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A ‘desagregação’ da ‘família brasileira’ era o objetivo inicial dos subversivos, afinal ‘o comunismo começa não é pela subversão política. Primeiro, ele deteriora as forças morais, para que, enfraquecidas estas, possa dar o seu golpe assassino’. Desse modo, a censura era instalada a não esquecer, jamais ‘que vivemos uma ‘guerra total, global e permanente’, e o inimigo se vale do recurso da corrupção dos costumes para desmoralizar a juventude do país e tornar o Brasil um país sem moral e respeito’.
FICO, Carlos. Além do golpe: versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 2014, p. 93. [Adaptado].
De que forma tal inflacionamento do conceito de comunismo colaborou com o projeto autoritário da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985)?
A Revolução é um movimento que veio da inspiração do povo brasileiro para atender às suas aspirações mais legítimas: erradicar uma situação e uni Governo que afundavam o País na corrupção e na subversão. A revolução está viva e não retrocede. Tem promovido reformas e vai continuar a empreendê-las, insistindo patrioticamente em seus propósitos de recuperação econômica, financeira, política e moral do Brasil. Para isto precisa de tranqüilidade. Agitadores de vários matizes e elementos da situação eliminada teimam, entretanto, em se valer do fato de haver ela reduzido a curto tempo o seu período de indispensável restrição a certas garantias constitucionais, e já ameaçam e desafiam a própria ordem revolucionária, precisamente no momento em que esta, atenta aos problemas administrativos, procura colocar o povo na prática e na disciplina do exercício democrático. Democracia supõe liberdade, mas não exclui responsabilidade nem importa em licença para contrariar a própria vocação política da Nação. Não se pode desconstituir a revolução, implantada para restabelecer a paz, promover o bem-estar do povo e preservar a honra nacional.
BRASIL. Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965. Disponível em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ait/ait-02-65.htm . Acesso em: 30 mai. 2024.
De que forma texto manifesta autoritarismo?
A etnografia da América indígena contém um tesouro de referências a uma teoria cosmopolítica que imagina um universo povoado por diferentes tipos de agências ou agentes subjetivos, humanos como não-humanos – os deuses, os animais, os mortos, as plantas, os fenômenos meteorológicos, muitas vezes também os objetos e os artefatos –, todos providos de um mesmo conjunto básico de disposições perceptivas, apetitivas e cognitivas, ou, em poucas palavras, de uma “alma” semelhante. Essa semelhança inclui um mesmo modo, que poderíamos chamar performativo, de apercepção: os animais e outros não-humanos dotados de alma “se veem como” pessoas, e portanto, em condições ou contextos determinados, “são” pessoas, isto é, são entidades complexas, com uma estrutura ontológica de dupla face (uma visível e outra invisível), existindo sob os modos pronominais do reflexivo e do recíproco e os modos relacionais do intencional e do coletivo. O que essas pessoas veem, entretanto – e que sorte de pessoas elas são –, constitui precisamente um dos problemas filosóficos mais sérios postos por e para o pensamento indígena.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas canibais. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p. 43. [Adaptado].
Conforme o texto, na concepção ameríndia, a cultura tem qual forma?
Mesmo que os espanhóis tivessem visto muitos indígenas na Espanha e os houvesse conhecido bem, os espanhóis, por exemplo, conheceram na América pela primeira vez urna sociedade matriarcal. As rainhas e princesas que conheceram riam-se deles e escandalizam seu senso de decoro. As regras de urna sociedade onde os homens não faziam as leis eram diferentes da sua, e, como os "civilizados" tem feito em todo o mundo, condenavam sem hesitar os modelos dessa cultura diferente e a tratavam de modificar.
HANKE, Lewis. Aristóteles e os índios americanos. Maria Lucia Galvão Carneiro (Tradutora). São Paulo: Livraria Martins, 1955, p. 73 e 74. [Adaptado].
O relato demonstra qual aspecto da interação entre as duas culturas distintas?
Esta tradição muito forte na Tunísia, desde o fim do século XIX, refreou o regime, impedindo-o de ser tão repressivo como gostaria, e assegurava que o poder permitia um pluralismo político limitado, desde que isso nunca ameaçasse a hegemonia do Rassemblement Constitutionnel Démocratique (RCD). De facto, os partidos políticos seculares que foram autorizados depois de 1980 colaboraram várias vezes com o regime devido ao seu receio do islamismo. Quando a presidência quebrou este princípio ao alterar a Constituição de modo a permitir que o Presidente em funções se candidatasse por mais de dois mandatos e ao instituir uma assembleia parlamentar bicamaral para salvaguardar o controle do RCD, a sua base de apoio começou a fragmentar-se, tal como aconteceu com o seu antecessor por motivos semelhantes nos anos 1980.
JOFFÉ, George. A Primavera Árabe no Norte de África: origens e perspectivas de futuro. Relações Internacionais, n. 30, p. 85-116, jun. 2011. p. 101. [Adaptado].
O texto se refere à tradição
Observe a imagem a seguir.
LATUFF, Carlos. Sem título. In: SANTOS, M. J. As charges nas ruas: a primavera árabe nos traços de Carlos Latuff e Ali Ferzet. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, [S. l.], v. 46, 2014. Disponível em: < https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/15890/13757>. Acesso em: 19 jun. 2024.
