vivos e válidos. Diz-se, por exemplo, que “gato de luva é sinal de chuva”. Seria o caso de perguntar primeiro o que é um gato de luva. Você sabe? Nem eu. E por que seria sinal de chuva? Mistério.

    Na verdade, o que importa é a rima. Se “luva” e “chuva” rimam, tanto basta. O gato entrou aí como Pilatos no credo. Afinal, o gato é um animal sagrado desde os remotos tempos do Egito. É fora de dúvida que o mês de agosto entre nós deve à rima com “desgosto” boa parte de sua carga negativa. Não há explicação lógica no domínio do esotérico. Lógica também não tem a poesia, a que se pede apenas que seja bela: “April is the cruelest month”, canta T.S. Eliot. Entre nós, seria preciso substituir abril pelo mês de agosto, já que abril aqui nada tem de cruel. E agosto não tem sido politicamente correto.    

    Entre os romanos, havia dias fastos e nefastos. Na Idade Média, havia horas abertas e fechadas, segundo estivessem mais ou menos à mercê do demônio. Ainda hoje, hoje talvez mais do que nunca, de volta a moda esotérica, o tempo e o calendário, em matéria de presságios, continuam sendo divididos por um critério que nada tem a ver com a lógica ou com o sistema solar. De resto, o sol foi um deus na Antiguidade e quem foi deus é sempre... divindade. No interior do Brasil, diz o povo que várias coisas não se devem fazer de dia. Noturnos, preferencialmente noturnos, são o nascimento e a morte.

    Agosto este ano pode nos reservar algumas surpresas. Esperemos que sejam favoráveis. De uma coisa estamos livres: nem o 13, nem o 24 caem numa sexta-feira. 13 é segunda-feira, um dia, desculpem, também considerado de maus bofes. E o 13 é por sua vez o número aziago por excelência, desde a Última Ceia de Cristo. Nos Estados Unidos não há nos hotéis 13º andar. Nos aviões, salta-se a poltrona 13, que ninguém quer. Como lá dizia o Hamlet ao Horácio, há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa filosofia. “Yo no creo en brujerias, pero que las hay”...


(RESENDE, Otto Lara. 1992. Agosto, apenas uma rima para desgosto? Elle, São Paulo. Adaptado.)

    


Considere o trecho “Se ‘luva’ e ‘chuva’ rimam, tanto basta.” (9º§) É correto afirmar que, nele, a conjunção “se” foi usada para denotar, entre as orações, relação de:
Alternativas
Q2510007 Português

Agosto

Apenas uma rima para desgosto?


    Agosto, desgosto. Rimar, rima. Mas será verdade? Da minha parte, desde menino ouvia dizer em Minas “agosto, mês de desgosto”. Oitavo mês do ano, agosto retirou seu nome do imperador César Augusto. Não podia ter um patrono de mais sorte, em tudo por tudo benéfico. O século de Augusto, o quinto antes de Cristo, foi um brilho só. E ainda teve Mecenas, que passou o seu nome a todos os protetores das artes e das letras.

    A 13 de agosto de 1965, na TV Globo recém-inaugurada, que era então apenas o Canal 4 do Rio de Janeiro, Gláucio Gil abriu o seu programa à noite com as seguintes palavras: “Sexta-feira, 13 de agosto. Até agora, tudo bem”. E, trágica ilustração, caiu morto, fulminado por um infarto. Sua intenção era dizer um texto leve, meio humorístico, sobre o mês que tem fama de aziago. Os estudiosos do folclore colhem na fonte popular a certeza dogmática de que se trata de um mês de mau agouro, impróprio para casamento, mudança de casa ou início de qualquer empreendimento.

    Será assim só no Brasil? Não; na Argentina quem lava a cabeça em agosto, sobretudo se for mulher, está chamando a morte para si ou para alguém de sua família. Na França, agosto também não tem boa reputação. Com o calor e as férias, Paris fica entregue aos turistas e é, para o francês, o mês menos propício do ano. No Brasil, o dito popular se fortaleceu com a Primeira Guerra Mundial, em 1914. A notícia chegou aqui a primeiro de agosto. Mas de fato a guerra começou na Sérvia a 28 de julho. Antes do satélite, do telex e do DDI, o atraso ficou por conta do cabo submarino. Aprofundou-se, porém, a convicção de que agosto é um mês nefasto. Chegou por isso a inspirar uma canção popular. E um pesquisador já em 1925 garantia que se trata de um mês tradicionalmente desmancha- -prazeres da humanidade. A segunda-feira de agosto era apontada naquela altura como o dia mais agourento de todo o ano.

    Hoje, ninguém duvida, e os jornais nunca se esquecem de o dizer, este triste privilégio cabe à sexta-feira, 13. Sexta-feira, 13 e agosto — é um somatório de maus presságios, que a morte súbita de Gláucio Gil diante das câmeras só fez confirmar. Em 1954, onze anos antes, a suprema prova dos maus eflúvios de agosto veio com o suicídio de Getúlio Vargas. Fato singular: um chefe de Estado se matar na sede do governo.    

