Leia o texto para responder à questão.
O ponto final nas máquinas de escrever antigas parecia
uma mancha preta do tamanho de uma letra. O advento dos
computadores trouxe caracteres com espaçamento proporcional – e o ponto foi reduzido a uma pequena marca. Para
mim, um ex-usuário de máquina de escrever, a ideia foi tornar
esse ponto menos relevante. A parte mais importante de uma
frase passou a ser uma simples manchinha: fácil de inserir
sem pensar muito, fácil de ignorar por completo.
Depois, vieram outras ameaças: as mensagens de texto
e os chats on-line. Na linguagem visual dos diálogos com
balões de mensagem de texto no celular, os pontos são de
pouca utilidade. Uma única linha de texto não requer pontuação para deixar claro que você terminou.
Em vez de digitar o ponto, pressionamos “enviar”. E agora
o encerramento de um texto é marcado pelo emoji de um beijo
ou de uma carinha, no lugar do ponto final. Estudos mostram,
inclusive, que as pessoas tendem a interpretar um texto que
termina com ponto como ríspido ou passivo-agressivo.
Escrevemos como se estivéssemos dialogando. Esse
tipo de escrita digital geralmente é feita de forma rápida, à
espera de uma resposta imediata. É uma forma semicontínua
de bater papo.
Mas escrever não é bem uma conversa. Um dos propósitos de escrever de maneira eficaz é armazenar e disseminar
informações de forma que não seja necessária a presença
física de outra pessoa enquanto se escreve. Um texto escrito
é sua própria ilha de significado, da qual o escritor se mudou
e na qual ninguém mais precisa habitar.
(Joe Moran. Como os chats quase acabaram com o ponto final.
www.bbc.com, 06.12.2020. Adaptado)