Convidado pelos organizadores de um dos protestos no
Egito, Carlos Latuff reproduziu por meio de desenhos
algumas das convocatórias do evento. Na charge em
questão, ele desenhou o sapato motivado pelo
É como um reflexo da carência de verdadeira unidade nacional, a despeito das unidades simplesmente dinásticas, que se verifica pela mesma época nas terras europeias submetidas à Coroa de Castela. Cada um dos antigos reinos peninsulares mantinha sua própria personalidade política e jurídica. Em terras de Castela, continuavam, na ocasião dos descobrimentos marítimos, a prevalecer as normas jurídicas peculiares ao direito castelhano. Nos velhos Estados integrantes da Coroa de Aragão, mantinha-se da mesma forma a vigência de seus direitos particulares: aragonês, catalão, valenciano, maiorquino. Navarra, incorporada ao reino aragonês, conservou durante os primeiros tempos, dentro da península, sua condição de estado soberano e independente.
HOLANDA, Sérgio B. Visão do Paraíso. São Paulo, Companhia das letras. 2010, p. 460. [Adaptado].
Taís características da administração da Coroa de Castela refletiram qual característica da administração da colônia?
Menor de oito anos, propriedade do funcionário público José Joaquim Moreira. O crime foi confessado pelo menor Nicolau Teixeira da Cunha, que acusou como seu parceiro o caixeiro português Antônio Pereira da Silva. Este alegou ao subdelegado que apenas tratara de lavar a menina por estar ensanguentada e chorando. Ele fora desmentido pela vítima e por um moleque da casa que levara a negrinha a pedido do caixeiro. O corpo de delito foi procedido pelos doutores Manuel Antunes de Sales (1817-1864) e pelo baiano Francisco Sabino Coelho de Sampaio. Os médicos declararam achar a menor ‘estuprada e com as partes sexuais tão dilaceradas, intumescidas e ensangüentadas que fazia consternar.
CORREIO SERGIPENSE. APUD: CARDOSO, A. Escravidão em Sergipe. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, n. 34, 2003-2005, p. 61 e 62. [Adaptado].
Casos como o apresentado suscitaram qual comportamento dos escravizados no Sergipe?
Bem como uma grande preocupação do período da higienização. O século XIX assistiu a várias epidemias, dentre elas a de cólera bem como ao crescimento de um discurso higienista. Na Província de Sergipe, a cólera chegou em 1855 e fez inúmeras vítimas entre escravizados e livres, nas diversas regiões, com o isso ocorreu a difusão do discurso citado e das práticas higienistas.
CUNHA, Joceneide. Senzalas de palha, choças e choupanas: apontamentos sobre a história da moradia escrava nas terras sergipanas (1801-1888). Revista Do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, n. 46, 2016. [Adaptado].
Qual foi uma das medidas feitas para mitigar os efeitos da situação descrita?
À primeira vista é difícil perceber nas receitas qual é a parte mágica (que mais respeitosamente deveremos chamar de axé, poder), e quais as virtudes testáveis experimentalmente dessas plantas. Devemos ter em mente que, na língua iorubá, frequentemente existe uma relação direta entre os nomes das plantas e suas qualidades, e seria importante saber se receberam tais nomes devido às suas virtudes ou se devido a seus nomes determinadas características foram a elas atribuídas, como um tipo de jogo de palavras (ou, mais respeitosamente, p/o). Essas encantações-jogos de palavras têm uma grande importância nestas civilizações. Sendo pronunciadas em orações solenes, podem ser consideradas como definições e com frequência são as bases sobre as quais o raciocínio é construído. Servem também como conclusão e prova final nas histórias transmitidas de geração a geração pelos babalaôs, e expressam ao mesmo tempo o ponto de vista da cultura iorubá e o senso comum de seu povo.
VERGER, Pierre. Ewé o uso das plantas na sociedade Iorubá. São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p. 24. [Adaptado].
Tal sistema de designação da língua iorubá demonstra qual característica daquela civilização?
Leia o texto a seguir.
Berimbau
Quem é homem de bem, não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
E assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom, não cai
E se um dia ele cai, cai bem!
Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza, camará
MORAES, V. Berimbau. Disponível em:https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/49258/ . Acesso em: 31 mai. 2024. [Adaptado].
“Berimbau” foi gravada em 1963, em um disco de Vinícius
de Moraes com Odete Lara. A canção tem uma introdução
marcada pelo compasso do berimbau, estrutura que se
mantém até o refrão. O sucesso da canção fez com que não
fosse gravada junto dos demais afro-sambas de Vinícius e
Baden Powell. Qual característica da Afro-ética a música
representa?
Nesse horizonte, não se está mais seguro do que quer dizer a palavra homem. Existe uma história do conceito de homem e é preciso se interrogar sobre essa história: de onde vem o conceito de homem, como o homem ele mesmo pensa o que é o próprio do homem? Por exemplo, quando tradicionalmente se opõe o homem ao animal, se afirma que o próprio do homem é a linguagem, a cultura, a história, a sociedade, a liberdade etc. Podem-se colocar questões sobre a validade de todas essas definições do "próprio" e do homem e, portanto, sobre a validade do conceito de homem tal como geralmente é utilizado. Colocar questões sobre esse conceito de homem é nada ter de seguro a esse respeito. Mas isso não quer dizer ser contra o homem. Frequentemente se acusa a desconstrução de, ao colocar questões sobre a história do conceito de homem, ser inumana, desumana, contra o humanismo. Nada tenho contra o humanismo, mas me reservo o direito de interrogar quanto à história, à genealogia e à figura do homem, quanto ao conceito do próprio do homem.
DERRIDA, J. A solidariedade dos seres vivos. Entrevista por Evando Nascimento, publicada no suplemento Mais! Folha de São Paulo, em 27.5.2001.
De que modo tais reflexões produzem óbice ao etnocentrismo?