    Sete anos depois, em 1961, o Brasil era sacudido por outro abalo de dramáticas consequências — a renúncia de Jânio Quadros. Exatamente a 25 de agosto, tinha de ser, como foi, associada ao suicídio de Getúlio. No fundo, foi um suicídio simbólico. A renúncia permanece até hoje encoberta por uma aura de mistério. Jânio nunca deu explicação satisfatória. Se pretendia dar um golpe de Estado para ter plenos poderes, é fora de dúvida que se lembrou de Getúlio, ainda que inconscientemente. Ninguém no Brasil encarnou melhor do que Getúlio a astúcia no poder — e a ditadura.

        E nem sempre agosto é um mês aziago. Em Portugal se diz de maneira positiva que “maio come o trigo e agosto bebe o vinho”. Mas o padre Antônio Delicado, que no século XVII reuniu os Adágios portugueses, registra este: “Queres ver teu marido morto? Dá-lhe couves em agosto”. Que diabo de couves serão estas? Não importa. Para o padre Antônio Vieira, “o último sermão é o agosto dos pregadores, se se colhe algum fruto, neste sermão se colhe”. Aqui está uma visão propícia, portanto, do malfadado agosto.

    No Brasil, gato preto é sinal certo de desgraça. Gato preto na sexta-feira 13 é de meter medo em qualquer um. Se for em agosto, então, é o cúmulo da desdita. Sucede, porém, que as superstições mudam de mão e se entendem às vezes pelo avesso. Em Londres, gato preto é na certa good luck. Um gato preto em casa não só a protege como afasta qualquer misfortune. Igualmente na China um gato preto à noite é anúncio de felicidade. Se for em agosto, melhor ainda. Levado numa gaiola na noite do dia 13 de agosto, um gato preto pode fazer milagre na safra de cereais. O gato chinês chama a chuva e protege a lavoura.

    Muitos ditados que correm mundo ainda hoje tiveram origem rural, a partir do trabalho agrícola. E há por isso os que se ligam à meteorologia. No Brasil como em Portugal, numerosos são os dessa categoria que continuam vivos e válidos. Diz-se, por exemplo, que “gato de luva é sinal de chuva”. Seria o caso de perguntar primeiro o que é um gato de luva. Você sabe? Nem eu. E por que seria sinal de chuva? Mistério.

    Na verdade, o que importa é a rima. Se “luva” e “chuva” rimam, tanto basta. O gato entrou aí como Pilatos no credo. Afinal, o gato é um animal sagrado desde os remotos tempos do Egito. É fora de dúvida que o mês de agosto entre nós deve à rima com “desgosto” boa parte de sua carga negativa. Não há explicação lógica no domínio do esotérico. Lógica também não tem a poesia, a que se pede apenas que seja bela: “April is the cruelest month”, canta T.S. Eliot. Entre nós, seria preciso substituir abril pelo mês de agosto, já que abril aqui nada tem de cruel. E agosto não tem sido politicamente correto.    

    Entre os romanos, havia dias fastos e nefastos. Na Idade Média, havia horas abertas e fechadas, segundo estivessem mais ou menos à mercê do demônio. Ainda hoje, hoje talvez mais do que nunca, de volta a moda esotérica, o tempo e o calendário, em matéria de presságios, continuam sendo divididos por um critério que nada tem a ver com a lógica ou com o sistema solar. De resto, o sol foi um deus na Antiguidade e quem foi deus é sempre... divindade. No interior do Brasil, diz o povo que várias coisas não se devem fazer de dia. Noturnos, preferencialmente noturnos, são o nascimento e a morte.

    Agosto este ano pode nos reservar algumas surpresas. Esperemos que sejam favoráveis. De uma coisa estamos livres: nem o 13, nem o 24 caem numa sexta-feira. 13 é segunda-feira, um dia, desculpem, também considerado de maus bofes. E o 13 é por sua vez o número aziago por excelência, desde a Última Ceia de Cristo. Nos Estados Unidos não há nos hotéis 13º andar. Nos aviões, salta-se a poltrona 13, que ninguém quer. Como lá dizia o Hamlet ao Horácio, há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa filosofia. “Yo no creo en brujerias, pero que las hay”...


(RESENDE, Otto Lara. 1992. Agosto, apenas uma rima para desgosto? Elle, São Paulo. Adaptado.)

    


Considere a fala do padre Antônio Vieira que diz que “[...] o último sermão é o agosto dos pregadores, se se colhe algum fruto, neste sermão se colhe.” (6º§) É correto afirmar que os termos “se” sublinhados podem, correta e respectivamente, ter sua classificação morfológica identificada como:
Alternativas
Q2509617 Saúde Pública
Durante uma visita domiciliar, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) observa que muitos moradores da comunidade apresentam dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Diante disso, ele percebe a importância de sua atuação na promoção do acesso e na organização da Atenção Básica. Considerando tal situação, qual das seguintes características da organização da Atenção Básica no SUS é mais relevante para superar esse desafio?
Alternativas
Q2509615 Saúde Pública
De acordo com os seus conhecimentos sobre a Lei Federal nº 8.142/1990, que estabelece diretrizes para o Sistema Único de Saúde (SUS), quais são as instâncias colegiadas presentes em cada esfera de governo para o controle social e formulação da política de saúde?
Alternativas
Respostas
1: D
2: D
3: D
4: B
5: C
6: B
7: D
8: C
9: B
10: D
11: A
12: B
13: D
14: B
15: C
16: C
17: A
18: B
19: A
20: D