Questões de Concurso
Para agente penitenciário (médio)
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Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de
cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros
da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava
de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com
lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma
cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando
audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma - "dama de grandes virtudes
apostólicas, esteio da religião e da moral", dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
(...)
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão,
fora senhora de escravos - e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o
bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo - essa indecência de negro igual a branco e
qualquer coisinha: a polícia! "Qualquer coisinha": uma mucama assada ao forno porque se
engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: "Como é ruim, a sinhá!"...
O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana.
Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo:
- Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
LOBATO, Monteiro. Negrinha. In.: Monteiro Lobato; textos escolhidos. Por José Carlos Barbosa
Moreira. Rio de Janeiro, Agir, 1967. p. 74-6.
I. Dona Inácia era uma dona de escravos ferozes que não gostava de castigá-los com severidade.
II. A ironia, nesse texto, é um expediente de construção de sentido.
III. A expressão "qualquer coisinha" significa, no texto, ato extremamente violento; afinal a coisinha era assar uma mucama ao forno.
IV. A própria dona Inácia tem uma opinião muito favorável de seus atos, pois, para ela, assar a mucama ao forno era uma coisinha, ou seja, uma bobagem.
Estão CORRETOS
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de
cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros
da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava
de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com
lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma
cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando
audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma - "dama de grandes virtudes
apostólicas, esteio da religião e da moral", dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
(...)
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão,
fora senhora de escravos - e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o
bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo - essa indecência de negro igual a branco e
qualquer coisinha: a polícia! "Qualquer coisinha": uma mucama assada ao forno porque se
engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: "Como é ruim, a sinhá!"...
O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana.
Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo:
- Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
LOBATO, Monteiro. Negrinha. In.: Monteiro Lobato; textos escolhidos. Por José Carlos Barbosa
Moreira. Rio de Janeiro, Agir, 1967. p. 74-6.
I. O narrador mostra, no texto, um conflito entre o que dona Inácia era e a opinião que dela tinham as pessoas, como o vigário.
II. O texto apresenta uma Dona Inácia mestra na arte de pajear as crianças.
III. O narrador utiliza frases, como "excelente senhora, a patroa", querendo dizer justamente o contrário, pois ela judiava das crianças.
Somente está CORRETO o que se afirma em
I. Retificação de dados quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
II. Defesa de direitos, contra ilegalidade ou abuso de poder e obtenção de certidões.
Tais situações são protegidas, respectivamente, pelo
I. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
II. Dentre as hipóteses legais de cabimento do habeas corpus inclui-se a ausência de justa causa.
III. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este não poderá ser renovado.
Está correto o que se afirma em
I. O controle endógeno provocado pode resultar de recurso administrativo.
II. O controle exógeno envolve duas subespécies: o controle político-administrativo e o controle de legalidade.
III. O controle externo ou permanente é exercido pelo Judiciário, enquanto o controle externo eventual ou provocado é feito pelo Legislativo.
Está correto o que se afirma APENAS em
I. Renúncia administrativa.
II. Portaria.
I e II configuram, respectivamente, atos administrativos